Chutei seu estomago com toda força, fazendo-o cambalear para trás, mas não cair. Eu não entendia... Jeremy era mortal! O que ele tem a ver com tudo isso?

Antes que eu pudesse assimilar tudo, levei um corte no braço.

- Que feio, Jey! Sua mãe não te ensinou que não se bate em mulher!?

Me agachei e dei uma rasteira nele. Eu era péssima em luta corpo a corpo, mas era minha única opção aceitável, no momento. Com ele caído, chutei a espada de sua mão, sentei sobre ele prendendo seus pulsos no alto. Seus olhos estavam do costumeiro castanho.

- Porque fez isso Jeremy? O que aconteceu com você? – perguntei ofegante.

Meu braço sagrava, fazendo o braço de Jeremy se tingir de vermelho.

- Você não entenderia, A – “A”, era assim que ele me chamava – Muitas coisas aconteceram naquele pouco tempo em que você fugiu.

- Ninguém deu falta...

- Eu dei.

Senti meus olhos marejarem. Se ele gostava tanto de mim, porque estava fazendo isso? Era tão contraditório.

De repente, seus olhos voltaram a coloração prateada, e um sorriso debochado brotou em seus lábios.

- Droga – murmurei.

Seus pulsos se levantaram e logo senti minhas costas tocarem o chão. Ele estava me prendendo assim como fiz com ele.

- Você tem que morrer! É um perigo a toda sociedade! – rosnou.

- O que? Não! A única coisa que eu já fiz foi roubar um pacote de doces na loja, a... um ano! – rebati.

Seus olhos ardiam de puro ódio. Vi pelo canto do olho meus amigos lutando, destemidos mais perdendo. Eles dependiam de mim, e Jeremy me mataria, ali e agora, eu precisava da minha espada. Ela estava a beira do pequeno lago. Distante de mais. O que eu vou fazer..? Jey sacou uma adaga do cinto e tentou me acertar. Segurei seu braço no ar. Ele era muito forte, eu precisava de uma coisa para distrai-lo, segurei em sua cintura o girando rapidamente. Minha intenção era ficar em vantagem, parada. Mas ele segurou em mim e me fez rolar de volta para baixo. Eu não podia deixar isso acontecer. E rolei para cima novamente. E assim desencadeou: nós dois começamos a rolar, ele querendo acertar a adaga em mim e eu tentando me esquivar e ganhar tempo.

Isso! Era tudo o que eu precisava. Fiz nós rolarmos até a beira do lago. Parei, ele estava por cima, mais uma rolada e caiamos no lago, e eu não sou a melhor nadadora do mundo.

Tentei esticar o braço até a espada mas eu não conseguia alcançar.

- Você não vai conseguir – riu – vai morrer. E levar seus amigos junto!

Sorri.

- Lembre-se de que você também é meu amigo...

Meus dedos tocaram algo gelado, minha espada!

Quando Jeremy ia enterrar a adaga em mim, o bloqueei com minha espada. Mas não tive força suficiente e ele acertou meu ombro. Gemi de dor.

- Filho de uma górgona! – berrei.

A dor era intensa. Mas eu não podia deixar ela me vencer. O empurrei com força, pondo-o de pé. Com dificuldade me levantei também.

Por sorte eu era destra, e ele acertou meu ombro esquerdo. Grande merda! Eu não ia ter tanta força só com um braço, que também estava cortado por sinal.

Desferi um golpe contra ele, que foi bloqueado com facilidade. Acertei seu flanco direito com um chute, girei e bati o cabo da espada no seu nariz. Porque diabos eu fiz isso, eu não sei. Mas ele ficou meio tonto.

Meu ombro esquerdo doía parecendo que uma elefanta grávida de quadrigêmeos sapateava em cima dele.

Jeremy tentou arrancar minha cabeça (literalmente) mas eu me abaixei, fazendo um corte em sua coxa.

Ele chutou meu ombro machucado e eu cai de joelhos.

De deuses sabem lá onde, saiu um esqueleto e empurrou Jeremy me dando um tempo para levantar e recuperar a compostura.

O esqueleto foi liquidado em menos de minutos, logo Jey estava vindo furioso em minha direção.

Eu não queria mata-lo, mas vi que era eu ou ele. Eu e meus amigos ou ele.

Com um golpe que eu não conhecia (meu conhecimento não é lá essas coisas), ele arrancou a espada das minhas mãos. Coloquei a mão esquerda na adaga em minha calça para ter certeza de que ainda estava lá.

Jey colocou a espada rente ao meu pescoço arrancando um filete de sangue.

- Quais são suas ultimas palavras? – perguntou com um sorriso presunçoso.

- Espero que saiba nadar... – respondi sorrindo.

- Mas o que...?

Antes que ele terminasse, peguei a adaga e enfiei em sua barriga até o cabo. Ele ficou atordoado com a dor e surpresa. Ele caiu de joelhos colocando a mão em seu recente ferimento, e me encarou com o cenho franzido. O chutei e ele caiu dentro do lago. O olhei até o perder de vista. Eu acabo de matar meus dois melhores amigos em um dia! Sentei no chão ofegante, os esqueletos ajudavam meus amigos com os últimos monstros.

Vi Connor me olhar e lançar um sorriso. Sorri forçada para ele, meu braço ainda doía. Mas, o sorriso em seu rosto desapareceu. Não entendi o porque. Me levantei e logo senti uma mão segurando meu tornozelo. Olhei por cima do ombro e vi Jeremy. Ele saiu da água e se curvou para continuar me segurando pelo tornozelo, tentei correr, mais cai.

- Eu vou morrer. Mas você vem junto! – ralhou.

- Me solta! – gritei.

Eu estava quase dentro da água, quando Connor veio correndo e tirou o Jeremy de perto de mim.

Connor começou a socar ele, juro que achei que seu punho fosse atravessar a cabeça do Jey. O que, de certa forma, seria desagradável. Mesmo com toda essa bipolaridade do Jeremy mal/amigo.

Connor finalmente atravessou a espada em Jeremy, mas antes, como uma ultima tacada, Jey acertou um ponto especifico em Connor que o fez perder a consciência, e, com seu resto de força o jogou no lago.

- CONNOR! – berrei.

Minhas mãos ficaram tremulas, uma onde de impotência tomou conta de mim. Engatinhei até o lago e tentei encontrar Connor, mas ele já havia afundado. Lagrimas que pareciam mais acido caiam de meus olhos. Encostei a testa do chão de pedras frio e gritei, gritei até minha voz sumir.

Me ajoelhei ao lado de Jeremy que dava seus últimos suspiros. Segurei em seus ombros e o sacudi.

- O que você fez? Seu monstro! O QUE VOCÊ FEZ? – berrei.

Ele abriu os olhos, e vi que estavam castanhos. Aquele era “meu” Jeremy.

- Arya... – gemeu.

- J-Jeremy... o que...

- Me desculpe – ele tossiu e uma lagrima escorreu em sua face.

Apertei a mão dele.

- Não... – eu não sabia o que dizer... falar para ele que não precisava se desculpar? Não seria verdadeiro, afinal, ele torturou meu irmão, tentou me matar e tinha acabado de dar um sumiço no meu namorado.

Sua mão foi afrouxando da minha, ele desviou o olhar para outro lado. Senti sua vida se esvaindo.

- Não se esqueça de mim – pedi.

Ele sorriu fraco... uma ultima vez. Merda! Cai em prantos... tive que matar minha amiga, agora meu melhor amigo morre e meu namorado some, ou morre... seja lá o que diabos aconteceu com ele. Ah, e claro, eu estava com um buraco no ombro.

Chorei, eu não conseguia parar de chorar. Eu não sou dessas pessoas que choram por causa de tudo... mas... por mais que eu tentasse não tinha como não chorar...

Senti alguém se ajoelhar ao meu lado, de relance, vi que era Nico. Ele me abraçou e eu enterrei meu rosto na curva do seu pescoço.

- Temos que sair daqui... – falou calmamente – lembre-se de que estou sempre com você.