Por mais esforço que Vitor tivesse feito para não levantar suspeitas, ao chegar na aula antes de Lia todos os colegas acabaram comentando das roupas amassadas e cabelo desarrumado dele. Apenas esqueceu dos detalhes cruciais.
Lia chegou um tempo depois, bem arrumadinha, o que não fez ninguém ligar os fatos. Vitor piscou pra ela pouco antes de Lia sentar na sua frente, que não pode evitar um pequeno sorriso.
Fatinha virou e olhou pra Vitor, fazendo vários sinais sexuais obscenos, para tirar com a cara do amigo. Ele teve que fingir não estar vendo pra ela finalmente parar.
Quando o sinal tocou, Lia lançou um olhar daqueles para Vitor e saiu com Ju. Vitor arrumou os materiais depressa, mas foi interrompido por Fatinha, que pegou o livro da mão dele e botou em outra classe.

- A noite foi boa, é?
- Sem palavras. – Ele sorriu.
- Que bom que vocês se acertaram.
- Você não faz ideia.
- Faço sim. Tem baba escorrendo aí, ó. – Ela brincou. – Que bom que ambos estamos felizes. Voltei com meu Moreno! – Disse ela empolgada, mas Vitor não parecia tão feliz por ela.
- Você sabe o que eu penso dele, não sabe? Se cuida. Eu quero o seu bem.
- Eu sei, bobinho.

A manhã se arrastou pra Lia e Vitor, que só trocavam olhares sempre que podiam. Mas pela tarde, Lia chegou antecipadamente na aula de História em grupo. Vitor estava lendo um livro quando notou que Lia estava parada, esperando atenção, se inclinando do outro lado da mesa em que ele estava sentado.

- E aí, professor. – Disse ela, com uma voz sedutora. – Queria saber se você quer me dar uma lição hoje.

Lia se inclinou, dando um longo e lento beijo em Vitor, que posicionou uma mão no rosto dela. Lia passou a mão entre os cabelos de Vitor, raspando as unhas na sua nuca, fazendo ele se arrepiar.

- Assim fica difícil dar aula. – Disse ele, enquanto Lia dava a volta na mesa, se sentando em cima da mesma. Ele não esperou muito e botou uma mão nada inocente nas pernas de Lia.
- Quer dormir na minha casa hoje? – Ela perguntou.
- Sua mãe vai estar lá?
- Calma aí, safadinho. Vai estar sim. A Tatá também. E é bom que você se comporte.
- Lia, eu mal consigo pensar em outra coisa. Aí você tá pedindo demais.
- Eu também mal vejo a hora de repetir a dose... Tem muita coisa pra gente fazer ainda. – Ela mordeu o lábio.
- Para... – Ele pediu, fazendo ela rir. Vitor subiu a mão até parar com ela no meio das pernas de Lia.
- Você tá maluco. - Disse ela, dando um tapa na mão de Vitor.
- Eu tô mesmo... Eu quero de novo, Lia.
- Então seja paciente. - Ela piscou pra ele. - Mudando um pouco de assunto... Você vai na viagem de fim de ano?
- Claro... Já sabem pra onde é?
- Acho que não... – Os dois ouviram passos se aproximando da sala, e Lia se levantou de sobressalto, disfarçando o desconforto muito mal.
- Fiquem relax, casalzinho, é apenas euzinha. – Anunciou Fatinha, entrando. Os dois não evitaram o sorriso. – Ai gente, como vocês são bem menos mau humorados quando tão juntos. Por favor, não se separem nunca. – Disse ela, fazendo os dois rirem muito.

Vitor chegou de tardezinha na casa de Lia, com cara de cansado. Os dois foram bastante discretos na frente de Tatá e Raquel, que ficaram felizes com as novidades. Quando Raquel perguntou se eles estavam namorando de novo, os dois ficaram sem jeito e sem saber o que dizer. Estavam juntos, era isso o que importava pra eles. Parecia que botar um nome naquilo poderia, de alguma forma, dar azar.
Raquel deu uma de mãezona e obrigou (com jeitinho) Tatá a dormir com ela no quarto que dividia com Lorenzo quando ele morava lá. Mesmo assim, Lia quis manter as coisas “respeitosas”. Os dois conversaram até o meio da madrugada, principalmente sobre as relações complicadas que tinham com os pais. Lia ainda ficava desconfortável quando Vitor tocava no nome de Sal, já que lembrava que não havia contado pra Vitor que ficou com seu irmão, em um momento de confusão.
Quando o sono e a responsabilidade por acordar cedo no dia seguinte falaram mais alto, Vitor deu um beijo na testa de Lia e arrumou-se na cama de Tatá, como pôde.

- Aqui é o meu lugar, adoro o Justin Bieber. – Disse ele, olhando o pôster na parede.
- Ah, bem que eu suspeitava. – Brincou ela.
- Lia... – Disse ele, mudando de tom. – Me desculpa por tudo que eu fiz, de verdade. Eu sei que já pedi mil vezes, mas eu queria que você soubesse que eu realmente me arrependo... – Vitor falava para Lia, mas olhava para a parede. Era incrível como pedir desculpas era algo difícil para ele, em qualquer circunstância.
- Vitor... – Ela disse, dando a mesma pausa que ele. – Eu acho que eu te amo. – Ela sorriu, enquanto observava ele virar o rosto para olhar ela. E depois, sorrir também.