Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 47
Capítulo 47 - Entendendo Tudo Errado




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Naquela semana, Vitor foi até o hospital pela noite, por ordem de Raquel. Ela finalmente liberou ele de qualquer ligação com as muletas. Estava andando quase que totalmente normal e apenas a cicatriz na perna permaneceria. 

- E aí, Lu. Como estão as coisas?

- Ah, normal, Vitor... Você tá fazendo falta. - Disse ela, se jogando discretamente para ele.

- Mas meu irmão não supriu a minha falta não?

- Eu adoro o Sal, de verdade. Mas é difícil suprir sua falta, Vitor... - Disse Luana, deixando um clima estranho no ambiente.

- É porque eu sou demais. - Vitor tentou quebrar o gelo.

- É sim... Você pensa em voltar agora?

- A trabalhar aqui? Na realidade eu arranjei um trabalho de monitoria no colégio. Não ganho tão bem quanto aqui mas trabalho bem menos... Não sei se vou continuar, nem pensei nisso.

- Dá uma pensada. Você torna esse ambiente menos depressivo. - Vitor sorriu, sem responder nada. - Você tá com a Lia? - Perguntou ela.

- Não. - Vitor olhou pra baixo. 

- E aí! - Chegou Sal, todo animado. Luana logo percebeu o sorriso do irmão de Vitor desaparecer com a frieza com que ele o tratava. - Vim te buscar. - Se dirigiu à Vitor.

- Eu vou pra casa do Orelha hoje.

- Com licença, Lu. - Disse Sal, levando o irmão pra um lugar mais longe na recepção. - Até quando você vai ficar me evitando pelo que aconteceu? Deixa de ser criança!

- Desculpa, Sal. Só que é estranho. Eu vou dormir no Orelha porque eu já tô melhor, vou voltar pra tia Rosa assim que eu tiver seguro sobre andar de ônibus correndo risco de me chutarem. 

- Tá tudo bem... Eu sei que você ia logo querer sair do apartamento quando melhorasse. Posso pelo menos te dar uma carona até lá? Tá noite, sei lá.

- Pode sim. - Disse Vitor, mesmo sem vontade, a fim de evitar brigar com o irmão.

No caminho, os dois não se falaram direito ainda. Sal falou e falou sem receber grandes respostas de Vitor. Depois de largar o irmão na casa de Orelha, que era relativamente perto de onde estava morando, Sal foi direto para o seu apartamento. No saguão, Lia o esperava. Por conta de uma chuva que caía intensamente pela cidade, Lia estava encharcada, mesmo assim não ligou de molhar o sofá caríssimo no qual sentava.

- Oi, Sal! - Disse ela, enquanto se levantava do sofá para dar um beijo no rosto dele. - Me deixaram esperar aqui...

- Oi, Lia. O que faz aqui? - Perguntou, surpreso.

- Sei lá, vim visitar... - A pessoa que queria ver não era exatamente Sal, mas esperava que Vitor tivesse em casa. 

- Tudo bem... - Disse ele, sem jeito. - Vamos subir, você tá toda molhada.

Quando entraram no apartamento, Sal foi correndo buscar uma toalha e roupas secas pra ela.

- Desculpa, molhei um pouco a entrada aqui. - Ela riu.

- Sem problemas, eu tenho que fazer uma faxina aqui mesmo.

- Você, faxina? 

- É, tá achando que é só oba-oba? Olha só, eu só tenho camisetão de homem pra te emprestar... E umas calças e bermudas nada atraentes. - Disse ele, entregando a ela uma pilha de roupas.

- Tá tudo bem. Só não queria pegar uma gripe. 

- Pode usar o banheiro, sem problemas. - Disse ele.

Depois do banho, Lia escolheu um camisetão que ia quase até os joelhos e um moletom fininho de Sal, que chegava até a mesma altura. Dispensou a parte de baixo, saindo do banheiro e deixando Sal desconfortável com a imagem nada desagradável.

- Ficou linda nas minhas roupas.

- Brigada. - Disse ela, enquanto secava os cabelos. - Não é que deu um vestido certinho? - Sal começou a olhar para as pernas de Lia, deixando ela encabulada. Aproveitou pra quebrar o gelo perguntando sobre o que realmente interessava a visita dela. Olhou pra porta no quarto de Vitor aberta. - Ahm... O Vitor não tá em casa? - Disse ela, tentando parecer desinteressada.

- Não. Ele foi pro Orelha. Agora que ele tá bem, prefere ficar no amigo do que com o irmão. É brabo. 

- Sal, ele te adora. Mas o problema dele, pelo jeito, é o dinheiro da família só...

- É, eu sei... Lia, eu tava querendo falar com você.

- Pode falar. - Disse ela, sentando enquanto Sal preferiu permanecer de pé na sala.

- Eu tava pensando, nas coisas que aconteceram... Eu queria que você soubesse que realmente não é nada com você. Eu meio que me arrependo.

- Do que?

- De ter falado pro Vitor que eu me afastaria de você, sem nem tentar nada...

- Porque?

- Porque, cara... Eu sei que ele só tá fazendo isso por egoísmo. Por não poder te ver com outro cara, especialmente eu. Sabe, perder o brinquedo, como você disse. Eu realmente acredito que ele esteja brincando com a situação, como ele fez tantas vezes. - Lia ficou muito triste com o comentário, abaixando a cabeça. Sal sentou no sofá, mantendo uma distância de Lia. - Você merece muito mais que isso e eu sei que eu poderia de dar essa estabilidade, sabe? - Lia respirou fundo e quando percebeu, a mão de Sal estava erguendo seu rosto carinhosamente e ele a olhava nos olhos de um jeito confortante. - Eu não quero que ele faça você de boba. Ele é só um garoto irresponsável. E você é uma das garotas mais legais que eu já conheci. - Ele sorriu pra ela, se aproximando para beijá-la. Lia tentou, por alguns minutos, ficar tão envolvida quanto Sal. Ele a puxava pra mais perto, enquanto ela mantinha as mãos no ombro dele, sem saber o que fazer direito. Com Vitor a coisa acontecia tão mais naturalmente... Correspondeu o beijo até que começou a sentir a mão de Sal tentando levantar o moletom que vestia.

- Não vai rolar, Sal.

- Tá tudo bem, vamos com calma. - Disse ele, voltando a se aproximar e sendo impedido por Lia, que se levantou.

- A questão é que eu também sou irresponsável. E não sou essa pessoa intocável que você tá achando.

- Tudo bem Lia, eu acho bom igual.

- Sal, eu até tentei me envolver agora... Mas a coisa não funciona assim.

- Já disse que podemos ir com calma.

- Eu não quero "ir", Sal. Eu quero que a gente seja só amigo. - Sal ficou visivelmente triste com o comentário, esperou alguns segundos até falar.

- Tudo bem. Agora é muito recente e eu preciso superar o fora... Mas vamos ser amigos sim. Eu não quero que você saia da minha vida, não conheço ninguém nessa cidade.

- Eu não vou deixar. Eu vou é fazer uma janta pra gente e depois você me leva pra casa, como todo bom moço, certo?

- Certo. - Ele sorriu.

Enquanto Lia ainda estava na cozinha, Sal aproveitou para entrar no banho. Lia botou música alta em um rádio que tinha na cozinha e começou a inventar alguma janta pros dois. Nem sequer ouviu quando o elevador, que dava direto até o interior do apartamento, abriu. Vitor havia esquecido de levar qualquer roupa, já que seu plano inicial nem era dormir na casa de Orelha, mas ver a cara do irmão o deixou sem vontade de voltar para o apartamento. 

Lia só percebeu a presença dele quando olhou pra porta e viu ele parado com uma cara péssima. Quando ia sorrir percebeu a situação. Estava com as roupas do irmão, sem parte debaixo, no meio da cozinha, fazendo comida pros dois. Sem Vitor lá. Era óbvio que na cabeça dele passava todo tipo de pensamento errado. Quando viu que uma lágrima de raiva ou tristeza caiu pelo rosto de Vitor, era tarde pra alcançá-lo, que saiu rapidamente do apartamento, pisando firme. 


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Notas finais do capítulo

Foi mal não ter postado ontem, galera. Tá bem difícil por todos os mil trabalhos e provas que ando tendo que fazer... Só pra avisar que a fanfic Leilice está com o primeiro capítulo concluído - é, não é mais one shot, mas sim fanfic curta. Ficou em primeira pessoa porque acho que é um jeito interessante de abordar o pensamento das personagens. Pretendo fazer uns 6 capítulos +-, gostaria de saber se preferem que eu poste dia sim dia não (começando semana que vem, talvez) ou todos os dias (começando na semana seguinte)?