Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 36
Capítulo 36 - Não Aceitamos "Não" Como Resposta




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Quando segunda-feira chegou, todos comentavam a BMW X4 azul estacionada na frente do colégio. Lia foi com Ju para a escola, fazendo pouco caso do carro. 

- Deve ser de algum filhinho de papai. - Disse Lia, entrando no colégio e indo diretamente para a cantina comer alguma coisa, já que teria saído às pressas de casa para poder dormir mais, como era ultimamente, já que o mais difícil era dormir cedo. Enquanto pedia o lanche, ouviu uma voz masculina atrás dela.

- Quero o mesmo que ela, por favor. - Dizia Sal, com seu sorriso aberto como era usual.

- Ah, oi Sal! - Disse Lia, sorrindo timidamente e convidando Sal para sentar-se com ela. - Tudo bem?

- Tudo. Vim buscar um material das aulas que o Vitor perdeu.

- Ah, claro. Como ele tá? - Lia olhava para o lado, como quem não se interessava muito no assunto e perguntava só por educação.

- Tá bem, melhorando rápido. Vai tirar o gesso da perna que só fissurou, foi bem superficial a rachadura no osso. A perna operada vai demorar mais, mas acho que logo ele vai poder sair de lá com uma muleta. - Riu.

- Você tá ficando onde?

- Em um hotel perto do hospital... Mas pretendo ficar um bom tempo aqui, então hoje mesmo vou procurar um apartamento.

- E aí, sabe-tudo. - Fatinha chegou chegando, na defensiva, se dirigindo à Sal e cumprimentando Lia. - Como é que tá o seu irmão?

- Tá bem melhor, Fatinha. Obrigada pela recepção calorosa. - Ele sorriu, analisando ela de cima para baixo, da maneira mais respeitável possível. 

- Você viu, Lia, aquela coisa gigante e azul estacionada ali na frente? Será que o Orelha ganhou do papai? Porque só ele pra ter a idiotice de comprar um carro que chama ladrões assim. - Fatinha sorriu para Sal, tirando com a cara dele.

- Obrigada, Fatinha. - Disse Sal, continuando a sorrir.

- Aquele carro é seu?! - Perguntou Lia.

- Sim. 

- Fiquei curiosa desde ontem... Tá montado na grana como, ein? - Fatinha sendo bem direta, pra variar. - Seu irmão tem dois empregos e você tem um carro que deve valer uma casa nova.

- Olha, Fatinha, na real nossa família é muito rica. Mas o Vitor não gosta de explanar, ele não quer que as pessoas o vejam pelo dinheiro da família.

- E você quer. - Desafiou Fatinha, deixando Lia constrangida com a discussão. A moça do bar entregava os lanches de Lia e Sal, deixando os três em uma pausa da tensão.

- Não, não quero. Eu só sempre fui acostumado à isso. Nem tudo eu tive de mão beijada. - Sal começava a falar mais sério. 

- Tá, tanto faz. Tô indo pra sala, tchau. - Disse Fatinha, saindo.

- Constrangedor. - Comentou Lia.

- Ela sempre é direta assim? 

- Sempre. - Disse Lia, rindo. - Mas ein, não conhecia esse lado do Vitor.

- Imaginei que ele não fosse falar com ninguém. É o jeito, não leva a mal.

- Não, não levo, pelo contrário. - Disse Lia, que realmente havia se admirido com esse lado de seu ex que ela tanto teimava em odiar.

- Mas e aí, você vai nessa festa no fim da semana?

- Sim, sim. Não sou chegada nesse tipo de festa, mas vou. Você vai?

- Pior que vou, essa louca me convidou pra acompanhar ela. - Disse ele, se referindo à Fatinha.

- Boa sorte. - Disse Lia, fazendo Sal rir. - A gente vai escolher umas roupas numa loja dessas de roupas pra festas, aqui perto do colégio depois de amanhã, se quiser ir. 

- Demorou!

Sal não procurou muito até achar um apartamento bom e caro na zona Sul do Rio. Não tinha paciência para ficar procurando, e como tinha grana o suficiente pra se dar ao luxo de escolher um lugar de bom tamanho em frente ao mar, nem se estressou muito.

Vitor foi liberado para um passeio no hospital, usando uma cadeira de rodas. Sal o levou até a lancheria para comer alguma coisa além de gelatina e logo voltaram para o quarto.

- Já anda dando voltas por aí, então? - Disse Raquel, entrando no quarto e cumprimentando os irmãos.

- Sim, Doutora! Já ando na velocidade de novo. - Brincou Vitor.

- Olha... Posso te dizer que estará liberado na sexta, caso queira ir na festa do colégio vai ter que usar cadeira de rodas, provavelmente.

- Não vou, não. Mas bom saber que estou liberado.

- É, Vitor. Mas sua perna não está nem perto de ficar totalmente bem. Tem que tomar muito cuidado e ficar de repouso o máximo de tempo que puder.

- Entendido, chefe.

- Ah, e você continua ganhando igual, mas só volta a trabalhar quando eu sentir que posso te liberar, ok?

- Você é a melhor. - Disse Vitor, agradecido.

Sal acompanhou Ju, Lia e Gil até a loja na quarta-feira. Era uma pessoa muito agradável, logo se entrosando com todos. Ele tinha muitas roupas sociais que poderia usar no evento, mas decidiu aproveitar a chance de criar novos amigos em uma cidade desconhecida.

- Pô Lia, você não vai experimentar nada? - Disse Sal, experimentando um terno cinza escuro.

- Não sou muito de vestidos, é um ambiente estranho pra mim. Mas já separei umas peças.

- Então vai experimentar pra gente ver. - Disse ele, seguido de incentivos à Lia de Gil.

- Vai logo, amiga! - Insistiu Ju.

- Tá bom, tá bom. Saco. 

Lia saiu do provador com um vestido preto bem básico, porém bem curto, e um par de saltos pretos que combinavam perfeitamente com seu estilo mais discreto. O desenho da peça, que deixava a forma do corpo de Lia mais evidente, deixou Gil e Sal a observando sem palavras por alguns segundos. Estava realmente maravilhosa.

- Ei. - Disse Lia, fazendo eles acordarem. - Eu sei, nem parece eu.

- Lia, vai com esse. Pelo seu próprio bem. - Disse Sal.

- Como assim?

- Você tá demais, sério. Vai deixar geral babando. - Disse Ju.

- Ah, vocês. Até parece!

Sal foi ajeitar a gravata para botar a atenção em outra coisa que não fosse em Ju, e principalmente em Lia, que o surpreendeu.

- Não, não, tá muito errado. - Disse Lia, observando o nó que ele fazia, longe de ficar certo. - É assim. - Lia rapidamente fez o nó. Notando a proximidade estranha entre os dois enquanto se olhavam, se afastou de imediato. - Sempre fiz no meu pai quando ele tinha encontros com a minha mãe... Sou quase profissional. - Disse ela, sem jeito.

- Ficou bom. E o resto? - Disse ele, se referindo ao conjunto que tinha escolhido.

- É isso, só alugar.

- Feito.

No caminho da volta, Sal acabou passando em um shopping e comprando um terno, calça social e gravata, tudo preto. Sabia que o presenteado não gostava de muita coisa estranha na roupa e aquilo ali não teria erro. 

Quando a sexta-feira chegou, Vitor já estava treinando suas muletas, apesar de não conseguir andar por muitos metros sem querer se sentar. Umas 2h antes da festa ter início, Fatinha entrou no quarto, toda produzida com um vestido vermelho curtíssimo - como de costume.  Sal não conseguiu ficar sério diante da visão, mas acabou se lembrando do que tinha combinado com Fatinha no carro, há uns dias atrás. Sal jogou uma caixa na cama de Vitor, bem ao seu lado, quando ele sentou e deu um beijo no rosto de Fatinha. Vitor olhou pro irmão, querendo saber o que havia na caixa.

- Abre. - Disse Sal. Vitor abriu a caixa e se deparou com as peças, no seu tamanho. 

- Não aceitamos "não" como resposta, angel. - Disse Fatinha, com cara de pidona. - Vamos, por favorzinho?

- Vamos, vamos! - Disse Sal.

- Certo. - Disse Vitor, motivado por apenas uma coisa que veria na festa. Mas era difícil admitir.


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