Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 32
Capítulo 32 - Distração




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Lia queria pular em cima de Orelha também, mas Gil a segurou, pedindo para ela manter a calma. Ela até ignorou completamente Robson e suas instruções para o barraco parar. Fatinha se meteu, defendendo Vitor antes mesmo de ter assistido ao vídeo, sem saber nada do que acontecia. Ao ouvir as coisas e entender, Fatinha foi começando a ficar menos inquieta. Lia decidiu sair dali, não só do pátio mas como do colégio, mesmo com Robson a seguindo e falando que ela não podia.

– Vitor, o que você fez? - Disse Fatinha, calmamente, enquanto o puxava pra um canto, como se não acreditasse no que estava acontecendo. - Enlouqueceu?
– Eu sei que exagerei. Não sabia que ela ia ficar tão irritada.
– Isso foi pesado demais, até pra você. Expor ela assim.
– Vem cá, de que lado você tá?
– Eu queria muito, muito mesmo, estar do seu. Mas foi demais. Eu falei com o Dinho, Vitor... Eu não duvido nada que ele tenha beijado ela a força.
– Você viu a foto! Tá na cara que ela correspondeu.
– Eu não sei. Eu acho que você gosta dela. E que vocês deviam conversar antes de uma coisa grave dessas. Mas não sei, algo que diz que ela não vai querer ver a sua cara mais... Vai ser obrigada a ver só no colégio. Sério, Vitor. Você foi muito impulsivo querendo logo dar o troco sem nem esclarecer antes. Vamos acompanhar. - Disse Fatinha, o deixando sozinho.

Lia foi direto para o hostel, secando as lágrimas que insistiam em cair. Bateu na porta do quarto de Dinho com muita força, fazendo ele abrir, surpreso ao encontra-lá. Lia entrou sem permissão e já o acusou de mil formas.

– Você mandou o Orelha tirar aquela foto, né? Você me beijando.
– Do que você tá falando? - Disse Dinho, fingindo surpresa.
– Olha, eu não sou otária. É muito estranho o Orelha ter conseguido tirar aquela foto, por favor. O que você quer, Dinho, me explica! - Gritou.
– Calma, Lia. Calma. Eu vi o TV Orelha já... E isso não descarta o fato de que o Vitor fez uma aposta com você. Porque você tá tão mal? É um troco pra ele.
– Você só pode estar brincando. - Disse ela, aproximando-se dele com um olhar psicopata. - Eu queria muito dar um tapa em você agora mas isso só vai me deixar satisfeita por alguns segundos. Eu queria muito, muito mesmo, que você se ferrasse na vida, Dinho. Você faz todo tipo de coisa comigo, se finge de arrependido e piora tudo? Eu acho que você é louco!
– Lia, eu te amo. Eu faço coisas sem pensar, só pensando em te ter de volta.
– Para, Dinho! Cala a boca. Eu não quero nada com você. Nem se eu te amasse ainda. Eu nunca ia conseguir ficar com você sabendo do que fez. E agora eu vejo que eu fui muito idiota de ter confiado que você tinha voltado pra tentar consertar as coisas. Eu não vou mais cometer erros com você. - Disse ela, ameaçando sair, sendo puxada por Dinho.
– Pensa que eu te fiz um favor, o Vitor certamente ficou irritado com isso.
– Eu não dou a mínima. Isso não melhora nada. - Disse Lia, soltando-se bruscamente do braço de Dinho.

Ju e Gil tinham tentado sair com Lia, mas não empurraram para conseguirem passar por Robson, como Lia fez. Assim que liberados, os dois foram visitar Lia no apartamento dela. Lia estava deitada na cama, de pijamas, olhando pra um ponto fixo no teto. O olhar vazio de Lia, a distância que ela estava dali... É, Vitor havia conseguido o que queria.

– Amiga... - Disse Ju, entrando no quarto, esperando qualquer reação de Lia, desde raiva até vazio completo. - A gente veio te visitar. Eu queria conversar com você. - Disse Ju, lançando um olhar para Gil, que entendeu imediatamente que Ju queria que ele ficasse na sala.
– Eu não sei se queria falar agora.
– Você deve estar péssima...
– Um pouco aliviada também.
– Aliviada?
– É. Eu tava gostando dele... Não era algo tipo muito, muito forte. Eu espero que seja reversível. Poderia ter ficado mais forte, sei lá. Ele me previniu de quebrar a cara muito mais. Podia ser muito pior, Ju.
– Nossa, você sendo otimista. Coisa rara.
– É. - Lia fez uma pausa. - Vai chover hoje, minha mãe tá de plantão, Tatá tá com meu pai... Dorme aqui? Se não eu vou ficar depressiva.
– Claro, né amiga. Vou lá pegar umas roupas e daqui a umas horas eu volto. - Disse Ju, arrastando Gil com ela para seu apartamento.

Com a casa vazia, Lia ficava ainda mais pensativa. Tinha tanta coisa pra botar pra fora... As horas se arrastaram e nada de Ju voltar. Era perto das 20h quando Lia ouviu do seu quarto o barulho da maçaneta da porta da frente abrir lentamente, pegou a primeira coisa que viu - uma tesoura em cima de sua escrivaninha - e foi atrás do suposto "invasor". Encontou Vitor, paralisado ao ver ela, com as mãos prestes a pegar um envelope em cima da mesa da cozinha.

– O que você tá fazendo aqui? - Disse ela, ainda apontando a tesoura pra ele.
– Eu vim pegar uns papéis que a sua mãe me pediu. Não queria que você notasse minha presença. - Disse ele, fixando os olhos no envelope e evitando o contato visual com a Lia.
– Nossa, é uma pena ela ainda ser sua chefe.
– Se quiser, pode falar tudo pra ela. Aposto que ela me demite. - Lia apenas o olhava, o fuzilando. - Pode abaixar a tesoura? Ou vai querer me matar?
– Vontade não falta. - Disse ela, abaixando a mão. - Dá pra você dar o fora da minha casa?
– Com prazer. - Disse ele, sorrindo ironicamente. Quando estava prestes a sair, virou, falando as próximas palavras sem pensar. - Porque você ficou com ele? Queria os dois ao mesmo tempo?
– E se eu disser "sim"? - Desafiou.
– Então você não pode mais falar de mim.
– Você é um otário, Vitor. Não tem nada dentro de você. Ainda bem que eu só aceitei esse namoro idiota pra me distrair. Acho difícil alguém sentir algo por você. - Disse ela, num tom seco. Vitor não conseguiu de jeito nenhum manter uma expressão de vitória. A derrota estava estampada no seu rosto. Saiu dali batendo a porta forte, sem ter dado nenhuma resposta pra Lia. Não tinha como.

Lia foi consolada por Ju durante a madrugada, na qual nenhuma das duas conseguiu dormir direito. Sempre que tentavam abordar outro assunto, como a festa do colégio, que aconteceria em duas semanas, mas Lia acabava voltando para Vitor e para o quanto as aparências enganam. Achava sim, que tinha pegado pesado demais, mas bastava lembrar do que ele a fez passar, da humilhação pública, para toda a pena se esvair pelos ares.

Vitor pegou a estrada chuvosa, sem ter destino certo. Uma distração, era isso. Era tudo isso que ele era. O velocímetro da moto chegava a pontos que nunca havia ido antes, e diversas vezes a moto ameaçava derrapar, nada que fizesse Vitor prestar atenção.

No dia seguinte, logo pela manhã, Lia recebeu algumas ligações da mãe - todas ignoradas. Não tinha paciência pra ninguém. Só queria ficar sozinha. Até a presença de Ju não fazia muita diferença, já que seu pensamento estava longe. Achou estranho uma grande parte de sua turma reunida num canto, consolando Fatinha, que estava sentada, com as mãos no rosto, como se chorasse. Pilha olhou para Lia visivelmente preocupado e percebendo que ela não entendia nada e se aproximou dela e de Ju.

– Lia, você tá sabendo?
– O que houve? - Disse ela, preocupada.
– O Vitor sofreu um acidente de moto ontem. - Lia ficou branca na hora. - Não foi tão grave, a Fatinha gosta de exagerar. Ele vai ficar bem. Ele tá no hospital com a sua mãe. - Pilha percebeu que ela não reagia. - Lia?


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Notas finais do capítulo

Espero que curtam! Até a próxima semana =)