Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 28
Capítulo 28 - Superprotetor




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Como estavam entrando em um hábito, no dia seguinte Vitor buscou Lia para ir até o colégio. Não importava pra ele se o local ficava há pouco metros da casa dela, ele fazia questão de chegar com ela pra todos verem que com ela era diferente. Que seria firme e forte. Os dois chegaram cumprimentando os amigos que estavam em grupo. Entre eles Fatinha, Orelha, Fera, Pilha, Rita e Morgana. 

- Sabe que eu tô sentindo falta daquele site lá que posta vídeos imbecis que queima todo mundo? Como é mesmo? - Todos dão uma risadinha olhando para Orelha. - Quando sai uma nova TV Orelha? - Perguntou Vitor, abraçando Lia com um braço, pela cintura e olhando para Orelha como se o desafiasse.

- Ah, não sei, nada demais por enquanto.

- Ué, vocês voltaram a ser amigos? - Perguntou Fatinha, confusa.

- Claro, esse orelhudo me ama. Né, seu nerd idiota? - Disse Vitor, ainda rindo, porém Orelha sabia que o insulto era pra valer. Ju chegou, pedindo um minuto sozinha com Lia para falar que estava sentindo coisas por um amigo em comum... Gil. Vitor deu um último beijo no rosto da namorada, que piscou pra ele em resposta.

- Posso levar uma palavrinha com você em particular também, quatro olhos? - Disse Vitor.

- Sim. - Orelha respondeu obediente, saindo do meio do grupo e fazendo todos se olharem espantados.

- Como vai esse coração, ein?

- Olha, Vitor... O que quer que você queira, fala aí.

- Eu não quero nada, só te encher mesmo. Olha só. Eu poderia até te obrigar a fazer um TV Orelha zoando seu amigo, Dinho, mas eu realmente não quero me importar com isso. Apesar de me importar.

- Porque ele não vai desistir de reconquistar ela?

- Cala essa boca. - Disse Vitor, já segurando a gola da camiseta de Orelha, e lembrando-se imediatamente que estava exagerando, soltando o nerd, que não expressava medo algum. - Ele não vai conseguir nada, é bom que ele saiba. E olha só, um vacilo seu, seja postar coisas ruins sobre a Fatinha ou a Lia e eu vou pensar num jeito bem legal e humilhante de contar pro colégio que você tá apaixonadinho pela ruivinha ali.

- Tá tudo bem, Vitor. - Foi apenas o que ele disse.

- Agora pode apagar aqueles vídeos dela bêbada do seu blog, porque eu tenho ótimos vídeos seus bêbado que pra mim são pior que esse seu segredinho.

Depois da aula, Vitor foi dispensado da oficina e se encaminhou diretamente para o consultório. Agora, Luana nem o olhava nos olhos mais, sentia-se usada ao saber que aquela amiga que ele defendeu bêbada semanas atrás era na verdade muito mais que uma amiga. Pôde juntar todas as peças. 

Vitor separava uns relatórios de Raquel, aproveitando o silêncio que inundava o corredor, quando um soco no balcão o acordou para olhar para Lorenzo, parado na sua frente com uma expressão de quem o mataria em breve. Vitor conhecia Lorenzo de vista, sabia que era o pai de Lia, mas ele geralmente passava sem dar atenção ao motoqueiro.

- Oi, Doutor Lorenzo. - Disse Vitor, totalmente sem jeito e evitando olhar nos olhos do sogro, que continuava o encarando fixamente.

- Quais suas intenções com a minha filha, moleque? - Vitor engasgou com a pergunta, achava que Lorenzo iria socá-lo com qualquer resposta que desse, mas pelo que Lia dizia, ele não faria isso.

- As melhores possíveis, Doutor.

- É bom que você saiba que eu desaprovo esse namoro. - Lorenzo desaprovaria qualquer namorado de Lia no momento, depois que teve que consolar Lia noites e noites seguidas após Dinho partir. Via a filha como um vaso que poderia se quebrar na mão de qualquer um e ninguém seria suficientemente bom no momento. Vitor não sabia o que responder mas foi salvo por Raquel.

- Eu sabia que você ia dar um showzinho desses. - Dirigiu-se ela à Lorenzo.

- Você não pode falar nada, Raquel. Não sabe como a sua filha ficou depois daquele rapaz. Ela mesma me disse um tempo atrás que esse Vitor amigo dela era um "pegador" aí, como dizem.

- Doutor, com todo o respeito... Eu poderia ser considerado isso, sim. Mas as pessoas mudam. Eu gosto da sua filha. - Disse Vitor, com uma coragem que nem ele sabia de onde tinha tirado. - De verdade. - Dessa vez Vitor o olhava nos olhos, encarando o desafio.

- Deu, Lorenzo. Sua filha sabe muito bem o que tá fazendo e o Vitor é um bom rapaz.

- Ah, ótimo. Agora você sai como a mãe liberal e tá tudo bem. - Raquel puxou Lorenzo para um canto e cochichou algumas coisas que Vitor tentou decifrar sem sucesso. Uns minutos depois, Lorenzo saiu dali, ainda encarando Vitor.

- Desculpa por isso, querido. - Disse Raquel.

- Tudo bem. Ele é superprotetor, isso é bom.

- É, mas não tanto. - Um silêncio tomou conta do lugar por poucos segundos. - A Lia me mostrou o anel que você deu pra ela. É lindo.

- Você gostou? Mandei fazer as escalas, pra ficar que nem o braço da guitarra.

- Sim, sim. Ficou lindo. E Vitor. - Ela se aproximou, como se confessasse um segredo. - Eu sei que ele custou os olhos da cara. - Vitor a olhou como se tivesse sido pego num flagra. - Reconheço joias assim, eu era louca por isso quando era mais nova. E eu sei que você trabalhou muito pra conseguir comprar isso pra ela. Eu sei que você deve estar muito apaixonado por ela.

"Apaixonado". Essa palavra era um tanto quanto incomoda para Vitor. Forte demais para alguém que ele conhecia há alguns meses? Mas era provavelmente o que ele sentia. Ele nunca falaria tal palavra pra Lia no momento e sabia que Lia também não. Os dois eram reservados quanto à isso, tinham medo de falar demais, de assustar o outro. E de assustar a si mesmo. Preferiam simplesmente não pensar, usar palavras pra descrever. Apenas sentir e pronto.

Depois da conversa com Raquel, Vitor sentiu uma vontade boa de ligar pra Lia. Aquela noite seria somente ele e ela. Ele sabia que fazer sexo com alguém ia ter uma perspectiva totalmente nova depois de Lia. Ia significar alguma coisa de verdade. A sensação de ansiedade fazia ele rir sozinho quase o tempo todo, numa mistura de nervosismo e felicidade.

- E aí, minha roqueira preferida.

- Opa, quem fala? - Atendeu Lia, reconhecendo a voz de Vitor. - É o Gustavo, Guilherme, Pedro ou o... Como é mesmo... Vitor?

- HA-HA, que engraçada. - Lia apenas ria da voz de indignação do namorado. - Tem tanto cara assim?

- Calma, valentão. Tem só você. E aí, tava aqui escolhendo minha roupa pra grande noite de hoje...

- Opa, é bom que você saiba que não importa muito porque eu vou tirar ela assim que tiver oportunidade.

- Hmm. Assim que eu gosto, gato. - Brincou ela. 

- Sogrão me deu uma prensa hoje.

- Ah, fala sério!

- Falo.

- Que saco! Ah, eu contei pra ele, sabe. Ele deu um ataquezinho de ciúme, coisa de pai. Mas ir falar com você... Que mico!

- Relaxa, linda. Achei engraçado, na realidade. Mas então, chegou cliente aqui, vou ter que atender. Às 22h tô aí, esteja pronta.

- Certo, nos vemos lá. - Disse Lia com uma voz sedutora, fazendo Vitor rir.

- Até lá! - Respondeu ele.

Depois de Lia perceber que nenhuma de suas roupas seriam sexys o suficiente para Vitor, já que ele só pegava meninas que se vestiam com roupas curtas e que eram geralmente "saídinhas", chamou Ju para ajudar e já levar algumas roupas dela para Lia. Lia não gostava de absolutamente nenhuma roupa da amiga, mas queria fazer um esforço para agradar Vitor. Pegou um modelito azul mais discreto que Ju tinha e calçou um par de sapatos pretos com um salto modesto.

- Tô me sentindo horrível.

- Ai amiga, você tá linda! - Disse Ju, analisando Lia.

- Eu tô vestindo uma fantasia de Fatinha. A única coisa que ainda é minha é esse lápis no olho que você me deixou usar.

- É... Digamos que é óbvio que você não vestiria isso, mas se você acha que é o jeito de impressionar o Vitor...

- Fala sério, Ju. Ele só sai com essas meninas que parecem modelos. Nem eu sei o que ele quer comigo. Mas na real, eu tenho que fazer um esforço...

- É, depois desse anel que deve ter custado uma nota... - Disse Ju, olhando para a mão de Lia. Lia olhou para sua mão, contemplando o presente.

- Como que ele parece o maior idiota do mundo e depois faz esse tipo de coisa? Foi tão fofo, Ju... 

- E você tá toda boba, né? - As duas riram. Ouviram a campainha e perceberam que Vitor estava sendo recepcionado por Raquel. Olhou para Ju com uma expressão ansiosa.

- Ele vai amar. - Disse Ju.

Vitor preferiu ir discreto com sua camisa social azul escura e uma calça preta. Por cima, sua tradicional jaqueta de couro. O  cabelo desajeitado, do jeito que Lia gostava. Quando entrou no quarto, Lia esqueceu completamente da desconfortável sensação que a roupa de Ju a causava e só conseguiu fixar os olhos nos de Vitor, que estava mais lindo do que nunca, ainda mais depois de abrir um enorme sorriso ao ver a namorada.


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