Cheguei em casa e arrumei logo minhas coisas, poucas coisas... uma mochila apenas, bem cheia. Não avisei ninguém, esqueci até das minhas amigas, não queria que ninguém soubesse onde eu ia estar porque falariam que eu sou idiota por pensar assim...

Mas algo me dizia que eu iria encontrar ele. Fui para o aeroporto e fiz com que me encaixassem no primeiro avião que fosse partir pra São Paulo.

Consegui, acho que alguém tinha desistido ou algo assim, não entendi direito... Só sei que quando eu pensei no plano de novo, já estava dentro de um avião, indo pra uma cidade desconhecida para procurar alguém que eu nunca vi. Nossa, fiquei com um pouco de medo agora...

E se eu não encontrar ele? Putz, acho que quero voltar :S. Não, eu não vou fazer isso. Ele já me viu, impossível que não irá me reconhecer SE me ver, tá não é impossível porque EU nunca vi ele. Mas eu vou conseguir, agora já foi... Estou de castigo pro resto da vida agora mesmo... É só aproveitar.

Olhei a hora no celular e já eram quase 16h, senti um aperto no coração e um frio na barriga ao mesmo tempo... O aperto porque essa hora deveria estar no msn, em casa, afinal é um dia normal... E o frio na barriga porque estava prestes a conhecer o que eu sempre quis.

Chegando lá...

Era uma cidade grande, de fato... Só o aeroporto de lá era umas duas vezes maior que o de Porto Alegre. Não era uma cidade muito colorida e tal, mas tinha sua beleza... Então eu pensei, e agora? O que eu faço?

Pra que lado eu vou? Eu relamente não sei de nada e estou com um pouco de medo... Comecei a olhar em volta, haviam muitas pessoas com roupas formais, bem diferentes das minhas... Mas eu fiquei observando uma garota, ela se vestia parecida comigo... All Star, calça jeans não muito larga nem muito justa, um blusa preta de uma banda de J-rock, logo lembrei do Tomate, aprendi a ouvir esse tipo de música com ele.

Tá, passou... Pronto, voltei a realidade. A garota tinha cabelos castanhos, olhos azuis e aparentava ter a minha idade, estava meio abatida e não carregava nenhuma bolsa de viagem, aparentemente poderia estar buscando alguém...

Como ela era a pessoa que parecia mais nova daquele lugar, resolvi pedir informações a ela... Foi simpática, mas parecia nervosa e de perto aparentava não ter dormido muito bem ou nem ter dormido na noite anterior... Sei lá, fiquei um pouco preocupada, ela parecia ser legal.

Conversamos um pouco, coisa daquelas pessoas que nunca se viram na vida e ficam contando suas histórias uma pra outra enquanto esperam em uma fila ou algo do tipo. Ela me contou que seu irmão mais velho estava no hospital, haviam sofrido um acidente há poucos dias...

Estavam voltando de uma festa de família e seu pai bateu o carro, pois estava muito escuro, ela e sua mãe estavam no banco detrás do carro e seu pai e seu irmão na frente, mas o lado em que estava seu irmão bateu diretamente no poste, quase na esquina do prédio onde moravam.

Ela, seu pai e sua mãe ficaram apenas com pequenos ferimentos e arranhões, mas o pior aconteceu com seu irmão que ficou em coma durante três dias e quando acordou estava com uma perda de memória temporária, só lembrava de alguns acontecimentos de antes do acidente.

Eu fiquei triste por eles, ela realmente estava triste demais, ela gostava muito do irmão e sempre saiam juntos. Ela disse que não dormia há quase 5 dias já, ás vezes seu irmão se lembrava de algo, mas logo o esquecia.

Todos estavam muito aflitos e trites e eu nem me senti bem em contar o motivo louco da minha viagem inesperada. O nome da garota era Beatriz, mas mandou eu chamar ela de Bia como tudo mundo.

Aos poucos ela foi se soltando mais, acho que precisava falar com alguém mesmo, o clima em casa não estava bom, a preocupação de todos estava ao extremo, os amigos iam ver eles de vez em quando, mas todos tinhas suas coisas, apenas os mais próximos passavam todos os dias no hospital, apesar de seu irmão não reconhecer muitos deles.

Bia amava muito seu irmão, apesar de ele ser mais velho que ela, ela era uma irmã "coruja".