Sexta de manhã. Acordei radiante. Eu não tivera sido convidada para a festa, mas Bruno fora. E eu já tinha tudo em minha mente. Ele não gostava de me provocar, de me ver irritada? Talvez ele goste de provar um pouco do seu veneno. 
　　　Uau, pareci uma mimada vingativa. Igual a essas daqui da cidade. 
　　　— Bom dia, Kevin — Sorri tentando parecer amigável, como sempre fazia. Sentei-me à mesa do café da manhã — Mamãe já saiu?
　　　— Sim, teve uma emergência onde ela trabalha.
　　　— Ah... O que houve?
　　　— Parece o local pegou fogo, não sei muito bem, ainda não tive notícias.
　　　— E tinha alguém lá dentro? — Perguntei assustada.
　　　— Não, o incêndio foi de madrugada, graças a Deus. 
　　　— Ufa... Mas, e Bruno, onde está?
　　　— Saiu com Fera.
　　　Ai. 
　　　— Ah sim. Bom, vou dar uma volta na praia, tchau, Kevin — Sorri.
　　　— Tchau, Fatinha.
　　　Fatinha? Fatinhal? Não dei essa intimidade para ele! Enfim, retomando os meus pensamentos... O que será que Fera e Bruno estão fazendo? Será que... Bruno está falando tudo o que eu contei para ele? Posso até imaginar a conversa:
“　　　— É, Fera, a Fatinha ficou muito triste, chorou dias por você! — Os dois riem da minha cara.”
　　　Não... Ele não faria isso, faria? E se ele e Fera forem para minha casa? Por que, em? Por que Bruno faz essas coisas comigo? Ele sabe que eu ainda não me recuperei de tudo isso. 
　　　Resolvi voltar para casa. Ficar na praia só me lembrava mais ainda de Fera e de quando nos conhecemos. 
　　　Subi rapidamente para o meu quarto e para me distrair comecei a reler os papéis da universidade. Eu só tinha mais três semanas de férias... Fera não poderia estragá-las.

　Desci para tomar água e me deparei com Bruno e Fera sentados no sofá. Estavam jogando Videogame. Deixei meu copo cair no chão, os cacos se espalharam por todo o piso, além de fazer um barulho não muito discreto. 
　　　Bruno correu para a cozinha. 
　　　— O que houve? — Perguntou.
　　　— Nada, só deixei meu copo cair no chão.
　　　— Também, do jeito que você é delicada — Ironizou.
　　　— Ah, não enche, Bruno, que você sabe muito bem porque esse copo caiu. Não se faça de bobo! Você veio aqui na cozinha para quê? Para rir da minha cara? Bom, se foi isso, muito bem, pode começar, eu já não ligo mais — Disse enquanto limpava a cozinha dos cacos de vidro.
　　　Ele sorriu e já ia saindo para a sala quando continuei:
　　　— Só não esqueça que o seu “desafio” de hoje a noite ainda não foi totalmente escolhido — Sorri e saí triunfante. Olhei para trás e vi a expressão com raiva dele.