My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 19
Reunião Familiar


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Eita, a Joy vai encontrar seus amigos agora. Como será que vai ser isso? Bom, espero que gostem. Boa leitura! :DD



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Eu engoli em seco. Minhas pernas tinham travado. Eu não sabia o que fazer. Marcus me analisou por alguns segundos. Pareceu estar pensando em algo.

– Sobe na árvore. – Ele disse apontando para uma árvore ali perto. – E não saia dali.

Eu só consegui me mexer quando ele ordenou. Eu corri e subi na árvore. O Marcus saiu em direção aos barulhos mais a frente. Eu estava nervosa outra vez. Eu não queria ir até lá, mas também não queria não ir. Eu queria ver os meus amigos, supondo que fossem mesmo eles, mas também estava com medo. Seria um choque grande demais para todos nós.

Eu estava agachada na árvore, mas minha concentração estava total no local mais a frente. Acho que o Marcus apareceu, porque eu senti os corações começarem a bater mais forte, bater com ódio. Eu tentei, mas não consegui distinguir o que eles falavam. Só ouvia os corações batendo, bombeando sangue pelo corpo. Me peguei lambendo os lábios. Tapei os ouvidos e balancei a cabeça para expulsar aqueles pensamentos. Tentei me concentrar em silêncio.

Eu comecei a respirar para ver se o barulho me distraia. Ainda estava com as mãos nos ouvidos. Foi quando comecei a sentir algo. Minha ligação com o Marcus. Eu sentia a apreensão dele. Ele devia estar lutando, tentando salvar o Blake. Eu fechei os olhos e tentei visualizar o que estava acontecendo, só pelas emoções do Marcus. Eram três contra um, porque acho que o Blake não estava lutando. Eu sabia que o Marcus conseguiria escapar, ele sempre conseguia...

Opa! Três? Pensei que fossem quatro...

Nem consegui terminar de raciocinar quando vi uma estaca passar raspando pelo meu braço, deixando um fino rastro de sangue. Eu me levantei muito rápido e subi mais na árvore. Foi quando notei que o quarto coração estava batendo ali em baixo de mim.

Outra estaca foi lançada. A pessoa estava usando um atirador. Quando eu subi o suficiente, ousei dar uma olhada para baixo. Mas as folhas da árvore estavam na frente.

– O que foi? Está com medo? – A pessoa gritou.

Eu reconheci a voz no mesmo instante. Era a Erika. A namorada do meu irmão. Fiquei mais tensa do que já estava. E não tinha mais galhos para subir. Teria que acabar descendo e correr. O Marcus não tinha dito nada sobre sair dali se eu precisasse me salvar. A garota não podia me ver. Eu me preparei e dei um pulo da árvore. Caí no chão com leveza e perfeição.

– Agora estamos falando. – Erika disse. – Vamos brincar.

Eu estava de costas para ela, por isso ela não viu meu rosto. Eu não esperei mais nenhum segundo e comecei a correr. Eu podia ter uma velocidade de vampiro, mas todos os caçadores eram treinados para correr muito mais rápido que qualquer outro humano, então a Erika estava bem perto de mim. Eu tentei encontrar um lugar que desse para eu me esconder, mas não estava achando.

Enquanto corria, senti algo se aproximar de mim. Foi como se tudo ficasse em câmera lenta e minha concentração focasse só no objeto que se aproximava. Eu dei uma virada para trás só para agarrar a faca que Erika tinha jogado. Ela não conseguiu ver meu rosto. Senti sangue escorrer do corte em minha mão, e o veneno começar a penetrar em minha pele. Raiva foi crescendo dentro de mim. Eu me virei novamente e atirei a faca na direção da Erika. Eu ia continuar correndo, mas senti o cheiro do sangue dela ficar mais forte. A faca tinha acertado.

Eu fui parando lentamente. Aquele cheiro me prendeu. Eu ouvi Erika soltar um gemido baixo e comecei a me virar. Eu não estava pensando, não estava raciocinando. Minha cabeça estava baixada, eu olhava o chão, mas estava concentrada no sangue.

– É só isso que você conseg... – A Erika começou a dizer, mas parou de falar.

Eu ouvi o coração dela acelerar muito rapidamente. Senti a tensão que se apoderou dela e medo começar a surgir também. Ela tinha me reconhecido. Eu levantei o rosto devagar e olhei em seus olhos. Estavam arregalados.

Erika deixou a faca cair no chão e o atirador de estacas também. Eu vi sangue escorrendo na perna dela, onde a faca tinha acertado. Fui tomada pela loucura. Minhas presas cresceram imediatamente. A menina arregalou mais os olhos e soltou um som abafado de choque. Eu dei um passo em sua direção. Ela nem se moveu.

– Joyce... – Disse num sussurro. Ela não conseguia acreditar no que estava vendo.

Acho que ouvir ela dizer meu nome me trouxe de volta a realidade. Eu olhei novamente nos olhos dela. Pisquei e me dei conta da situação. Arregalei um pouco os meus olhos também. Nenhuma das duas fez mais movimentos. A Erika estava tão chocada que eu poderia matá-la muito facilmente, tanto quando ela podia fazer comigo.

De repente eu senti uma dor, aquela dor superficial de novo. O Marcus tinha sido ferido. Senti a tensão dele também. Não esperei mais nem um segundo. Saí correndo de onde estava e fui na direção que sentia onde ele estava. Erika continuou lá parada, apenas me olhando ir embora.

Eu fui seguindo algum instinto e consegui chegar ao local onde o Marcus estava. Eu parei um pouco antes de aparecer e observei o que acontecia. Meu coração teria ficado apertado.

A Ally segurava o Blake e tinha uma estaca encostada no peito dele. O vampiro parecia querer chorar. Idiota. O Tony e o Jason cercavam o Marcus, enquanto outros dois caçadores seguravam o vampiro. Tony apontava um atirador na direção dele e o Jason segurava uma estaca. O rosto dos dois estava tomado em fúria.

Eu sentia meus lábios tremerem, como seu eu fosse chorar. Eu queria chorar, mas sabia que não isso aconteceria. Os garotos falavam alguma coisa, mas eu não conseguia me concentrar no que eles diziam. O Marcus parecia bastante confiante, mas ele nunca demonstrava fraqueza mesmo.

O Jason se aproximou do Marcus e enfiou uma estaca na barriga dele. Eu puxei o ar só pela agonia que senti por ele. A dor devia ser insuportável. Mas ele não soltou nenhum grito. Apenas abaixou a cabeça e eu vi suas presas crescerem.

Jason falou mais alguma coisa, acho que eles estavam interrogando o Marcus. Perguntando sobre mim. Mas ele não respondia nem uma pergunta. E mesmo machucado, ele ficava cheio de ironia com os outros dois. Jason deu uma olhada para o Tony que assentiu com a cabeça. Ele atirou uma estaca nas costas do Marcus. O vampiro não aguentou. Dessa vez soltou um grito e caiu de joelhos no chão, com os outros dois caçadores ainda segurando seus braços.

Eu estava agoniada, sentia a dor dele, não totalmente, mas sentia. Precisava fazer alguma coisa. Dentro de mim, algo estava em desespero pelo Marcus e também por meus amigos.

O Tony falou, e eu me concentrei para ouvir.

– Onde ela está? – Ele perguntou.

– O que você tiver feito com ela, nós vamos fazer pior com você. – Jason falou.

Mesmo sentindo uma dor imensa, o Marcus riu. Vi que isso irritou mais ainda os dois caçadores. Tony tirou uma faca do bolso da calça e se aproximou do vampiro. Ele levou a faca até o rosto dele e fez um corte, no formato de um X, em sua testa. Vi o Marcus franzindo o rosto em dor, o veneno penetrando em sua pele ao poucos.

– Onde. Ela. Está? – Tony perguntou novamente.

Dessa vez o Marcus não falou nada. Jason pegou outra estaca e ia enfiar no vampiro. Eu reagi e corri em direção a eles. Empurrei para longe os dois caçadores que prendiam o Marcus, e segurei a estaca do Jason no meio do caminho. Meu irmão se assustou e o Tony também. Eu joguei a estaca longe. Depois agarrei o atirado das mãos do Tony e joguei para longe também. Foi tudo em questão de segundos.

Os dois caçadores estavam surpresos pela minha repentina aparição. Eles se afastaram e foram para perto da Ally. Eu estava de costas para ele.

– Estou aqui. – Sussurrei.

Marcus olhou para mim e ainda conseguiu dar um leve sorriso. Mas ele estava fraco, como eu nunca tinha visto antes. Eu senti pena, mas também senti raiva. Raiva por me fazer ter esses sentimentos por ele, e raiva por me colocar contra os meus amigos.

Eu me agachei e arranquei a estaca de sua barriga, sem nenhuma delicadeza. Ele soltou um gemido e mordeu os lábios. Depois eu caminhei para as costas dele e tirei a estaca de lá também. Ele gemeu novamente e continuou de joelhos no chão.

– É ela... – Eu ouvi a voz a Erika aparecer. Olhei para os caçadores e todos os outros me reconheceram.

O choque percorreu todos os rostos. Vi lágrimas surgirem nos olhos da Ally e ela ficou tão distraída, que o Blake conseguiu se soltar e fugiu correndo. O Jason me olhava, seu rosto tenso, mas sério. E o Tony. Eu podia ouvir o coração dele batendo forte e desesperado. Ele não estava com medo do que via. Ele estava nervoso. Parecia se sentir culpado.

Eu engoli em seco e desviei o olhar deles.

– Joy... – A Ally falou foi a primeira a encontrar voz.

Eu dei uma olhada para ela e vi as lágrimas que não paravam de escorrer.

– Você está... – Acho que ela ia dizer viva, mas viu que não era exatamente assim.

Os outros nada diziam. E a Erika ainda me olhava espantada, sem acreditar no que via. O Tony tinha a expressão muito triste, seus olhos pareciam que estavam desfocados. E o Jason continuava sério, sem esboçar reação alguma.

– O que você está fazendo? – O Tony finalmente falou.

A voz dele me fez sentir um embaralho no estômago. E eu senti vontade de sorrir. Fazia tanto tempo que não ouvia a voz dele. Mas a vontade passou rapidamente. Ele estava com a testa franzida, como se sentisse dor. Parecia isso mesmo, e eu sentia que ele estava. Ele apontou um dedo trêmulo para mim.

– Você... você está salvando esse... esse cara... – Ele falou devagar. Sua voz estava instável.

Eu senti vergonha. Como eu poderia explicar? Não tinha explicação. Eu continuei com o olhar baixo.

– Ele fez isso com você... – Ele continuou falando.

Mais uma vez continuei calada. A tensão ali era grande. Marcus continuava no chão, tentando se recuperar. Mas o veneno do corte da faca só atrasava para que os ferimentos se curassem mais rápido. Eu dei uma olhada nele, mas não fiz movimento algum. Estava com medo que qualquer movimento desencadeasse alguma má reação. Mas não nem foi preciso.

– Tem sangue no seu rosto. – Jason falou pela primeira vez. No mesmo instante agarrou o atirador que estava com a Erika e disparou uma estaca em minha direção.

Eu fiquei completamente sem reação. Ouvi a Ally gritar alguma coisa, e a Erika e o Tony ficarem rígidos em choque. Eu vi a estaca chegando perto de mim, e fui empurrada para o chão pelo Marcus.

Eu fiquei lá caída, de olhos um pouco arregalados de surpresa. O Jason tinha tentado me matar. Meu irmão tinha atirado uma estaca contra mim. Eu não conseguia me mover, só encarava o chão.

– Jason, o que você está fazendo? – A Ally perguntou. Estava com a voz rouca e agora tinha parado de chorar.

Ninguém falou nada. O Marcus se levantou devagar e me puxou pelo braço para que eu ficasse de pé também. Eu ainda não conseguia acreditar. Ele me olhou nos olhos e viu que eu estava em choque ainda. Ele pensou em dizer algo, mas ficou calado. Olhou para os caçadores.

– Atacando a própria irmã? – Ele debochou. – Que coisa feia.

Jason tomou mais raiva e deu um passo para frente, apontado o atirador. Erika agarrou o braço dele cautelosamente. Eu olhei e vi que ele estava com o maxilar enrijecido. Estava dominado pela fúria e algo mais.

– Minha irmã... - Ele falou – Está morta

Aquilo me destruiu por dentro. Eu fiquei tão angustiada, que pensei que fosse me derramar em lágrimas. Eu queria sair dali, precisava. Marcus percebeu e me segurou com mais força. Deu uma última olhada para o pessoal e correu, me levado com ele. Eu pensei que eles fossem nos seguir, mas não o fizeram. Nós corremos e não paramos. Marcus ainda estava fraco, e de vez em quando soltava exclamações de dor. A cabeça dele devia estar doendo por causa do veneno, assim como minha mão. Mas eu não me importava.

Eu ainda estava entorpecida pelo que tinha acontecido quando chegamos ao covil. Os vampiros de lá me olharam, com medo e curiosidade. Vi aquela vampira com quem briguei antes de sair sorrir ao notar o que tinha acontecido. Ignorei.

O Marcus me levou até o quarto e entrou comigo. Ele ainda me segurava e me levou até a cama. Eu sentei e me encolhi toda, como uma menininha com medo. Abracei meus joelhos e encostei meu queixo neles.

Algum tempo depois eu continuava em silêncio. Não falei nada. Marcus ficou lá só me observando. Sentou-se ao meu lado. Ouvi ele soltar outro gemido de dor. Ele aproximou o a mão e pegou meu queixo, me fazendo olhar para ele. Pensei que ele fosse dizer algo, mas ficou só no toque mesmo. Depois saiu e me deixou sozinha.

Eu peguei o iPod que estava ali na cama e novamente me entreguei às músicas para tentar esquecer os problemas.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? E aí? Me contem tudo! Eu estou ansiosa que chegue sexta porque eu adorei escrever o próximo capítulo. Bom, mandem REVIEWS, REVIEWS!!! :DD