My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 18
Doce Como Vinho


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Eu posso dizer que veremos uma Joy diferente aqui... Bom, espero que vocês gostem! Boa leitura! :DD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335400/chapter/18

Os vampiros foram se dividindo, alguns iam para cá e outros para lá. Eu fiquei com o Marcus e mais um vampiro que descobri se chamar Blake. Ele parecia ser meio abestalhado e estava com medo de mim. Não dei a mínima para ele.

Eu andava ao lado do Marcus, mas minha cabeça estava naqueles vampiros que estariam matando pessoas enquanto eu, sem ser hipócrita, fazia o mesmo. Aquilo era tão errado. Era para eu estar salvando as pessoas. Mas agora estava no lado oposto, o lado das trevas.

Num determinado ponto o Blake se afastou de nós e foi pegar uma vítima. Senti uma vontade enorme de agarrá-lo e impedi-lo, mas era só força do hábito. Ficamos só eu e o Marcus. Continuamos andando mais um pouco, até que vimos duas moças, jovens de uns vinte anos, caminhando e rindo. Marcus me olhou.

– Observe. – Ele disse. – Eu vou chegar na dos cabelos pretos. Quando a outra reagir, você dá seu movimento.

Eu fiquei olhando para ele rígida. Estava muito nervosa. Eu não queria fazer aquilo, mas eu já sentia o cheiro do sangue das garotas e sabia que não ia conseguir resistir. Parecia que o sangue ia me atraindo aos poucos.

Como eu fiquei calada, o Marcus se irritou um pouco.

– Você entendeu?

Eu dei um leve aceno com a cabeça. Ele pareceu ficar um pouco preocupado.

– Ela não pode escapar. Você realmente entendeu isso, não é caçadora?

Eu não gostei de ele ter me chamado de “caçadora”, porque naquele momento tinha outro significado. Mas eu balancei a cabeça novamente concordando. Eu tinha entendido tudo, só não sabia se conseguiria fazer. Marcus deu uma última olhada para mim e foi caminhando em direção as moças. Eu me concentrei nelas e consegui ouvir o que diziam.

–... Pois é, ele pensou que seria fácil assim. – Uma delas falou e elas continuaram rindo.

– Eu não acredito, ele é tão burro. – Mais risadas.

– Sem contar no preço que ele queria pagar. Quem ele pensa que eu sou? – As risadas foram silenciadas quando viram o Marcus.

As duas se entreolharam e depois voltaram a olhar para o vampiro. A loira se aproximou dele e tocou seu peito. Eu franzi a testa. Ela deu um sorriso malicioso para ele. O Marcus estava de costas, mas eu tinha certeza que ele também retribuía o sorriso do mesmo jeito. Eu revirei os olhos e tive vontade de acabar com aquela garota.

– E aí bonitão?! – Ela falou. – Querendo um tratamento especial?

Quando ela falou aquilo, eu percebi. Elas eram prostitutas. Mulheres da noite, drogadas e totalmente perdidas na vida. Eu acho que me senti grata por um momento. Mas depois fiquei indignada comigo mesma por desprezar as garotas. Não importava quem elas eram, ainda assim eram humanas inocentes. Ok, nem tão inocentes assim. 

O Marcus falou alguma coisa, mas eu não prestei atenção. Vi ele empurrar a loirinha e agarrar a cintura da morena. A loira pareceu ficar ofendida. Você é minha, eu pensei. Fiquei com medo do meu próprio pensamento.

Alguns minutos se passaram, eu estava ficando mais nervosa. Marcus começou a se afastar com a morena e encostou-a numa árvore. Ele chegou o rosto muito perto do da garota. Eu jurei que ele fosse beijá-la e senti uma pequena frustração. Mas ele colocou a boca no ouvido dela. Ele falou algo, depois acho que mordeu a orelha dela de leve e começou a beijar o pescoço dela. Eu estava atenta e fascinada pelo que ele fazia. Vi quando suas presas surgiram. A menina nem se deu conta do que estava prestes a acontecer. Até que ele cravou os dentes no pescoço dela e um grito surgiu na noite.

A menina começou a se debater, tentava se soltar, mas o Marcus a agarrava com força. A loira estava de olhos esbugalhados e de boca aberta. Vi completo choque em seu rosto. Eu tive raiva por ela não fazer para tentar salvar a amiga. A outra ainda gritava e ela nada fazia. Vi quando ela pegou uma pedra e meio que jogou no Marcus. Ele se afastou da morena e virou o rosto para a loira. Sua boca estava suja de sangue e suas presas expostas. Até eu senti um frio percorrer minha espinha. Bastou só isso para a loirinha sair correndo.

Eu saí do meu estado de nervosismo porque aquela era minha deixa. Eu disparei atrás da garota, e muito rápido já estava impedindo ela de continuar correndo. Sua expressão era de puro terror e quando me viu o medo só aumentou.

Eu estava só parada, não fazia nem um movimento. Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da moça. Eu quase falei que ela não precisava ter medo. Mas me dei conta de que seria mentira. Ela tentou correr pelo lado e eu deixei que ela passasse alguns centímetros por mim. Mas a agarrei e a puxei para os meus braços.

A loira ficou paralisada. Eu olhei em seus olhos, estavam arregalados, e eu vi que eram azuis. Eu sentia o medo da garota e sentia o delicioso cheiro de seu sangue. Aquela mistura me deixava inebriada.

– Não me machuque... – Ela choramingou.

Eu cerrei os olhos e vi sua jugular bem perto da minha boca. Agarrei o maxilar dela e virei a cabeça para o lado. Ela estava gemendo de medo. Começou a me bater, mas nada adiantava. Como em câmera lenta eu fui chegando minha boca mais perto do pescoço dela. Eu respirei só para sentir melhor aquele cheiro e lambi os lábios. Eu precisava do sangue. Minhas presas cresceram no mesmo instante.

– Por favor... não me machuque... – Ela implorou mais uma vez.

– Cala a boca. – Foi só o que eu disse antes de cravar meus dentes no pescoço dela.

A menina soltou um grito e ficou rígida em meus braços. Eu comecei a sugar o sangue de dentro dela. Era tão quente e delicioso. Percebi como era diferente daquelas bolsas que fiquei tomando durante muito tempo. Esse era muito melhor. Parecia o prato principal de um banquete.

Eu bebia o sangue cada vez com mais vontade. Ele me preenchia e fazia eu me sentir sensacional. Parecia que eu estava consumindo droga, e com certeza já tinha ficado viciada.

Em um determinado momento eu comecei a sentir o coração dela começar a ficar fraco. Eu sabia que ela estava morrendo. Se eu não parasse naquele instante, ela seria só um cadáver em meus braços em alguns segundos. Mas eu não queria parar. Sentir o coração da garota parar de bater lentamente era sentir a vida dela se esvair para dentro de mim. Fazia eu me sentir viva de novo.

Ela soltou um gemido baixinho, como um último pedido de clemência. Mas eu não senti nada, não fiquei com pena, nem me importei em tirar a vida dela. Só que não deu tempo de isso acontecer. Mãos me agarraram e me puxaram, deixando o corpo da garota cair no chão.

Eu fiquei louca, tentei me soltar para poder voltar para o pescoço da loira, mas não conseguia. Eu olhei e vi o Marcus me encarando. Eu franzia a testa e rosnei para ele. O que ele pensava que estava fazendo?

– Ela está quase morta. – Ele falou.

– E daí? – Eu rosnei. – Ainda tem sangue!

Ele não me soltava. Eu tentei dar golpes nele, mas ele me imobilizou.

– Você não quer matá-la.

– Eu quero sangue! – Eu gritei.

– Já é o bastante. – Ele disse com a voz carregada de fúria.

É claro que algo se agitou dentro de mim e eu tive que acatar a ordem dele, mesmo contra vontade. Fiquei muito, muito frustrada. Aquela não era eu, era uma Joyce insana. Queria beber mais, mas sabia que não podia.

Marcus foi me soltando aos poucos até ter certeza que eu tinha entendido a ordem dele. Ficou observando eu me acalmar aos poucos e depois foi em direção à loira.

Eu podia ouvir a respiração fraca dela, e o coração lutando para continuar batendo. Ele se abaixou e passou a língua em cima da mordida que eu tinha dado nela. Eu cheguei mais perto para observar. Recolhi minhas presas finalmente, pois estava mais curiosa agora. Quando ele se levantou, eu vi que a ferida no pescoço da garota estava desaparecendo, se curando. Olhei para ele com um olhar indagador.

– A saliva pode curar ferimentos? – Eu perguntei.

– Não. Só mordidas. Isso se chama “limpar os rastros”.

Eu olhei novamente e vi que a marca da mordida já tinha sumido. Só então fiquei com pena da moça. E me senti péssima por ter feito aquilo com ela. Mas o sangue dela ainda estava me fazendo sentir maravilhosa, então para falar a verdade, não fiquei tão péssima assim. Talvez, quando o efeito passasse, eu iria me sentir pior do que nunca.

– Por sorte ela não vai morrer. – Marcus disse.

Eu franzi a testa estranhando.

– Por sorte? – Eu repeti. – Não é isso que é para fazer? Matar humanos?

Ele fez uma pausa antes de falar.

- Dá para inovar de vez em quando. E eu tenho certeza que você não queria matar ninguém.

Eu fiquei surpresa e um pouco aliviada. Eu realmente não queria matar ninguém e o Marcus também não tinha matado a outra moça. Não sei se ele fazia isso sempre ou só fez por minha causa. Já os outros vampiros, eu não contaria tanto com isso.

– Mas ela não vai se lembrar do que aconteceu? – Perguntei.

– Você está mesmo me fazendo essa pergunta? – Ele disse. – Pensei que já tivesse lidado com vítimas de vampiros suficientes para saber a resposta.

Era verdade, eu sabia a resposta. As vítimas só se lembram do que os vampiros querem que elas lembrem. Era como mexer na mente delas. Como eu não fiz essa parte, o Marcus se encarregou de fazer para mim. Ele olhou nos olhos da menina e ficou concentrado. Não falou nada, mas seu olhar parecia dizer algo. Eu compreendi como a coisa funcionava e tive vontade de rir.

– Poder da mente, é isso?! – Eu perguntei com um pouco de ironia.

– Não dá para explicar o sobrenatural, não é?! – Ele respondeu.

Saímos dali e fomos caminhando para outro local. Eu ainda olhei para trás e vi a loira deitada no chão, desnorteada e fraca. Eu sussurrei um desculpe e esperei que o vento pudesse levar para ela. Marcus ficou me observando e eu levantei a sobrancelha indagando-o. Ele tinha um sorriso disfarçado no rosto.

– Estou surpreso com seu desempenho. – Ele disse.

– Se era para ser um elogio, não foi. – Eu falei.

Eu passei a mão pela boca tentando limpar o sangue, mas não saiu tudo. Até meu pescoço e minha blusa estava manchada com sangue que tinha escorrido. Eu parecia uma criança que tinha tomado um sorvete e deixado ele escorrer todo em cima de mim.

– Para uma primeira vez, você parece ter nascido para isso.

Eu arregalei os olhos para ele. Não gostei das palavras que ele escolheu. Mas não consegui dizer nada porque ouvimos um rosnado alto e depois um grito. Nos olhamos e depois ficamos atentos.

– Merda. – O Marcus resmungou. – É o idiota do Blake.

Eu estaria com o coração disparado naquele momento se pudesse. Eu sabia o que estava no caminho a nossa frente. E não sabia se era bom ou ruim. Talvez péssimo. Concentrei-me mais a frente e ouvi vários corações batendo. Deviam ser uns quatro humanos. O Marcus só confirmou minhas suspeitas.

– Parece que o Estaca de Sangue escolheu a noite perfeita para caçar.

Eu engoli em seco.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? E esse final? Ansiosos para o próximo? Eu adorei escrever o próximo capítulo! Bom, deem reviews e me digam tudo! REVIEWS! REVIEWS! :DD