Fifteen escrita por Becca


Capítulo 24
Assassinato de boas-vindas - capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Pela primeira vez, na história de Fifteen......! EU NÃO DEMOREI COM UM CAPÍTULO!! ~palmas~



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335380/chapter/24

Ela não queria entrar. Nem por um segundo, isso se passou pela cabeça da menina. Seu pai lhe entregara uma mochila, na qual ele havia posto seus livros da escola e alguns de literatura - já que ela tinha poucos.

A bagagem de mão - já apertada contra o peito - era leve. Ela podia suportar.

Caminhou pela estradinha na frente da mansão e parou na porta enorme. O que seus amigos de Nova York pensariam daquilo? Seria bom para que pudessem festejar juntos, mas eles nunca sairiam de Nova York por ela, certo? Eles tinham uma vida, que não a incluía.

Quando deu-se por si, seus pais já estavam entrando na casa. Seguiu-os e fechou a porta. As escadas eram o que mais chamava a atenção na sala. Eram quase como as escadas de castelos de filmes de contos-de-fadas. Ela gaguejou, engolindo em seco.

Jim e Johanna começaram a indicar os locais que preferiam que os móveis ficassem aos trabalhadores. Kate subiu para procurar um quarto, imaginando qual seria o tamanho dele. Grande, igual ao que vira na casa de Richard? Pequeno, como o quarto que tivera antes de Nova York? Médio, igual ao que tinha em Nova York? Ou seria extra-grande, como os de filmes?

Ela abriu uma das portas, que, por completa coincidência, tinha seu nome escrito. Ela hesitou antes de abrir a porta. Havia algo vermelho na porta. Algo viscoso. Ela tocou a maçaneta gélida, esperando por qualquer outra coisa, mas não o que vira ali.

Havia alguém de costas, nu, pendurado no teto por uma corda. E, também havia alguém no chão, sobre uma poça de sangue, que ela pôde julgar ainda fresco. Não pôde conter o grito gutural que ecoou pela casa inteira. Ela largou as bolsas, caindo sentada antes mesmo que seus pais pudessem chegar para ampará-la. As lágrimas caíam de seu olhos, rolando pelo rosto incansavelmente. Johanna fechou os olhos enquanto levantava-a pelos braços. Ela se agarrou ao corpo da mãe como se pudesse reverter o que havia visto, como se pudesse esquecer para sempre. Jim fechou a porta e digitou alguns números no celular.

- Sim. Eu queria chamar a polícia. - ele começou, mas Kate não escutou o resto, já que Johanna já a carregara para o cômodo que seria a cozinha, entregando-lhe um copo d'água.

Kate negou com o rosto, ainda aos prantos. A mulher insistiu, dizendo-lhe que seria melhor, mas, soluçando e tossindo enquanto as lágrimas caíam não era bom beber nada, ambas sabiam disso. Mesmo assim, ela pegou o copo, apenas sentindo o material transparente.

••

Não demorou muito até que a polícia estivesse recolhendo os depoimentos de todos. Vizinhos - dos quais ela não conhecia -, os pais, e até ela, que se encontrava encolhida num canto, sentindo as lágrimas molharem sua blusa. Um policial insistia nas perguntas, mas ela apenas soluçava.

Nos registros da casa, nunca havia morado uma Katherine ali. Como, então, poderiam saber o nome dela?

Ela soluçou ainda mais alto, sentindo que as lágrimas não parariam. O homem se levantou, chamando sua parceira.

- Ela se recusa a cooperar. Talvez falando com uma mulher, se sinta mais confortável. - ele disse. A policial apenas assentiu. Kate olhou para ela quando a moça se ajoelhou ao seu lado.

- Oi, meu nome é Emily. Posso me sentar ao seu lado? - ela pediu. Kate assentiu com um grunhido. - Como se chama?

A jovem não respondeu, apenas soluçou mais alto. Emily sentiu uma compaixão pela menina, que, ao ter de se mudar, perdera a confiança no estado e no sistema ao encontrar dois corpos em um quarto cuja porta tinha seu nome escrito.

- Seu nome está escrito naquela porta, não está, Katherine? - ela perguntou.

Ela levantou o rosto e fitou a policial. Assentiu com a cabeça, sentindo a bile consumir sua garganta.

- I'm so scared! - ela sussurrou, derramando mais lágrimas.

- Come closer. - a policial abriu os braços, recebendo a menina, que deitou a cabeça em seu peito.

Afagando os cabelos da jovem, a policial contou-lhe que não havia motivo para temer, porque já haviam descoberto os nomes das vítimas. Katherine Dragland, vinte e oito anos, e Dylan Stroud, trinta anos. Ambos eram enfermeiros no mesmo hospital, mas não se falavam. Por isso o nome Katherine estampado na porta. Por isso as letras D e Y abaixo, o assassino não havia tido tempo de terminar. Provavelmente, estava com pressa, e, ao saber que a casa estava vazia, seria ótimo deixar os corpos se decompondo ali. 

- Não há porquê temer. - a mulher concluiu.

- Mas não conheço ninguém. Todos os meus amigos já estão longe de mim. - ela choramingou - Como poderei me sentir segura se meus pais trabalham o dia inteiro, e eu fico metade dele sozinha?

A policial pôde ouvir suas próprias palavras saindo da boca da menina.

- Escute. - ela começou - Quando eu era menor, mais ou menos com a sua idade, meus pais também se mudavam muito por conta do trabalho, mas, por isso, eu nunca tinha amigos fixos. Não passava os dias com meus pais, até que encontramos uma pessoa morta, no jardim de casa. Acabei da mesma forma que você, Kath. Um policial me acolheu, e, agora, continuamos amigos.

Kate sorriu. O modo como ela a chamava por outro apelido. Kath. Era engraçado, mas, por outro lado, ela se sentia segura nos braços daquela mulher. Sentia-se completamente segura. Era meio estúpido que sua primeira amiga em Londres fosse uma policial, mas ela não ligava.

O parceiro de Emily gritou no andar de cima, fazendo os músculos da moça se enrijecerem.

- Preciso ir, mas... - ela começou, enquanto Kate voltava à sua posição normal. - Fique com isto.

Passando um cordão pela cabeça da menina, Emily sorriu. Antes que Kate pudesse negar, ela a impediu, entregando-lhe também um cartão.

- Keep it. - ela sorriu - É um presente de boas vindas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? O que acham?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Fifteen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.