Dois meses se passaram, eu ainda não conversei com o Lary desde que aquilo aconteceu. Não tinha mais raiva dele, tudo aquilo já tinha passado. Eu só queria conversar com ele... mas não sei como fazer isso.

Amanhã é meu aniversário, completarei 15 anos. Não vou fazer nenhuma festa, só vou ir ao shopping com as minhas amigas.

As pessoas sempre falam: “só se faz 15 anos uma vez na vida”. E por acaso eu posso fazer 14 anos novamente? E 10 anos? Sinceramente, eu acho essas festas de 15 anos uma merda. É ridículo! Além de gastar um dinheiro do caralho, não tem nenhuma graça.

-Amanhã é seu aniversário ne?- perguntou Robb interrompendo meus pensamentos.- Bora dar ovada nela!

-Não era pra você falar sobre a ovada, agora não vai ser mais uma surpresa...- falou Gus.

Na saída da escola, vi Gary encostado no muro do colégio. Fiquei olhando para ele por uns segundos, talvez até minutos...  Notei que ele também estava olhando para mim. Acenei para ele, que fez o mesmo.

-Oi Thei. –ele disse já perto de mim.

-Ai carai! Que susto! Você brotou do chão? –eu tinha mesmo levado um susto.

Ele riu e ficou sorrindo para mim como daquela vez em que me acompanhara até minha casa.

-Gary, eu queria conversar com você.

-Pode falar.

-Você pode ir andando comigo até em casa como naquela vez?

-Sim.

Fomos andando enquanto eu formulava um texto em minha mente, para explicar que eu não tinha ressentimentos do que havia acontecido.

-O que você queria falar?- ele perguntou se espreguiçando.

-Eu não tenho ressentimentos do que aconteceu com a Rosana.-falei rapidamente.

-Então...?

-Eu quero que você volte a conversar comigo, que você volte a me abraçar, que você volte a me fazer feliz, a me fazer rir...

Ficamos naquele silêncio constrangedor de sempre.

-Eu aceito.-ele falou.

-O que?

-Eu aceito você como namorada!

Nós rimos e ele falou:

-Pera, você tava me pedindo pra voltar com você né? Mas... a gente tinha terminado?

-Acho que sim e também acho que sim.

-Você tinha me dado um tapa na cara, isso meio que quer dizer que tínhamos terminado...

-Me desculpe.- falei um pouco baixo.

-Não te desculpo não, você tem que falar: “ eu me arrependo muito de tudo o que eu fiz, de te dar um tapa na cara, de desejar ter amnésia quando pensar em você, quero você de volta!”.

-“ Eu me arrependo muito de tudo o que eu fiz, de te dar um tapa na cara, de desejar ter amnésia quando pensar em você, quero você de volta!”- repeti como ele falou.

-Eu também te quero de volta... –disse  me abraçando.

O abracei também e ficamos assim, parados por um bom tempo.

Não sou uma pessoa que guarda ressentimentos.