Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 44
Capítulo 44




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Angélica não conseguiu dormir á noite. Apesar de saber que a reação da vó era previsível, não deixou de pensar que Natália estava certa, agora sim ela tinha colocado tudo a perder.

Mas decidiu que iria enfrentar tudo mesmo assim. No dia seguinte, não se sentou na mesa para tomar café, como era domingo e não teria que ir á escola, põs a roupa de caminhada mais provocante que achou, fez uma traça meia de lado no cabelo e foi até a cozinha pegar algo pra comer e claro pra que a vó a visse. Talvez estivesse jogando tudo por agua á baixo, mas não estava mais nem aí.

-Onde pensa que vai? –Perguntou a vó ao ve-la.

-Vou caminhar.

-Ver aquele marginal você quer dizer.

-Entenda como quiser.

-Você não vai sair.

-Você não pode me prender.

-Sou sua responsável.

-Já ouviu falar em cárcere privado?

-E você em sedição de menores?

-O que?

-O Raphael é maior de idade não é? –Angélica empalideceu rapidamente. –Se vocês insistirem nisso, eu denuncio ele.

Angélica pareceu confusa um instante, mas estava disposta a não perder a discussão:

-Só conta se ele for maior de 21, e eu menos de 14. -A vó ergueu uma sobrancelha num olhar de desafio. –Tchau... –Terminou Angélica pegando uma pera da fruteira e saindo.

-Se você sair eu vou...

-Vai o que? –Interrompeu ela. –Me por de castigo? Poe! Ligar pra minha mãe? Fica á vontade. Eu não to nem aí mais pra isso... –Dizendo isso, saiu de casa.

Caminhou calmamente até a cachoeira, onde queria desesperadamente que Raphael á tivesse esperando.

Ele estava sentado nas pedras, ela se aproximou e deu um beijo no pescoço dele:

-Oi. –Disse se sentando ao lado dele.

-Olá. –Ele parecia triste mas continuou –Como foi com a sua vó ontem?

-Eu resolvo isso. Não quero que se preocupe agora tá?

Ele sorriu com a madureza que ela estava demonstrando, mas disse:

-E eu faço o que?

Ela se pos na frente dele e disse:

-Relaxe... –Dizendo isso ela o beijou e o empurrou para o chão.

-Angélica... –Dizia ele tentando escapar dos beijos dela.

-Hum? –Disse sem se afastar.

-A gente... devia.. conversar...

-Você precisa conversar? –Disse parando um pouco e olhando fixamente pra ele.

Ele resistiu a vontade de sorrir, mas realmente não queria conversar, só queria ficar com ela e esquecer um pouco de tudo que tinha acontecido e apesar da imensa dor que estava sentindo, Angélica fazia parecer que sua carência dela, era maior. E realmente ele não queria ter que pensar ou se explicar, então simplesmente á puxou para sí e se deixou consolar por ela.

Mais tarde quando voltaram pra casa, Angélica viu o avô sentado em sua cadeira de balanço na varanda:

-Não foi á igreja vovô? –Perguntou ela se sentando num degrau da pequena escada que tinha na varanda.

-Estava cansado. –Disse olhando Raphael entrar em casa. –Se divertiram? –Perguntou com um sorriso bobo.

-O senhor é o único que me entende né?

-A Helena as vezes esquece que já teve a sua idade.

-O senhor era o “cara mau” dela?

-Eu? Ah não! Eu era o melhor que ela poderia escolher, imagina... os tempos eram outros.

-Então o senhor acha...

-Não acho nada, só quero que você seja feliz. Ele te faz feliz?

-Muito. Me entende. Me completa. Me sinto outra pessoa com ele.

-E você o faz feliz?

-Estou me esforçando –Disse com ar de convencida rindo.

-Ah querida.. é tão bom te ver tranquila. Mas sua vó não vai permitir isso por muit tempo.

-Por que ela me odeia?

-Eu acho que não...

-Acha?

-Ela só queria que você fosse... como quando era criança, que apenas obedecia sem discutir.

-Eu não sou mais criança. Eu mudei.

-Isso que ela também não entende. Sua vó também passou muitas coisas na vida Angélica, assim como você...

-Então por eu ela não me entende?

-Ela tem medo.

-Medo?

-De que você seja como sua mãe.

-O que tem a minha mãe?

-Sua mãe não é forte como ela. E ela tem medo que você seja igual. Que se machuca fácil.

-Isso é injusto. Eu sou mais forte do que a minha mãe. Ela já devia ter percebido, tudo isso aqui... –Angélica parou e raciocinou –Então quer dizer que ela ta dificultando tudo, só pra me dar no final?

-Não. Sua vó tem princípios. E quer você dentro deles. Não encare isso dela ser contra o Raphael como um simples desafio querida. Isso ela realmente não vai permitir.

-O que ela quer afinal

O avô não respondeu. Também ficou pensando olhando para a rua, assim como a neta.

Até que ela se levantou e disse:

-Eu vou tomar um banho tá?

-Tudo bem. –Ele segurou a mão da neta. –Eu te amo.

Ela sorriu e disse:

-Eu também te amo. –Angélica não tinha exata certeza disso, mas no momento lhe pareceu certo dizer.

Tomou banho como disse, e ficou no quarto lendo um pouco. A noite Natália entrou e se deitou em silêncio. Não á provocou, nem tiru a maquiagem, ou trocou de roupa, apenas se encolheu na cama e dormiu. Angélica achou estranho, mas achou melhor não comentar.

No dia seguinte, quando ia saindo para a escola, a vó a intimou:

-Direto pra casa! Não vai mais trabalhar pra aquela mulher.

-Claro que vou! Preciso de dinheiro.

-Não. Te espero em casa ao meio dia.

-Se não...?

-Apenas esteja aqui.

Mas é claro, Angélica não ouviu, foi trabalhar depois da escola.

-Então você está desafiando tudo? –Perguntou Maria ao ajuda-la a arrumar umas prateleiras.

-É o que parece.

-É por isso que te adoro garota!

-Obrigada. –Disse sorrindo.

-Você é forte. Vai até fim!

Angélica achou estranho como Maria disse isso. A vó não a considerava forte, então por que uma estranha á acharia? Será que era?

-Eu disse que não queria você aqui!!!! –De repente gritou a vó de Angélica entrando na loja.

-Sem escândalo Helena. –Disse Maria.

-Eu estou trabalhando não está vendo? –Perguntou Angélica á vó.

-Está se contaminando com essa imoral.

-Olha aqui! –Gritou Maria.

-Olha aqui você! eu vim  pegar a minha neta, mas se você quiser discutir eu não vou ter problemas em te dizer umas verdades.

-Quem precisa de umas verdades aqui é você!

-Parem! Vamos embora vó! –Gritou Angélica.

Andaram em silêncio até em casa. Angélica não acreditava em como tudo parecia escapar de suas mãos tão facilmente.

Chegando em casa, viu Natália no quarto, encolhida na cama novamente, ela estava pálida e sem o brilho habitual, triste também. Angélica já estava incomodada com isso, mas novamente não fez nada. Mal sabia ela que estava prestes a descobrir o que estava acontecendo.


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