Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira
Chegando em casa, o avô estacionou a caminhonete no quintal, era sem portão mesmo, de tão pacata que era a cidade.
Ela desceu do carro e olhou em volta, não tinha mudado muita coisa desde a ultima vez que estivera alí, a casa estava pintada de uma cor mais clara, mas continuava velha. Uma rede na varanda. As galinhas andando pelo quintal.
Ao entrar na casa, a vó á levou, onde seria o quarto dela.
-Vc vai dormir aqui com a Natália.
-Tudo bem vó obrigado. Tome um banho enquanto eu faço um café, para conversarmos.
-Unhum...
Ela foi para o primeiro desafio: o banho. Apesar de lá ser frio, o choveiro era morno, e ela gostava de “queimadura de 3°” pra cima.
Rapidamente encerrou o banho e colocando roupas limpas, foi até a cozinha onde á vó a esperava.
-Pode falar. - Disse ela.
-Sente-se. Disse a vó apontando para uma cadeira, ao lado do avô.
Ela se sentou e a vó começou:
-Agora podemos ser sinceros. Todos nós sabemos por que vc está aqui não é?
-Sim... –Respondeu confusa.
-Então acho que concorda com algumas regras.
-Regras?
-Vc pode não saber o que é isso, mas eu não sou sua mãe, e enquanto vc estiver na minha casa, vai agir como eu determinar.
-Sim senhora.
-Otimo. Vamos ás regras:
-Seu horário de chegar em casa é as 10, e é as 10 que vc estará aqui.
-Mas... - Disse já quase discutindo.
-Sem discussão, eu não terminei!, vc só vai sair com os amigos da sua prima, ou com quem eu aprovar previamente. Se eu julgar que a pessoa não é boa companhia, não vai ter argumentação. Isso leva a outra regra.
-Qual?- Disse emburrada.
-Sem namoro!
-Hã????
-Exatamente. Eu sei dos seus problemas amorosos que sua mãe me contou, e pra evita-los aqui, vc está proibida de ter qualquer relacionamento romântico.
-Mais alguma coisa capitã?- Disse provocando a vó.
-Um pouco de respeito seria bom;
-Hum..
-Vc não vai beber, fumar, usar drogas e etc...
-Que mais?
-Suas notas da escola tem que melhorar também.
Ela ficou calada, esperando mais, mas a vó já tinha acabado.
-Pronto! agora vc pode comer.
-Perdi a fome. -Disse saindo pro quarto.
-R-E-S-P-E-I-T-O!!!! -Gritou a vó, se sentando para comer. - Dá pra acreditar nisso?-perguntou para o marido, que tinha observado tudo calado.
No quarto ela se queixava, furiosa:
-Ela vai ver só o que eu vou fazer com essa regras ridículas!
Quando abriram a porta do quarto. Era Sua prima Natália:
-Oi prima!!!!- Disse indo abraça-la.
-Oi. –Disse seca, ainda estava com raiva, e ficou ainda mais, pela falsidade da prima. Desde crianças as duas nunca se deram bem, e de repente ela á cumprimenta assim toda animada? Achava isso estranho.
A prima colocou a bolsa na cama e foi tirando os sapatos:
-Desculpa não estar aqui quando vc chegou, mas é que eu tinha que organizar umas coisas como grupo de jovens da igreja.
Ela deu um sorrisinho irônico e disse:
-Sem problema.
Apesar da mesma idade, eram totalmente diferentes. Natália era perfeitamente linda com corpo escultural e proporcional. Já Angélica, era mais baixa um pouco e delicada, era magra, sem grandes atrativos. Os cabelos loiros e os lábios perfeitamente desenhados também eram marcantes nela. Já em Angélica o que mais chamava a atenção eram os olhos azuis, grandes e profundos. Natália se vestia com um estilo romântico e leve, já Angélica fazia mais o estilo grunge sexy. Natalia era sempre bondosa com todos, e era praticamente um exemplo perante todos na cidade. Angélica nunca ligou muito pra essa história de exemplo e reputação, fazia o que tinha vontade a hora que quisesse e dane-se o resto. Natalia era alegre e comunicativa e Angélica, era mais na dela.
Enquanto Natália contava animada dos planos do grupo de jovens, Angélica apenas concordava com seu livro na mão.
Natália estava escolhendo a roupa que usaria no outro dia na escola, e perguntou o que Angélica vestiria, ela disse que não sabia e a prima continuou tagarelando até que a vó as chamou pro jantar.
Durante o jantar Todos contavam animados como tinha sido o dia, Natalia especialmente.
Depois do jantar todos foram para a sala, assistir a novela, Angélica não tinha muita paciência para isso e foi para a varanda ficar com o avô que estava em sua cadeira de balanço.
Ela se sentou num banco e ele então falou:
-Vc tá odiando essa história das regras né?
-Tem como não odiar?
A noite estava clara, de lua cheia, o céu estava repleto de estrelas, algo que é difícil de observar na “cidade grande”.
-Vc vai se acostumar. - Disse ele dando um gole no café que segurava. Estava esfriando então ela resolveu entrar para dormir.
Apesar do cansaço, não dormiu bem, teve pesadelos como sempre, a lá pras duas da manhã, acordou assustada e não conseguiu voltar a dormir.
Os pesadelos tinham mudado um pouco, agora eram sempre flashes abstratos do dia do acidente.
Quando não conseguiu mais ficar na cama, lá pelas 5:00am, resolveu levantar e fazer alguma coisa.
Ainda estava frio, mas resolveu fazer uma caminhada. Colocou uma legging, e uma regata qualquer, que mais parecia uma bata, prendeu o cabelo num rabo de cavalo e pondo os fones de ouvido saiu.
Correu livre por uma hora, quando viu que já passava das 6:00am, lembrou que tinha escola e voltou pra casa, ao ir se aproximando da casa dos avós viu, um carro estacionando na frente da casa da vizinha de frente á sua avó e um homem e um rapaz saindo do carro. O homem parecia muito feliz, já o rapaz, cansado. Não viu seu rosto, mas pela má postura do rapaz dava pra ver que estava acuado. Quando uma mulher e uma garota saíram da casa animadas, a mulher abraçou o rapaz chorando de felicidade, e a garota a mesma coisa. Ao chegar cada vez mais perto, tentava ver o rosto do rapaz, mas de repente ouviu os gritos da tia:
-Angélica!! Angélica!!!
Ao ir entrando em casa, disse:
-Que foi????
-Onde vc estava? – Perguntou a vó.
-Eu acordei cedo e fui correr um pouco.
-Achamos que vc tinha fugido!- Disse Natália.
-Que exagero! Por que eu faria isso?
-Não sei. Só não saia mais sem avisar.- Disse a vó.
-Tá bom.
-Agora vai tomar um banho pq vc está toda suada.
Ela saiu, e muito contrariada pela agua fria tomou banho, já tinha esquecido do tal rapaz, se arrumou pro primeiro dia na nova escola.
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