Deathwish escrita por Nero00


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Fim da primeira parte...



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ATO 15: perto do final
- O que vai fazer? – ele se levantou. – Acha que pode me matar?
- Vamos descobrir, não é mesmo? Vou fazer do jeito que você fez comigo... – respondi sentindo tontura, mas tentado parecer inteira.
Destino deu uma olhada em Agonia caída no chão.
- Sabe que não fez nada mais do que dar um momento de dor para Agonia, sabe que as feridas dela se fecharam. Assim como as que você abrir em mim.
- Eu cortarei de novo, e de novo se for preciso. – e repeti – Saia de perto do Gerard.
Ouvir Destino respirando fundo.
Gerard ficou de pé com certo custo. Nos olhamos por um instante, quando Destino começou a falar:
- O que acha que vai fazer...?
- Vou matá-lo. – respondi. - Existe a possibilidade de que você também possa estar definhando por ter colocado o fio de cabelo na boca.
Ele riu.
- Que ridículo! – ele falou alto – Olhe para mim, veja como estou bem! – abriu os braços como se quisesse ser examinado.
Foi quando a mão de Gerard pousou do ombro de Destino e o puxou. Destino rodou e no segundo seguinte o punho de Gerard acertou seu rosto com violência.
O pescoço de Destino não resistiu ao impacto e girou para a direita. Pude ouvir o restante dos ossos da mão de Gerard se esmigalhando contra o maxilar de Destino e como se o tempo passasse devagar vi a cara de dor que os dois fizeram.
Gerard gritou. E Destino caiu por cima de um dos bancos da igreja.
Eu corri para Gerard, enquanto ele se agachava de novo com a mão apertada entres os joelhos.
- Eu avisei – disse Gerard ofegante, de repente – que eu iria meter a mão na sua cara!
Então tive a prova que eu precisava, Destino nos olhou incrédulo com aquela nova dor, cuspiu sangue e um dente branco no chão.
Imaginei que ele estivesse se fazendo a mesma pergunta que eu me fizera antes, “então, isso é que é a dor?”, por que ele analisava de olhos arregalados o sangue na ponta de seus dedos brancos.
Eu adoraria ter me deliciado com aquela cena, mas primeiro eu tinha que saber como Gerard estava. Em que estado estavam suas mãos e seus nervos, e o que mais estivesse abalado naquela situação insana.
- Gerard! – eu me larguei no chão na frente dele e o abracei, deixando a foice cair ao nosso lado.
Senti os braços dele passando pelas minhas costas e mantendo as mãos longe.
- Gerard, Gerard... – enchi o rosto dele de beijos. Eu chorava muito, tremia de nervosismo.
- O que está havendo aqui? Pelo amor de Deus, quem são essas pessoas? E o que elas fizeram com você?
- Não há tempo, Gerard... – disse.
- Como assim não há tempo? Me fale!
- Ela está morrendo... – foi Medo quem respondeu do fundo da igreja.
- Morrendo...? – ele repetiu atônito. E eu abaixei a cabeça, já não tinha mais forças para explicar, tentar entender ou aceitar essa nova condição. Todo o ar estava sendo tirado de mim.
- Pois é... – Destino disse cuspindo mais sangue. – Que engraçado, parece que todos morreremos.
- Me diga – Gerard continuou ignorando o comentário de Destino. – para onde você vai, eu irei atrás de você! Você sabe que eu irei! – ele começou a chorar.
- E -eu não sei o que vai acontecer comigo... – respondi.
- Que droga! – ele gritou. – É culpa dele, não é? È culpa desse cara, não é? – ele apontou para Destino.
- Sabe...? – e ele disse em resposta – Comecei a sentir uma certa inquietação, um tremor súbito nas pernas. Bem, parece que suas teorias estavam certas... E o jogo de repente virou...
- Prova de que você não é um ser auto-suficiente, Destino. – disse Medo, finalmente se aproximando de nós. – Você não é imutável, você pode ser vencido.
- Eu fui vencido? Você deve estar brincado, comigo! Eu não tinha absolutamente nada a perder e tudo a ganhar. Eu consegui separar esses dois e ainda levarei nossa doce Morte junto comigo! – ele riu.
- CALA A BOCA! – Gerard gritou.
Minha cabeça rodava.
Eu não ouvia mais essa conversa, apenas um único som chegava aos meus ouvidos. Era ritmado e baixinho como se fosse parar em breve. Sim. Eu sabia o que era! Era um coração que batia tímido em algum lugar. Eu conhecia, e me era tão familiar.
Gerard gritava alguma coisa que eu não entendia e às vezes me balançava junto. Destino e Medo estavam perto de nós, Destinos com a boca ensangüentada que abria e fechava em um língua que eu não conhecia. Medo também falou, também não entendi. E Agonia estava meio afastada de nós, sentada no chão da igreja soluçando baixinho e esperando seus machucados se fecharem sozinhos.
Senti pena dela, não pelo o que eu fiz, mas por achá-la tão igual a mim ali, quieta, indiferente ao que aqueles três homens, um mortal e duas entidades, discutiam tão acalorados.
Fechei os olhos e me encostei em Gerard. Como ele era macio! Escorreguei pelo corpo dele. O meu corpo continuava doendo, mas agora eu não estava mais preocupada. Me sentia segura com ele ali. Como sempre sentia quando ele estava perto de mim...
- Gerard... – eu o chamei.
E ele me olhou como se só existíssemos nós dois naquele cenário.
- Gerard, está ouvindo? – eu queria saber se ele podia ouvir aquele coração batendo.
- O que? – entendi seus lábios se mexendo e emitindo som.
- É um coração. – passei a mão pelo rosto dele.
Na verdade, esse nosso diálogo parecia um delírio meu.
Alguma coisa escorreu da minha boca, ele fez uma cara triste e limpou com o pulso porque seus dedos não tinham mais sensibilidade.
- Acho que é o meu coração...! – eu fiz essa descoberta. – Escute, escute!
Gerard soluçou, inclinou meu corpo para trás e colou a orelha sob meu peito.
- Gerard, eu tenho um coração! – chorei feliz.
Ele também chorou. E muito. Mas não parecia feliz como eu.
- Não vá para longe de mim... Por favor... – ele disse me apertando. – Não vá para onde eu não posso alcançá-la.
- Nos seus braços... – eu disse respirando com dificuldade – era onde eu sempre quis estar.
Eu estava perto do final
- Você... Você vai me procurar?
- Sempre! – ele respondeu rápido.
- Então eu vou esperar por você.
- Isso! – e beijou meu rosto molhado – Me espere! Eu irei achar você, custe o que custar! Eu vou dar um jeito! Eu prometo...
Tornei a abrir os olhos, eu queria olhar para o rosto dele:
- Onde quer que eu esteja... – disse com a voz extremamente baixa. – eu nunca vou deixar de amar você.
O coração batia baixo. E em espaços longos de tempo. Era uma contagem regressiva.
Gerard me beijou. Era um beijo de despedida.
- Eu amo você... – e repeti – Amo mais do que eu posso explicar... Eu amo você, Gerard. Gee... Meu Gee. Minha criança linda...
- Eu amo você também... Amo muito... – ele suspirou.
A dor pareceu vibrar pelo meu corpo com uma ultima intensidade e aos poucos foi parando.
O coração parou de bater.
E eu morri.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanhar até aqui, leitor(a)!
Um surpresa no próximo capítulo!



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