O Deus Sem Nome e o Narciso De Prata escrita por Luiza


Capítulo 7
Campos de morango, ou arena de guerra?


Notas iniciais do capítulo

Heeeey sexy pessoas que devem estar muito irritadas comigo! Eu sei que demorei éons para postar, mas enfim... Muitas coisas para fazer.
Eu acho que ficou meio rápido, porque eu estou com pressa, mas me digam vocês.
Só tenho um aviso nesse capítulo: Não me matem!



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Meus irmãos e amigos já queriam dar uma festa da vitória, mas aquele fora um longo dia, e eu precisava dormir. Cheguei ao chalé, sempre com seu clima perfeito como em um dia de verão bem quente, e com sua porta brilhante, troquei de roupa e joguei-me na cama, caindo no sono quase instantaneamente. Acho que vocês devem lembrar que muitos de meus sonhos têm uma transmissão ruim, por algum motivo indefinido, e dessa vez não seria diferente. Eu não conseguia ver nada, apenas o breu completo, mas as vozes estavam lá. Eu esperei a de Dárion aparecer, fria e rascante como mil cristais de gelo, mas ele não estava lá. Apenas sua ajudante de sempre, que eu ainda não descobrira que é, e outra pessoa desconhecida, um homem.

–Está tudo pronto?- perguntou a mulher com uma voz firme. Ela nunca tinha essa voz perto de Dárion.

–Ah, eu não sei se Hera vai gostar muito disso. Não sei se deveria—

–Poupe-me!- interrompeu ela- Você concordou, agora não pode voltar atrás! Amanhã o Narciso estará nas mãos de Dárion, e ele será indestrutível.

–Isso, é claro, se a garota não estragar tudo novamente.

Alguns segundos de silêncio antes que a mulher voltasse a falar.

–Ela NÃO vai estragar tudo de novo- bradou, enfurecida- Ela não pode!

–Mas ela já estragou uma vez. Nada impede... - acho que ele falaria algo mais, mas achou melhor ficar calado.

–Faça o que eu mando, Eristeu. Apenas isso que lhe peço. Os trabalhos têm de ser realizados, e eles não sairão vivos daquela arena, estamos entendidos?

–Sim, senhora- eu quase podia ver seus olhos obedientes balançando para cima e para baixo enquanto concordava rapidamente.

–Ótimo. Eles saberão em breve, eu tenho certeza, mas dessa vez, Rose Leonards não vai conseguir nos deter.

Acordei-me, não gritando ou suando como sempre, e sim com alguém chamando meu nome. Abri os olhos e olhei para cima, a figura de alguém recortada na escuridão, ainda presente.

–Joonie?- perguntei. Os cabelos espessos me deram uma dica.

–É, sou eu- respondeu ela, então mostrou-me um pote grande e duas colheres- Quer sorvete?

Virei-me em direção ao meu relógio.

–São quatro da manhã! Porque quer tomar sorvete às quatro da manhã?

Ela suspirou e sentou-se em minha cama.

–Por favor, Rose. Preciso falar com você.

____________

Nos dirigimos até a varanda do chalé e sentamos nos degraus. Joonie abriu o pode de sorvete, colocando-o entra nós e entregando-me uma colher.

–Qual o sabor?-perguntei.

Cheesecake– respondeu ela, dando de ombros. Sabia que era meu preferido e que eu não recusaria.

–Tudo bem, o que queria falar comigo?- peguei uma colherada.

Ela suspirou e esfregou os olhos, como se tudo aquilo tivesse sido uma grande estupidez.

–Rose, você é a minha melhor amiga, não quero que fique esse clima estranho entre a gente.

Franzi as sobrancelhas e me fiz de desentendida.

–Do que está falando?

–Não finja que não entendeu, estou falando do seu irmão!

Desviei meu olhar do dela e virei-me para frente.

–Olha, o que eu não entendo é como isso aconteceu. Eu mal via vocês conversando, e agora estão namorando? É estranho para mim.

–Eu imagino, e entendo seu lado. Mas se me deixar explicar...

–Parece que temos a noite toda- falei, displicentemente- E um pote inteiro de sorvete.

Joonie sorriu e começou.

–Bom, eu acho que tenho que começar do dia em que cheguei no Acampamento. Eu tinha oito anos, e fiquei três dias perambulando pela cidade. Minha mãe e eu havíamos brigado mais uma vez, a caminho da escola, e sofremos um acidente de carro. Eu fugi de lá antes que a polícia chegasse, e ela havia morrido antes que alguém pudesse chamar a emergência.

Sua voz ficava pesada toda vez que falava da mãe, mas ela não chorava. Seu olhar era um misto de ódio e remorso, e me doía vê-la assim.

–Então eu finalmente consegui chegar. De algum modo, sabia que tinha que vir aqui e, quando cheguei no portão, ele estava lá. De sentinela. Como eu disse, foi a primeira pessoa que eu conheci, foi quem me explicou sobre os deuses e tudo o mais, não foi muito difícil me apaixonar por ele. Ou, eu não sei, talvez eu não estivesse apaixonada, eu só tinha oito anos! Mas, pela primeira vez na vida, eu não tinha que aturar minha mãe me culpando por não conseguir o que queria, e eu sabia quem eu era, e tinha um amigo. Um amigo que ficava sempre comigo, não importava o que acontecesse.

–Quando meu pai me reclamou, e veio me visitar, eu só pude enxergar o que minha mãe me falava. Um homem que arruinou nossas vidas, e que não nos amava. Fiquei com muita raiva, e mal ia para as minhas atividades, só Daniel conseguia me acalmar. Então, uns meses depois, Will chegou, e trouxe o Tanner. Nós não nos desgrudamos mais, e acho que o Dan deu seu trabalho como cumprido, porque nos afastamos.

Joonie suspirou antes de continuar, agora seu olhar já parecia mais feliz.

–Quando você chegou, me ofereci para cuidar de você, porque achei que seria bom para me aproximar dele.

–Mas você não sabia que eu era irmã dele quando cheguei- falei, confusa.

–Ah, Rose, eu reconheceria um filho de Apolo a quilômetros de distância... De qualquer forma, me desculpe por ter me aproximado de você para me dar bem, eu sinto muito.

–Está tudo bem, eu entendo. Continue.

–Tudo bem, onde eu estava? Ah, sim- ela abriu um sorriso, como se dissesse “é agora que a coisa fica boa”- Então, depois que percebi que ele sempre daria mais bola para as, sei lá, vinte namoradinhas dele do que para mim, resolvi simplesmente esquecer. Foi quando eu quebrei a perna.

–Foi quando quebraram a sua perna, você quer dizer- corrigi. Esse assunto sempre me deixava com raiva.

–Que seja! Mas vocês saíram para a missão, e eu ficaria sozinha na enfermaria, a não ser por Quíron e alguns dos meus irmãos, ás vezes.

–Daniel é o Curandeiro-Chefe- murmurei, entendendo tudo.

–É- concordou Joonie- E ele ficou comigo durante todos os dias que vocês ficaram fora. Foi como se tivéssemos oito e onze anos de novo. Quando vocês voltaram, tiveram as comemorações, e eu pensei que tudo voltaria ao normal novamente mas, quando todos foram embora... Eu nem sei como aconteceu, só sei que começamos a conversar todos os dias, e todas as coisas que eu jurei ter esquecido voltaram com tudo. Quando ele me beijou, eu—

–Espera- interrompi- Ele te beijou?

–Sim, porque?

–Ah, eu sei lá. Eu só não imagino o Daniel e você... hum, esquece, não é nada. Continue.

–Seria mais fácil continuar se você parasse de me interromper!- exclamou e deu um empurrãozinho em meu ombro, rindo. Eu a acompanhei- Mas foi isso que aconteceu. E eu espero que você entenda o porque de eu gostar dele, e que não ache tudo tão estranho.

Suspirei e sorri para ela, puxando-a para um abraço.

–Eu vou tentar, mas não me proíba de fazer brincadeirinhas.

–Mesmo se eu pedisse, você faria do mesmo jeito.

–É, eu sei- ficamos um tempo em silêncio, acabando com o sorvete. Joonie me examinou por alguns segundos, então falou:- Você faz muita falta, sabia? Todos sentiram, principalmente eu.

Sorri. Eu também sentira falta dela, e não acho que já havíamos tido tempo para conversar assim em outras ocasiões. Era bom estar de volta.

–Eu queria que você pudesse ir para a escola comigo.

Ela revirou os olhos.

–Nem me diga, eu queria ter aulas com Hécate só para visitar vocês!

Ficamos conversando até o sol começar a aparecer, e então voltamos aos nossos chalés. Quando me deitei, não sonhei com absolutamente nada, e não me lembraria de meu sonho anterior até que ele fosse absolutamente necessário.

_________

No dia seguinte, quando acordei, a primeira coisa que fiz foi dar um grande abraço em Daniel.

–O que houve?- perguntou ele, surpreso- Não tomou seu remedinho, maninha?

–Deixe de ser idiota, Dan!- sussurrei- Mas magoe a Joonie e você perde um braço.

Ele riu e afastou-se de mim. Não parecia preocupado com minha ameaça, mas acho que percebeu que eu estava de acordo com seu namoro agora.

–Obrigada- disse ele, e sorriu.

No café, sentamos todos juntos na mesa de Hera novamente, e conversamos sobre o caça-bandeira da noite anterior. Alguma coisa martelava em minha cabeça, e eu sabia que tinha alguma coisa importante para dizer. Apenas não conseguia lembrar o que.

Quando deixamos o pavilhão refeitório, a caminho do treino de arco-e-flechas, Tanner me alcançou e foi andando ao meu lado.

–Oi- disse ele.

–Oi- respondi.

–Então, eu, hum...- ele coçou o pescoço como sempre fazia quando estava nervoso- Queria saber se você quer fazer alguma coisa hoje.

–Que tipo de coisa?

–Eu só queria conversar, não sei.

–Claro, eu adoraria.

Ele sorriu.

–Ótimo, então eu te encontro hoje as cinco- Tanner já ia correr para seu próprio treino quando eu o chamei de volta.

–Você esqueceu de me dizer aonde, Adams!

–Nos campos de morango!- gritou ele de volta.

Revirei os olhos e fui andando junto com meus irmãos, que me lançavam olhares estranhos. O que estava acontecendo com todo mundo?

__________

Aquele fora um dia rápido, e todos os treinos passaram voando. Logo depois do ensaio do coral, dirigi-me aos campos de morangos, que estavam mais vermelhos do que nunca. No topo de uma pequena elevação, havia uma árvore enorme, cheia de flores de um intenso cor-de-rosa, como eu nunca vira antes, e resolvi sentar-me de baixo dela. O sol de fim de tarde passava por entre seus galhos, e eu fiquei ali, de olhos fechado e sentindo o aroma de frutas frescas até Tanner chegar e sentar do meu lado.

–Queria conversar?- perguntei e ele riu.

–Nossa, você é rápida!

–Eu pensei que fosse algo importante, ou sei lá. Desculpe, Senhor Calma e Tranquilidade!

–Eu senti falta disso, sabia? Mesmo sendo irritante.

–É, parece que eu faço muita falta mesmo- falei, só para irrita-lo, mas quando ele me respondeu, parecia falar sério.

–Você nem faz ideia.

Era incrível como ele tinha o dom de me deixar sem graça. E irritada. E com raiva. E confusa.

–Eu não quero parecer apressada, mas queria me falar alguma coisa em especial?- perguntei para quebrar o silêncio.

–Na verdade, não. Mas parece que estamos todos disputando o tempo com você.

–E depois eu é que sou a apressada. Eu cheguei ontem!

–Eu sei, mas é verdade. Como vão as coisas com a Joonie e o Seu irmão?- sorri com a pergunta, e ele pareceu surpreso- Você está sorrindo?

–Estou.

–Por quê?

–Como assim, “por quê?”.

–Porque ontem você estava achando tudo tão estranho, e agora está aí, sorrindo feito uma abobada.

Revirei os olhos, sorrindo, e olhei para ele.

–Eu e a Joonie conversamos. Estou bem com isso agora, eu acho.

–Que bom- disse ele- Eu acho que eles ficam bem juntos. Tipo, melhores amigos e namorados.

Concordei com a cabeça.

–É, eu também acho. Só não tinha percebido isso ontem. É estranho?

–Não- respondeu-me- Nem um pouco. Ás vezes você demora mesmo para perceber as coisas.

–O que quer dizer com isso? Já entendi que acham que eu sou lerda!

Acham? Olha, Rose, você é minha melhor amiga, mas é muito desligada!

Cruzei os braços e fiquei séria, enquanto ele ria de mim.

–E você é um idiota! Não tem graça! Dê um exemplo, de qualquer momento em que eu não perceba as coisas.

Tanner parou de rir e suspirou.

–Tipo esse momento- disse ele, quase inaldivelmente.

–O que?- perguntei- O que tem esse momento?

–Tudo bem, eu já entendi, sabe?

–Entendeu o que?- falei que ele me deixava confusa!

–Que você prefere se fazer de idiota do que dizer a verdade na minha cara- agora ele parecia triste, e eu o consolaria se SOUBESSE DO QUE ELE ESTVA FALANDO.

–Ahn, tudo bem, porque você não me explica do que está falando e eu paro de me “fingir de idiota”?- gesticulei com os dedos.

Sua expressão mudou de tristeza para raiva, e ele deu uma risada seca.

–Quem sabe é porque eu faço tudo por você, tudo, e você nunca vê isso?

Encarei-o como se ele tivesse me esbofeteado, e era assim que eu me sentia. Tudo bem, talvez eu fosse mesmo lenta, e não entendesse o que os outros queriam dizer. Minha cabeça estava tão preocupada em tentar descobrir do que ele estava falando que nem tive tempo de perceber que estávamos brigando pela primeira vez desde que eu não o odeio.

–Tanner, eu...- eu não sabia o que dizer. Não podia falar que entendia, já que não seria verdade, mas acho que ele interpretou meu silêncio como orgulho, e levantou-se.

–Claro- disse ele, com um longo suspiro- Você “não entendeu”, certo? Então, me avise quando perceber.

A raiva tomou conta de mim assim que ele saiu, e chutar a arvore não me ajudou muito. Na verdade, apenas me deixou com lágrimas nos olhos, mas eu não saberia dizer se o motivo delas era a dor que explodia em meu pé, ou a briga em si.

Como sempre, lembrei-me do que havia esquecido no pior momento possível.

Tanner e eu teríamos de fazer as pazes, e era melhor ser logo, porque, eu tinha certeza, alguém tentaria nos matar.

De novo.

_______

N/A: Ler as notas finais!


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Notas finais do capítulo

Já falei que adoro essas histórias de amor? SHIPPEM DANNIE!
E eu já pedi para não me matarem, né? Okay
~LE HORA DA CHANTAGEM EMOCIONAL~ Vamos comentar? VAMOS! Eu descobri recentemente que sou viciada... EM REVIEWS! Então me ajudem com isso e vamos fazer um acordo, certo? Vou postar mais um assim que tiver 42 reviews! Nem é tanto, viram?
NÃO ESQUEÇAM DE FAZER PERGUNTAS EM http://melrosing.tumblr.com/



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