O Deus Sem Nome e o Narciso De Prata escrita por Luiza


Capítulo 19
O Ministro é contrariado


Notas iniciais do capítulo

Potatos mias! Voltei. O início desse cap. eu gostei, assim como o final, mas o meio não muito. De qualquer forma, espero que gostem, esse é o penúltimo capítulo...
AVISOS DA TIA ZHANG:
1: Gente, eu amo vocês, e eu sei que reviews não são tudo, mas eu tenho recebido TRÊS, quatro NO MÁXIMO em cada capítulo. Por favor, se esforcem um pouquinho, poxa, não custa nada! Eu tenho mais de trinta leitores, o certo seria eu ganhar pelo menos oito, mas nãããão. Por favor, eu imploro de joelhos, deixem sua opinião, POR FAVOR CRIATURAS DE ZEUS!!!!!

2: Eu coloquei um mini-cronograma no meu perfil, para quem quiser dar uma olhadinha, okay?

COMENTEM ESSA BAGAÇA, FILHOTINHOS DE GÓRGONA (amo vocês)

~Lu



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Eu tentei segurar as lágrimas, mas elas ainda assim escapavam e escorriam por meu rosto já encharcado. Acho que Dan estava em estado de choque, não se movia, apenas soluçava silenciosamente ao lado do corpo de nosso irmão.

A tristeza me consumia por inteiro. Eu sei que não passava o ano inteiro com ele, mas era meu irmão e eu o amava. Fora ele quem me mostrara como as coisas funcionavam no chalé de Apolo quando cheguei, que me introduziu à maravilha da cantoria, e tantas outras coisas as quais eu nunca teria a chance de agradecer.

Seu rosto estupidamente bonito havia ficado congelado em um meio sorriso, como os que ele sempre dava pela manhã, enquanto arrumava a cama, ou quando acertava uma flecha bem no alvo. Se não fosse a expressão terrivelmente cansada – com olheiras e até mesmo algumas rugas – e os inúmeros arranhões, ele estaria exatamente como eu me lembrava de quando o conheci. Eu queria apenas um tempo para chorar a morte dele, eu não sei, mas tempo era algo que não tínhamos.

Algo cintilante arrancou exclamações de meus companheiros, obrigando a mim e a Dan a direcionarmos nossos olhares na direção dos deles. Era o Narciso de Prata, que crescia, florescendo na terra e iluminando a escuridão que de repente havia se instalado.

Eu não o havia imaginado tão lindo. Achei que, depois das flores do Jardim do Crepúsculo, nenhuma outra se compararia, mas aquela, com certeza, deixava as outras no chinelo. Era anormalmente grande e saudável, de um tom prateado resplandecente e límpido, com um caule tão incrivelmente verde que nem mesmo tinta seria tão vibrante. Além da aparência, havia ainda a aura, a sensação de amor e ternura que emanava. Quase me fez sentir melhor.

— Dan, Rose — chamou Nick — , eu sei que é difícil, e que eu provavelmente estou pedindo de mais, mas precisamos levar isso de volta para Perséfone.

Assenti. Não podia ser egoísta e colocar o mundo em risco. Passei a mão suavemente pelo rosto alegre de meu falecido irmão. Tinha boas lembranças dele, eram aquelas que iria guardar. Enxaguei as lágrimas (ou, pelo menos, o que consegui) e ergui-me do chão.

Tanner segurou minha mão, e eu apertei a dele. Como ele podia ser tão controlado ao ponto de não chorar? Mesmo assim, ele parecia triste, olhando para mim de um jeito esquisito.

Joonie também tentou fazer o máximo por Dan, então perguntou:

— Como vamos até o Mundo Inferior agora?

— Acho que alguém já cuidou disso. — respondeu Jake apontando para o céu com um leve sorriso.

Nove cavalos alados voavam em nossa direção, recortando o céu noturno, oito brancos e um creme, com manchas marrons espalhadas por todo o majestoso corpo, asas e olho direito.

— Isso é tão demais! — abismou-se Constance.

— Titanium! — afaguei a cabeça do Pégaso malhado que alguns filhos de Hermes haviam levado para o Acampamento no final do último verão e que tinha me “adotado”. Ele não respondeu, é claro, mas relinchou contente.

Autumn, a Pégaso de Dylan, cutucou seu corpo com o focinho e gemeu entristecida.

— Leve-o de volta. — pedi a ela — Leve-o para o Acampamento, por favor.

Nick e Tanner a ajudaram a acomodá-lo em sua garupa e era alçou voo. Eu arranquei cuidadosamente o Narciso da terra, montei Titanium, e assim fez cada um dos outros. Dessa forma, também fomos carregados pelos ares nas costas daqueles Pégasi em direção à Los Angeles.

_______________

— O Mundo Inferior fica em Los Angeles? — perguntou Irelia assim que pousamos nos escuros Estúdios M.A.C: Morto Ao Chegar.

— É claro. — respondeu displicentemente Jake, guiando-nos pelo caminho correto — É a cidade dos anjos, no final das contas.

O local era grande, espaçoso, com sofás e poltronas de couro negro espalhadas por tudo, ocupadas por uma quantidade generosa de pessoas pálidas. As paredes eram pintadas com um tom triste de cinza e a sala era cercada por plantas mortas que mais pareciam mãos de esqueletos saindo da terra. O balcão da segurança localizava-se sobre um degrau, e o guarda/secretário era, provavelmente, a coisa mais viva e alegre dali. Usava um terno de seda de cor fúcsia com uma camisa branca de botões por baixo e um lenço estampado com motivo indiano, tudo contrastando com sua pele negra.

Ele levantou um pouco os olhos para ver quem havia chegado e os revirou em seguida.

— O que é, garoto? — dirigiu-se a Jake com um suspiro exausto — Acha que só porque é filho do chefe pode ficar entrando e saindo toda hora? Já não basta ter levado Cérbero? Nem imagina o caos que isso causou.

— Desculpe, Caronte, mas precisamos devolver isso para Perséfone. —ele fez um gesto de cabeça em direção à flor. Quando viu o que carregávamos, arregalou os olhos e assentiu.

— Certo, certo. Vamos, venham comigo. —então gritou para as pessoas na sala: — Quem quiser descer, que venha agora, não vão ter a chance novamente tão cedo.

Entramos no elevador, espremidos junto aos mortos e Caronte e, enquanto as portas se fechavam, não pude deixar de procurar meu irmão na sala.

__________

Assim que começamos a descer fiquei com mal-estar, mas tentei aguentar firme. Faltava tão pouco, eu não ia estragar tudo.

Desembarcamos do elevador e nos deparamos com as Portas, guardadas por Cérbero, onde várias pessoas que haviam, bem, morrido se alinhavam: algumas em frente à porta do julgamento, outras direto na saída para os Campos de Afódelos, e eu não sabia bem para quê era a terceira.

O enorme cão infernal nos deixou passar sem problemas, mas assim que pude ter uma visão completa do que era o Submundo, boa parte do ar fora retirado de meus pulmões. O clima era quente, abafado e extremamente depressivo. O que um dia foram pessoas vagavam pelos campos infinitos sem rumo, acho que nem mesmo se lembravam de que eram e, mesmo à distância, eu podia ouvir os gritos de agonia vindos dos Campos da punição. Os únicos consolos daquele, literalmente, inferno, eram a Ilha dos Abençoados e o Elíseo, para onde nos direcionávamos.

Infelizmente, não fui tão forte. Na metade do caminho, quando eu já conseguia ver o enorme castelo onde moravam Hades e Perséfone, eu desabei. Senti uma fraqueza irremediável nos joelhos, que cederam. Meu corpo estava cansado, detonado, moído, meus olhos ardiam, senti-me pior do que nunca antes.

— Rose! — exclamou Tanner ao me ver estilhaçada na plantação de trigo. Ele abaixou-se ao meu lado e colocou os lábios em minha testa para medir a temperatura, os retirando rapidamente com uma expressão assustada.

— O que houve? — perguntou Dan.

— Ela está mais quente que uma fogueira.

Acho que ele não estava fazendo uma metáfora, já que sua boca e parte de seu queixo começaram a ficar vermelhos e inchados. Eu ainda segurava o Narciso na mão esquerda, grudada ao meu peito. Lentamente, ele começava a perder seu brilho.

— Vamos acabar com isso e sair logo daqui — murmurei sem força.

Tan assentiu e me ergueu em seus braços. Tentei segurar-me em seu pescoço, mas era impossível levando em conta o nível de exigência requerido para erguer meus braços.

Assim, fomos todos andando até o castelo de mármore negro.

___________

Entramos na morada dos deuses, nossos sapatos – bom, não os meus, já que estava sendo carregada- batucando contra o chão. Quando nos avistou, a expressão da Deusa da primavera mudou de mortífera para felicidade pura. Com um sorriso de agradecimento, ela recebeu o Narciso de minhas mãos, fazendo com que ele, repentinamente, começasse a florescer, brilhar e cintilar de uma maneira impressionante. As paredes frias e escuras começaram a brilhar, fazendo mais narcisos (não tão belos quanto o que recuperamos) brotarem de tudo: dos móveis, do chão, do teto, até mesmo da lareira.

Muito obrigada. — disse ela, sorrindo pela primeira vez desde que nos conhecemos, semanas antes— Eu não tenho como agradecer o suficiente, mas preciso dizer que vocês merecem, sim, o título de heróis. Parece que a primavera não vai se atrasar, afinal.

Hades adentrou a sala correndo, ofegante.

— Já estão aqui? — perguntou. Jake estava tão corado que era até engraçado.

— Querido — chamou Perséfone — , Olhe o que seu filho e os outros semideuses conseguiram.

— Isso é ótimo— respondeu ele. Eu não achei que Hades pudesse ser tão simpático. Quer dizer, ele é o Deus dos Mortos, e tal — Eu sei que estão cansados e tudo o mais, mas não encontraram com Dárion?

— Não— respondi naquela cena ridícula que era estar sendo carregada — Ele é covarde de mais para dar as caras.

Ele assentiu preocupado, então murmurou:

—Não temos muito tempo. Vão levar vocês daqui em alguns instantes, mas precisamos saber: Existe algo que desejem? Na medida do possível, queremos recompensá-los.

Esforcei-me para ficar de pé, mas ainda precisei de apoio. Olhei para os deuses e balancei a cabeça, afirmando.

— Meu irmão, Dylan... Ele morreu tentando recuperar o Narciso de Prata. Se tiver algum jeito de... — minha voz falhou — Algum jeito de trazê-lo de volta...

Hades abaixou o olhar, mas pegou uma prancheta pousada em uma mesinha de mogno.

— Dylan... — ele passou os olhos pelas páginas brevemente — Dylan Rice, aqui. Eu gostaria de fazer alguma coisa, mas não é possível. Se serve de consolo, ele está no Elíseo, vai ficar bem.

Eu queria poder dizer algo, agradecer, mas, mais rápido que um raio, o mundo inteiro rodopiou, arrastando-nos dali.

­­­­­­­­­­­­­_____________

Fomos parar em um tribunal em forma de anfiteatro, cheio de juízes vestindo capas púrpura preenchendo as arquibancadas, onde, em um canto, meu amigos se sentavam. Eu havia sido colocada em uma enorme cadeira no centro da sala, cujos braços possuíam enormes correntes, mas elas não prendiam meus pulsos. Mesmo assim, aquela era uma posição definitivamente desconfortável. Na primeira fileira de bancos, bem no centro, encontrava-se Joseph Bailey, o Ministro da Magia.

— Muito bem. — murmurou ele — Agora que a acusada está aqui, podemos começar.

Prontamente, um secretário jovem, de cabelos louro-esverdeados começou a rabiscar um pergaminho.

— Audiência disciplinar de vinte e dois de julho— anunciou o Ministro para que o garoto anotasse — para apurar violações ao Decreto de restrição à Pratica de Magia por Menores, ao Estatuto Internacional de Sigilo e, principalmente, para discutir a acusação de Homicídio Doloso cometidas por Melrose Calliope Leonards, residente no West Village, número dezoito, Manhattan, Nova York.

“Inquiridores: Joseph Ernest Bailey, Ministro da Magia; Elabeth Miranda Werth, chefe do Departamento de Execução das Leis Mágicas; Samuel Derrick Katic Subsecretário Sênior do Ministro; Escriba da Corte, Frederich John Lopez; Testemunha de defesa, Constance McCormac.”

Constance arregalou os olhos ao ouvir seu nome. O Ministro suspirou, revirou os olhos e estalou os dedos, a fazendo aparecer em uma cadeira ao meu lado.

— Isso é meio assustador— sussurrou ela para mim. Eu apenas assenti, e Bailey retomou a palavra.

— as acusações são as seguintes:

“Que Melrose Calliope Leonards intencionalmente, deliberadamente e com plena consciência da ilegalidade de seus atos e mesmo já tendo recebido uma advertência do Ministério, tanto Americano, quanto Britânico, exatamente trezentos e sessenta e quatro dias atrás, executou um número incontável de feitiços no período de onze de julho à vinte e um do mesmo mês, incluindo a maldição da Morte, na presença de não apenas um, mas cinco trouxas, o que constitui uma violação gravíssima ao parágrafo C do Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores, de 1875, e também à seção treze do Estatuto de Sigilo da Confederação Internacional dos Bruxos.”

Ele falava tanto, e tão rápido que eu mal conseguia acompanhar, e o que tornava meio cômica a tentativa falha do escriba de tentar escrever as palavras de seu chefe.

“A senhora é Melrose Calliope Leonards, do West Village, número dezoito, Manhattan, Nova York?”, perguntou ele, os olhos miúdos espiando por sobre o pergaminho de onde lia.

— Sim. — respondi simplesmente, mas ele ergueu uma sobrancelha, fazendo-me me corrigir — Sim, senhor.

— E a senhorita recebeu um aviso do Ministério no dia vinte e um de julho do ano passado?

— Sim, senhor...

— E, ainda assim, utilizou magia sem a supervisão de um educador?

— Sim, senhor, mas eu...

— Sabendo que não é permitido o uso de magia fora das dependências da escola quando se é menos de dezoito anos?

— Sim, senhor, mas...

— E sabendo que a senhorita tem treze, apenas?

— Sim, senhor, mas...

— E sabendo que estava na presença de cinco trouxas?

— Sim, senhor, mas...

— E mesmo sabendo que poderia ir para Azkaban por assassinato?

— Desculpe, senhor Ministro — explodi —, mas, se o senhor não sabe, Athne Wainwood era uma bruxa das trevas que fugiu da prisão em uma fuga em massa, a qual o senhor tanto tentou abafar. Ela era uma assassina, não eu. Ela matava crianças trouxas sem motivo, não eu. Posso garantir que a morte dela foi puramente acidental, em uma tentativa de legitima defesa, e que todas as outras vezes nas quais usei magia foram para o bem, não meu, não de meus amigos, mas do senhor, do júri e do Universo.

Todos estavam em silêncio, encarando-me. Eu me remexi desconfortável na cadeira, respirei fundo, e voltei a falar:

— Eu estava no meio de uma missão importante em nome dos Deuses, acho que o senhor bem se lembra deles, se encontraram a exatos trezentos e sessenta e quatro dias. Sou uma semideus, mas também sou uma bruxa, e acho justo que possa usar isso a meu favor enquanto estiver a serviço do Olimpo.

Uma das juradas, acho que era Elabeth Werth, observou Constance, sorridente.

— Você confirma as palavras da ré? — perguntou ela, e Cons assentiu freneticamente.

O Ministro encarou-me com seu olhar de mais puro ódio, e questionou o júri:

— Todos aqueles a favor de inocentar a acusada de todas as imputações?

Meu coração acelerou, e a surpresa arregalou meus olhos: Todas – todas– as mãos ergueram-se sem pressa.

— Todos aqueles a favor da condenação?

De toda a sala, apenas ele próprio levantou o braço, e com uma carranca contrariada, bateu o martelo.

— Inocentada de todas as imputações.


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Notas finais do capítulo

Vou aguardar SEUS COMENTÁRIOS, CRIANÇAS! Prometam que vão fazer isso para mim, nem que seja para dizer que não gostou tanto, eu aceito críticas!
O próximo cap. é o último (FINALMENTEEE), que eu vou postar - como sempre- junto com o primeiro do próximo livro, e vou acrescentar um quadro de avisos também.
P.S: O nome da Rose se lê "Caláiopi" uashauhsuash.
P.S ²: A chefe do Departamento de Execução das Leis Mágicas, Elabeth Werth, é uma amiga minha, também escritora, muuuuito querida. Foi uma homenagem, e agora vou indicar a história original dela "Appear". Não vão se arrepender!
~Lu



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