Na tarde de domingo Carolina acordou feliz, mas com uma dúvida, “Será que ele ainda vai me tratar da mesma forma?” Correu para pegar o celular e viu uma nova mensagem, abriu e leu: “Amei a noite de ontem, espero que tenha sido tão especial para você quanto foi para mim, Bom dia.” Assim que Carol leu aquilo ficou radiante e percebeu o quanto havia dormido, já eram duas da tarde. Na mesma hora ligou para Samantha.

– Ahhh, agora você resolveu lembrar que eu existo. –Samantha ainda parecia estar brava com Carol, mas no fundo queria saber como tinha sido a festa.

– Amiga, eu já te pedi desculpa, ontem você nem me deixou falar direito. Aconteceu uma coisa muito especial, mas não quero falar por telefone, você pode vir aqui em casa? Não posso sair, minha mãe ainda não chegou.

– Vai ter comida?

– Você vem pra me ouvir o para comer?

– Comer

– Samantha!

– Comer te ouvindo Carolina. Vai ter ou não?

– Ai que gulosa! Mesmo que eu dissesse que não você viria e abriria os armários pegando tudo o que visse pela frente.

– Eu nunca fiz isso, deixa de mentira! – Rebateu Samantha, mesmo sabendo que era verdade.

– Claro que não... Vem logo, to te esperando.

– Tá tá tá. To indo.

Carol se apressou em responder a mensagem de Lucas, lembrou-se da irmã e foi procura-la, achou ela na sala, vendo o DVD de Justin Bieber.

– Finalmente acordou, depois diz que não é desocupada...

– Cala a boca Camilla, vou tomar banho e quando a Sammy chegar você avisa pra ela ir para o quarto.

– Certo. A mamãe ligou, disse que de lá vai viajar de novo, para tratar de uns assuntos do trabalho. Deve voltar na terça, disse pra gente não faltar aula e fazer aquelas tarefas de novo na segunda.

A mãe das meninas trabalhava com relações públicas e era representante de uma grande marca nacional, e vivia sempre trabalhando, tinha muitos compromissos e viagens, desde que se mudaram não dava muita atenção às meninas, por isso nunca sabia direito o que se passava em casa. O pai delas era advogado e morava em Brasília, tinha se casado novamente após o divórcio e também não tinha muito contato com as meninas, vez ou outra mandava presentes, achando que aquilo faria as meninas não ligarem muito por não tê-lo sempre por perto.

– Típico de ela fazer isso.

– Eu vi quando você chegou em casa ontem, o que aconteceu? Você estava diferente.

– Diferente como?

– Sei lá, parecia feliz, mais leve... Tu fumou maconha? - Carolina riu muito da pergunta de Camilla, que nem imaginava o que tinha acontecido de verdade.

–Claro que não sua louca! A noite foi boa, só isso.

– Ah, eu também vi o beijo que o Lucas te deu no portão, ele tava quase te engolindo, a mamãe não ia gostar se soubesse.

– É, mas ela não vai saber. Quando a Sammy chegar manda ela entrar.

Meia hora depois a Samantha chegou e foi direto ao encontro da amiga. Carolina a contou tudo, com os mínimos detalhes, e ela ficou perplexa.

– Como assim Carolina?! Do nada você não é mais virgem e ainda foi com um cara que nem é seu namorado?!

– E quem foi que disse que pra ter primeira vez tem que ser com namorado? Gosto do Lucas, eu estava morrendo de vontade e pronto, acabou rolando.

– É né, pelo menos você gostou, estou feliz por você. – As duas se abraçaram. – Peraê, cadê a comida?

Carol deu risada e foi pegar o lanche. Voltou com brigadeiro, coca cola e um pacote de seu biscoito preferido. Assim que sentou na cama Samantha perguntou:

– Amiga, ele usou camisinha, né?

Ao ouvir aquela pergunta Carolina simplesmente congelou, seu coração acelerou, parecia uma escola de samba, suas mãos suavam frias e tremia, ela estava boquiaberta e com os olhos arregalados. Havia esquecido totalmente de se proteger. Ao ver a amiga daquela forma logo Samantha deduziu que a resposta era não.

– Poxa Carol, como é que você esquece isso?!

– N-Não sei Sam, e-eu tava tão envolvida que nem me passou pela cabeça, ele também não lembrou e...

– A obrigação não era totalmente dele Carolina! Não é o menino que pode engravidar, não é o menino que pode perder a adolescência, sem falar que você ainda tem chance de pegar doença!

– Para Samantha! O Lucas não tem doença e eu não to grávida. Eu tomo uma pílula do dia seguinte, pronto.

– E onde você vai comprar? É domingo e aqui no bairro só tem duas farmácias, estão fechadas. - Apesar de morarem em uma capital, o bairro das meninas era bastante afastado do centro da cidade, era praticamente uma cidadezinha.

– Vale pra 48 horas após o sexo, amanhã eu compro e tomo.

– AMANHÃ É FERIADO CAROLINA!

A sensação de arrependimento que Carol tanto temia tinha chegado e estava mais forte do que nunca. Ela respirou fundo.

– E agora? O que eu faço? – Carol estava desesperada.

– Ajoelha e reza!