Assim que as meninas viraram a esquina viram um pequeno movimento de pessoas em frente à escola, alunos em sua maioria, muitos dando risada e contando as novidades do recesso do meio de ano. Carol logo procurou Samantha, sua melhor amiga, e, ao perceber que ela não tinha chegado parou para espera-la.

– Milla, – Falou Carol, virando-se para a irmã- eu vou...

– Já sei esperar a Samantha, eu vou entrar logo porque a Jú, a Gabi e a Nanda já estão lá me esperando, tchau.

– Nossa não sabia que eu era tão previsível. Me encontre na saída então.

Naquele momento Carol viu Samantha atravessando a rua. Como sempre ela estava com o cabelo super desgrenhado, já que não tinha muita afinidade com o pente e a escova, o que fez Carol lembrar de se olhar no espelho, pela milésima vez desde que havia saído de casa. Sua maquiagem estava bastante discreta e o cabelo sem um fio fora do lugar, graças ao novo mousse capilar que sua mãe havia comprado.

– Amiga, desculpa o atraso peguei o ônibus errado e tive que andar uma avenida inteira.

– Quando é que você vai parar de ser tão distraída Samy?

– Eu não sou tão distraída assim vai Carol, foi a primeira vez que eu peguei o ônibus errado.

– Primeira vez nesse semestre né?!

– Carol, não olha agora mas seu atual ficante tá vindo aí.

– Onde?! cadê?! – Falou a menina, olhando para trás na mesma hora

– E você como sempre a rainha da discrição hein Carolina!

– Oi – Cumprimentava Lucas, dando um selinho em Carol e um beijo no rosto de Samantha- Tudo bem?

– Tudo – Responderam as meninas na mesma hora. Nesse exato momento o sinal tocou, iria começar a primeira aula da tarde o que fez o trio correr para as salas, antes que o portão fechasse.

Carol e Samantha estavam na segunda série do ensino médio e eram da mesma sala desde o sexto ano, quando os pais da Camilla e da Carolina se divorciaram e elas foram morar com a mãe na capital baiana, Salvador. O colégio Jorge Amado fora escolhido por ter uma educação rígida e de ótima qualidade, sem falar que era o mais próximo de casa, enquanto o Lucas era uma série mais adiantada. Ao chegar à sala elas sentaram no lugar de sempre, no meio, onde podiam conversar sem ser muito percebidas e ao mesmo tempo prestar atenção, começando a colocar o papo em dia imediatamente.

– Samy eu estou mesmo apaixonada pelo Luc, de verdade, e pelo visto ele sente o mesmo por mim. Não sei por que ele ainda não me pediu em namoro. – Carol desabafava, com os olhos brilhando, o que acontecia toda vez que ela falava do Lucas, ou Luc, como ela chamava.

– Carolina, vocês estão ficando há menos de um mês, não acha que está cedo demais não?

– Vai completar um mês na semana que vem tá?! E não, eu não acho muito cedo, acho que está na hora certa, estou apaixonada, faria tudo com ele e por ele.

– Não vou julgar por que nunca me apaixonei, não sei como você está se sentindo, mas toma cuidado amiga, você pode quebrar a cara com esse garoto.

– Esse garoto?! Eu hein, até parece que o Luc é um estranho.

– Não é estranho mas só sei nome e idade. E falando em idade, o Lucas acabou de fazer 18 anos, você sabe muito bem o que garotos dessa idade querem.

– Samantha desencana, o Luc é diferente.

Antes que Samantha pudesse dar uma resposta, Marcos, o professor de física entra na sala, fazendo todos pararem de conversar e copiarem o assunto. Os dois primeiros horários pareceram uma eternidade para Carol, que achava física a matéria mais chata e desnecessária do mundo, passando a aula inteira pensando no Lucas e em como o seu cabelo estava ainda mais bonito naquele dia. Depois do terceiro horário com aula de Literatura, chegava finalmente o intervalo, quando as meninas foram ao pátio, analisar, como sempre, as pessoas que passavam. Elas falavam da unha, do cabelo, do término de alguns casais e começo de outros, enfim, falava de tudo, menos de algo produtivo, como a Samantha dizia. Depois do intervalo, enquanto voltavam para a sala o celular da Carol toca, alertando que havia chegado uma nova mesagem.

– Amiga, é mensagem, e é do Luc!

– E o que ele disse?

– Tá escrito assim: “Que tal um cinema dps da aula? Eu pago a pipoca.” Será que ela vai me pedir em namoro? Acho o cinema um lugar tão romântico, é claro que eu vou. – Carol falava empolgada, respondendo o sms imediatamente.

– Posso saber se você avisou a sua mãe? Ela não vai gostar de saber que você foi sem permissão.

– Hellôou, hoje é segunda feira, se eu pedir ela não vai deixar. Vamos fazer aquele esquema de sempre Samy, por favor! – O esquema ao qual Carolina se referia era o seguinte: Ela deixava a Camilla no ponto de ônibus e pedia para ela avisar a mãe que ia passar a noite na casa da Samantha, voltando na hora do jantar. Samantha por sua vez ficava de olho no telefone de sua casa, para caso a mãe da Carol ligasse para confirmar. Assim, Carol poderia ir ao cinema com o Lucas sem que a mãe descobrisse.

– Tá, mas você fica me devendo essa hein?

– Ai amiga, te amo!

– Eu sei .

– Hahaha, convencida. Agora cala a boca porque a aula é de Biologia e você sabe que eu amo essa matéria.

Mas naquele dia Carol não conseguiu prestar atenção na aula, pensava apenas no passeio que estaria por vir. Logo as horas passaram e às 16:40 elas foram liberadas, pois a professora de Matemática estava doente. Carol enviou um sms avisando a Lucas, que filou seu último horário, Samantha ficou de deixar a Camilla no ponto de ônibus. É tudo estava dando certo para o que Carolina achava que seria, enfim, o seu pedido de namoro.