Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 1
Divagação.


Notas iniciais do capítulo

Ahm... Oi! É bom ter vocês aqui. Mesmo que eu ainda não saiba quem são vocês.
Essa fic vai se desenvolver passeando por todos os gêneros, e bagunçando todos os esquemas, que fique claro. Por isso, é algo novo pra mim também. Mas é um projeto especial em que estou me envolvendo. E eu pensei que uma fic especial merece um começo especial. Então, vou compartilhar com vocês o meu texto preferido de todos os que escrevi, embora não seja o melhor, pra abrir com chave de ouro, pode ser?
Se você já leu, leia de novo. Se não leu, não fique esperando. Gavetas escuras gostam da luz que brota dos olhos dos espectadores.



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Uma menininha, à noite, montou sua cabaninha de cobertores sobre a cama, e pegando uma lanterna, começou a analisar um livro qualquer, que ela havia encontrado recentemente.

A menina observava atentamente a capa, dura e envelhecida. Para alguém comum, essas características tornariam o livro menos atraente, mas para ela, tornavam-no fascinante. Percebeu que, em letras perfeitamente desenhadas num tom de dourado, estava escrita a palavra “divagações”. Não, a pequena não sabia o que significava, por isso, sem fazer muito barulho, procurou um dicionário no armário. Encontrou-o, e o trouxe para debaixo das cobertas, sem nunca acender a luz.

Pesquisou nas páginas cheias o significado da palavra recém-aprendida. Encontrou-o, e pelo que ela pôde concluir, a nova palavra significava algo como dar asas ao pensamento, e por isso a menina descobriu que gostava da palavra. Muito.

 A pequena, então, virou o livro, procurando algo como uma sinopse, que normalmente é encontrada no final dos livros, porém, neste incomum, tudo o que ela encontrou foi o vazio. Resolveu então abrir o livro misterioso “Divagações”, e ao fazer isso, teve uma grata surpresa: Aquela era a primeira e única edição. A menina, vibrando silenciosamente pelo encontro da raridade, e com muito entusiasmo, continuou explorando. Encontrou uma dedicatória incomum, e sorriu, dizendo bem baixinho: “Uma dedicatória incomum num livro incomum”. Ela leu a dedicatória, em voz igualmente baixa, e ficou ainda mais sorridente, porque o autor do livro, mesmo que indiretamente, dedicou-o a ela, uma vez que usou as seguintes palavras: “Para todos aqueles que, pelo menos uma vez, divagaram.” E a menina já tinha, por várias vezes, dado asas ao pensamento.

 Só então percebeu que em lugar algum o nome do autor aparecia. Estranhando o fato, a pequena continuou explorando o livro. A primeira página, onde deveria começar a história propriamente dita, estava em branco, a não ser por linhas, como num caderno qualquer. E virando então as páginas, cheia de curiosidade, ela viu que em todas elas o padrão prosseguia, exceto pela última, que dizia: “Esse livro é especialmente para você, que o encontrou. Eu, somente no fim da vida, entendi o significado de divagar, então espero que você tenha mais sorte, e encha todas essas belas páginas brancas com suas lembranças, seus pensamentos e até mesmo invenções mirabolantes. Aproveite o presente.”.

Depois de ter lido a página, a menina, obstinada, disse: --Eu vou encher todas essas páginas, e ainda mais que essas. Vou ser uma escritora. -- Mas ela logo ouviu passos no corredor ao lado de seu quarto, e sabia que a aventura noturna terminaria, por ora. A menininha sabia que continuaria montando sua cabaninha toda noite, e preencheria todas as páginas daquele livro. E quem sabe, ela daria tanta felicidade a alguém quanto ela teve naquela noite, quando encontrou o livro que mudou sua vida.


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Notas finais do capítulo

Talvez, um dia desses, eu reescreva esse conto, e os faça ler de novo. Mas não me leve a mal. Sou só eu, deixando que me conheçam. Prazer em conhece-los.