Dragon's Son escrita por Starkiller


Capítulo 6
A Casa de Skye


Notas iniciais do capítulo

Está aí mais um capítulo...
Não tenho muito o que falar.
É um capítulo sem muita emoção ou ação.



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Como Karen havia sentenciado antes do meio dia seguinte o estranho visitante acordou na enfermaria, o garoto parecia meio perdido e assustado por alguns segundos, então respirou fundo e se acalmou. Não proferiu uma palavra sequer, não perguntou o que havia acontecido, não quis saber onde estava ou quem eram as pessoas que andavam pelo cômodo ou os guardas de armadura que o vigiavam. Ele apenas abriu os olhos e sentou na cama, olhando ao redor por um tempo e depois parou, olhando pra frente, o olhar perdido em algum outro lugar. A porta se abriu e Karen entrou parecendo animada. Acenou aos guardas e foi direto até ele.

_ Acordou mais depressa do que imaginei. – disse ela rindo. – Fico feliz em ver que está bem. – como o garoto não manifestou qualquer expressão, seu sorriso vacilou um instante. – Lembra de mim, certo? Sou a Karen, meio que nos conhecemos ontem.

O garoto apenas acenou com a cabeça, mais devagar que o normal, mas confirmando que se lembrava dela. Então ele olhou ao redor apreensivo por alguns segundos. Foi quando a garota entendeu o que havia de errado, mesmo que tentasse ao máximo disfarçar, todos estavam olhando pra ele, tentando coletar qualquer informação que pudessem e aquilo estava deixando ele completamente sem reação. Karen foi até as bancadas, pegou uma jarra com água e estendeu para ele. O estranho pegou a jarra e levou direto à boca, bebendo dois terços de uma vez, então como se não bastasse ele pegou o que sobrou e jogou na cabeça. Karen soltou uma risada. Sabendo que ele não conversaria na frente de tanta gente ela decidiu tirá-lo de lá.

_ Vem comigo. Vou te levar até minha casa. Lá pode ser lavar e comeremos algo depois.

Antes dele se manifestar ela já estava se virando e indo para a porta, o garoto levantou, mas sua visão ficou turva e ele caiu sentado. Karen se virou para olhar, mas antes que fizesse algo ele se levantou outra vez e agora se firmou de pé e a seguiu. Mal saíram da enfermaria e outro dos caras uniformizados que vinha naquela direção os parou.

_ Senhora! – ele chamou e fez um leve aceno respeitoso. – Desculpe, mas tenho ordem de escoltar o estranho até o quartel imediatamente.

_ Seu nome é Rys, certo? – o cara confirmou. – Diga ao Comandante Cloud que eu tenho assuntos mais urgentes para tratar com o nosso “convidado” – disse ela dando ênfase a ultima palavra, deixando claro que não gostou do tom como o guarda chamou o garoto de estranho. – Que amanhã eu o levarei até o quartel pessoalmente e explicarei diretamente a ele a situação.

_ Como à senhora desejar. – respondeu o guarda e voltou por aonde veio.

Sem novas interrupções eles seguiram até a casa de Karen, praticamente um castelo no centro daquela estranha vila. Quando subiram, o menino pode ver que todas as casas eram cercadas por muros gigantescos, como um forte. A garota o levou até uma porta e disse que ele encontraria toalhas e uma muda de roupas limpas pra depois do banho.

_ As roupas não vão ficar perfeitas, pois são do meu irmão e ele é mais alto que você, mas vão servir até providenciarmos outras.

_ Eu... eu... não pretendo ficar. – falou o menino pela primeira vez.

_ Erik... – a garota não soube o que argumentar.

_ Desculpe, não quis ser ingrato, sei que devo a vida a vocês, mas se ficar, todos dentro desses muros vão acabar... – sua voz morreu, quebrada pela onda de dor repentina.

_ Por hora, esqueça isso e apenas relaxe enquanto se lava. – o garoto acenou que tudo bem.

Ele entrou no espaçoso banheiro, sentindo-se perdido. Ligou a água fria e foi temperando até ficar agradável. Já despido entrou na ducha e deixou a água relaxar seus músculos, a enxurrada de lembranças foi inevitável, ele chorou, se culpando por não tê-la salvo, sentia seu corpo frio como gelo, como se estivesse morto. Aquilo o incomodou e ele abriu mais o registro de água quente, deixando que o calor aquecesse seu corpo enquanto as lágrimas silenciosas caíam sem parar. De banho tomado se vestiu e saiu do banheiro, nada da garota chamada Karen, ele estava sozinho. Ele começou a andar tentando achar o caminho por onde ela o levou até o banheiro, mas acabou se perdendo nos corredores e não sabia mais onde estava ou como voltar. Distraído, esbarrou em alguma coisa ao virar num corredor e caiu sentado no chão.

_ Desculpa! – disse quando notou que era uma pessoa. – Eu não vi você e... – perdeu a voz quando reconheceu o rapaz parado de pé a sua frente.

_ Não tem problema. – disse o maior rindo. – Sou Nathanael Skye, irmão da Karen. Pode me chamar de Nate. – completou ele estendendo a mão direita, enfaixada com curativos.

Erik se lembrava de tudo que aconteceu enquanto estava em transe, lembrou que aquela queimadura era sua culpa e isso fez com que se sentisse mal.

_ Sua mão... eu... eu não queria...

_ Pare de se desculpar. Está tudo bem, minha irmã me contou o que houve. – disse Nate, ao que Erik arregalou os olhos. – Ela me disse que você foi preso e torturado pelos Caçadores e que de alguma forma conseguiu colocar fogo em tudo e acabou perdendo o controle. Desculpa a sinceridade, mas eu sei que tem mais alguma coisa que ela não quis me contar, mas não importa, estamos todos bem afinal.

_ Erik... meu nome é Erik. – disse o menor.

_ É bom finalmente conhecer você. Está com fome? – Erik não entendia como Nate conseguia mudar de assunto tão depressa, ele parecia hiperativo, e isso o lembrou de Gabriel, seu irmão.

Erik riu por uns segundos até se lembrar que nunca mais poderia ver seus irmãos, pai ou mãe. Então seu sorriso se fechou.

_ Alguma coisa errada? – perguntou o maior. – Vi um esboço de sorriso e então...

_ Por um segundo me lembrei de alguém. – começou Erik, mas se impediu de continuar. – Sobre aquela comida, sua irmã ficou de me levar à cozinha, mas não a encontrei quando sai do banho. Acho que demorei demais.

_ Na verdade foi minha culpa, ela pediu para ir buscá-lo no banheiro, mas me atrasei um pouco. Vem, a cozinha é por aqui.

Nate guiou o outro pelos corredores até a imensa cozinha do lugar. Numa mesa de 14 lugares a garota chamada Karen estava sentada esperando por eles. Sorriu ao vê-los e se levantou. Nate sentou-se numa cadeira ao lado da dela e Erik numa de frente aos dois. Antes de começarem a servir a mesa, Nate quebrou o silencio.

_ Não consigo segurar. Erik, hospedar você é seguro de verdade? Digo, como saber se você não vai perder o controle outra vez e transformar tudo em cinzas?

_ Nate! - Karen o repreendeu.

_ Ora essa Karen! Eu estou tentando ser o mais sutil que eu posso com esse assunto. Não pudemos arriscar...

_ Tem Caçadores morando aqui? - interrompeu Erik.

_ Como?

_ Perguntei se tem Caçadores morando dentro desses muros.

_ Claro que não. Somos inimigos.

_ Então não tem perigo. Eu não pretendo demorar tem lugares que eu preciso ir, alguém que preciso encontrar. Tudo que peço é um lugar para dormir nesse curto espaço de tempo. Não gosto de receber ordens, nem de me sentir acuado ou controlado. Deixem seguir meu caminho e não causarei problemas.

_ Você pode ficar o tempo que quiser. - respondeu Karen.

_ Sim. - concordou Nate. - A Casa de Skye sempre estará de portas abertas para você.

_ Casa de Skye? - indagou o visitante.

_ É como os antepassados chamavam a nossa família. - explicou Nate. - Somos descendentes do último Rei de Skye. Nosso pai ficou com os homens que lutaram para nos dar uma chance de escapar.

_ Ele morreu com honra. - completou Karen, obviamente não tão conformada quanto queria parecer. - E todos aqui esperam que sejamos sucessores a altura do trono. Obviamente que meu irmão é quem vai assumir de verdade, sendo o mais velho, mas eu terei meu papel nessa Nova Era de Skye.

_ Vocês parecem ter tanta certeza de quem são, do que querem e principalmente do que o destino reserva para vocês. - disse Erik.

_ E quanto a você, Erik, o que tem a dizer sobre você?

O garoto parou por um instante, pesando o quanto deveria falar, queria por tudo pra fora, mas sabia do risco que isso significava, para ambos os lados.

_ Fui capturado e torturado. Entrei em transe. Despertei na sua enfermaria. Me chamo Erik e é tudo que me lembro.

Era a segunda vez que ele respondia a essa pergunta. Primeiro os irmãos Nate e Karen quiseram saber sobre a vida dele, quem ele era antes de ser encontrado. E agora, de frente a um homem corpulento com cabelos brancos curtos e olhos azul celeste, vestindo uma armadura prateada e com uma espada na cintura, fazia o mesmo interrogatório, infelizmente ele não desistiu fácil como os outros.

_ Tem que ter mais alguma coisa garoto. Algum detalhe que deixou passar. O que eles queriam com você? De onde tiraram você? Suas roupas queimadas pareciam um uniforme. De onde você veio?

_ Estou cansado disso tudo. - disse Erik suspirando irritado. - Quer saber o que eu realmente tenho a dizer? O garoto que você gostaria de interrogar, o que foi preso e torturado, o que tem todas essas respostas. Ele não existe mais. Ele queimou naquela prisão, ardeu até só restar cinzas. Dessas cinzas que eu nasci. Não tenho passado, não tenho memórias. Só um objetivo. Só uma missão.

O olhar furioso do Comandante Cloud se encontrou com o olhar irritado e penetrante do garoto. Por um instante os olhos verdes de Erik faiscaram com um brilho vermelho de puro ódio. O oficial recuou um passo, surpreso tanto pelas palavras quanto pela forte presença que o estranho possuía.

_ Seja o que for que eles querem com você, não conseguiram aqui nesta fortaleza. Você está livre para ficar se desejar.

_ Fico grato. Peço desculpas se fui rude, mas apenas disse a verdade.

_ A Senhora Karen disse que você procura por algo, talvez nossa biblioteca possa ajudar na sua pesquisa. Temos ótimos mestres em magia também, podem ajudar com seu pequeno problema de controle.

Era visível que toda aquela pressão era apenas preocupação com a segurança, nada mais que total dedicação a sua função. O Comandante parecia até uma pessoa legal.

_ Obrigado Senhor Cloud. Adoraria ver um de seus mestres. E mal posso esperar para conhecer seu acervo de livros.

_ Irei destacar um dos Magos para encontrá-lo assim que possível. Quanto à biblioteca. Rys, acompanhe nosso hóspede até a biblioteca e então o deixe aos cuidados da Senhorita Faye.

_ Sim Senhor! - respondeu o soldado fazendo continência.

Assim os dois saíram deixando o Comandante com seus pensamentos.


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Notas finais do capítulo

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