Cassie

– Fico feliz que você tenha se juntado a nós, Srta. Agier. – Lockwood disse com uma ironia duvidosa.

– Desculpem o meu atraso, mas o trânsito hoje está de matar... – falei sentando-me na ponta da mesa. – Bem, podemos começar a reunião?

Todos os ali presentes anuíram.

– Ótimo. Srta. Lockwood e Sr. Flechter, se abrirem os relatórios no artigo 6, página 44, parágrafo 8, verão que estamos com as obras adiantadas, e se continuarmos nesse ritmo, o prazo de entrega dos apartamentos será adiantada, o lucro com as vendas será de 8,21% e a economia com os materiais e aluguel do espaço onde guardamos os mesmos, será de 6,78%. – expliquei aos investidores.

Passei imagens do andamento das obras, e pude perceber o discreto, porém satisfatório sorriso no rosto dos dois.

– E por fim, no artigo 10, página 105, parágrafo 3, os senhores poderão ver que o orçamento final da obra e acabamento, não precisará ser cobrado posteriormente no pagamento mensal do condomínio dos futuros moradores. – finalizei. – Perguntas?

– Srta. Agier, qual é a previsão atual para a entrega dos apartamentos? – um repórter me perguntou.

– De acordo com as análises finais de todos os fatores já aqui discutidos, chegamos à conclusão de que após o acabamento, a revisão e os detalhes finais, os apartamentos poderão ser entregues daqui a dois meses. – disse. – Isso claro se não ocorrer nenhum imprevisto.

Deixe-me explicar o porquê dos repórteres em uma reunião de construtora.

O prédio a ser construído, ‘Paradiis’, é um condomínio de ‘’coberturas’’ por assim dizer.

Criamos um método de construção, onde em todos os apartamentos foi possível reproduzir o conforto de uma cobertura, e assim, muitas celebridades e pessoas ricas compraram apartamentos por lá.

Por isso os repórteres.

– Ótimo. – disse Line. – A transferência bancária para a conta do condomínio, será efetuada o mais rápido possível.

Ele disse levantando-se e apertando minha mão direita, e nesse momento, uma foto foi tirada.

– Como a Srta. Lockwood disse o mais rápido possível. – Sr. Flechter disse repetindo o gesto da outra investidora.

– Obrigada senhores, espero que tudo ocorra como o planejado. – eu retribui um sorriso.

Depois da reunião, fiz mais umas ligações rotineiras para Lillian Woods, minha mestra de obras; meus estagiários Phillip, Mini e Ashley; e para mais algumas pessoas ai.

No caminho de casa, passei na Adega (é o nome da loja, ok? ­), comprei uma champanhe e no restaurante comprei camarões.

Era dia de comemorar!

Ao chegar à recepção do condomínio encontrei a síndica, Addie, que me parou.

– Olá, Cassie. – ela disse. – Fiquei sabendo da festa que você e Hannah deram ontem.

– Sim, foi uma festa e tanto! – eu disse tentando me lembrar dos acontecimentos, e a única coisa que me veio à cabeça foi Beatrice nadando na poça de vomito de Ann. Ou será que foi o contrário?

– Sim. Por isso vim falar com você. Devo pedir que tenha mais cuidado com suas próximas férias. A moradora nova, Sra. Thandgeas, não é muito sociável e reclamou bastante do barulho. – a síndica explicou. – E não foi somente ela.

– Com certeza teremos mais cuidado, mas agora se me der licença, tenho umas coisas para comemorar. – falei sorridente e saltitante, me dirigindo ao elevador.

Lá dentro, Carolina Ioshua, a garota mais estranha que eu já vi na vida, estava lá dentro.

– Cinto legal, Agier. – ela disse.

– Obrigada. – eu respondi tentando ser simpática.

– Onde comprou? – ela perguntou.

– Não me lembro...

– Hum. – ela balbuciou.

Carolina Ioshua. Cara ... Isso sim poderia ser considerado com caso perdido ou arquivo morto.

Revirei os olhos e continuei meu caminho, uma vez que o elevador parou no meu andar.

Mas tive uma pequena grande surpresa.

Hannah

– Sente-se. – Alan disse.

Quando uma pessoa (lê-se um chefe) diz ‘sente-se’, alguma coisa tem.

– Então, ah, o que o senhor quer me falar? – perguntei.

– Bem, nesse último ano, depois que a senhorita se tornou uma sócia da I.N.C, eu e o conselho da empresa viemos notando o seu progresso rápido. – ele disse. – Então, depois de me reunir com Kyra e seu vice-presidente Tob, decidimos que a sua promoção seria muito bem-vinda nesse momento.

– E isso significa quê? – perguntei ansiosa.

– Significa que seu olhar afiado para composições de uma vestimenta, seu gosto diferenciado para estampas e seu espírito de liderança, te levaram de estilista chefe e sócia, para diretora de produção e venda o que te torna membro do conselho I.N. C e minha companheira de trabalho também. – ele explicou com um sorriso discreto.

– Ah! – gritei sem conseguir me conter.

Abracei meu ex-chefe e novo colega de trabalho, e saí saltitante, muito feliz com a notícia.

Alan era um chefe bem bonito. Gentil e simpático, apesar de eu nunca ter tido uma conversa decente com ele ainda. Não me ache estranha por ter uma foto de meu chefe. Não tenho culpa se ele faz campanhas.

Acabei meu expediente, sem explicar a ninguém o motivo de tanta felicidade, uma vez que teria que cumprir minha promessa posteriormente.

Promessa: Se eu fosse promovida ou acontecesse uma coisa realmente boa no meu trabalho, eu iria para o Central Park e dançaria I Feel Good em um tipo de flashmob de uma pessoa só.

Passei em uma loja para comprar champanhe, e fui para casa.

Ao chegar à frente de casa, vi Cassie paralisada ali, com uma sacola nas mãos e nenhuma expressão no rosto.

– O que foi? – sussurrei perto dela.

– Tem algo grande respirando em cima do sofá. – ela respondeu no mesmo tom.

– Isso que tem na sua sacola é bebida alcoólica? – perguntei.

– Sim.

– Ótimo. – respondi.

Virei minha garrafa de champanhe ao contrário, como se fosse um taco de baseball. Aproximei-me vagarosamente para perto do sofá, e vi que o que respirava era um homem de cueca deitado de bruços.

E plaft. Lá se ia uma bela garrafa de champanhe, quebrada nas costas de um homem.

– AIIII! – o homem urrou de dor e se levantou em um pulo. – Por que você fez isso?

– Derews? – perguntei sabendo da resposta. – O que faz aqui?

– A água de casa acabou, e como a porta estava aberta, achei que poderia entrar, mas vocês não estavam em casa. Ai resolvi esperar. – ele respondeu com as mãos nas costas, tentando parar a dor.

– Hannah, você por um acaso deixou a porta de casa aberta? – Cassie que já estava dentro do apartamento perguntou com um olhar levemente ameaçador.

– Talvez...

– Humpf. – ela bufou. – Der, por favor, saia. Ou vai ser a outra garrafa que vai ser espatifada na sua cabeça.

Derews era até bonitinho e tal, mas quando queria ser estranho, conseguia.

– Tenho algo para te contar. – Cassie disse com um sorriso enorme depois que Derews saiu e nós trancamos a porta.

– Eu também, mas fala primeiro. – disse.

– Fechei contrato com Line Lockwood e Steve Flecther! – ela gritou.

– E eu fui promovida à diretora de produção e vendas. – gritei como ela.

– Champanhe e camarões? – ela perguntou.

– Sempre.