As gotas de água ainda escorriam pelo vidro das janelas da sala do diretor de atividades.Ele continuava a escutar Percy e Annabeth sobre a confissão de Richard.

Annabeth também contou sobre a carta que a coruja escrevera.Ela confiava que podia contar a ele sobre o esconderijo das escrivãs na floresta do acampamento.

Quíron assentia com a cabeça e afirmava toda vez que solicitado.

–Então ele puxou a espada e disse que ia calar minha boca para sempre.- concluiu Annabeth

–Daí começou a chover e ele se foi- acrescentou Percy.

–Entendo.Você desobedeceu algumas regras do acampamento, Annabeth, mas não vamos deixar de colocar em prática nossas ordens contra o acontecido.Vamos chamar o rapaz e decidir o que faremos com ele.

–Então vamos aguardar- Percy se levantou- Obrigado,mas temos que ir.

–Como quiser

Quiron rolou sua cadeira de rodas e abriu a porta.

Nemesis e Dionísio não conversavam mais no hall da casa grande, a sala estava vazia e o único som que se ouvia era o da chuva do lado de fora.

–A tempestade pode fazer mal as vezes, mas é necessária

–Se ainda tiver uvas para a festa de despedida...- Annabeth abriu a porta- Obrigada Quíron, espero por noticias.

–Certamente.Vou mandar avisar- Despediu-se ele

**

Não havia muitos campistas espalhados pelo acampamento.Os que não estavam dentro de seus chalés estavam se abrigando da chuva no refeitório ou no artes e ofícios.

–Deuses!- exclamou um dos campistas no refeitório- Vocês vão pegar uma gripe.

Annabeth correu os olhos por suas roupas encharcadas.Ela nem quis imaginar sua aparência.Ela devia estar horrível.

–Só espero que não estejam doentes para a festa- intrometeu-se uma campista do chalé de Apolo- Ela será daqui a cinco dias, não se esqueçam.

Cinco dias.- pensou Annabeth.Ela nem aproveitara os momentos que tivera para descansar antes de voltar para a faculdade.Logo começariam as provas e ela gastara o pouco tempo que teve para a investigação de seu acidente.

–Só temos cinco dias?- perguntou ela sentando-se na mesa mais próxima

–E ainda temos que nos organizar para que saia tudo perfeito- respondeu a garota do chalé sete

Annabeth sorriu, sem graça.Ela só tinha mais cinco dias de férias e para se certificar que Quíron cumprisse o que prometera.

–Sabe dizer se... hã...Richard do chalé de Nemesis esteve aqui?- perguntou Percy

–Não sei se ficou por muito tempo, mas esteve procurando pela namorada...

–Patty também estava aqui?- perguntou Annabeth

–Ela saiu assim que a chuva deu uma trégua.-A garota ajeitou os cabelos amêndoas atrás da orelha- Não sei o que senhor D. está pensando...as parreiras gostam de água, mas assim não vai sobrar uvas para a festa....

–E eles saíram acompanhados?Richard e Patty.

–Saíram sim, mas porque o interesse?

Annabeth se levantou

–Explicamos depois- ela puxou Percy e eles se afastaram da mesa

–Ele vai contar á ela

–Claro.O que acha que vão fazer?

–Não deve ser boa coisa- Annabeth olhou por cima dos ombros, checando se não estavam sendo ouvidos.

–O que quer fazer?

–Nada.Só apresenta-los a um amigo.

**

A chuva parara.Percy e Annabeth estavam no pé da estrada da colina meio sangue.

Annabeth tinha um plano: Dar um susto em seu casal preferido para que não ousassem a aprontar nada.

–Você ainda não me explicou o que vai fazer- bufou Percy

–Já disse que vou chamar um amigo.

–Mas quem é esse cara?

–Fique quieto- sibilou ela.Annabeth levou os dedos polegares até a boca e assoviou.

O vento zuniu,os arbustos ao redor balançaram assim como as arvores ao redor.

–Annie...- Percy destampou sua espada- Que é que você está aprontando?

–Certa vez quando eu, Thalia e Luke andávamos por uma cidade no interior do Mississipi, ajudamos um cara a conseguir...hum...o que queria.Em troca ele nos deu passagens até o Missuri.

Um homem alto de no mínimo dois metros e meio de altura emergiu do outro lado da estrada.Ele parecia ter saído das sombras, assim como Nico fazia.

Ele vestia apenas um saiote grego esfarrapado e coberto por fuligem.Sua pele azulada era manchada por hematomas e riscos de antigas cicatrizes.Em sua cabeça havia um fiapo do que deveria ser cabelos amarrados por uma fita de couro em uma trança que caia por suas costas nuas.

Annabeth ergueu os braços para o amigo e acenou.

–Deuses!Um avatar das trevas...

–Não seja idiota, cabeça de algas.

O monstro- ou seja lá o que for- acenou, bateu a grande lança que segurava no chão e correu em direção á eles.

Os carros que cortavam a rodovia brecaram.Alguns bateram nas traseiras e buzinaram.

–Annie, tem certeza que é uma boa ideia?

–Não há tempo para se arrepender, cabeça de algas.Está feito.

O brutamontes azul acenou e estendeu as grandes mãos para Annabeth.

–Como vai Krat?- cumprimentou ela- Há quanto tempo.

Krat colocou uma de suas grandes mãos sobre a cabeça de Annabeth e depois a abaixou.

–Tem razão.Quando nos conhecemos eu era bem menor.

Krat olhou para Percy e em seguida para Annabeth.

–Ah,este é meu namorado Percy.Percy este é Krat, abreviação de Kratopis.Ele é um guarda do submundo.É responsável por guardar os portões do Elíseos.

Krat assentiu

–E o que vocês tiveram que fazer para que ele os ajudassem?

–Melhor não saber.

Krat riu

–Precisamos de um favor seu...-começou Annabeth- Conhecemos umas pessoas que precisam de...hum...- Annabeth coçou o queixo- Uma liçãozinha.

Krat riu mais uma vez.

–Vai nos ajudar?

–Krat.Assustar.Recompensa.

–Recompensa?-Annabeth se virou para Percy.Ele parecia enjoado.

–Está tudo bem?- perguntou ela

–Não gosto quando a palavra “portões” está na mesma frase que “submundo”.

Annabeth sorriu,compreensiva.

–Não se preocupe,Krat é totalmente confiável.Kratopis,o que gostaria de levar como lembrança desse pequeno favor?

Krat apontou para o pescoço de Percy,que gemeu.

–Ele não quer sua cabeça,ele quer o colar.

–Colar?- Percy fitou o colar de contas do acampamento que levava preso em seu pescoço desde que chegara com doze anos de idade- Não vou entregar meu colar.

–Ele não precisa saber- sussurrou Annabeth

–Ah...se ele concordar...

Krat bateu sua lança no chão,quase dando pulos de felicidade.

–Trato feito.Krat ganhar colar de semideuses.

–Isso mesmo,contanto que de uma lição em nossos amigos.