Protect Me escrita por Anny Taisho


Capítulo 14
Quebrando


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar me desculpem, eu sei que demorei muito a postar e até mesmo prometi e não postei algumas vezes! No entanto, me entendam, essa é uma história complexa que está tendendo para sua finalização... Tenho que tomar cuidado para não deixar o nível cair agora!!

Sem mais delongas e com mais pedidos de desculpa, capítulo XIV de Protect Me.

Boa leitura



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Cap. XIV – Quebrando

Cana acordou na manhã seguinte com a cabeça pesada, de repente parecia que todas aquelas preocupações tinham voltado com força total. Estava sentindo-se um lixo. Respirou fundo e parecia que o ar arranhava seus pulmões.  A luminosidade da enfermaria machucava seus olhos, por isso, no primeiro momento fechou-os e ficou quieta debaixo dos cobertores.

Não soube quanto tempo ficou ali quieta antes de voltar a abrir os olhos, mas com certeza sentiu que a luz já não era mais tão forte assim. Com algum esforço sentou-se e ao olhar para o lado viu uma cenas mais bizarras e fofas que podia imaginar. Nas duas camas que ficavam após a sua haviam dois homens dormindo de maneira desleixada.  Gildarts dormia agarrado num travesseiro como se fosse uma criança com seu bicho de pelúcia favorito... O que convenhamos é uma cena bizarra vendo do prisma que ele é um dos magos mais poderosos de Fiore. Laxus dormia de costas no colchão com os braços acima da cabeça.

Sua cabeça estava tão pesada... Olhou ao redor ainda um pouco anestesiada e fitou seu novo baralho sobre a mesinha de lado. Lembrou-se do viu quando as cartas caíram displicentemente no chão. Não era uma previsão oficial, mas para bom entendedor meia palavra basta.

Sentia-se tão cansada e desanimada, ao contrário do dia anterior.

Tudo o que queria era cair no colchão e dormir até aquela sensação de peso sumir de seus músculos. Estava enjoada consigo mesma, sentindo nojo e um até mesmo culpa. Não era culpa de ninguém além dela sua situação atual. Se não fosse tão fraca, tão burra, tão idiota... Novamente tinha ido procurar respostas que sabia que não encontraria no álcool e bem... Alguma entidade resolveu lhe dar uma lição. Não era como se não tivesse sido usada antes, então não entendia o motivo de estar tão deprimida com isso.

Sempre foi uma garota vulgar, então não havia motivo para estar tão preocupada.

Nunca passou de uma maga mediana...

E foi ficando naquela onda de pensamentos destrutivos até que a porta se abriu revelando Mira e o mestre. A garçonete veio em sua direção com um adorável sorriso no rosto e uma bandeja de comida que Cana não tinha vontade nenhuma de comer. Makarov trocou algumas palavras consigo e deu um sorriso de apoio antes de acordar Laxus para lhe pedir um favor.

De repente o quarto ficou cheio de vida e animação. Fried apareceu para falar com Mira, Lisanna entrou com Natsu em seu encalço que prontamente tentou atacar Gildarts que ainda dormia, obviamente que o mago crash sem nem notar o derrubou um único golpe poderoso. Laxus aparentemente discutia com o avô e a morena comia sem nem sentir o gosto dos alimentos.

Estava fechada em seu próprio mundo, tanto que nem notou quando o quarto começou a perder vida e as pessoas foram saindo. Laxus falou alguma coisa, mas apenas assentiu com a cabeça sem realmente ouvir o que ele tinha dito. Ficou ali comendo e por fim colocou a bandeja de lado sentindo a cabeça pesada.

***

Ficou tranquilamente ali sozinha afundada numa letargia profunda até um grupo de garotas decididas aparecer dispostas a lhe levar para o salão da guilda de qualquer jeito. Bem que podia ter negado, mas não queria mais ver no olhar de ninguém aquela pena, por isso fez uma das coisas que fez melhor em sua vida, sorriu quando estava completamente estilhaçada por dentro.

Lhe arrumaram uma blusa de mangas ¾  listrada para cobrir as bandagens e os machucados e um vestido preto por cima de alças largas que inusitadamente era seu, mas nem lembrava. Dessa vez insistiu para não ser carregada e foi andando, com muita dificuldade amparada por Lucy e Lisanna.

Quando apareceu no salão, primeiro fez-se silêncio, então depois todos gritaram e comemoraram, afinal, aquela era a Fairy Tail. Sentiu-se feliz por isso, não queria ninguém triste ao seu redor por sua causa. Sentou-se numa mesa acompanhada de Levy, Lucy, Lisanna, Gajeel e Lily... Aparentemente o RedFox tinha alguma coisa perdida por ali.

Mira lhe trouxe um copo de suco e um sorriso, ao seu lado as garotas começaram a falar sobre uma infinidade de assuntos. Não estava nem um pouco a fim de ouvir, então se limitava a responder com os melhores monossílabos e entonação de voz que encontrava no momento. Observava ao seu redor o movimento, os sons, as brigas... E aquilo que era para parecer familiar começou a deixa-la sufocada. Flashes daquele bar onde tentou escapar entraram em sua mente misturando as imagens, os sons, os cheiros...

O mundo de repente parecia tão assustador que não estava conseguindo sugar o ar que precisava para respirar. A voz das garotas agora era um vago chiado e seus olhos corriam por todos os lados procurando sinais de ameaça e vendo tudo como uma ameaça. Uma briga das habituais começou e o coração da Alberona começou a bater desesperadamente.

Aquela voz no fundo da mente que ficava sussurrando num mantra continuo seus problemas parecia zombar de seu medo, afinal, teria medo de que? Já estava tudo acabado mesmo. Não havia mais o que quebrar ou destruir. O que ela própria não havia feito antes, aquele mago desgraçado fez com toda facilidade. Sua integridade foi mandada para o ralo junto com o que tinha de auto-estima.

Fechou os olhos tentando controlar o medo avassalador que a fazia querer correr. Estava na Fairy Tail, estava segura entre seus amigos, não precisava ficar naquele estado. O Mundo não era um lugar assustador. Quanto mais repetia isso aquela maldita voz em sua mente ria de sua desgraça pessoal.

Como assim a Fairy Tail era seu porto seguro?

Sua mãe havia deixado em última vontade que fosse mandada para lá, mas aquele lugar não foi sua segurança. Seu pai não lhe reconhecera  e desde aquele maldito dia aquele lugar foi sua prisão. No final das contas aquele lugar mais a machucou do que qualquer coisa. Teria sido muito melhor ter ficado em sua cidade natal aos cuidados da mestra e mentora da mãe.

Ali não era um lugar seguro.

O ar começou a ficar ainda mais difícil!

O som de gente sendo arremessada e cadeiras quebradas deu-lhe um sobressalto e uma vontade de fugir. Seu estado que tinha passado despercebido até então foi notado primeiramente por Lily que avisou Gajeel, mas antes que o Redfox pudesse pensar no que fazer, o copo de suco estourou em dezenas de cacos, acordando-a  de sua violência mental, voltando a realidade e entrando em desespero.

A briga ao seu lado estava em seu auge.

Estava sentindo-se reclusa, não podia correr porque não tinha forças e porque estava entre duas garotas. O sangue começou a escorrer dos machucados que o copo estilhaçado lhe fez. Quando Lisanna tentou começar a ajudar se machucou ainda mais ao puxar o membro para longe arrastando o braço sobre os cacos distribuídos pela mesa.

- Eu preciso sair daqui!

Sua respiração estava desregulada e aquela voz em sua mente agora gritava que ali era um lugar ruim! Gildarts que estava no balcão conversando com o mestre olhou para trás esperando ver algum resquício de briga, mas quando viu sua filha daquele jeito pulou do banco e foi correndo em sua direção para ampará-la, mas ao chegar perto levou um desajeitado empurrão e aquele olhar de raiva, desespero e medo.

- Não chega perto de mim! Eu preciso sair desse lugar!!!

O tumulto dela junto com o tumulto da briga fez a razão se perder por ali, as pessoas não sabiam mais o que estava acontecendo. O mago crash estava estático com a rejeição da filha e as garotas não sabiam o fazer. A mão dela sangrava e pingava no chão. Levy num momento de lucidez assistindo aquilo tudo lançou um olhar significativo para Gajeel que segurou Cana por trás travando os braços para evitar que se machucasse mais e a tirou do chão mesmo quando ela começou a se debater.

Estranhamente saíram da guilda ao invés de ir para enfermaria, não entendeu, mas Levy costumava estar certa, então seguiu-a através das pessoas para longe da confusão que parecia cada vez maior. Saíram e foram até um canto do pátio externo onde soltou a morena que cambaleando caiu sentada na quina de encontro dos muros chorando e respirando com muita dificuldade.

Ele reconheceu o cheiro vindo dela: era medo.

Aquele tipo mais profundo e desesperado de medo. Sentiu a boca secar, com certeza aquela garota tinha sérios problemas. Viu Levy se aproximar e ela se encolher, apiedou-se realmente de Cana, aquilo não era nem a sombra da maga que ele conhecia.

- Calma, Cana... Calma... vai se machucar mais...

- Por kami Levy, esse lugar... Eu não gosto daqui!

- Eu sei, eu sei que mundo parece tão grande e assustador agora, como se de qualquer lado pudesse vir um ataque. Mas já passou, acredita em mim...

- Não consigo respirar... Minha cabeça dói!

- Eu vou chegar perto, mas sou só eu... A Levy, não vou te machucar, não vou te fazer mal. Respira com calma, não tem perigo nenhum aqui, estamos na guilda...

- Não gosto daqui... Está tudo quebrando...

Nesse momento Levy achou que talvez ela estivesse alucinando , afinal, não tinha nada quebrando ali perto. Com muito cuidado foi engatinhando até onde a amiga estava e quando estava perto o suficiente lhe segurou o rosto com suas mãos pequenas forçando-a a lhe encarar.

- Está tudo bem!

Levy sabia muito bem como era aquele sentimento de desespero e desamparo que vinha depois de ser vilmente atacado. O mundo de repente parecia monstruoso e tudo o que queria fazer era se esconder. Só que ali tinha algo mais, não era só aquele sequestro o problema e quando Cana a abraçou e começou a chorar de um jeito que a azulada nunca viu ninguém chorar foi que entendeu.

A Alberona não estava alucinando, quem estava quebrando era ela.

Todas as vezes que ela quis falar e ficou calada.

Todas as vezes que ela queria chorar e sorriu.

Todas as vezes que ela quis um abraço e não teve coragem de pedir.

Todas as vezes que ela quis gritar de frustração e ficou em silêncio.

Todas as vezes que afogou na bebida sua baixa auto-estima.

Cana nunca soube lidar com perdas e frustrações, até hoje não conseguia lidar com a morte da mãe. Sempre foi suprimindo e tentando ficar inerte, só que as coisas não são assim. Tudo aquilo que você esconde de todos te assombra no fundo dos pensamentos, por isso aquela relação pesada com a bebida, ela precisava de algo que mantivesse seu inconsciente inerte também.

O jeito copioso com que chorava chegava a machucar até Gajeel que não era um homem de se comover por qualquer coisa. Aquela garota estava completamente despedaçada e isso era assustador. Ver um ser humano num ponto tão crítico de medo, frustração, raiva, solidão e abandono... Era realmente de cortar o coração, mesmo o coração de ferro dele.

Levy apertou o abraço de volta numa tentativa de consolar a amiga de alguma forma. Precisava tentar mantê-la inteira. O som de gente indo naquela direção alertou o dragon slayer que não precisava ser um gênio para saber que a última coisa que Cana precisava era de plateia para seu estado.

- Oe, baixinha... Tem gente vindo... Precisamos sair daqui!

A pequena maga azul apertou a morena com toda força que tinha antes de se desfazer do abraço, segurou o rosto dela e sorriu da melhor maneira que conseguiu.

- A gente precisa sair daqui e cuidar da sua mão, está tudo bem, eu não vou te deixar sozinha! Mas você não consegue andar, o Gajeel vai ter que te carregar!

- Eu não quero voltar lá para dentro!

- Tudo bem, tudo bem... Vamos para sua casa! Agora calma, okay!

Gajeel chegou perto e a pegou no colo, uma turma já os estava procurando e por isso tiveram que sair pela lateral. Depois dariam informações. O trio andava pelas ruas de magnólia com pressa e o mago provavelmente nunca se imaginou numa situação como aquela, mas bem... Agora ele tinha amigos e cuidar dos amigos era o que o pessoal da Fairy Tail fazia.

De repente ele parou no meio da rua e Levy o olhou, intrigada.

- O que foi?

- O Laxus tá por perto!

E foi então que a grande figura do Dreyar apareceu vindo na direção oposta a deles dobrando a esquina. Tinha ido fazer um favor ao avô levando uns papéis para o conselho e com muita sorte pegou o último trem de volta a magnólia. Assim que avistou o trio estreitou os olhos e seus passos longos cortaram  a distância num tempo quase impensado, nem estava mais mareado da viagem horrível de trem.

- O que foi que aconteceu? – ele sentiu o cheiro de sangue e lhe subiu um desespero –

- Depois a gente explica, vamos levar ela para casa logo!

- Eu carrego...

- Não. Deixa o Gajeel fazer isso, depois eu explico!

Levy tinha visto ela empurrar e rejeitar Gildarts, tinha medo de a presença de Laxus desencadear outra crise de raiva. A morena ainda chorava baixinho, mas daquele jeito que cortava o coração, fazendo o dragon slayer de ferro olhar desesperado para sua namorada. Ele não sabia lidar com garotas chorando.

- Só mais um pouco, Gajeel!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Olá bonitinhas e bonitinhos, se houver algum bonitinho, o que acharam? Olha eu chorei escrevendo, sei lá se estava meio sensível mas caramba, a Caninha tá sofrendo aqui!!! Alguém mais gostou da Levy nesse capítulo?? Por favor quem gostou levanta a mão!! A Cana tem muitos problemas mau resolvidos que agora que ela caiu resolveram se libertar... Mas quem sabe isso não seja bom? Afinal, se resolver seus problemas ela pode tentar ter uma vida melhor!!!

Façam suas figas e me contem o que acharam e se ergueram a mão para Levy!

Kisskiss, Anny Taisho