Paulina despertou naquela manhã ensolarada de sábado. Já estava há uma semsana naquele hotel e mais parecia um ano. Por mais que negasse, a falta do marido lhe machucava muito. Mais ainda a forma como seu casamento havia acabado. Não sabia se estava mais magoada com Carlos Daniel, Paola ou Lupita. Resolveu deixar aqueles pensamentos de lado, tomou um banho, se trocou e desceu para o café. No elevador, surpreendeu-se ao encontrar Célia. A abraçou amigavelmente.

– Paulina, minha amiga. Quanto tempo? O que faz por aqui? Como está tudo? –  perguntou ela

– Eu é que pergunto, o que faz por aqui?

– Ahh, nem te conto. Arranjei um velho ricaço e bem atrevido onde eu trabalhava, e acabei me casando com ele. A parte boa é que ele só faz dormir – as duas caíram na risada – tenho e vou pra onde quiser, quando eu quiser! – ela sorriu satisfeita – mas me conta... e o bonitão? – ela sorriu maliciosamente –  Deve ter ficado bem contente ao saber que pegou uma virgem. Como foi, hein? Ele é tão bom de cama como eu imagino que seja? – ela perguntou

Paulina corou.

– Célia! – repreendeu – que pergunta mais sem cabimento! 

Ela caiu na risada.

– Ah, qual é, como se fosse errado! Mas tá bom, depois você me conta... o que quero saber é o que faz aqui em pleno sabado? Deveria estar na mansão ou em algum restaurante, shooping sei lá o que... 

– É uma longa história! – ela disse e começou a contar tudo o que lhe havia acontecido, deixando Célia de queixo caído.

– Ai que história maluca... eu hein! Parece novela! Mas quer saber de uma coisa? Com um cara desses me pedindo perdão eu não pensava duas vezes e corria pra cama dele... ai eu fico com calor só de pensar! – ela se abanou com as mãos

– Célia, por favor! – Paulina falava, vermelha

– Com um homem daqueles eu dava a noite inteira e ainda amanhacia o dia! – ela continou

– Quer parar? Tá na hora de mudar de assunto! – ela falou, irritada

– Ai tá bom – ela se deu por vencida – não fica brava comigo, amiga. Você sabe que eu sou desbocada! Sempre fui assim! – se justificou

– Mas tem horas que você tem que se controlar... mas está tudo bem, vamos tratar de pegar uma mesa, dia de hoje o restaurante do hotel costuma ficar cheio, principalmente no café da manhã! – ela disse e as duas se dirigiram até o restaurante do hotel

Estranharam pois ao chegarem lá, as janelas estavam com cortinas escuras e a luz apagada,, deixando o ambiente um tanto escuro. Pouco se conseguia ver, mas conseguiram ver uma mesa vazia, que por sinal ficava bem no meio do restaurante.  

– Que estranho! – Paulina comentou, olhando pro ambiente

– Deve ser algum show, ou algo do tipo! – Célia disse

Quando todas as mesas foram ocupadas, leves acordes de violão começaram a soar bem delicadamente, e poucos segundos depois, uma voz masculina, cantando:

http://www.youtube.com/watch?v=kk5gemkOGKY

Eu queria ser um anjo

E não passo apenas do que sou

Te daria um par de estrelas

E o que tenho é o meu amor

Paulina acabou concordando com Célia, e começou a pensar que deveria mesmo de tratar de algum show. Mal sabia ela o que estava por vir.

Eu só sei sonhar contigo

Aceitando o meu regresso

Tenho medo de perdê-lá

Te amo, confesso

Nesse instante, todas as luzes foram acendidas. Várias fotos de Paulina com Carlos Daniel estavam espalhadas por todo o salão do restaurante. Fotos de casamento, de viagens, com os filhos e etc. Vídeos de aniversários de casamento, aniversário dela, natal, beijos e momentos especiais apareciam no enorme telão atrás da banda que tocava a música. E pra contracenar ainda mais, tinha uma faixa enorme em cima do palco escrito: "Paulina, me perdoa. Não sei viver sem você. Te amo ass Carlos Daniel"

Aonde estão seus olhos

Quando não estão em mim

Aonde estão seus passos

Se não chegamos ao fim

Eu voltaria aonde te deixei

Não queria que chorasse, chorei

Queria que me perdoasse

Não me perdoei

(solo instrumental)

Paulina ficou completamente em choque. Não se movia pra nada. Célia riu da reação dela.

Lupita observava tudo de longe, com uma câmera, junto com Vovó Piedade.

A banda retornou novamente a música, e no refrão, Carlos Daniel apareceu em cima do palco, com um buquê de flores, e desceu do palco, seguindo até ela pelo caminho de rosas que ele havia mandado fazer no chão. Ao chegar na mesa aonde a amada estava sentada, se ajoelhou aos pés dela, pegou uma de suas mãos, e junto com os últimos acordes da música, beijou a mão de Paulina e disse suavemente:

– Fui um trouxa por duvidar de você... esses últimos dias pareceram anos longe de você. Eu não quero te perder, Paulina. Você é tudo pra mim. Me perdoa... sem o seu perdão, eu nunca vou ter o meu próprio perdão. Te amo! Volta pra mim!