Segredo escrita por thana


Capítulo 8
Capítulo 8




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Fiquei olhando o teto, tentando achar as respostas para minhas perguntas, quando ouvi uma batida na porta não respondi, pensei que fosso o chato do corredor.


 


_ Suzan você ta ai? _ era a voz do meu pai.


 


Levantei-me e abri a porta, ele estava de lado do entulho que eu deixei no corredor e o olhava.


 


_ O que suas coisas estão fazendo aqui no corredor? _ ele me perguntou com as sobrancelhas juntas.


 


_ Não são minhas coisas _ eu retruquei deixando a porta aberta e voltando para a minha cama.


 


_ Como não? _ ele perguntou entrando no meu quarto _ Trouxemos tudo lá de cima.


 


Eu não respondi nada, simplesmente, me deitei de novo e virei para o lado, não queria olhar para o meu pai, eu o amava muito, mas eu tava ressentida com ele por tudo aquilo.


 


_ Suzan, por que você colocou as suas coisas no corredor? _ ele insistiu em saber.


 


_ Porque não são mas minhas _ eu falei sem me virar.


 


Senti meu colchão afundar, meu pai se sentara na minha cama.


 


_ Claro que são _ ele respondeu com uma voz calma.


 


_ Não, não são _ eu disse me virando e sentando na cama _ Essas coisas me trazem lembranças de um lugar que eu nunca vou poder voltar, de um lugar onde todo mundo mentiu para mim.


 


Meu pai me olhava com tristeza, provavelmente aquilo o incomodava mais do que a mim.


 


_ Tudo era mentira _ eu continuei _ Minha vida era uma mentira, tudo foi planejado até os mínimos detalhes.


 


_ Eu sei _ ele respondeu ainda triste _ Mas nem tudo saiu como o planejado _ ele falou. _ por exemplo: você ficar tanto tempo na iniciação.


 


_ Iniciação? _ eu indaguei.


 


_ É, lá no quarto pequeno _ ele explicou.


 


A lembrança daquele cubículo ainda me dava arrepios e ainda dá.


 


_ E tem outra coisa também que saiu dos nossos planos _ ele falou me olhando nos olhos _ Quando finalmente chegasse à hora de você ser trazida para cá, eu e a Marta tínhamos que nos afastar, você ia deixar de ser nossa responsabilidade, nossa missão teria acabado. _ ele suspirou fundo _ Mas depois de tanto tempo não se tratava só de uma missão, nós tínhamos realmente nos apegado a você. Quando você tinha mais ou menos quatro anos de idade eu tentei convencer o pessoal há mudar um pouco as coisas, em vez de dizermos que éramos os seus pais biológicos diríamos que éramos seus pais adotivos, o que não era uma mentira, mas eles acharam que não, eles queriam que você tivesse a vida que eles tanto queriam.


 


Eu fiquei em silencio todo o tempo.


 


_ E ai _ ele continuou _ Chegou a hora de você vim. Eu e a Marta nos negamos a nos separamos de você, afinal de contas você era a nossa filha, não queríamos ficar longe, e, ainda bem, ninguém foi contra.


 


_ Por que o senhor ta me dizendo isso? _ eu perguntei sem entender onde ele queria chegar.


 


_ Que nem tudo foi controlado _ ele falou _ que nem tudo que aconteceu lá encima foi mentira, o amor que eu e sua mão sentimos por você é verdadeiro, e isso você não pode tirar do seu quarto e jogar no corredor.


 


Ele virou a cabeça e olhou as coisas jogadas no corredor.


 


_ Aquelas coisas _ ele disse _ que você diz que não são mais suas, eu e sua mãe compramos com todo o carinho, não foi a organização que te deu como deveria ter sido, eu e a Marta queríamos compra com o nosso próprio dinheiro as suas coisas, cada coisa que te demos tem um pedaço do nosso amor da nossa satisfação em te ver feliz ao ganhar, e agora você não os quer mais, é como se você tivesse jogando pedaços meus e da sua mãe no lixo, é isso que você quer, se desfazer da gente?


 


Fiz que não com a cabeça. Eu não tinha idéia que pessoas alem de mim tivessem se sentindo mal com aquilo, eu nem parei para pensar que eu tivesse magoando as pessoas que tanto amo com aquela atitude infantil, eu já te falei que eu sou horrível em falar o que penso?


 


Enfim, eu me levantei da cama e fui até o corredor peguei o meu laptop e o coloquei de volta na escrivaninha, voltei e peguei algumas roupas em uma braçada e coloquei no chão perto do armário, enquanto eu voltava para pegar mais roupar, meu pai se levantou da cama e me ajudou a arrastar tudo de uma só vez para o quarto.


 


O chão ficou cheio de roupas, eu ia ter um trabalhão.


 


_ Por que você não foi ao refeitório? _ meu pai perguntou enquanto observávamos a montanha de roupa.


 


_ Eu não to com fome _ eu respondei procurando uma maneira de começar com a arrumação.


 


_ Ah! _ ele fez, eu olhei para ele, com quem pede ajuda _ Bem... _ ele começou a falar olhando para o relógio que ele tinha no pulso _ Você não ta com fome, mas eu to _ e ele foi em direção a porta aberta.


 


_ Espera _ eu pedi, achando que ele não tinha entendido a minha expressão facial _ O senhor não vai me ajudar?


 


_ Não, você bagunçou, você arruma _ e ele saiu pela porta a fechando.


 


Isso era típico do meu pai, mesmo se nós tivéssemos feito a bagunça juntos ele sempre tentava me enrolar para arrumar tudo sozinha, se não fosse pela mamãe forçar ele a me ajudar seria isso que aconteceria.


 


Eu me sentei no chão e peguei uma blusa e comecei a dobrar. Eu nunca fui de comprar roupas sempre achei chato, e ainda acho, mas a mamãe sempre me arrastou para as lojas e me fazia comprar as roupas que ela queria que eu usasse. Muitas vezes eu me negava a levar algumas roupas, ou porque eram apertadas de mais ou tinha uma cor que eu não gostava, mas outras eu levava só para deixá-la feliz.


 


Eu pegava a roupa, a dobrava e colocava do lado, em pouco tempo já tinha uma pilha enorme.


 


Eu peguei, o que finalmente era, a ultima peça do meu vestuário: uma blusa rosa, a mamãe sempre quis me vestir de rosa, eu não gosto muito dessa cor, mas eu me lembrava do dia que compramos aquela roupa como se tivesse acontecido aquele dia mesmo.


 


Há uns dois anos atrás saímos para mais um dia torturante de compras, a minha mãe tinha o costume de comprar roupas novas nas datas festivas e tava perto do natal, entramos em uma loja e a primeira coisa que ela viu foi essa bendita blusa, nossa, ela não me deixou em paz até que eu provasse aquilo, e eu vou te dizer quando ela quer, ela é bem persuasiva. Quando eu coloquei aquilo ela começou a rasgar elogios, disse que tinha ficado linda em mim e blá, blá, blá, sabe? Conversa de mãe coruja. E ela insistiu muito que nós levássemos, quando eu digo insistiu, é insistiu mesmo, ela passou bem uns dez minutos dizendo: “leva!” e como eu não queria ficar o dia todo ali eu levei, mas só usei uma vez, no natal daquele ano, e mesmo assim porque ela pediu muito, depois disso, a blusa ficou perdida no armário.


 


Eu nem acreditava que tinha terminado de dobrar aquelas roupas, eu tinha muita (graças a minha mãe), enfie tudo no armário e fiquei sentada no chão mais um pouco, eu não sabia quanto tempo tinha demorado aquilo tudo, mas me deu uma fome repentina, e o pior é que eu nem sabia onde ficava o tal do refeitório, me levantei pegue a colcha da cama, que ainda tava no chão, e forrei o colchão com ela, depois dei uma espiada no corredor, olhei de um lado a outro procurando alguém que me pudesse dizer onde ficava o refeitório, bem que o chato podia ter continuado por ali, né?


 


Então eu resolvi procurar o lugar sozinha, sai do quarto e fechei a porta, fui em direção ao elevador, provavelmente o homem que ficava conduzindo o elevador deveria saber onde ficava o refeitório, chamei o elevador, ele demorou uns minutos, mas apareceu, vazio, nem o homem estava nele.


 


_ Ótimo! _ eu falei para mim mesma _ Vou ter que arriscar.


 


E embarquei no elevador. Olhei para o painel onde ficava os números dos andares, sem saber qual apertar, mas para minha sorte ao lado dos números tinham escritos o que tinha em cada andar.


 


Tinha andares que eram de “Treinamento”, outro dizia “metrópoles” outro dizia “iniciação”, daquele botão eu passei longe, mas finalmente achei o que dizia “Escritórios / Laboratórios / Refeitório” que era no andar -13, dois andar acima do meu. Apertei o botão e senti o elevador subir.


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