Minha mãe não falou nada no caminho até em casa. Mas eu vi que ela estava chorando baixinho. Lágrimas ainda desciam pelo meu rosto e deixavam a minha visão embasada. Josh estava com a cabeça encostada no vidro, e de olhos fechados. Coitado, devia estar com sono. Já eram três e pouca da manhã, eu acho. Chegamos em casa e a minha mãe saiu do carro e entrou em casa rapidamente.

–Josh? – cutuquei o ombro dele

– Que é? – ele disse sonolento

– Já chegamos. Vamos para dentro.

Ele resmungou um pouquinho, mas saiu do carro junto comigo. Entrei de mãos dadas com ele e subi as escadas. Arrumei a cama dele que estava toda bagunçada pelo fato de ele se mexer de mais a noite. Ele se deitou e eu o cobri. Sentei na pontinha da cama e disse baixinho:
- Você acredita em mim não é?

– Acredito Mel. Você é minha irmã. – sorri e ele continuou – E acho que você não seria burra de mentir sobre isso de novo. Nunca mais.

– Obrigado por isso. – me levantei e fui em direção à porta.

– Boa noite. – ele disse enquanto se acomodava

– Boa noite. – falei e encostei a porta.

Fui andando até a porta do quarto da minha mãe e fiquei parada, tentando arrumar coragem para falar com ela, isso se ele quisesse falar comigo. Suspirei e bati levemente.

– Mãe? – ela não respondeu – Podemos conversar?

Demorou um tempo até ela responder com a voz rouca:

– Não há nada para conversar. O que está feito está feito. E você terá que aceitar as consequências.

– Acontece que você saiu cedo demais da delegacia e não escutou o que o policial tinha a dizer. – eu sabia que ela tentaria fugir desse acontecimento. Porque uma das coisas que eu puxei da minha mãe foi o fato de não admitimos quando estamos erradas. E ter de pedir desculpas por um erro, é um sentimento que nós odiamos.

– Nada do que ele tenha dito vai mudar o fato de você ter mentido. De você não ter pedido permissão para sair de casa e de ter saído escondido para uma festa, o tipo de festa que eu disse que você nunca mais poderia frequentar. – eu disse que ela iria fugir da minha fala

– Mas eu não sabia como era a festa. A Ryan disse que era uma fogueira de volta as aulas onde os alunos iriam para comemorar.

– Ah. – ela riu secamente – Ryan. Você também está proibida de vê-la.

– Mas a gente estuda na mesma escola!

– Eu quis dizer que não quero que você seja amiga dela.

– Mas ela não sabia que você não tinha me deixado ir. Eu disse que você tinha.

– Esqueceu-se do que eu disse sobre não ter nada para conversar? – ai meu Deus! Ela me deixa maluca às vezes! Como não vamos conversar sobre isso?

– Mas a gente tem que conversar.

– Eu estou cansada. Amanhã tenho que acordar cedo. E você também. Vai dormir.

– Tudo bem. – não adiantava discutir. – Boa noite.

Ela não me respondeu. Fui para o meu quarto e tomei um banho. Precisava me acalmar. As minhas lágrimas se misturaram com a água quente do chuveiro. Sai do banheiro e coloquei meu pijama. Entrei na cama e olhei para o relógio. Já eram cinco horas da manhã. Já teria que acordar daqui a pouco mesmo para ir para aula. Mas mesmo assim. Fechei meus olhos e pensei.

Ah! O quê que eu vou fazer???