Os Vingadores: Blackout escrita por Tenebris


Capítulo 18
Tempo




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E o tempo passou. Quase dois meses.

Ao contrário das previsões de Odin e dos Vingadores, os Jotuns não fizeram nenhum ataque perigoso. Faziam pior do que se tivessem atacado Asgard subitamente. Os Gigantes estavam estudando o território e o Exército asgardiano. Tentavam descobrir tudo o que era possível para atingir essa magnífica terra e dominá-la.

Diferentemente de outros ataques ocorridos há tempos, agora não havia somente força. Mas sim, inteligência. Os Jotuns, ao contrário do que sempre fizeram, agora traçavam uma estratégia. Por isso demoravam tanto para atacar.

Não raramente se via alguns Jotuns aleatórios tentando invadir o perímetro de segurança do Palácio. Nesses casos, os Gigantes eram sempre interceptados e destruídos. Porém, isso não tirou a desconfiança de Odin. O Rei acreditava que o filho poderia ter algo a ver com isso. Ele desconfiava... Loki deveria ser o mediador entre Menglod e Asgard. Deveria estar se comunicando com o Rei Jotun por algum meio desconhecido... Por isso, o Rei Asgardiano redobrou a vigilância em seu filho. Loki não havia de traí-lo debaixo de seus próprios olhos...

Dessa forma, os Vingadores, se já não estavam acostumados, estavam pelo menos conformados a passar o tempo que fosse preciso em Asgard. Não que fosse difícil, mas os treinamentos eram cada vez mais intensos e a ameaça iminente de um novo ataque pairava no ar sobre todos.

Anne repetia a mesma rotina todos os dias. Isso incluía treinar pela manhã com os Vingadores e com o Exército Asgardiano, parar para almoçar, e depois treinar a tarde toda com foco em Loki. Ela nunca ganhava do deus em duelo algum, e sentia que ele estava se aproximando cada vez mais dela, deixando-a conturbada e movida por sentimentos que ela sequer distinguira. Além disso, a relação dela com os outros Vingadores agora era pura amizade. A exceção de Gambit, que às vezes dava algumas investidas que Anne preferia ignorar, sem saber exatamente por que.

Ora, é sabido que a convivência tem o poder de juntar pessoas que tendem a se odiar. Convivendo juntos, tornou-se inevitável. Anne estava conhecendo Loki – ainda que superficialmente -, como ele era. Ou como ele aparentava ser. Na primeira noite em que Anne soube que dormiria no quarto do deus, tudo transcorreu relativamente bem. Contudo, nada poderia ser perfeito.

Anne continuava a ter o mesmo pesadelo, e sempre acordava com a sensação de Loki tê-la tirado do horrível torpor. Na primeira semana, apavorou-se e cogitou contar a Natasha sobre seu sonho, mas sentiu-se tão ridiculamente estúpida que não falou nada. Acabou que, depois de dois meses sonhando a mesma coisa, ela acostumou-se. Era assim... Sensações de medo, pavor, de veneno sendo injetado diretamente nela, e o olhar de compaixão de Loki. O deus sempre vinha resgatá-la... O mais estranho nesse sonho era que Anne só se sentia bem e segura depois que o deus a visitava em sua mente... A exata mistura de um sonho com um pesadelo. Ainda assim, Anne desconfiava de que o deus sabia dos pesadelos dela... Porém, sempre que Anne acordava e o observava, Loki estava com a mesma expressão displicente e segura de si. Nenhum traço de que revelaria a verdade, mas toda a evidência de que sabia de algo.

Enfim, ela achou que seria mais difícil lidar com a coisa toda, mas, em geral, Loki mais parecia querer fazer perguntas do que atrapalhá-la de fato. Assim, enquanto treinava em uma manhã, pensando nesses últimos meses confinada em outra dimensão, Anne refletia. Lembrou-se com pesar dos irmãos... Da saudade imensa que sentia. Mas sabia que eles estavam bem. E lembrou-se da primeira noite no quarto de Loki.

Anne tinha tomado um banho no quarto de Natasha e pegara algumas roupas para dormir. Um roupão de seda dourada confortável e recatado. Ainda não se sentia a vontade para tomar banho em seu próprio quarto. Depois, dirigiu-se para o recinto, encontrando o deus da trapaça deitado preguiçosamente com as mãos atrás da cabeça. Não vestia roupa específica, e Anne deduziu que o deus não dormia. Apenas descansava.

- Reino de Licht, então? – Indagou Loki, os olhos verdes cintilando de interesse.

- Perdão? – Replicou Anne, deitando-se em sua cama.

Virou de lado, deitada, a fim de encarar o semblante do deus.

- Quer dizer que você é descendente da Rainha Evelyn. Eu não esperaria... Você deve ter muito poder... – Fantasiou Loki, e era como se uma chama verde bruxuleasse em seus olhos.

- Será que é só isso que interessa pra você? Poder? – Disse Anne, ligeiramente irritada.

- O que mais me interessaria, Senhorita Stein? – Devolveu Loki, o mesmo olhar frio que recebera da garota de antemão. – Você nunca me disse qual era seu poder.

- Não pretendo dizer. – Afirmou ela. Loki riu.

- O que poderia temer? Anne... – Falou o deus, pela primeira vez pronunciando o primeiro nome de Anne.

- Nada. Só não vou te dar ainda mais vantagem, Loki. Você já ganhou o duelo de hoje à tarde. – Respondeu a outra.

- Então é isso? Não se preocupe. Eu sei lidar com sua rejeição. Fui tratado assim a minha vida inteira. Provavelmente, a conversa mais longa que já tive com uma mulher foi essa. – Disse o deus, cuspindo as palavras como se elas fossem feitas de fogo.

Anne observou Loki com um ar misterioso, intimamente rindo da situação.

- Está tentando me impressionar, deus da trapaça? – Perguntou ela, um tom falsamente lisonjeado na voz.

- Acho que... Sim. Bom, talvez. – Replicou o deus, rindo. Anne não evitou e riu também.

E eles riram por um bom tempo. Provavelmente, era a primeira risada sincera entre eles em meses, e que não fora irônica. A primeira risada de Loki após sua prisão que não continha de fato maldade. Talvez um pouco de desejo, simplesmente. Pelo menos naquele momento.

- Não me impressiono fácil, Loki. – Avisou Anne, ainda rindo.

Fora um momento de leveza tão agradável que Anne começou a pensar em Loki de outra forma. Porém, quando se lembrava de quem era o deus realmente, tudo se desvanecia em sua mente. Não daria progresso ao que imaginara.

- Eu percebi. – Continuou o deus. – Ainda tenho tempo. Talvez nos próximos duelos eu consiga impressioná-la. Essa é a nossa aposta.

- Aposta? Já chegamos a esse ponto, deus da trapaça? – Indagou Anne, fingindo ultraje.

- Feito? – Perguntou Loki.

Ele tinha a expressão divertida e o fato da aposta iluminara seu olhar, mesmo na escuridão do quarto. Anne tivera, então, de admitir para si mesma. Sentia uma inegável atração pelo deus. Não sabia se isso partia dela, ou se partia de alguma espécie de efeito específico que o deus incitava nela. Mas, sim, ela se sentia atraída por ele. Esse jeito misterioso, ressentido, ávido por uma vingança que não podia controlar. O fato de Anne nunca ter certeza de nada quando estava com ele. Era tudo isso o que ela sentia. E esses sentimentos originavam outros, que se enraizavam nela e se tornavam impossíveis de se desvencilhar. Anne tentou do fundo de seu coração ignorar tudo isso. Porém, com mais avidez tentava ignorar, mais acabava pensando em Loki. Talvez o deus tivesse algo de bom dentro de si, ainda que ínfimo. Fixou-se nesse pensamento, que tanto a atraía. Anne nunca tinha certeza de nada quando estava com Loki... Tudo era imprevisível. Surpreendentemente imprevisível. Até mesmo ela, que já não sabia se tinha pleno controle de atitudes futuras.

Depois que todas essas reflexões perpassaram por sua mente, ela sorriu com ligeira culpa. Sustentou os olhos verdes do deus com os seus olhos castanhos e puros. Respondeu, simplesmente:

- Feito.

Outro dia transcorreu normalmente. Mais treinamento, a apresentação de uma nova formação do Exército, algumas reuniões com Fury e muito cansaço. Anne treinara com afinco, secretamente ansiando pela tarde em que treinaria com Loki. Ajeitou os cabelos, presos em um rabo de cavalo simples, e olhou-se no reflexo de um escudo para parecer mais apresentável.

Em vão. O deus, sabe-se lá por que, faltara ao treino. Ninguém pareceu dar por falta dele, e ninguém deu nenhum aviso. Dessa forma, Anne achou melhor não perguntar o que teria sucedido ao deus. Pareceria interessada e envolvida demais. Assim, ela ganhou umas horas de folga. Usou o tempo disponível para dormir.

Não sem antes, obviamente, pensar em Loki. Eram tantos jeitos de agir para um só homem. Loki a tratava mal, para depois tratá-la bem. Ora eles discutiam, ora conversavam amigavelmente. Loki mostrava-se fiel a Odin e aos treinos, ou sumia-se sem deixar vestígio, parecendo estar envolvido com os Jotuns. Aliás, disso Anne tinha certeza. Loki tinha alguma coisa a ver com os Gigantes de Gelo. Nesses sumiços, o deus deveria estar contatando o Rei Menglod, e essa ideia fez Anne suspirar. Não queria que o deus tivesse ligação com isso. Mas ele tinha, e isso tornava o futuro do deus ainda mais irremediável. E o futuro de Anne e Loki ainda mais distante e incerto, como um borrão no horizonte do céu dourado.

Enquanto dormia, garantindo minutos de paz silenciosa, Anne foi acordada pela voz grave de Natasha, que batia as mãos na porta nada delicadamente.

- Anne! Você está aí?

- Natasha? – Chamou ela, com a voz sonolenta.

- Levanta. Posso entrar? – Perguntou Natasha, mas não esperou resposta. Abriu a porta e aproximou-se de Anne.

- Aconteceu alguma coisa? – Indagou a outra.

- Odin anunciou uma festa no jantar. Parece que mataram o General dos Jotuns, ou algo assim. Só sei que esse Gigante tentou invadir os limites de segurança do Palácio e Thor o interceptou. – Contou a Viúva.

Então Anne reparou. Natasha trajava um belo vestido preto que acentuava-lhe as belas curvas. Anne esfregou os olhos rapidamente e perguntou:

- Você ainda tem aquele vestido branco no seu quarto?

Todos jantavam amigavelmente no Salão Principal ao som de muita música.

Além disso, todos no local, desde nobres, soldados até os próprios Vingadores, usavam uma roupa apropriada para a ocasião. Stark tinha um arsenal de piadas sobre o terno estranho que tivera de usar.

Então, Gambit chamou Anne para um passeio. Todos na mesa abaixaram os olhos, entendendo que não seria um simples passeio. Até mesmo Stark fez um sinal de positivo com a mão e Anne percebeu que teria de ir.

Ela caminhou com Gambit silenciosamente pelo Palácio, observando a decoração dourada que cobria as paredes. Tudo estava de fato muito lindo e animado. Eles pararam em uma sacada bem ampla, com o piso de mármore bege, iluminados somente pela luz das estrelas e envoltos pela noite amena. Havia poucas pessoas no local, uns três ou quatro casais. Anne entendeu o que isso significava.

- Faz tempo que nós não nos falamos. – Disse Gambit, sorrindo.

- Pois é... Tudo ficou meio louco depois que viemos para cá. – Comentou Anne, mordendo o lábio por distração.

- Na verdade, se me permite dizer, tudo ficou meio louco depois que você apareceu. – Completou Gambit.

Anne sorriu, ligeiramente sem graça.

- Às vezes, nem eu acredito. – Disse ela.

- Nem eu. – Replicou Remy, mas olhava tão ardentemente para Anne que ela não teve certeza se eles respondiam à mesma pergunta.

- Estou com sede. – Disse Anne, afastando-se de Gambit. Era óbvio que ele queria beijá-la, e agora parecia consternado pela aparente fuga da garota.

- Vou pegar alguma coisa. – Avisou Gambit, afastando-se com as mãos no bolso do casaco marrom.

Anne suspirou aliviada. Não que não gostasse de Gambit, porque ela gostava. Ela só não queria ir muito além disso. No primeiro beijo deles, estava bem claro que tudo fora questão de interesse físico e afinidade. Anne não se sentia pronta para ir mais longe do que isso. Ademais, tinha Loki... Anne não quis fazer nenhum tipo de associação, mas foi inevitável pensar no deus. Porque ele sempre invadia os pensamentos de Anne e fazia ela se complicar ainda mais em relação a seus sentimentos? Mesmo porque Anne nunca tivera intenções com Loki. Isso simplesmente surgira. Não fora um interesse que ela quisesse ter provocado, pelo contrário. Foi algo construído por sentimentos inexplicáveis e invisíveis. Talvez essa fosse a verdadeira atração, aquela que naturalmente acontecia.

E foi pensando nisso que o deus apareceu.

Anne disfarçou, olhando casualmente para o céu infinitamente estrelado. Só então reparou que naquela sacada não havia mais ninguém. Os outros casais tinham ido embora. Havia apenas ela e o deus. Gambit ainda não voltara. Anne continuou a fingir que não tinha notado nada, quando Loki aproximou-se e a chamou:

- Perdida por aqui, Senhorita Stein?

- Ah, oi Loki... – Disse ela timidamente. Não se sentia à vontade com ele depois de ter pensado em Loki de forma tão invasiva.

Aliás, ele estava absurdamente lindo.

Os cabelos pretos e finos caíam-lhe lisos até os ombros. O rosto pálido e tenro do deus trazia a aparência marmórea de sempre, com os olhos verdes profundos e estonteantes. A roupa era preta, verde e dourada, muito parecida com a que ele normalmente usava, porém mais rica em detalhes. E o sorriso... O sorriso deixara Anne boquiaberta. Os dentes luzidios cintilaram quando o deus sorriu lateralmente, daquele jeito tão próprio... Mas o comportamento. Isso sim chamava a atenção de Anne.

Era esse o Loki que permeava seus sonhos, salvando-a e a tratando bem. Esse Loki educado e divertido, que não fazia ataques irônicos e grotescos a ela. Era esse o Loki que ela gostaria de conhecer ainda mais.

- Sabe, geralmente as damas vêm até esse lugar quando estão acompanhadas. – Disse o deus em tom brincalhão.

- Eu não gostaria de estar acompanhada hoje. – Murmurou Anne, revirando os olhos. Não se referiu a ninguém em particular.

- Devo retirar-me? – Disse o deus, fingindo estar ofendido. O sorriso dele indicava que a última coisa que faria era retirar-se dali.

- Não quis dizer isso... Estou cansada demais para uma festa. – Comunicou Anne, encostando-se em uma mureta de pedra.

O silêncio pairou no ar durante alguns segundos até Anne perceber que Loki a olhava incisivamente, como se a percorresse por inteiro com seus olhos cintilantes.

- O que foi? – Indagou ela, constrangida.

- Não tive oportunidade de dizer o quanto você fica linda com esse vestido.

Anne, mais surpresa com a atitude do deus do que nunca, voltou-se para ele estupefata.

- Você realmente levou essa aposta a sério. Conseguiu me impressionar, Loki. – Riu ela, ligeiramente desconcertada. – Você não faria esse elogio para ninguém, muito menos para mim.

Loki aproximou-se e falou, quase que sussurrando:

- Como pode saber? Sou ex prisioneiro, sou o “vilão” da história, e já cometi muitos crimes por egoísmo. Mas sou homem, Senhorita Stein. Sei reconhecer uma bela mulher quando vejo uma.

Anne fitou Loki durante algum tempo. Não pôde negar que uma pontinha de esperança surgiu dentro dela.

- Parabéns, senhor deus da trapaça. Obrigada pelo elogio, se for verdade. Se não for, você ganhou a aposta do mesmo jeito. – Comentou Anne, deixando o deus se aproximar.

- Na verdade, pretendo impressioná-la de outra forma. Concede-me esta dança? – Perguntou Loki, estendendo a mão para Anne.

Foi só aí que ela percebeu que uma balada romântica tocava ao fundo, ao som de harpas e outros instrumentos. O som estava meio distorcido porque vinha de dentro do palácio, mas ainda assim era excelente para se dançar.

- Uau. Segunda vez que você me surpreende. Aceito seu convite.

Anne fez uma reverência e se entregou ao deus, que colocou as mãos delicadamente sobre a cintura dela, trazendo-a mais para perto. Anne não sabia dançar, mas tanto fazia. O deus a conduziu muito bem, e Anne só precisou fixar seus olhos nos olhos verdes e límpidos de Loki. Simplesmente não parecia que aquilo era real. E Loki, bem, ele resolvera algumas pendências em relação à Anne.

Tinha a mais absoluta certeza. Ela era a garota dos seus sonhos, da sua profecia. A garota que o levaria a dominação completa. Dessa forma, aproximara-se dela por mero interesse. Porém, quando Anne começou a ter pesadelos e a sofrer pela presença maligna do deus, Loki não pôde vê-la agoniar daquela maneira.

Ele não gostava de ver Anne sofrer. E o resultado disso era que Loki, o causador dos medos em Anne, tentava cuidar dela sempre que podia. Ainda que Anne não soubesse de nada, uma vez que era Loki quem sempre a acalmava quando Anne tinha pesadelos. Ela não sabia que era o deus quem a mantinha bem...

E agora Loki tinha um misto de sentimentos por ela: Tinha interesse, era óbvio. Mas além disso, ele a queria bem. Era o suficiente para definir isso. Loki não usava em seu vocabulário palavras que remetiam a sentimentos bons e felizes, como “gostar”... Portanto, Loki sentia algo a mais por Anne. Ele não queria descobrir o que era, mas a presença de algo novo era perceptível. Por isso, uniu o útil ao agradável. Anne lhe atraía em todos os sentidos. Ora, ela era muito bonita e perspicaz, além de muito poderosa. E Loki era homem, com necessidades a satisfazer.

 Então, poderia conseguir com ela tudo o que precisava para dominar o Universo e conseguiria satisfazer-se enquanto ser humano. Ele gostava dela, precisou admitir de uma vez por todas. Mas nem por isso largaria seus planos. Simplesmente não queria vê-la sofrendo e odiava a possibilidade de alguém feri-la. Havia também um pouco de posse. Loki queria Anne somente para si e para mais ninguém.

- Tão poderosa... – Comentou Loki.

Ele e Anne estavam abraçados, dançando lentamente pela sacada, cobertos pela noite parcialmente iluminada.

A cabeça de Anne estava encostada delicadamente no peito do deus, de modo que Loki podia sussurrar no ouvido de Anne sedutoramente. Em nenhum momento ele pensou em Menglod ou na profecia. Havia mais sentimentos do que o interesse propriamente dito, pelo menos ali e naquele momento.

- Está aqui somente pela minha linhagem, Loki? – Perguntou Anne em tom de brincadeira, mas temendo verdadeiramente que isso se confirmasse.

- É que isso é simplesmente fabuloso... Desculpe-me se pareço invasivo, mas não posso mais me controlar. – Replicou o deus, e Anne sentiu que cederia em qualquer aspecto. Ela desejava o deus.

- Agora, acho que posso exigir o pagamento, já que ganhei a aposta. – Disse Loki, ainda conduzindo Anne pela sacada.

- O que deseja? – Disse Anne, desencostando-se do peito de Loki e colocando as mãos no pescoço dele, acariciando-o. As pálpebras de Loki tremeram levemente ao toque de Anne em seu pescoço descoberto.

- Tem certeza de que não sabe a resposta? – Indagou Loki, aproximando seu rosto na face de Anne.

Ela arrepiou-se.

O deus respirava suavemente no pescoço dela, retribuindo as carícias. O hálito dele ressoou delicadamente na pele de Anne, levemente gelado e fresco. A ponta do nariz do deus percorreu o pescoço de Anne até sua orelha. Loki envolveu suas mãos na cintura de Anne, trazendo-a mais para perto.

Anne não conseguiu esboçar reação. Mas ela queria. De fato, assim como Loki, ela deixou-se guiar por seus desejos e sentimentos, ainda que não tivesse como nomeá-los ou defini-los.

- O que está acontecendo aqui? – Disse uma voz transtornada.

Era Gambit. Anne e Loki separam-se, aturdidos, encarando quem os interrompera. 


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