O dia estava chuvoso, com uma brisa gelada que deixaram meus cabelos cacheados rebeldes. Tomei meu café da manhã e liguei para Vee, minha melhor amiga. Pedi para que ela me buscasse e me desse uma carona para o colégio. Já que uma menina de 17 anos que não tinha um carro e ainda morava com sua mãe.

Vee chegou e fomos para o colégio.

– Sério isso? – Vee perguntou.

Olhei para a sala, tinha uns 5 alunos novos. O resto era de turmas passadas.

– O que Vee? – perguntei.

Ela me olhou e falou:

– Dá uma olhada nisso aqui Luce – ela apontou para a sala – queria conhecer pessoas novas!

Sentei-me ao lado dela e respondi:

– Tem pessoas novas, não esta vendo? Acho que pelo menos umas 5 pessoas novas – falei – é só fazer amizade.

A primeira aula foi física. Primeira aula do ano começou bem.

– Ok professor – um aluno do fundão falou – quando vamos fazer algum trabalho divertido? Em grupo, de preferência.

O Sr. Tresh respondeu, com sua voz grossa:

– Agora mesmo Sr. Grint – quero que as pessoas que estejam sentadas a direita, pulem uma carteira para trás – o professor falou – e quero que anotem coisas sobre o seu par. Valendo nota, para a próxima aula. Podem começar.

Pulei uma carteira para trás e sentei-me ao lado de um menino que nunca tinha visto, não o tinha reparado desde que entrei na sala.

Nenhum de nós deu a iniciativa, bem, eu dei.

– Oi – falei, sem graça.

Ele não me encarou, nem sequer deu um sorriso.

– Oi – ele respondeu, seco.

Peguei minha lapiseira na mão e comecei a chacoalhar ela, já estava ficando impaciente.

– Bem... – falei – podemos começar? Como é seu nome?

Ele olhou janela a fora e não me respondeu.

– Olha aqui – comecei – eu preciso de nota, você não? Que bom pra você. Mais seria pedir demais você por favor, responder as minhas perguntas?

Ele deu um sorriso de canto quase impercebível.

– Obrigada – sussurrei – Bem... Como é seu nome? – perguntei.

Ele continuou encarando a janela, mais pelo menos respondeu.

– Patch.

Coloquei em meu caderno: “Patch. Não gosta de conversar. Tem sorrisos debochados.”

– Idade? – perguntei.

– Qual é a sua idade Luce? – ele falou agora me fitando.

Como ele sabia meu nome?

– Como sabe meu nome? – perguntei – e eu fiz a pergunta primeiro, qual a sua idade?

Ele deu uma gargalhada sem graça nenhuma e olhou a janela de volta. Ficou em silêncio.

– Patch, por favor – falei.

O sinal tocou. Ele saiu sem dizer nada, sem emoção.

– Olha... – Vee falou se juntando comigo no corredor – até que gostei desse primeiro dia.

Coloquei meus livros de volta ao armário e sussurrei:

– Gostaria de poder dizer o mesmo.

Path estava dobrando o corredor e reparei em suas roupas. Ele usava uma blusa branca de manga comprida, que deixava seus músculos expostos, uma calça jeans e all-star. O único acessório era um boné azul.

– Ok – Vee falou ligando seu carro – vamos para onde?

Me joguei no banco de passageiro e coloquei o cinto.

– Para qualquer lugar... – respondi.

Vee e eu estávamos indo até uma lanchonete, a Dinner’s.

– Quatro Dunnut’s, por favor, com chocolate e caramelo – Vee fazia o pedido enquanto eu achava uma mesa vaga.

Me sentei e fitei a movimentação do lado de fora da lanchonete, até que alguém me cutuca pelas costas. Me viro.

Patch.

– Está me seguindo? – Patch perguntou, se sentando a minha frente.

Me arrumei na mesa e falei:

– Dá licença daí, minha amiga vai sentar ai.

– Não vou demorar – ele falou, dando seu mesmo sorriso torto.

Bufei. O que ele queria? Que eu falasse minha idade pra ele? Ou que lugares eu frequentava?

– O que você quer Patch? – perguntei.

– Acho que você precisa de nota em física... e você ainda não terminou o trabalho comigo – ele disse – me encontre hoje no Grine’s bar às 22:00h. Segundo andar. Não se atrase, Luce – ele se levantou – ahh, sei sua idade, é 17, certo? Anjo.

– Não vou me encontrar com você! – falei.

– Ou é me encontrar ou adeus nota de física – ele falou sorrindo.

Não tinha resposta, física era a matéria que eu mais precisava de nota. Tinha que ir. Teria que me encontrar com Patch, aquela noite.