Neko no Noroi escrita por Nacchan


Capítulo 6
Capítulo 6




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 Enfim chegamos as Terras Centrais sem problemas, deixamos o senhor de terras em segurança na sua mansão e, ao voltar para o alojamento, Satore-san falou, me arrastando:

 - Vou fazer o relatório da missão com o Yoshi-chin, venha comigo, Garu-chan.

 Iria receber uma bronca, obviamente.

 - Claro, Satore-san. – E sorri falsamente.

 - Ah, Kanro, venha também~

 Kanro nos seguiu e então fomos para a sede de todo o governo da Terra Central. Não me era novidade, aquela construção grandiosa e deslumbrante, aquele ar de poder, toda aquela segurança... E a pessoa mais importante de lá estava na torre central, no último andar, uma sala linda, com vista para o horizonte de todos os lados. Yoshifumi-san estava tranquilamente sentado numa poltrona atrás de uma mesa concentrado virando e virando um cubo-mágico, parecia difícil. Ele sempre permanecia com os olhos fechados, ou entreabertos, basicamente não dava para perceber se ele estava realmente nos vendo, seus cabelos longos cabelos loiros ainda estavam amarrados em um rabo mal feito, quase solto, cobrindo-lhe parte do rosto... Bem, desde a última vez que o vira, não mudara nada. Ainda mantinha aquela expressão falsa de um sorriso sarcástico, uma expressão como de quem procura morte.

 - Garu-chan! Onde esteve todo esse tempo, fiquei com saudades!

 Simplesmente sorri, com um pouco de repulsa. Kanro, que estava do meu lado, observada a cena meio desnorteado, para ele, eu era simplesmente um ninguém que apareceu do nada, mas, mesmo sendo um ninguém, a pessoa mais importante de que ele tinha conhecimento, me tratava dessa forma... Imagino que ele tenha pensado em muitas coisas.

 - Yoshi-chin, capturamos alguns dos que tentaram assassinar o senhor de terras, então você vai cuidar deles, né? – Disse Satore-san, sorrindo. – Kanro-chan, libere-os.

 Kanro ficou meio sem reação no momento, mas não demorou em juntar as mãos e começar a falar aquela língua antiga... Suponho que em algum momento que eu não tenha percebido, Kanro prendeu os inimigos que havíamos conseguido capturar em alguma dimensão paralela da qual ele tenha controle. Passou um minuto e o contorno da porta começou a tornar-se mais nítido, até que tivesse realmente concretizado. Ele girou a maçaneta e puxou a porta, mostrando um meio translúcido, gelatinoso e num tom violeta. Kanro esticou seu braço para dentro desta dimensão e puxou um por um os doze inimigos que tínhamos nocauteado.

 Foi nojento, aquele meio parecia realmente gelatina, saíram pálidos, a princípio achei que estivessem mortos, mas parando para reparar ainda dava pra ouvir batimentos bem lentos, pareciam mais em coma ou anestesiados... Enfim, logo que todos já estavam dispostos pelo chão daquela sala magnífica, Satore-san olhou sorrindo para Kanro e disse:

 - Obrigado, Kanro-chan, mas agora poderia voltar para o alojamento?

 - Claro. – E se apressou em sair dali. Obviamente também entendia que tínhamos que conversar seriamente e que ele só tinha sido intimado a nos acompanhar para deixar aqueles rapazes lá.

 Logo que Kanro saiu, Yoshifumi-san levantou-se de sua poltrona, largou o cubo mágico e estalou os dedos duas vezes, então algumas das presenças que estavam ocultas mostraram-se. Quatro homens de grande porte saíram das sombras e foram em direção ao meio da sala, onde estavam os doze desacordados. Cada um segurou três deles e então todos sumiram tão rapidamente quando apareceram.

 Yoshifumi-san sorriu como de costume e estendeu a mão apontando para duas cadeiras a sua frente:

 - Não desejam sentar-se?

 Não sabia ao certo se essa era uma gentileza ou uma ordem. Enfim, sentamo-nos.

 - O que aconteceu? – Sorriu medonhamente.

 Satore-san contou tudo o que tinha acontecido seguindo a perspectiva dele, obviamente. Pulando algumas partes que talvez achasse desnecessárias... Ao cabo de vinte minutos, ele contou o que passamos naquela viajem.

 - Garu-kun, tudo bem matar, tudo bem ter seu próprio jeito de batalha, mas tente não traumatizar as pessoas que são normais, que conseguem viver nessa “paz”.

 Sim, claro, a paz que um governo tem que proporcionar para as pessoas normais... Paz esta que custa a miséria do dobro de outros... Paz esta que só pode ser feita em pequenas proporções... Paz esta tão instável que o assassinato de alguns já os deixam traumatizados...

 Bem, como Yoshifumi-san era meu benfeitor, simplesmente me desculpei e falei que tentaria não fazer mais isso. Pensei comigo mesmo que se tivesse que matar alguém, iria fazer os Viginti desmaiar e depois matá-lo, livrando-me do corpo antes que eles acordassem... Assim talvez a inocência deles não seria afetada e também não teria problemas com Yoshifumi-san.

 Como sempre, ele sorriu. Porém este parecia algo mais amigável. Me senti mal. Depois disto, continuei lá só ouvindo o papo dos dois, o que foi entediante. Depois de duas longas horas, eles ainda conversavam como se tivessem passado apenas dois rápidos minutos, será que posso simplesmente me levantar e sair sorrateiramente? Bem, não tive tempo o suficiente para por meu plano em ação, logo que a única porta atrás de nós fez um barulho, como alguém que batesse nela, pedindo permissão para adentrar. Yoshifumi-san logo pediu licença e disse em alto tom, para a presença que atrás da porta esperava:

 - Entre.

 E um subordinado abriu lentamente a porta, entrando com uma bandeja, onde repousava um envelope.  O rapaz foi até onde ele estava sentado, naquela magnífica poltrona e estendeu a bandeja. Yoshifumi-san pegou o tal envelope e fez um sinal com a mão, que logo o subordinado entendeu como uma dispensa, assim saindo da sala por aquela mesma porta, fechando-a logo a seguir.

 Um breve momento de silêncio se fez enquanto Yoshifumi-san lia o tal envelope. Quando ele acabou, dobrou o papel escapando uma leve gargalhada e então jogou-o já amaçado sobre sua mesa, olhou para nós e disse, sempre sorrindo:

 - É sobre o interrogatório daqueles que vocês trouxeram.

 - Bem, se eles falaram assim rápido, imagino que não valham nada. – Disse.

 - De certa forma é verdade... Mas, então, descobrimos algumas coisas deveram interessantes~ - E, sadicamente, lançou-nos um olhar. – O senhor de terras não é exatamente quem parece ser.

 Ele contou tudo o que havia descoberto e então me liberou para ir. Satore-san continuou lá, talvez ainda houvesse algo a ser tratado que era confidencial o bastante para que eu não possa ouvir. Ainda era cedo e eu poderia andar por aí mais um tempo antes da janta, porém só de imaginar a confusão que seria caso Satore-san chegasse antes de mim... Aposto que Mayumi iria surtar...

 Fui pelo caminho mais rápido até o alojamento, passando por algumas vielas desertas. Depois de algum tempo, notei que algo me seguia e sabia bem o que era. Pior de tudo, não era um, e sim vários. Odeio andar por caminhos assim por que isso sempre acontece. Olhei para trás e tinha uma diversidade enorme, um amarelado, outro branco, um preto e outros com manchas, uns maiores, outros mais gordos, tinha até um ferido. Suspirei e dei meia volta, dando atenção especial ao ferido. Todos os outros me observavam quietos até que eu acabasse de enrolar um pedaço de pano no pequeno corte em sua pata, ele, se levantando, simplesmente miou; e isso foi o suficiente para todos os outros gatos fazerem uma comoção geral indo ao meu encontro.

 - E-ei, saiam de cima! – Falei baixo, para que ninguém ouvisse e me julgasse louco, apesar de que não havia ninguém por perto...

 Ou isso achava.

 Senti uma leva picada no meu pescoço, isso certamente não era um bom sinal. Rapidamente estendi minha mão até o lugar e retirei um dardo. Meu corpo começava a pesar, já não conseguia me mexer, o dardo foi ao chão e eu logo após.

 Gatos sempre me trouxeram azar.


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