“ - Alô, Lisa?! Você está aí? Faz tempo que não nos falamos. Como você está? Como vão as coisas na facul? Quando puder me liga, tá? Bjs”

“Ainda guardo as fitas da secretária eletrônica. Apenas para ter a pequena ilusão de que você ainda está aqui, muito embora essas fitas me lembrem do meu maior erro.

Sim, eu estava lá. Sim, eu não atendi porque não quis. E sim, eu nunca me perdoei por isso.”

Boston, Massachusetts – 07/11/2008

Oi Sarah,

Eu sei que pareço uma louca escrevendo cartas que você nunca poderá ler. Mas, como já disse antes, não consigo deixar de falar contigo. Ultimamente não tenho falado muito com ninguém, apenas com o Will. Ele tem sido um bom companheiro. A gente só sabe o quanto alguém nos ama quando estamos na pior e, em vez de se afastar ou cobrar melhoras, esse alguém nos espera, segurando a nossa mão e enxugando as nossas lágrimas. Mas só há uma maneira de saber o quanto amamos alguém: quando esse alguém que amamos vai embora para sempre. Eu sou do tipo de pessoa que nunca valorizou o que possuía, mas após perder você eu aprendi finalmente o valor que as coisas têm. Você sempre soube valorizar o que tinha, não é? Você perdeu algo valioso muito cedo e isso te ensinou a amar e cuidar do que você tinha. Agora eu te entendo Sarah. Agora que te perdi.

Eu nunca tive muitos amigos, você sabe. Sempre fui aquela garota descolada, mas que “viajava” demais. Acho que você foi a única que conseguiu me aturar por mais de um mês. Você e o Will, mas ele não conta, já que virou meu namorado, o que requer muito mais paciência da parte dele.

Quando você se mudou eu achei que finalmente você tinha se cansado de mim. Pensei comigo mesma: “todos se cansam, ela também cansou”.

Ah, como eu estava errada!

Sei que por mais que eu repita essa frase, você nunca vai ouvi-la, mas meu coração precisa dessa ilusão: Me perdoa, Sarah.

Lisa Kent