O Diário De Catherine escrita por Anna Beauchamp, Eline Guerra
Notas iniciais do capítulo
Aproveitem enquanto podem, pessoal! Sdds dos comentarios da Nathalia. Bjuusss *-*
Acordei sentindo uma dor terrível na cabeça. Eu estava confusa, onde eu estava? Olhei em volta identificando o lugar, ali estava a mesa, o computador, a luminária e...tio Ben, que agora estava amarrado. Eu estava no porão. Senti um nó se formar em minha garganta ao lembrar dos acontecimentos anteriores. Ele estivera ali o tempo todo e eu não percebi, não desconfiei. O anel com as iniciais dele - Charles Hoffman -, o fato de que ele nunca estava em casa quando eu via o assassino e também, ele tinha a chave da casa, ele usou minhas digitais na janela e me incriminou. Como alguém podia machucar tanto a própria filha?
Me sentia traída, magoada, zangada. Como ele pôde?
Olhei para o lugar, que se encontrava totalmente escuro, a única luz ali era a da fresta da porta.
Minha respiração era pesada e acelerada. Senti algo pesado se apoiar em meu ombro e soltei um grito baixo de puro terror.
Estreitei os olhos para enxergar melhor e reconheci o rosto com curvas suaves, os cabelos longos escuros como os meus e um arranhão na bochecha. Minha mãe estava amarrada e desmaiada ao meu lado. Percebi que haviam cordas me prendendo também, o que me fez entrar em pânico.
Do meu outro lado pude ver o cara alto e de cabelos castanhos. Tio Jesse.
Estavam todos inconcientes.
Então lembrei de James. Onde ele estava? O que acontecera com ele?
Senti que estava sozinha.
Ouvi um rangido que fez meu coração parar. Pude ver suas botas pretas descendo as escadas e logo ele estava na base.
Ele me olhou com um ar curioso, como um gato que olha para um rato.
Aquele não era o meu pai.
- Acordou, princesa? - disse ele.
Ele veio em minha direção e olhou para minha mãe. Ele puxou uma das cordas para tirá-la de cima de mim e então se abaixou e acariciou seu rosto com um brilho de obcessão.
- Vocês são muito parecidas sabia? - ele disse ainda contemplando-a - Exploradoras curiosas.
Eu não prestava muita atenção ao que ele dizia. Meus olhos ardiam e eu piscava frenéticamente tentando conter as lágrimas.
Então ele se virou para me olhar.
- Eu tentei avisar, Cat - ele dizia -, mas parece que você têm uma...dificuldade em obedecer.
Tentava não olhar para ele. Era assustador. Nunca imaginei que um dia eu teria medo do meu próprio pai.
- O que fez com James? - reuni coragem para perguntar.
Ele franziu a testa.
- Seu amiguinho? - ele perguntou num tom de deboche - Não sei.
Ele deu de ombros, mas parecia estar mentindo, estava zombando de mim. O que ele havia feito com James?
- O que fez com ele? - perguntei com firmeza.
Seu rosto pareceu mudar, ele havia endurecido.
- Você faz perguntas demais, princesa - ele respondeu - E eu ainda estou pensando no que vou fazer com você.
Arregalei os olhos. Ele não me mataria, não poderia fazer isso!
Ele me olhou com uma expressão vazia. O que estaria se passando pela cabeça dele?
Então ele começou a rir.
Fiquei confusa com a atitude dele. Gostava de ver o pânico nos meus olhos, o medo na minha reação. Me senti uma fracassada.
- Quem é você, afinal? - perguntei.
Ele pareceu quase humano por um momento, mas logo aquele brilho de obcessão voltou.
- Sabe, princesa - dizia ele -,não importa o lugar, o tempo...sempre vai haver uma "ovelha-negra" na família. Essa ovelha vai ser sempre esquecida ou desprezada - ele andou até o tio Ben, que estava caído e amarrado, e o arrastou até o outro lado da sala - Nessa família eu sempre fui o filho esquecido. Você por acaso se lembrou de mim, Cathy?
Engoli em seco. Não, pensei sentindo um pouco de vergonha.
- Aposto que não - ele disse com um pouco de mágoa na voz. Então se aproximou e abaixou me olhando bem nos olhos - Sabe, querida, nós dois somos muito parecidos; você é tão...decidida do que quer. E cá entre nós... - o canto de sua boca se ergueu em um sorriso jovem - Você é a minha ovelha.
Suas palavras me atingiam como pedras e a dor era tão real que era difícil respirar.
- Bom, vou ver se consigo encontrar seu amiguinho James - ele disse.
Senti meu coração bater novamente e uma pontinha de esperança nascer.
Ele girou sobre os calcanhares e subiu as escadas trancando a porta ao sair.
Eu precisava sair dali antes que ele voltasse. Percebi que estava prendendo a respiração e senti um fervor, como as tais borboletas no estômago, mas que me fazia entrar em desespero. Comecei a me mexer frenéticamente para me soltar das cordas. Depois de alguns minutos se tornou um esforço exaustivo e sem sucesso. Resolvi desistir, não fazia idéia de que horas eram e se James estava realmente vivo e andando por aí eu teria que esperar por ele ou por qualquer ajuda que pudesse vir até mim.
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