O Diário De Catherine escrita por Anna Beauchamp, Eline Guerra


Capítulo 18
Capítulo 18




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/333862/chapter/18

Já teve aquela sensação de que você não tem muito tempo? Quando as mãos ficam geladas, a pele se arrepia e você sente um formigamento na nuca?

Eu me sentia assim. Era quase como um ataque de pânico, um mau presságio ou algo parecido. O que eu tinha era quase uma certeza de que Ele estava indo para minha casa e esperava chegar lá o mais rápido possível a tempo de descobrir a verdade.

Deviam ser três e alguma-coisa da manhã. Ainda estava escuro, o sol não iria aparecer tão cedo.

Estávamos andando pela floresta com cautela para não dar de cara com nenhum policial ou testemunha. James parecia calmo e atento, muito diferente de mim. Eu estava a ponto de perder a cabeça e sair correndo.

Continuamos assim por um bom tempo, ora ou outra ouvíamos algum barulho, mas eram apenas animais como esquilos ou pássaros. A cada vez que um deles aparecia eu levava um susto, já estava ficando louca de preocupação, sentia um embrulho no estômago e tentava controlar minha ansiedade.

Finalmente chegamos, estávamos próximos da casa, no lugar onde eu havia desmaiado no dia anterior. As luzes estavam apagadas dando um aspecto de casa assombrada.

Respirei fundo, não sabia o que iria encontrar. Eles estavam vivos ou...mortos?

Só de pensar nessa possibilidade um nó começava a se formar em minha garganta. Engoli em seco tentando não chorar, afinal, não era hora para isso.

Olhei para James que tinha um brilho de curiosidade nos olhos. Devia estar tão ansioso quanto eu.

Comecei a andar em direção a casa sem ligar se James estava atrás de mim ou não, mas ele estava ao meu lado como sempre.

Quando cheguei a varanda ouvi um ruído como uma televisão ligada. Fiquei receiosa, quem estaria assistindo TV a essa hora? Imagens de vários filmes de terror misturados vieram em minha cabeça me deixando atordoada.

Abri a porta devagar. Se ele realmente estava lá eu precisava ter cuidado. Pude ver a TV ligada através da fresta, nela passava um programa que eu não fazia idéia de qual era, pelo fato de que ele estava passando àquela hora. Sentado no sofá, assistindo, estava um homem alto que eu não consegui identificar. Ele estava concentrado e não se movia.

Engoli em seco e abri mais a porta para entrar. James andava logo atrás de mim. Me aproximei da figura sentada no sofá, prendi a respiração e me preparei para o que viria a seguir.

- Pai? - disse surpresa, fazendo-o levantar os olhos assustado.

- Cathy? O que estava fazendo lá fora? - ele perguntou.

- Charles - chamou James, já que meu pai havia pedido para que ele não o chamasse de "sr. Hoffman" - Onde estão os outros?

Ele olhou em volta como se estivesse tentando se lembrar.

- Nos quartos - ele respondeu.

Então todos estavam do mesmo jeito de quando havíamos saído. Estavam bem e isso me deixava aliviada, mas não o bastante.

Então lembrei de uma pessoa que não estava no seu devido lugar.

- E o tio Ben? - perguntei - Ele estava dormindo no sofá.

Ele parecia estar com a mente distante, parecia pensativo e desconcentrado.

- No porão.

Franzi a testa.

- No porão? - perguntou James.

Ele assentiu com total certeza.

Mas eu não estava tão certa assim. Tio Ben ainda era um suspeito, mesmo sendo meu tio.

Minha desconfiança devia ser muito evidente, porque James olhou para mim como se soubesse o que eu estava pensando. Mas meu pai parecia um tanto confuso, devia ser sono.

- Quer ir ver? Ele está lá - disse meu pai tentando me convencer.

Não lhe dei muita atenção, apenas me virei e andei em direção ao porão. Parte de mim tinha quase certeza de que era ele, mas a outra ainda estava com receio de errar.

James veio logo atrás de mim, não sabia o que estava se passando na cabeça dele e muito menos me lembrava se já havia dito a ele que suspeitava de Ben. De qualquer jeito ele devia saber que eu tinha minha lista de suspeitos e que um deles era alguém da minha família.

O tempo pareceu desacelerar. Minhas pernas pareciam pesar como chumbo.

Segurei a maçaneta e a girei. A única luz ali era a de uma luminária que ficava sobre a mesa, mas que eu não conseguia ver. Desci lentamente as escadas temendo o que poderia encontrar.

Abafei um grito ao ver o corpo de um homem caído no chão. Os cabelos loiros curtos familiares, na testa havia um corte superficial, provavelmente a consequência da queda. Corri até ele com o coração na boca. Ele estava morto? Coloquei a mão sobre o peito dele e senti o movimento dos pulmões. Ele estava respirando.

Ouvi a porta do porão se fechar. Levantei num salto, meu pai estava a minha frente, eu não entendia nada. Algo no rosto dele parecia surreal, os olhos dele pareciam brilhar, não sei se era tristeza ou ódio, mas era algo assustador.

- Me desculpe, princesa.

Senti algo bater em minha têmpora direita me deixando tonta. Cambaleei e senti algo cobrir meu nariz e minha boca e tudo girou. Senti um aperto no peito, era difícil respirar.

Era ele, meu pai era o assassino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aaaaaahhhhh o q acharam? comentem pliss bjuuuuuuuussss C=