Encontro com o Acaso escrita por Haki


Capítulo 5
Raios e trovões




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/33364/chapter/5

Encontro com o Acaso 

Capítulo 5 

Raios e Trovões 

_By Haki_ 
 

   - Ah... – suspirou Hilary, ao ver a chuva forte que caía – Poxa, achei que hoje, pela manhã, o tempo já melhoraria... 

 Flashback do último capítulo:  

Com o silêncio de ambos, Hilary apenas se inclinou para o lado de Kai, apoiando-se nele.   

- É engraçado... Mas, se não soubesse que é um absurdo, eu diria que estava com ciúmes.  

- Ciúmes... – Kai repetiu para si, em um baixo sussurro.   

E assim passaram o resto do dia, os dois juntos, observando a chuva, esquecendo-se de tudo e apenas sentindo a companhia um do outro. 

Fim do Flashback. 

  Começara a chover desde o final do dia anterior. Mas, aos poucos, a chuva se tornava mais intensa, sem pausa alguma. Hilary, sem ver outra saída, passou a noite no dojo mesmo, dividindo o quarto com Mariah. 

   - Qual o problema, Hilary? Está tão frustrada assim por não poder sair com o Kai hoje? 

  - Não  é isso! É que eu precisava sair hoje... 

  - Ia aonde? Era importante? 

  - Ahn... – sorriu, de modo que evitasse os olhos da amiga – Nada não! Nem era importante, he he... 

  - Mas... 

Mariah queria insistir no assunto, mas foi bruscamente interrompida por Tyson, que “invadiu” o quarto sem cerimônia alguma. 

  - Ei!! O que as meninas estão fofocando? Se não vierem logo tomar o café da manhã, eu vou ficar com tudo! 

  - Bom dia para você também, Tyson. – Hilary comentou, enquanto arrastava a amiga para a cozinha, evitando que essa cometesse um homicídio logo pela manhã. 

  Na cozinha, Ray, Max, Kenny e o avô de Tyson já estavam de pé, conversando sobre um assunto qualquer. 

  - Bom dia! – disseram em uníssono. 

   Ray prontamente estendeu para Mariah sua “obra culinária da manhã”. 

  - Tcharam!! Prove um pouco desta obra de arte! 

  - Estou sem fome, não quero. 

  - Entendo... Talvez, por estar meio acima do peso, esteja de regime... 

  *Nível de ofensa: 4,5* 

   - Caham... ESTÁ ME CHAMANDO DE GORDA?!! É ISSO, É?!! 

   Silêncio geral. 

  Ninguém respirava. 

  O medo dominou. 

  - N... Não  é isso... 

  - É CLARO QUE É! VOCÊ DISSE COM TODAS AS LETRAS, SEU SAFADO!!! 

  - “Safado”? – gota. 

  - Ray, meu querido... VOCÊ QUER APANHAR?! – berrou, enquanto erguia uma faca de mesa. 

  - Mariah... Você está me assustando... – Ray engasgou, olhando os potencialmente assassinos olhos da garota. 

  Quando a fera, digo, Mariah ia dar o bote, Kai apareceu na porta com uma expressão nada boa. 

  - Quem é a avestruz que está gritando? 

  O medo dominou². 

   Seria este o duelo entre dois grandes predadores? 

  Mas, para a surpresa de todos, a garota simplesmente sorriu, largou a faca e sentou-se comodamente em uma cadeira, dizendo: 

  - É o Ray. 

  Pobre garoto. Aquele não era o seu dia. 

Então, como um bom assas...amigo, Kai foi até o garoto-neko, rondando-o silenciosamente. 

   - Por que você, justo hoje, resolveu ter um pitchí logo pela manhã? 

  - Pitchí não! Para começar, a autora dessa bagunça foi a M... 

  *KLACK!!!* 

  (Marcando: tentativa de homicídio n°1) 

  Sem mesmo deixar o coitado terminar de falar, a mais jovem aprendiz de assassina, jogou uma faca em direção ao rapaz. 

  A faca voou, aproximadamente, a cerca de cinco centímetros de distância do pescoço dele. 

  - ... 

Com toda a certeza, aquele não era mesmo o seu dia. 

  Em meio ao assustador e sinistro silêncio que pesava, Kai apenas saiu da cozinha, voltando ao seu quarto. Em questão de segundos, ouviu-se uma série de espirros. 

  - Né... – começou Max – parece que o Kai pegou um resfriado... 

  - Incrível, não? Até mesmo o capitão do gelo fica doente! 

  - Tyson... Isso é uma coisa bem óbvia – murmurou Kenny – Mas o que me incomoda mesmo é ver que ele nem espirra na nossa frente... 

  - É pra manter a pose, pra manter a pose... 

  Apesar de todos os comentários alheios, Hilary continuava em silêncio, assim como Ray. Mas este possuía motivos bem diferentes, na realidade. Ele também estranhou o fato, mas... 

  Hilary olhou para Mariah em dúvida. Esta assentiu com a cabeça, encorajando a amiga em um gesto silencioso. 

- Eu farei isso. - sussurrou para a amiga.

    Assim, aproveitando a bagunça, Hilary discretamente foi até o fogão, preparando algo secretamente. Lá fora, a chuva continuava a cair forte acompanhada dos berros (e pedidos de socorro) de dentro do dojo. Sim, este seria um lindo dia tempestuoso. 

Não aguentando mais, e sentindo sua vida estar terrivelmente em perigo, Ray arrastou os outros Bladebreakers para um canto e murmurou: 

- Por favor, afastem qualquer objeto que possa ser mortal nas mãos dela – pausou por alguns instantes – não se deixem enganar, até mesmo um guardanapo pode ser perigoso. 

- Ray... Você  está exagerando.  

- Sim, o Max tem razão. Não é como se a Mariah fosse te devorar a qualquer momento – brincou Kenny, com o nítido desespero do amigo. Aquilo era uma cena rara. 

- Vocês não conhecem a Mariah em seus momentos de terror... Ela é capaz de devorar alguém e ainda cuspir seus ossos de volta! 

Inesperadamente, uma aura maligna os envolveu repentinamente. Tensa, pesada e mortal... Junto com uma voz mais assustadora ainda: 

- Ei... O que vocês estão cochichando pelas minhas costas...? Por acaso... – aproximou-se, com um sorriso maníaco nos lábios -... Não dão valor as suas vidas, huh? 

-GYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!  

E assim, o montinho de garotos se dissipou. Tão rápidos que pareciam pontinhos correndo pela casa. Logo atrás deles, uma sombra sinistra os seguia, com algo não identificado em mãos. 

Hilary permanecia alheia à situação, sorrindo satisfeita. Olhava para a mistura fumegante em sua frente, como quem admirava uma grande vitória. 

Certo. Aqui vou eu!” – pensou positiva, indo à direção ao quarto de Kai, levando o prato consigo. 

Bateu duas vezes na porta, com imensa ansiosidade.  

Ninguém respondeu. 

Ainda esperançosa, bateu mais duas vezes. 

Novamente, aquele silêncio estarrecedor. 

Já começando a sentir raiva, bateu mais algumas vezes. 

Novamente, sem resposta alguma. 

Completamente estressada e raivosa, já estava quase derrubando a porta a pontapés quando ouviu a voz de Kai. 

- O que é? Quem é  a criatura infeliz que veio me atormentar? 

Silêncio. De repente, ouviu-se apenas o som de algo sendo levado ao chão, seguido de passos rápidos e pesados. 

“Não, aquilo não parecia o Tyson” – pensou, antes de se dirigir a porta. Sentia a cabeça pesada, o corpo cansado e um pouco de tontura. Era óbvio que havia pegado um resfriado. 

Resmungando, surpreendeu-se ao abrir a porta. Levantou o prato que ali se encontrava e examinou.  

Sopa. 

Na mesma hora, entendeu o ocorrido. Sentiu uma pontada de peso na consciência. 

Sentada na porta do dojo, Hilary observava a chuva cair. Braços cruzados, costas curvadas. Fazia uma careta, típica de criança emburrada. 

- Salgado. 

- Hã?! – virou bruscamente, como um gato eriçado. 

- A sopa – disse calmamente, enquanto sentava-se ao lado dela. 

- Kai. Volte para o seu quarto. Você não vai me obrigar a te carregar até lá.  E não vai ficar aqui reclamando da minha sopa!!! - essa última parte foi dita num tom de voz muito, muito baixo e sem graça. 

- Então... se eu desmaiar, você vai me abandonar aqui?  

-... Vou pedir ao Tyson e aos garotos para te levarem. – ouviram-se gritos masculinos ao fundo -... Se eles sobreviverem – suspirou. 

- Hilary... Por que você...? 

- Por que eu fiz a sopa? 

Kai não respondeu. Ficou observando as poeiras naufragarem nas poças de água, enquanto uma enorme veia brotava na cabeça de Hilary. 

- ... Ou por que eu me preocupei com você? 

Novamente, sem resposta. E, novamente, a veia se multiplicava. 

- Ou talvez, por que eu te estime tanto? – sem esperar o vácuo novamente, a garota já ia metralhar mais perguntas, quando Kai a encarou. 

E sorriu. 

Atônita, atordoada e muitos outros adjetivos chocantes e embasbacados, a pobre menina perdeu a voz.  

- Obrigado – ele sussurrou enquanto se inclinava para ela - se ficar aqui, vai pegar um resfriado. 

Vendo a expressão confusa e a palidez de Hilary, Kai conteve um risinho. Aproximou-se mais e deu-lhe um suave beijo na testa. 

- Mas se for para pegar um resfriado, é muito melhor que pegue de mim. Não é?  – e novamente sorriu. 

Com passos leves e arrastados, o capitão voltava para o seu quarto. Aquilo foi... Divertido. De alguma forma, sentia seu humor bem melhor. 

Mas só o humor. Não deu nem 10 passos, e uma nova série de espirros começou. 

E quanto a Hilary? Bem, ela estava curvada, e mais pálida que um fantasma. Se estreitasse os olhos, daria para ver até uma alminha saindo do corpo dela. 

Os bladebreakers restantes armavam estratégias e armadilhas contra a terrível mulher-ogro-de-TPM. Nunca agradeceram tanto pelo dia só ter 24 horas. 

Bem, nada como um lindo dia tempestuoso com final feliz. 

... Ou quase. Novamente, ouviam-se gritos e um espectro correndo pelo dojo. 
 
 

.Continua. 
 

 

No próximo capítulo: 

A flor da rivalidade. 
 

Os botões de ciúmes já estão plantados. Está na hora da colheita.

E nem mesmo Hilary sairá  imune. 

“Você não me vê como mulher?” 

“Você... Não está me deixando respi... rar...” 

  “MWAHWAHWAHWAHWAH!” 

“O que você está fazendo?!” 

  “Acabou.” 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!