Pouring Rain escrita por Mirchoff


Capítulo 17
Capítulo XVI - Can't stop, won't stop, I must be dreaming


Notas iniciais do capítulo

Eu queria passar aqui rapidinho pra mandar um beijo pra Anna porque ela é linda e eu a amo muito (♥) e pra agradecer PELAS DUAS NOVAS RECOMENDAÇÕES!!!!! Vocês são uns amores. Filha de Netuno e Maa Fernanda: MUITO. OBRIGADA. MESMO!!!! Suas lindas. Amei de paixão.
E me desculpem pelo capítulo minúsculo.



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Adivinhe o que eu estou comendo.

Eu reprimo o riso, me encolhendo debaixo das cobertas. A chuva bate em minha janela como um lembrete de que eu realmente não posso atravessar a rua e ver como Reyna está. E o livro de História aberto no meu colo também é um lembrete, mas eu não conseguiria ler mesmo se quisesse. Apoio o celular no ombro para esticar o braço e traçar uma linha imaginária no teto com a ponta do dedo, por alguma razão desconhecida.

– Não faço a mínima ideia. – respondo. Do outro lado da linha, ela bufa.

Jujubas.

– Reyna! – exclamo. – você tá doente, tinha que estar comendo algo… Pra doentes. Tipo canja de galinha, ou sopa.

Estou com gripe, não morrendo. – retruca ela, e posso imaginá-la revirando os olhos. – credo. Eu odeio canja de galinha. Que coisa mais clichê, Valdez.

– Mas um dia desses você tinha dito que gostava de clichês.

Ela fica em silêncio, a ligação faz um burburinho estranho por conta da chuva e eu aproveito para esticar um braço e alcançar um caderno e lápis na prateleira mais alta do quarto. Me arrependo. É muito melhor ficar enrolado num cobertor. Coloco os itens de volta em seus devidos lugares.

Reyna tinha, realmente, dito que gostava de clichês. Foi numa aula de Inglês aleatória, quando ela suspirou por algum casal de um livro clichê. Disse que eles eram lindos juntos. E que, mesmo que algumas pessoas não gostassem de clichês, eles são os que rendem as boas histórias. E ela me perguntou se eu também gostava de clichês.

Eu ri, dizendo que gostava de um casal clichê bem famoso. Pizza e cola cola. Ela apenas revirou os olhos, tentando segurar o riso.

E eu gosto. E espero que você tenha gostado das balas. – comenta, depois de algum tempo. – é que clichês não combinam com você. Eu não gosto de balas de café.

O jeito com que ela sai de um assunto, vai para outro e volta para o primeiro me faz sorrir.

– Foi muito gentil da sua parte. Obrigado. – murmuro, esperando que ela escute. Eu não consigo impedir meu rosto de esquentar absurdamente.

Reyna me deu balas. Por meio de Piper, é claro, mas... Ah.

Leo?

– Sim?

Como você consegue ler mensagens de texto?

A pergunta é tão inocente e feita de modo tão tranquilo que eu não deixo de soltar uma gargalhada descontrolada. Reyna dá risinhos do outro lado da linha.

Eu já havia recebido a mesma pergunta tantas vezes que a resposta sai tão fácil quanto respirar.

– Não é muito diferente de um livro ou um carta. – digo. – mas é mais fácil, entende? Não confunde tanto assim. É claro que eu tenho que usar a lógica, porque às vezes não tem "milho" ou "orangotango" na frase.

Entendo. – Reyna boceja, resmungando alguma coisa que não consigo entender. – eu tenho que jantar agora, Leo. A gente se fala depois?

– Claro. – eu me espreguiço. – fica melhor, tá?

Eu posso imaginá-la sorrindo. Isso faz com que o esboço de um sorriso tímidos surja em meus lábios.

Troco algumas mensagens com Jason sobre o jogo que ocorreria em Novembro, porque o técnico havia feito dele o capitão definitivo e Jason disse que eu seria um dos tackles independente da minha decisão de jogar ou não.

Lindo, Jason. Muito obrigado.

Quando eu tomo coragem e saio de meu leito quentinho para comer alguma coisa, Nico chega e imediatamente se joga em sua cama. E dorme. De tênis e tudo.

Eu nem me atrevo a acordá-lo.

–x–

Dois dias, uma prova, brigas no corredor e toneladas de lição de casa depois, num sábado nem tão frio e nem tão quente, eu carrego uma mochila para a casa em frente ao orfanato.

A mensagem recebida na sexta-feira de manhã tinha feito meu coração pulsar duas vezes mais rápido. Eu chequei, pra deixar bem claro.

(08:13 AM)

Leo, vc pode me passar o conteúdo das matérias de hj e de ontem POR FAVORZINHO INHO INHO? Vc pode vir aqui no sábado de tardinha, a gente pode comer pizza e tomar suco de tangerina pq eu amo suco de tangerina... Se vc quiser, é claro. E tem coca-cola tbm ok. - reyna x

E eu quero. Ah, eu quero.

O problema é que eu nunca havia estado na casa de Reyna. Eu não sabia nem como bater à porta do jeito apropriado. Estaria Hylla em casa? Os pais delas também?

Eu não deveria estar nervoso desse jeito. Não mesmo.

Uma frestinha se abre antes mesmo que eu erga a mão esquerda. Um olho negro me observa, e pisca.

– Hey. – Reyna sorri para mim, abrindo a porta por completo e se afastando para que eu possa entrar.

Ao invés de seu figurino curioso, ela veste apenas um jeans, uma camiseta roxa e sapatilhas pretas. Posso notar que ela tem alguns centímetros a menos que eu. Sorrio, enfiando as mãos nos bolsos do moletom.

A casa dos Munõz não é muito grande. E nem pequena. A palavra certa é aconchegante. O hall de entrada tem acesso às escadas, se você virar à esquerda vai encontrar a sala de TV e se virar à direita vai encontrar a cozinha. Muitos vasos de flores. Paredes cor de rosa, azul e amarelo. Tons pastéis.

– Eu sei que parece uma casa de bonecas. – Reyna dá de ombros, me puxando para a sala. – você precisa ver o jardim. Eu me sinto num filme da Disney.

– Adorei. – murmuro, ainda observando o lugar.

A sala não era muito diferente. Sofá e poltronas confortáveis, uma lareira, tapete antigo, mesinha de centro de madeira polida. Cortinas brancas. Porta-retratos.

Eu tropeço num ossinho de cachorro antes de me sentar no sofá.

– Ah! – Reyna exclama, se abaixando para pegar o objeto. – desculpa. Eles largam esse tipo de coisa por aqui toda hora...

– Eles... ?

Ela indica a janela atrás de mim, e olho para atrás. Há um canil no fundo do quintal, após o jardim. Dois galgos ingleses latem e brincam entre si.

As cores me chamam a atenção. Um possui pelo amarelado, quase dourado, e o outro é de um cinza tão brilhante que chega a ser prateado.

– Aurum e Argentum. – Reyna se senta perto de mim, abrindo sua própria mochila. – respectivamente. Eles não são, ahm, realmente galgos ingleses. Meio vira-latas, sabe?

– Não sabia que você tinha cachorros. – eu coloco minha pesada mochila no chão, abrindo o zíper e puxando alguns cadernos.

Nós rimos. Começamos com Matemática.

E depois Inglês. História. Economia.

Quando terminamos, e os cadernos estão espalhados pela mesinha de centro, a fome é a prioridade. Reyna esquenta pedaços de pizza no microondas e se vira para mim quando o timer apita.

– Seus pais não estão em casa? – pergunto, batucando os dedos no balcão.

– Eles trabalham até tarde. – responde, e desliza um dos pratos para mim. – Hylla está na faculdade. Cuidado, tá quente.

Comemos em silêncio. Eu rio quando Reyna se engasga com o suco de tangerina, resultado de alguma palhaçada que fiz, e ela me lança um olhar mortal. Eu reviro os olhos, um sorriso no canto dos lábios.

Reyna ergue as sobrancelhas para mim, me observando por cima da borda do copo. Ela dá um risinho.

– O que foi? – pergunto, levando as mãos à boca. – eu estou sujo de molho?

Ela balança a cabeça, estendendo uma mão.

– Posso ver a playlist do seu iPod? – pergunta.

Eu tiro o aparelho do bolso, depositando-o em sua mão. Ela muda de expressão a cada música, às vezes erguendo as sobrancelhas, ou fazendo careta, e até sorrindo.

É quando fica boquiaberta, e vira o aparelho para que eu possa ver qual música é.

– Eu amo essa. – diz, num tom surpreso. – não sabia que você gosta de The Maine.

Eu não sabia que você gosta de The Maine. – retruco, sorrindo. – a gente precisa dançar! Você tem aquelas caixinhas de som?

Ela franze o cenho por alguns segundos, mas segue para a sala.

Plugo o iPod nas caixinhas perto da TV e aperto o play. É completa loucura. Eu gosto.

– Eu não sei dançar, Leo. – diz Reyna, meio sem graça.

– Nem eu. – eu coloco suas mãos em volta de meu pescoço, puxando–a para o centro da sala. – então, a gente aprende.

A versão acústica de I Must Be Dreaming sai das caixinhas de som numa melodia tranquila. Uma das minhas preferidas. Eu até arrisco cantar um pouquinho, mesmo que a minha voz não se compare a John O'callaghan.

She thinks I'm crazy, judging by the faces that she's making. – eu ergo uma sobrancelha para Reyna, que ergue outra para mim. Nós rimos juntos. – and I think she's pretty, but pretty's just part of the things she does that amaze me.

Nós nos movemos em círculos de modo desajeitado, tropeçando aqui e ali. Reyna ri, e sua risada ecoa em meus ouvidos, a coisa mais bonita que devo ter ouvido o dia inteiro.

And she calls me sweetheart,

I love it when she wakes me when it's still dark

And she watches the sun,

But she's the only one I have my eyes on

– Tá vendo? Você nem é tão ruim assim. – brinco, e ela revira os olhos.

– E você nem é um professor tão ruim assim. – retruca.

Tell me that you love me, and it'll be alright

Are you thinking of me?

Just come with me tonight

Reyna parece tão próxima. Os lábios rosados entreabertos, os olhos feito obsidiana me fitando de modo curioso.

– Reyna...

– Hm? – sua respiração fria se mistura com a minha. Quente e frio.

– E-eu... – ela ergue uma sobrancelha para mim, e sinto o rosto queimar. – e-eu posso... Beijar você, talvez?

You know I need you

Just like you need me

Não responde. Ela sela nossos lábios com um movimento rápido.

Can't stop, won't stop, I must be dreaming

Eu a puxo para mais perto de mim, enlaçando meus braços em sua cintura. Seus dedos se enlaçam em meu cabelo, puxando os fios de leve.

Reyna sorri contra meus lábios. Eu posso sentir seu hálito gelado. Tangerina?

Can't stop, won't stop, I must be dreaming

Sinto meu corpo cambalear. Eu tropeço no tapete, reprimindo um grito, e nossos corpos desabam no chão.

Ela explode em risadas, escondendo o rosto em minha camiseta. Eu faço careta, praticamente sentindo um hematoma se formar na parte de trás de minha cabeça.

– Desculpe. – murmuro.

Reyna ri novamente, apoiando o queixo nas mãos. Ela não pesa quase nada. Eu mal sinto pressão alguma em meu peito.

É como se fosse me beijar novamente. Eu adoraria beijá-la novamente. E de novo. E de novo. E de novo...

Mas Reyna franze o cenho e rola para o lado, saindo de cima de mim. Ela se levanta, ajeitando o cabelo. E se aproxima da janela.

– O que foi? – pergunto, ainda do chão.

Ela suspira. Não olha para mim.

– Eu acho melhor você ir, Leo.

Uma parte do refrão da música seguinte ecoa em minha cabeça pelo resto do dia, como se John quisesse que eu remoesse aquilo até o fim da vida.

She slipped away again, the same as last weekend. It's a rooting thing, just with some new feelings...


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Notas finais do capítulo

Como sempre, eu não respondi os reviews. Mas li tudo. E amei.
E obrigada ao The Maine, por terem sido a trilha sonora desse capítulo. Seus lindos!
Praticamente cozinhando e com medo de levar alguma pedrada,
Bruna. x
P. S.: Fiz uma playlist pra fic enquanto esperava a manutenção acabar. Link abaixo.
http://8tracks.com/bastilleharry/it-started-out-with-a-kiss



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