Morning Star escrita por Giovanni Schaeffer


Capítulo 17
Namorados


Notas iniciais do capítulo

Boooa noiteee, galera! Prontos/as para o cap??? Aí vai, boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/333393/chapter/17

Eu não tinha como estar mais feliz, Jake também não. Sorríamos um para o outro feito casais bobos daqueles filmes que a vovó gostava. O passeio na floresta só terminou quando sentimos fome e voltamos para casa, descobrindo que sete horas haviam se passado. Nas duas semanas que se seguiram, praticamente ignoramos a ideia de ter uma família que morava conosco, Jake era somente eu e eu era somente Jake.

Realmente só nos separávamos enquanto dormíamos, isso porque papai não nos permitiu dormir juntos, o que seria muito abuso de nossa parte. Mas fora isso tudo estava perfeito, ninguém mais mencionava os Volturi escondido de mim, para que eu não soubesse o que estava acontecendo. Mesmo negando a todos, tia Rosalie parecia estar aceitando os cachorrinhos, o nome da cachorrinha, e o fato de terem se mudado para o quarto dela.

Vovó e Jake saíram há dois dias, ele ajudou ela com as cortinas da loja e depois eles foram até uma joalheria comprar nossas alianças. Eram diferentes em si mas a atendente disse que essa ideia de alianças iguais está um pouco ultrapassada, que a do homem devia ser mais discreta e a da mulher devia ter mais destaque. A de Jake era prateada e lisa e a minha era completamente diferente, parecia uma espécie de coroa, só que obviamente em proporção menor. Não mandamos gravar nomes.

- Vocês podiam ir mais devagar com isso. - mamãe disse a mim enquanto eu tomava banho, ela entrou e trancou o banheiro, optei pelo box porque a banheira me hipnotizaria a ficar nela por horas - Lembre que seu pai disse moderadamente.

- Ele disse moderadamente quanto a abraços e beijos. - ao dizer essa última palavra, eu demorei nela, percebendo que duas semanas se passaram desde que começamos a namorar e nossos lábios não haviam se tocado ainda - E a gente não consegue ficar longe um do outro, parece que quando eu tô com ele não preciso nem respirar.

- Sei bem como é isso... - ela comentou e tive impressão de que falava sozinha - ... quando comecei a namorar com seu pai era a mesma coisa. Ele era o ar que eu respirava, o sangue que corria em minhas veias, a força que sustentava minhas pernas, ele era e ainda é tudo, tudo pra mim.

- E como você lidava quando tinha que ficar longe dele? Sei lá, de noite ou quando ele ficava fora da cidade por causa do sol.

- Bom, seu pai quase todos os dias dormia comigo, entrando escondido pela janela de meu quarto e passava a noite toda ao meu lado na cama, de manhã ele ia embora antes do seu avô acordar e duas horas depois voltava pra me buscar com o carro, e me levar para a escola como se fosse a primeira vez que nos víamos no dia. - falou como se sonhasse ao lembrar de tudo mas então falou preocupadamente tentando se fazer de séria - Mas a parte de entrar pela janela do quarto escondido de noite é um exemplo que vocês não devem seguir, sua tia Alice não pode ver as ideias de vocês mas seu pai está mais alerta do que nunca.

- Não, não somos tão loucos a ponto de fazer isso. - falei rindo e então desliguei o chuveiro - Passa a toalha, por favor.

Abri o box para mamãe me entregar o roupão na verdade, me vesti e o amarrei a frente da cintura. Fomos caminhando para fora do banheiro e ela apagou a luz e fechou a porta. No quarto, se sentou na beirada da cama e continuamos conversando enquanto eu secava meu cabelo com um secador, em frente ao espelho.

- Vocês conversaram com vovô? - puxei outro assunto - Decidiram alguma coisa sobre o colégio?

- É, a gente conversou mas você sabe que é ele quem decide então ele inclusive pediu para se você tiver um tempinho - ela foi irônica - Ir falar com ele no escritório. Está pronta para o inverno daqui?

- Acho que sim. - falei juntando as sobrancelhas - Se bem que vai ser a primeira vez que passarei cinquenta e cinco dias sem ver a luz do sol. Não que aqui dê pra ver o sol, acho que quis dizer que passarei cinquenta e cinco dias sem qualquer claridade natural.

- Exatamente. - concordou e então reparou que a roupa nova que eu havia adorado estava em cima da cama atrás dela - Você vestiu essa roupa quando?

- Na verdade eu visto ela quase todo dia só pra me olhar no espelho. - comentei - Mas o tio Emmett gostou bastante dela.

- O problema é o seu pai que sei que não vai gostar nem um pouco. -ela disse acenando com a cabeça - Você comprou roupas bonitas, filha, não adianta ter elas se não vai usar.

- O que está querendo dizer? - me virei á ela ainda com o secador ligado

- Bom, eu acho que não tem problema em você e o Jake saírem de vez em quando. - ela disse sugestivamente- Eu sei que essa é uma cidade mais entediante do que Forks. Então quando quiserem, podemos levar vocês pra fora, um parque, um cinema, ou sei lá o quê.

- Falando nisso. - meditei - Eu nunca fui ao cinema. 

- Viu só? - disse vitoriosa - É uma boa oportunidade e... - ela pensou por bastante tempo - ... filha, seu pai nunca me levou ao cinema. Preciso ter uma conversa séria com ele.

Dei risada e me voltei ao espelho

- O que vocês faziam quando namoravam? - perguntei afinal eu não tinha a mínima ideia de como um namoro funcionava

- A gente passava boa parte do tempo tentando não morrer. - disse se fingindo de coitada e não segurei a gargalhada

- Qualquer dia eu vou querer que vocês me contem tudo o que aconteceu antes do meu nascimento.

- Ah, filha, essa nossa história daria um bom livro. - mais uma vez parecia estar distante, lembrando dos fatos - Bom, mas você perguntou o que fazíamos... a maior parte do dia ficávamos no colégio mas aos fins de semana ficávamos na mansão, ou então na campina que adotamos como ponto de encontro.

- E sobre o quê vocês conversavam? - falei, tentando aprender o máximo possível para que meu tempo com Jake não fosse apenas silêncio e conversas sobre a família, os lobisomens, os Volturi e os cachorrinhos

- As vezes a gente só ficava em silêncio, ou então falando sobre nossas famílias, sobre a história dos lobos, dos Volturi. - olhei á ela sarcasticamente como se ela tivesse trocado de poderes com meu pai - Mas ele sempre foi muito romântico e ainda é, quando eu era humana e ele ficava no meu quarto a noite, dizia coisas bonitas no meu ouvido ou então acariciava meus cabelos até que eu dormisse.

- Mas o que eu e o Jake podemos fazer? Nós dois dormimos, a neve daqui não permite que tenha nenhuma campina bonita, e não queremos ficar conversando sobre Volturi e lobisomens. Tá vendo só por que eu quero ir com o colégio pra ele? Porque teremos sobre o que conversar. Como era a sua escola?

- Legal e chata. - ela disse erguendo um ombro depois o outro - Era legal porque tinha seu pai e seus tios e também os amigos que fiz lá mas era chata porque lá tudo se tornava entediante muito rápido, era impossível não reconhecer todos os rostos dos alunos de tão poucos que eram, e eu já sabia tudo sobre Biologia, de certo modo isso era bom porque eu ficava conversando com seu pai a aula inteira, e eu era péssima em educação física, no vôlei todos saiam da frente quando eu sacava.

- Bom, o colégio que o Jake vai não é aqui né? - perguntei já preocupada com a ideia de quantidade de alunos, quanto menos pior e a cidade no total tinha mil e duzentos habitantes, quantos deles seriam adolescentes cursando o ginásio?

- Não, seu avô me disse que ele vai estudar em Wainwright. Pelo menos a cidade tem uma população maior. - disse e assenti - Bom, vou deixar você terminar de se secar e se vestir... não esqueça de ir falar com seu avô no escritório, ele está te esperando.

Mamãe saiu e bateu a porta, o que fez o lustre no teto balançar um pouco, terminei de secar o cabelo, me sequei e vesti uma calça de moleton cinza, uma camiseta azul clara de mangas azul escuro curtas e calcei pantufas em forma de cachorro que ganhei de vô Charlie. Deixei os cabelos soltos e eles batiam no final de minhas costas, isso começava a me incomodar.

- Posso entrar? - perguntei passivamente do outro lado da porta em duas folhas do belo escritório de vovô

- Claro, querida, entre. - falou com sua voz doce e calma

Fechei a porta e sentei-me de frente á ele, que assinava alguns papéis que li rapidamente serem relacionados ao hospital.

- Minha mãe disse que você tomou uma decisão. - falei sem perder tempo, desesperada para saber seu veredito

- Bom, primeiro quero que saiba e lembre bem do acordo que fizemos com Aro no natal passado. - ele disse erguendo a caneta e juntando as sobrancelhas, o que não combinava com sua personalidade pacífica e amável

- Eu nunca vou esquecer nada do que aconteceu naquele dia. - comentei e ele assentiu, logo a primeira imagem que veio a minha mente foi a de Irina sendo destruída por Caius e o outro grandalhão cujo nome não me lembro - Mas o que isso tem a ver?

- Não é correto afirmar que Aro é o vampiro mais sereno de nosso mundo mas que é um dos mais sábios, isso com certeza é verdade. Ele tem razão quando diz que nossa verdadeira natureza deve ser mantida em segredo. Logo, nenhum humano pode jamais pode sequer imaginar o que somos, o que Jake é, o que você é, enfim, nosso segredo deve ser guardado acima de tudo.

- O que quer dizer com isso, vovô? - perguntei arqueando uma sobrancelha

- Querida, não podemos permitir você frequentar o colégio com Jake esse ano. Nem mesmo ele iria ao colégio mas eu prometi ao Billy que ele terminaria os estudos.

- Entendi. - concordei assentindo um par de vezes e tive na hora a certeza que aquela seria a decisão definitiva

- Eu sinto muito, querida. - falou torcendo os lábios - Eu queria de verdade que as coisas pudessem ser diferentes. Não me agrada que você tenha que se esconder do mundo mas como sabe, é a condição que nos foi imposta.

- E isso quer dizer então que eu não vou poder ir ao colégio com o Jake? - ergui o queixo esperando a resposta que eu queria, porém não foi isso que aconteceu - Tudo bem, eu entendo, mas obrigada por ter pensado a respeito, vovô.

Me levantei e dei a volta na mesa para abraçá-lo, ele girou a cadeira nas rodinhas para me receber e então o agarrei. Sem tocar seu cabelo perfeitamente penteado, parecendo mais que tinha sido lambido por uma vaca, comentário esse que esqueci na mesma hora em que pensei, meu avô não merece esse tipo de comparação ainda mais agora.

- Você é uma mocinha muito inteligente, mas talvez isso seja mais um motivo que nos impeça de deixar você se juntar aos humanos. Não foi fácil tomar essa decisão, eu sei que está triste e acredite, eu também estou, esse ano não será nem um pouco agradável para você, eu sei. Seus pais também não gostam da ideia e ele quase desistiu da faculdade mas eu o convenci a continuar. Seu tio está aprendendo a fritar ovo.

- Tudo bem, vovô, não estou brava com vocês. - falei e o abracei novamente - Agora deixa eu contar a notícia pro Jake.

Ele assentiu e deixei o escritório em dois segundos, fui correndo, abusando da velocidade até a sala de estar onde Jake lia uma revista da televisão. Pulei do pequeno degrau direto para seu colo, ele arfou com o impacto mas logo sorriu ao ver que era eu. 

- Meu vô acha que é perigoso eu ir para o colégio com você. - disse em desapontamento e seu sorriso sumiu - A partir de fevereiro vamos nos ver bem menos, você vai passar quase o dia todo fora. Eu queria ficar mais sozinha com você.

- Que seu pai não ouça isso. - comentou e torci o nariz, concordando - Que pena que você não vai,  vai me deixar sozinho horas e horas durante o ano todo.

- A única pessoa que vai gostar disso é meu tio que agora não vai precisar ir á faculdade.

Olhei mais atentamente á ele e vi pequenas, quase insignificantes linhas de expressão se formando em seu rosto.

- Jake, me prometa uma coisa. - pedi segurando sua mão esquerda que novamente já não estava tão quente quanto antes - Você vai se transformar pelo menos uma vez a cada dois dias a partir de agora.

- Por que está me pedindo isso? - ele perguntou curioso e então se recostou no sofá para que eu pudesse ficar mais a vontade em seu colo

- Porque eu reparei que quando você passa muito tempo sem se transformar, você fica abatido e eu não quero um namorado todo acabado. - debochei e ele torceu os lábios se fingindo de bravo 

- Ok. - assentiu levando a mão direita á têmpora e fazendo um gesto militar que achei não menos que fofo - Se você prefere assim.

Passei mais alguns minutos com ele mas logo saí de seu colo quando papai se juntou a nós na sala. Ainda sim fiquei com a cabeça encostada em seu braço enquanto ele lia a revista que teve de ir buscar do outro lado do cômodo.

Mais tarde fui até o quarto de tia Alice, que estava sozinha separando algumas roupas de seu closet.

- Atrapalho? - perguntei e seu sorriso ao me ver logo respondeu que não - Posso conversar com você um pouco?

- Claro, linda, o tempo que quiser. - ela disse dobrando uma calça - Você passa tanto tempo com Rosalie que chego até a ficar com ciúmes.

- Bom, agora que eu cresci e que tô namorando com o Jake. - parei um instante apenas para sorrir - Eu acho que preciso ... usar minha aparência para fazer justiça a minha nova condição.

- Olha só, será que alguém aqui tá me pedindo ajuda quanto ao visual? Veio falar com a pessoa certa. - ela largou o que fazia para agora prestar atenção no que eu tinha para dizer

- Primeiro eu queria cortar um pouco o cabelo, ele começou a me incomodar, mas também não quero nada radical, apenas diminuir o volume. Depois eu acho que mesmo não indo para o colégio, devo ser mais parecida com as garotas comuns. 

- Tá falando de maquiagem? - ela ajudou quando viu que eu tinha dúvida na escolha das palavras e então assenti - Mas, querida, você é tão linda assim. Não precisa de maquiagem. Ninguém aqui usa. Bom, talvez seu tio Emmett - ela riu da própria piada, da qual ri para que ela não ficasse sem graça - é brincadeira.

- Eu sei mas você, a tia Rose, a vovó e as vezes até a minha mãe passam batom. - insisti

- Sim, para disfarçar nossos lábios pálidos mas mesmo assim eles já são avermelhados por natureza. Se fazemos isso é apenas por vaidade. Mas já que você tem tanta vontade, eu vou te dar uma coisa.

Ela se afastou um minuto para ir até seu banheiro, ouvi barulho de portas e gavetas abrindo e fechando, ela estava procurando alguma coisa. Logo voltou com uma pequena bolsa, parecia mais uma necessaire, de cor branca com detalhes em lilás.

- O que é isso? - indaguei curiosa e ela me entregou a bolsinha 

- É pra você. - ela disse alegre e então abri o zíper que quase prendeu minha unha, que agora tinha também ganhado minha atenção - Está tudo novinho, eu nem toquei.

Dentro da bolsa tinham alguns, talvez quatro, batons lacrados, um pó compacto e mais algumas coisas as quais o nome eu nem sabia.

- E quanto ao seu cabelo? - ela perguntou empolgada - Quando vai querer cortar?

- Em alguns dias. - falei enquanto pensava - Eu aviso você.

- Tudo bem, querida. 

Eu a abracei e agradeci pelo presente e então corri para meu quarto e despejei todo o conteúdo da bolsinha em cima da cama. Eu olhava para tudo impressionada, todas as novidades da maturidade pareciam demais para mim, mas eu estava gostando de tudo aquilo. Fui até o banheiro para colocar as coisas no lugar em que eu achava que deveriam ficar e nisso parei em frente ao espelho, me olhei, fiquei de perfil e notei as curvas que meu corpo havia ganhado. Tanto os seios, como a cintura e o quadril, era muito ao mesmo tempo para que eu me adaptasse.

Peguei todo meu cabelo e o deixei de um lado do pescoço, a frente de meu corpo e com os dedos, imitei uma tesoura e fui medindo aonde estaria um tamanho satisfatório.

- O que está fazendo? - papai perguntou entrando no quarto e já vindo até mim - Pretende cortar o cabelo?

- Sim. - afirmei e eu o olhava apenas pelo reflexo do espelho - Eu acho que esse tamanho todo não combina com a nova Nessie.

- E a nova Nessie seria a namorada de Jacob ou apenas a nova Nessie? - ele ironizou e neguei 

- Não, a nova Nessie sou apenas eu... nova.

- Sei, seu vô falou com você cobre o colégio? - perguntou e assenti - E também falou sobre o presente que vai dar pro Jake?

Me virei á ele, isso vovô não tinha mencionado. Neguei com a cabeça e papai sorriu de minha expressão.

- Seu avô quer dar uma moto pro Jake, como presente de natal então não conte nada á ele. E também porque vai ser mais prático pra ele ir para o colégio. E também mais rápido quando o inverno passar e a neve permitir.

- Eu tenho certeza que ele vai adorar. - falei e dei um pequeno salto, feliz pela felicidade que Jake sentiria no natal, que ainda esperaria quase dois meses para chegar - Pai, quando nós vamos ver os tios de Denali outra vez? Faz tempo, estou com saudade deles. 

- Mas nós os vimos há apenas um mês e meio.

- Eu sei mas agora que moramos perto, não há motivo para ficarmos sem nos ver tanto tempo. Eu gosto da tia Carmen, e também do tio Garrett. 

- Tudo bem, vamos providenciar isso. - falou passando a mão em minha cabeça e beijando minha testa - Tem certeza que quer cortar seu cabelo? Você fica tão linda com ele, me lembra de quando você era pequenininha, ou devo dizer, me lembra do mês passado.

- Muito engraçado. - falei, fazendo com que ele risse mais

Depois de mais outras breves palavras, papai me deixou sozinha e pude voltar a me admirar no espelho. Isso durou cerca de uma hora, com certeza coloquei a roupa que o senhor Edward reprovaria, mas não com esse intuito, eu apenas gostava de vestir ela.

Mais tarde, como de costume, todos ficamos na sala de televisão, e digo isso incluindo nossos cachorrinhos. Um filme de drama passava, adaptação de um livro bastante aclamado pela crítica. ''O menino do pijama listrado''. A história é um pouco monótona no início, o que não quer dizer que não seja cativante. A maneira como o jovem Bruno tem que se adaptar com sua nova casa, sua nova vida e nisso éramos parecidos, ele teme o pai mas o respeita acima de tudo, foi desde cedo ensinado que o pai era a autoridade máxima da casa e que sua palavra era sempre a definitiva. Tio Emmett não conseguia entender muito bem a história, apesar de ter vivido naquela época, e com exceção a mim, Jake e mamãe, todos os outros também viveram, não em Berlim mas naquela época. Ele não entendia, o que o levava a cada cinco minutos ficar cutucando tia Rosalie para que ela, pacientemente ou não, esclarecesse.

- Mas por que eles vão embora? Mas por que o menino tá de pijama? Mas por que a fumaça é um pó? - eram os tipos das perguntas que ele fazia e que já deixavam ela irritada

No clímax do longa, um trio de lágrimas percorreram meu rosto, a forma como Bruno e Shmuel seguravam na mão um do outro como se aquilo fosse os proteger de tudo e de todos. Depois, um programa de fofocas começou e meu interesse pela televisão acabou.

Subi para o quarto e depois de dois minutos sozinha, ele surgiu, parado em pé, encostado no batente.

- Pode entrar. - falei com um breve porém alegre sorriso - Está com calor? - perguntei ao notar a regata, o colete que ele vestia

- Um pouco. - confessou - Essas oscilações estão mexendo bastante comigo. E você? Está de regata e short de pano.

- Mas eu estou debaixo do cobertor.

- Você está com as canelas debaixo do cobertor. - ele me corrigiu e se sentou na beirada da cama - Chega de falar de calor, né? 

Concordei, assentindo mas preferi não comentar o que tinha pensado e que provavelmente meu pai agora já sabia.

- Jake, hoje eu tava conversando com a minha mãe e reparei uma coisa. - comentei e a cada palavra, minha voz foi pausando entre uma e outra

- O quê?

- Já há dias que estamos namorando, temos até alianças e mesmo assim nunca nos beijamos.

A surpresa e felicidade golpearam o rosto de Jake quando ele ouviu aquilo, ele molhou os lábios e um largo sorriso se abriu, mostrando seus dentes brancos e perfeitos. Saí de minha posição e me sentei ao lado dele, sentindo sua respiração em meu rosto, e eu mal conseguia pensar direito. Minha mão involuntariamente se guiou até o rosto dele, a outra até a nuca. As dele vieram uma em minha nuca e a outra em minha cintura.

Eu parecia estar longe naquele momento que até cheguei a me esquecer do que estava acontecendo ali, de que Jake estava quase me beijando e de que eu precisava respirar para viver. Nossos rostos foram se aproximando cada vez mais, eu já sentia em meu rosto o calor emanando de seu corpo, e dessa vez a temperatura não diminuiu.

Fechei os olhos e tive certeza que ele fez o mesmo, nossos lábios se tocaram levemente e meu corpo estremeceu, porém não dei para trás. Seguimos em frente e com as mãos nas nucas um do outro, nos puxamos e aprofundamos um longo e caloroso beijo. A boca de Jake era quente e ele fazia aquilo com vontade, com desejo e entrega, no começo fiquei um pouco inibida mas logo me soltei, me dei ao momento por completo e então tirei minha mão de sua nuca e coloquei também em seu rosto. Algo parecia ter tomado conta de meu corpo, algo indescritível e também muito bom. Um furacão de, eu não sabia palavras para descrever isso, mas um furacão disso me atingiu e eu não conseguia mais deixar ele se afastar.

Só paramos quando a respiração se fez necessária, encostamos as testas e respiramos ofegantes por bastante tempo. Depois eu ainda o beijei mais uma vez, rapidamente.

- Nossa. - foi a primeira palavra que me ocorreu - Isso foi incrível, Jake, foi bom, foi especial, mágico. Não sei mais o que dizer, não tenho palavras pra descrever.

- Não precisa descrever. - ele disse, me silenciando um o indicador encostando em minha boca - Eu também não sei o que dizer, nunca senti nada assim antes. 

- Me beija de novo. - pedi e já fui em direção a ele novamente, e nos beijamos outra vez, com mais voracidade e paixão porém não durou tanto já que mamãe pigarreou parada na porta

Nos assustamos e cortamos o beijo, mas permanecemos lado a lado, sentados na cama.

- Eu só vim dar boa noite. - Jake se explicou e minha mãe assentiu, fingindo que acreditou - Já estou indo.

Jake me beijou na bochecha e acariciou meu queixo então se levantou, cumprimentou mamãe e foi para seu quarto. Ela fechou a porta e se sentou onde Jake estava antes.

- E então? - ela perguntou desmanchando a expressão séria que nunca me convenceu - Você gostou?

- Foi sensacional, mãe! - exclamei feliz e a abracei - Eu senti que nós dois queríamos aquilo e enquanto nos beijávamos, foi como se eu não fosse Renesmee e ele não fosse Jacob, senti como se fôssemos um só.

- Eu sei como está se sentindo. - ela falou - Sentiu um frio na barriga? Uma ansiedade? Uma insegurança?

- Sei lá, é muita coisa pra lembrar. - respondi enquanto tentava registrar todas as perguntas e procurar as respectivas respostas em minha memória - Mas é um momento que eu nunca vou esquecer.

- O primeiro beijo a gente nunca esquece. - ela comentou - Ainda mais quando se dá em alguém que você tem certeza que ama.

- Eu já não tinha dúvidas mas agora estou mais do que certa que amo o Jake. - confessei olhando ela nos olhos - Tomara que papai não tenha ficado muito bravo.

- Com certeza ele deve ter ficado chateado, porque com certeza ele estava espionando vocês pela mente. Mas ele mesmo concordou com beijos então não tem argumento algum.

- Minha nossa, eu ainda tô tremendo. - comentei ao ver minha mão que parecia estar eletrocutada - Mamãe, beijar é muito bom.

Ela riu estridentemente e fiquei envergonhada de minha alegação. Naquela noite demorou até que eu conseguisse dormir, os beijos não saiam de minha cabeça e em meus sonhos eles reapareceram como um delicioso e incessante flashback.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

WAZUP? Gostaram? Fazer esse ponto de vista da Nessie está sendo muito bom para mim, realmente estou gostando.
Ah, e pra quem acha infantil, não se preocupem... ela não vai ficar chamando todos de ''papai, mamãe e titio'' para sempre.
Nossa, semana que vem nossa fic já completa 4 meses... wow!
Na última segunda-feria eu completei um ano de Nyah! :D ... ou seja, agora não sou mais um recém-criado hehehe
Bom, pessoal, espero que tenham gostado do capítulo... nos falamos nos comentários e nos vemos na próxima sexta-feira neste mesmo canal e nessa mesma hora... beijosss
P.S.: hj eh niver do meu pai



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Morning Star" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.