O Chamado das Borboletas escrita por Ryskalla


Capítulo 27
Capítulo 26 - O Espinho da Rosa


Notas iniciais do capítulo

Vou dedicar esse capítulo à linda da Lenka como agradecimento à recomendação linda que ela deixou para essa fic *u* Espero que ela goste e que as notas inicias não buguem na metade da minha mensagem e-e Enfim, aqui está o capítulo nem um pouco grande de MdB, pessoinhas q



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Algo engraçado a respeito da felicidade, é que nem sempre o que te faz feliz fará outra pessoa feliz. Veja bem, a sua felicidade pode ser a tragédia de outra pessoa. Tudo é uma questão de ponto de vista.

Eu poderia dizer que o início da tragédia começou quando Leharuin voltou para Clara, embora Liese se recuse a ter esse ponto de vista. Ela gosta de acreditar que está feliz pelo ladrão, mesmo que nós saibamos o quão despedaçado está seu coração.

Foi em uma manhã, Liese havia acabado de chegar na casa de Clara. A princesa foi a primeira a ver Leharuin e um grupo de pessoas que ela desconhecia (com exceção de Lily, é claro!) caminhando pela ruela estreita.

— Clara. — chamou, mesmo sabendo que a jovem não ouviria. Se afastou da janela e a tocou no ombro fazendo com que a loira olhasse para ela. Não levou nem mais que um segundo para ela entender. A Donzela Silenciosa correu pela sala e abriu a porta tão rápido que até Leharuin ficou assustado. Os dois se encararam por alguns segundos, imagino que nenhum deles acreditava em seus próprios olhos. Foi Leharuin quem se moveu primeiro, correu para abraçar a amada e Liese sabia o que viria depois. Não podemos culpá-la por não ser forte o suficiente para assistir ao beijo apaixonado.

Eruwin estava sentada, uma pilha de nervos. Henry estava lá fora, porém o medo estava ali dentro. O humano que roubou seu coração estava bem ali e ela não tinha coragem de encontrá-lo. E se ele não a perdoar? A princesa a contemplava, grata por ter algo para prender sua atenção.

— Henry não parece ser do tipo rancoroso — Analiese comentou, uma evidente mentira. Sabia que o rapaz viveu durante muitos anos com rancor de Leharuin, embora não soubesse exatamente o motivo.

Antes que a sereia pudesse responder qualquer coisa, o grupo entrou na casa. O ladrão surpreendeu Liese com um abraço. O abraço mais doloroso que ela recebera e quase não teve forças para retribuir.

— Obrigado, princesinha. — Seu tom era brincalhão e a jovem se perguntou se tudo relacionado a ele lhe machucaria como espinhos. Claro que ele não sabia de sua atual situação e permaneceria sem saber. — Por cuidar de Clara por mim.

— Na verdade, creio que o contrário tenha ocorrido aqui. Clara cuidou de mim, no fim das contas. — Era uma sensação estranha... algo dentro dela emanava alegria. Porque Leharuin parecia uma criança sorridente. Porque a felicidade dele, de certa forma, lhe contagiava. Ao perceber isso, foi capaz de dar um sorriso verdadeiro.

— Liese! Liese! — Lillith gritara. Ela parecia... diferente? Mais viva, talvez aquela fosse a palavra. Ou talvez fosse o sotaque do sul? Antes mesmo que a amiga dissesse, ela descobriu. Porque aquele ruivo só poderia ser o irmão de Leharuin. — Quero lhe apresentar o Seamus, irmão do Leharuin. Seamus, essa é a Analiese, princesa de Herse.

— Vossa Alteza. — Ele fez menção de se curvar, no entanto a morena o impediu.

— Por favor, não há necessidade. Pode me chamar de Liese, apenas. Estou entre amigos, não quero formalidades. — Podia ver com o canto do olho que Eruwin encontrava-se sentada na mesma cadeira, alisava uma mecha de cabelo como se fosse algo jamais visto.

— Sim, sim. Continuando. Esse é o Capitão Sendulum, que provavelmente irá celebrar o casamento da Clara e do Leharuin. — soltou uma breve risada ao ver o olhar envergonhado da garota. Liese deu um breve aceno com a cabeça e o homem sorriu para ela. — E esses são Enzo e Henry, que você já conhece, certo? Cadê a Eruwin?

A sala, que estava cheia com burburinhos de conversas paralelas, ficou em silêncio por alguns instantes quando os olhos da sereia e de Henry se encontraram. O rapaz andou até a sereia e bagunçou seus cabelos ruivos com a mão direita.

— Tem certeza de que é você, Eruwin? Ficar encolhida em um canto não é do seu feitio. — a sereia o abraçou. A pobre coitada tremia dos pés a cabeça, o motivo escapava à Liese. Talvez fosse de alegria, talvez fosse de vergonha ou inclusive de alívio por ele ainda falar com ela. Talvez fosse tudo isso misturado.Ele retribuiu o abraço e deu um sorriso meigo. — E essa agora...

O fato, meus queridos amigos, é que Henry sentiu pena da sereia. Seu plano inicial era permanecer distante. Não jurou a si mesmo que jamais se apaixonaria por ela, porque... bem, ele reconhecia a possibilidade. Ainda assim, queria lidar com calma. Uma pena que ele tenha se esquecido que a calma não funciona bem com Eruwin.

O clima de reencontros era tão feliz que até a princesa se deixou contagiar, eu poderia narrar todas as aventuras de Send ou as piadas engraçadas de Enzo. Poderia descrever a risada silenciosa de Clara e que como seus olhos brilhavam ou relatar o momento de maior tensão para Analiese, que ocorreu quando Eruwin contou que a jovem estava apaixonada e todos forçaram-na a dizer o nome do sortudo. A pobre princesa corou e evitou olhar para nosso querido ladrão, até que conseguiu soltar uma mentira. Disse que foi um rapaz que conheceu no mercado, no entanto o sentimento não era correspondido, provavelmente.

A conversa seguiu com todos tentando ajudá-la a conquistar o rapaz, o qual a princesa chamou de Robin. Até Clara pegou o caderno e começou a escrever dicas. Cansada daquela tortura, Analiese pediu licença e disse que iria comprar a surpresa especial que Clara especificou tempos atrás. Ambas trocaram um sorriso de cumplicidade. Teria chamado Eruwin para acompanhá-la, mas sabia que a sereia estava feliz em ter Henry, ao menos, como amigo outra vez.

A manhã ainda estava terminando, era como se anos houvessem se passado. Podia sentir o ar frio gelar suas bochechas, sinal claro de que o inverno se aproximava. Seria tão frio quanto ano passado?

— Vai encontrar o rapaz do mercado? — Uma pergunta inesperada vindo de uma pessoa igualmente inesperada. O jovem pirata loiro estava parado na porta, uma expressão divertida no rosto. Era o piadista, porém não conseguia lembrar o nome dele, situação constrangedora que o garoto percebeu. — Enzo. Aceitaria minha companhia, Alteza?

— Acho que já informei a todos que não há necessidade de tanta formalidade. — comentou em um falso tom irritadiço, entretanto ainda assim aceitou a companhia do garoto. De algum modo, ele a lembrava de Alexis... sentia falta de seu irmão.

— Meu capitão não aceita ser chamado de capitão. A princesa não aceita ser chamada de Alteza. De que servem os títulos, afinal? — Ambos riram e iniciaram sua pequena jornada ao mercado.

— Você pode me chamar de Alteza, se isso o faz feliz. Mas será nosso segredo, de acordo? — Ele pareceu considerar a proposta durante um tempo e por fim acabou aceitando os termos. Afinal, se era segredo, ele não poderia chamá-la desse modo na frente dos outros.

— Então você pode me chamar de Faísca, já que garoto da pólvora é um título muito longo.

— Não vejo problemas em lhe chamar de garoto da pólvora. Já fui obrigada a decorar títulos maiores. — E isso, meus queridos, é o início de uma amizade se formando. Ao menos por parte de Liese... bom, creio que Enzo não gostaria que eu contasse a vocês o segredo dele.

É claro que, ele jamais saberá que contei, então imagino que não haja objeções com isso.

O segredo, meus amigos, é que o jovem coração de Enzo se encantou com a doce princesa. Ele poderia até mesmo se atrever a dizer que estava apaixonado. O garoto da pólvora não era do tipo que debatia sobre o amor, sabia que pessoas gostavam de perder tempo dizendo se o amor era ou não possível, delimitar o tempo correto para que uma pessoa se apaixone. Detestava tudo aquilo, porque tudo era previsível demais... a razão era fácil de prever, a emoção era carregada de surpresas.

Por isso ele a observava atentamente e conseguiu concluir algo que nós sabemos: ela não estava apaixonada por nenhum rapaz do mercado.

Sua intenção era comprar maracujá e folhas de framboesa, no entanto… sendo Anankes o principal fornecedor daquela fruta, ela estava em falta. As folhas, por outro lado, ainda podiam ser encontradas. Quando questionada, a princesa informou ao garoto da pólvora que serviriam para fazer chá. Ela própria não sabia ao certo o gosto, porém confiava em Clara o suficiente para deduzir que era no mínimo apetitoso.

Não estava pesado, mas Enzo se prontificou a carregar a bolsa de couro com as compras. A jovem lhe falava sobre o quão parecido ele era com seu irmão mais novo, Alexis, e aquilo evidentemente o incomodava. Mesmo eu, que nunca me apaixonei, consigo entender a frustração dele.

Quando estavam virando a direita para entrar na ruela de aparência miserável, Vinccenzo parou e Analiese o encarou, confusa.

— Seu rapaz do mercado se chama Leharuin. — soltou em um tom que ele esperava que fosse banal. Sorte a dele que Liese ficou transtornada demais para notar o ciúme mal disfarçado em sua voz.

— Que ideia absurda! — exclamou em tom nervoso. Se ele que mal a conhecia descobrira... e se Leharuin descobrisse? E o pior de tudo... e se Clara descobrisse? Ela não seria mais sua amiga, certamente. Seria vista por todos como uma traidora. — De onde tirou isso?

— Isso na realidade foi um palpite. Poderia ser o Henry, também. Pela sua reação, Alteza, posso ver que não há nada de absurdo nisso tudo. — Ao ouvir aquilo, ela sentiu alívio. Aquele garoto era apenas terrivelmente perspicaz. Deveria tomar cuidado com suas reações... elas poderiam denunciá-la e então tudo estaria perdido. — Se houvesse se apaixonado pelo rapaz do mercado, seus olhos teriam buscado por ele durante todo o tempo.

— Não conte a ninguém. — murmurou, deu as costas ao garoto e caminhou para a casa com passos apressados. Sabia que suas palavras foram frias e que Enzo não merecia aquele tratamento, contudo... não conseguiu evitar. Estava confusa e frustrada.

O garoto da pólvora não teve outra alternativa a não ser segui-la. Todos os aguardavam lá dentro e assim que viram Liese, começaram a fazer perguntas que ele sabia que ela não conseguiria responder decentemente. Quando perguntaram sobre o rapaz do mercado, Enzo deu um sorriso zombeteiro.

— Ele não estava por lá hoje, por isso a princesinha aí está tão cabisbaixa — sentiu os olhares contrariados do grupo e o olhar agradecido por parte dela. Pelo menos sua explicação fria e sarcástica atrairia a atenção que a princesa receberia normalmente.

Clara foi para a cozinha e Analiese se prontificou imediatamente a ajudar. Era evidente que a jovem não queria dividir o mesmo cômodo com o ladrão. Enzo participava das conversas sem muito interesse, claro que não poderia ficar totalmente quieto, pois Sendulum estranharia... ainda assim, já estava acostumado a falar as coisas certas sem necessariamente estar atento ao assunto. Pelo canto de olho conseguia ver a porta da cozinha, Clara frequentemente aparecia ali, provavelmente para se certificar de que Leharuin não desapareceria novamente.

Foi um verdadeiro alvoroço quando a torta de maçã chegou e o chá, como Liese confiara, realmente tinha um gosto agradável.

— Creio que devo partir. — Estava anoitecendo quando a morena levantou-se. Leharuin outra vez a abraçou e o jovem pirata perguntou-se até onde a força da princesa aguentaria. Ao que parecia, o suficiente para sair.

— Quer que eu a acompanhe? — Enzo ofereceu sem perder tempo, contudo, para a sua infelicidade, Sendulum não parecia disposto a deixá-lo partir.

— Não, Faísca. Você não saberá voltar se for sozinho. — Aquilo bem era verdade, ainda que o pirata não quisesse exatamente voltar.

— Eu posso acompanhá-la. — Henry propôs, porém ela logo negou com um sorriso.

— Darin virá me buscar na rua Principal, não se preocupem. — E o assunto estava encerrado. Ao menos para eles, pois, assim que a oportunidade surgiu, Enzo escapou para acompanhá-la.

À princípio, temeu que não fosse encontrá-la, no entanto lá estava Liese caminhando solitária pela rua principal.

— Uma princesa não deveria andar sozinha pelas ruas. — O corpo delicado da jovem deu um pulo. O garoto nunca imaginou que seria tão divertido assustá-la.

— Garoto da pólvora! — exclamou e ele soube que ela não havia ficado chateada. Vocês devem imaginar o quão confuso Enzo ficou ao vê-la continuar seu rumo. Porque, diferentemente de nós, ele não sabe do outro segredo de Analiese.

— O tal do Tarin não virá buscá-la? — indagou com o cenho franzido.

— Darin — ela corrigiu e soltou uma risada infeliz. — Parece que terá que guardar outro segredo para mim. Eu já não moro mais no castelo. Fui deserdada, já não sou uma princesa.

— O quê? — O garoto parou. Que coisa mais absurda! Como um rei poderia fazer tal coisa? — Por quê?

— Não quis me casar com o príncipe de Carlihoe. Não poderia aceitar tal coisa. — Talvez tudo aquilo fosse um castigo de Moros, era o que a princesa pensava. Por ter se recusado a seguir seu destino como filha do rei. — Agora vivo em uma estalagem.

— Certamente é melhor que viver em um navio pirata. — Ambos riram e continuaram a andar. — Alteza, se lutou com seu pai e aceitou ser deserdada só para não se casar com alguém que não ama... por que não luta por Leharuin?

— Ora! Não seria justo. Clara e Leharuin são perfeitos juntos e eu... bem, fui a única responsável por arruinar meu destino. Não quero destruir o destino de outra pessoa por puro capricho. — Sua voz tentava alcançar um tom descontraído, como se Liese não se importasse de fato com seu sacrifício. Mas nós sabemos como o coração dela chorava... e Enzo também. — Agora me responda, por que usa essa pena no cabelo?

— Acha que amor é um capricho? — questionou, levemente irritado, e aquilo a surpreendeu. — Sabe? Eu lutaria por você.

— O que quer dizer? — Os dois tinham conhecimento de que aquela pergunta era apenas retórica. Porque as palavras de Vinccenzo foram muito claras.

— Que eu travaria uma batalha com Moros, apenas para conquistar seu coração. — Se não fosse o choque, talvez acabasse soltando uma longa risada. Não por desrespeito, apenas porque ela acreditava que tudo aquilo era irreal demais para ser verdade.

— Acabamos de nos conhecer! — exclamou e ele torceu o rosto, contrariado. — Além disso, você é muito novo para se apaixonar.

— E isso foi o suficiente para que eu me apaixonasse. E não é como se fosse um grande desafio lhe conhecer, você é fácil de ler. Admiro isso... admiro seu esforço em tentar se tornar uma mentirosa. — Aquelas palavras doíam... porque Leharuin também falou aquilo. Sobre o quão fácil era ler seus pensamentos. — Além do mais, de onde eu venho, já poderia ser considerado um homem.

— Você é o garoto da pólvora... seu capitão jamais permitiria que você abandonasse o navio por uma mulher. — Quando ele entenderia que nada daquilo fazia sentido? Ele não podia amá-la.

— Então irei lutar. Não serei o garoto da pólvora para sempre. Um dia serei capitão e então serei livre... livre para ganhar seu coração.

— Não duvido que se torne capitão um dia, garoto da pólvora. O que eu duvido é que seja capaz de fazer eu me apaixonar por você... — O silêncio recaiu sobre eles, pesado como uma rocha. A pobre Liese sentia-se horrível pelas palavras que usou, por quebrar um coração tão jovem... Contudo, o que mais poderia fazer? Levou a mão até a pena branca presa ao cabelo do garoto e foi surpreendida quando ele fechou sua mão contra a dela. A pena áspera agora arranhava seus dedos.

— O capitão Sendulum disse que o significado de Vinccenzo é aquele que sempre vence. — Novamente estavam parados, os olhos azuis contemplando os olhos prateados com grande determinação. — Irei me tornar capitão. Meu navio se chamará Princesa Analiese e você certamente não conseguirá resistir aos meus encantos.

Gargalhadas encheram a rua, agora escura e deserta. Ele libertou a mão daquela que ele jurara amar por toda sua vida e ela deu um passo para trás, sorrindo.

— Irei esperar por isso, Vinccenzo Faísca. Futuro capitão do Princesa Analiese. — E lá estavam eles, rindo novamente. — Minha estalagem é logo ali.

— Até gostei da forma como isso soa. Capitão Vinccenzo Faísca — fez uma pose imponente, como se fosse um grande homem e não apenas um adolescente. — Irei voltar, então. Saiba que seu segredo está a salvo de Leharuin.

— Que segredo? — Ah! Meus amigos! Não sabem como aquela voz melódica congelou o coração dos dois. Lá estava o ladrão dos cabelos azuis encarando-os com uma expressão soturna. — O capitão estava preocupado com você, Faísca.

— O capitão se preocupa demais. — respondeu entredentes. Uma noite perfeita estragada pelo esquisito de cabelo azul.

— Provavelmente — considerou, havia algumas suspeitas quanto aos dois, mas preferiu não falar nada sobre. — Ainda não me responderam qual é o segredo que não posso saber.

— Clara não está preocupada? — Enzo desviava constantemente da pergunta e a jovem agradecia por isso, estava ganhando tempo para pensar em uma desculpa, apesar da sua mente estivesse congelada no momento e tudo o que ela conseguia pensar era no quanto ela o amava.

— Ela dormiu, sempre dormiu cedo. Costume da avó e o dia hoje foi tumultuado. Claro que essa não é a questão.

— Agora entendo porque está aqui. — A voz do jovem pirata ficava cada vez mais perigosa. Leharuin quase podia pressentir as palavras seguintes. — Digo, ela não consegue tirar os olhos de você. Certamente com medo de que você a abandone outra vez.

— Enzo! — Analiese sibilou. Aquilo estava indo longe demais.

— Ele está certo, Liese — suspirou, cansado. — Ela realmente tem medo de que eu faça isso. Entretanto, como eu já disse, essa não é a questão. O que estão escondendo?

— Eu... eu... — Lágrimas começaram a inundar os olhos da princesa e Enzo sabia que ela estava perdida. Sua força para continuar mentindo havia acabado.

— O rei deserdou sua princesa. — De início, Leharuin pensou não ter entendido. Liese encarava Enzo, maravilhada com o fato dele tê-la salvo de perguntas duas vezes no mesmo dia de maneira tão eficiente.

— Ele... o quê? — Creio que aquela tenha sido uma das poucas vezes em que Leharuin sentiu-se culpado. Porque aquilo obviamente era culpa dele... se ele não tivesse colocado na cabeça dela que deveria lutar pelos seus direitos. Jamais acreditaria que ele fosse capaz de tanto.

— Alexis tem me ajudado. Estou vivendo em uma bela estalagem, não há com o que se preocupar. Estou bem, de verdade. Só não queria preocupá-lo com isso, não quero estragar sua felicidade. — Ela não estava olhando para os olhos do ladrão quando disse aquelas palavras. Seu olhar estava fixado em algum ponto perdido no chão. — Sinto muito...

— Liese... — ele começou, porém ela o interrompeu.

— Estou cansada, Leharuin. Também foi um dia árduo para mim, volte para a Clara, tudo bem? E leve o Enzo, antes que o capitão fique com raiva. — E sem dar oportunidade para que qualquer um dos dois pudesse falar, ela se dirigiu para a entrada da estalagem em passos apressados.

Não queria vê-los outra vez. Sua coragem ruíra como o castelo de Themaesth. Não conseguiria conversar normalmente com nenhum dos dois. Principalmente com Enzo... porque no fim ela sabia que jamais deixaria de amar Leharuin. De que Vinccenzo dessa vez não venceria.

E, infelizmente, caros amigos... ela não poderia estar mais certa.


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