Trouble escrita por BubblegumBitch


Capítulo 8
Capítulo #8: Dezembro de 2009 - I




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            O natal se aproximava cada dia mais. As noticias sobre Annabelle eram cada vez menos frequentes na TV, nos jornais locais nos vendidos em todo o país. Contudo, sempre passava um apelido do Senador, um lembrete escrito passando na TV, para o caso de alguém ter esquecido o desaparecimento misterioso da filha do Senador.  Margot havia uma vez num pequeno programa de fofocas, o mesmo insistia em repassar sua entrevistas varias e varias vezes na semana. Eles perguntaram sobre mim, eu era uma suspeita.. Margot havia inventando que eu estava viajando para me libertar de drogar. Reabilitação. Disse também, que eu estava tocando alguns medicamentos fortes devido a toda, supostamente, droga consumida.

            Aquela altura minha mãe já devia estar emanando fogo de suas narinas. A qualquer momento meu celular começaria a tocar com o toque fúnebre que indicaria uma coisa: mamãe ligando.

            Estava distraidamente preparando o jantar de Annabelle. Eu me esforçava ao máximo para fazer comidas, no mínimo, apetitosas para Annabelle. Porém, Maria mal levava mantimentos, o que tonava as coisas mais difíceis, mas Margaret levava algumas coisas para mim todos os dias nos finais de tarde. Ia pegar o prato de Annabelle quando o toque fúnebre de minha mãe começou a ecoar pela casa silenciosa.

- O que você pensa que está fazendo? - Minha mãe gritou do outro lado, o que me fez afastar o aparelho do ouvido. Você tem noção de quantos repórteres vieram me perguntar sobre minha filha drogada? - Fiquei calada analisando quanto nojo havia nas palavras de minha mãe quando ela me chamou de filha. - Estou falando com você. Estupida! - Boa noite para você também, mamãe. - Suspirei pesadamente. Suas palavras, apesar de tudo, doíam. Doíam como facadas. - Não me venha com isso. - Ela pausou. Pude ouvir sua respiração rápida e pesada. Ela estava irritadíssima. - Pelo visto te banir do mundo não foi o suficiente para te manter longe das encrencas. - Fiquei sem saber o que falar. Minha mãe era dura demais quanto a essas coisas. Quanto a mim, o meu passado, e todo o meu futuro sendo gay. - Passar bem. - Foi a ultima vez que falei com minha mãe.

           Entrei no quarto de Annabelle. Ela mal me olhou. Notei que o prato do almoço estava praticamente intacto. Ela havia apenas tomado o copo de suco.

-Tem que comer Annabelle. Não quero você doente. - Deixei o prato próximo do outro. - Por que está fazendo isso? - Sua voz era baixa, e la olhava para o outro lado. Annabelle estava fraca. Sai do quarto sem dar nenhuma resposta, levei apenas o prato do almoço.

            Voltei meia hora depois com a sobremesa favorita de Annabelle: pudim de leite. Desta vez ela havia comido um pouco, e creio que ela havia acabado de se render a fome, pois ainda estava comendo, porém, parou assim que me viu entrar.

-Trouxe pudim... - Disse baixo. Annabelle não se moveu, apenas depositou seus olhos sobre o pequeno prato em minhas mãos. - É de leite. Andei lentamente até ela e me sentei ao seu lado, Annabelle se afastou bruscamente, quase caindo da cama. - Me leva pra casa... - Seus olhos suplicavam por aquilo, qualquer um podia ver. - Eu não posso... - Desviei meus olhos dos seus. De repente as mãos de Annabelle seguraram meu rosto, e num piscar de olhos nossos lábios grudados e iniciando um beijo cheio de raiva da parte de Annabelle. Eu não parei de beijá-la, mas quando umas das mãos de Annabelle começaram a deslizar em meu corpo, me dei conta de que tudo aquilo poderia ser uma plano dela. Annabelle era extremamente esperta.  A empurrei rapidamente, ela pareceu se assustar com isso. Retirei-me do local rapidamente, deixando apenas o pudim sobre a cama.

            No mesmo dia Maria foi até a casa ver se tudo estava bem. Eu tinha certeza que Annabelle podia nos ouvir.

            Pedi para que Maria comprasse algo para que eu desse de presente para a minha bela prisioneira, o que me rendeu um belo tapa em meu rosto. Eu sabia que havia machucado, eu havia sentido as unhas de Maria se arrastarem fortemente em minha bochecha, e também, mais tarde quando coloquei a mão molhada sobre o rosto, ardeu numa pequena área. Em seguida, Maria riu de mim, e disse que eu estava abusando de sua bondade, mas que pensaria em comprar algo.

            Mais tarde, quando fui recolher o prato da janta de Annabelle, senti seus olhos em mim, estavam fixos em meu rosto, então me lembrei de que estava machucado.

- O que foi isso? - Ela realmente não tinha ouvido? Ou estava apenas me perguntando para fazer eu me humilhar? - Maria. - Foi a única coisa que disse antes de sair e fechar a porta atrás de mim.

            Era madrugada, eu estava vendo TV, quando um pequeno pedaço de papel surgiu por baixo da porta do quarto de Annabelle. Andei lentamente até a porta e peguei o bilhete. Nele estava escrito: “Me sinto sozinha. Pode ficar aqui comigo? Por favor?”. Sorri involuntariamente ao terminar de ler o bilhete.

            Abri a porta lentamente. Annabelle estava sentada na cama olhando para o chão. Fiz um barulho com minha garganta e então ela me olhou. Ela fez algo que eu não esperava: ela sorriu. Então, andou até mim e me abraçou, todas aquelas atitudes estavam me deixando totalmente atordoada.

- O que está fazendo, Annabelle? - Perguntei baixo. No mesmo instante ela se afastou receosa. - Desculpe... - Não vai dormir? - Tranquei a porta e fiquei observando-a. - Pode ficar aqui até eu pegar no sono? - Perguntou-me sem olhar em minha direção. Apenas balancei a cabeça, ela agarrou uma de minhas mãos e me puxou na direção da cama - Annabelle, não vou me deitar com você. - Disse fria. Ela soltou minha mão, observou o chão e se deitou. - Então, fique apenas sentada... - Me sentei próximo dela. Annabelle segurou minha mão e entrelaçou nossos dedos. Ficamos ali por um bom tempo, caladas. Ouvíamos apenas o galho de uma arvore que estava arranhando no vidro da janela. Annabelle cantarolava alguma coisa num tom baixo, tão baixo que eu mal podia ouvir. Ela cochilou algumas vezes, mas sempre acordava assustada. A noite toda. Ela também não largou minha mão um minuto sequer, o que me obrigou e ficar ali e olhá-la enquanto ela dormia. O sol estava nascendo quando Annabelle finalmente pegou no sono, sem pesadelos. Quando ela soltou minha mão tratei de sair do quarto, fazendo o menor barulho possível.

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