Trouble escrita por BubblegumBitch


Capítulo 21
Capítulo #19: Dezembro de 2010




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Mais uma vez o Natal se aproximava, e eu não tinha certeza se iriamos sair dali até o fim do ano.

Desde que Rick morrera, Maria nos permitiu ficar em um quarto com cama, banheiro e conforto, ela nos matinha trancadas, claro, mas pelo menos não estávamos no chão com ratos. Tínhamos também um relógio e um calendário.

A janela não tinha trancas, pois estávamos no terceiro andar, e antes de conseguir fugir, caso pulasse dali, iriamos conseguir uma perna quebrada.


Na semana natalina Maria disse para Marcos nos levar até um bar. Ele ficava a duas horas de onde estávamos. A única coisa que sabíamos sobre o que iria acontecer, era que seria uma festa. Annabelle e eu recebemos roupas novas.



Ao chegar à festa, Marcos nos disse para esperar numa mesa. O lugar parecia ser um restaurante, e obviamente estava fechado para nós, não havia mais ninguém.


– - Olá, queridas. - Maria estava atrás de nós com mais algumas garotas em sua volta, todas estavam com um tipo de uniforme sexy de colegial. As garotas eram estupidamente grandes e musculosas, e aquele músculos não era apenas uma faixada, pude comprovar isso quando uma me levantou e me tirou do local. Debater-me fora realmente inútil, pois ela só apertava seus braços em volta de mim. Minha única saída ela ficar parada e deixar ela me levar para seja lá onde for.

– Descemos uma escada e ela me deixou dentro de uma sala. Era a sala de segurança, de lá eu podia ver tudo que acontecia no restaurante. Havia uma dessas meninas enormes paradas ao lado da porta, me impedindo de sair. Ela apontou para um bilhete que estava em cima do painel de controlada das câmeras. Andei cautelosamente até ele e o li.

“Mudei de ideia. Não preciso mais dela”. Quando terminei de ler olhei rapidamente para os monitores, e num deles vi que tinha um atirador apontando para Annabelle. No verso do bilhete tinha em leras pequenas: “Você tem dez minutos. Marcos”. Sempre soube que Marcos não queria fazer aquilo, ele estava apenas sendo mandado, e não sabia o que fazer.

Eu podia sentir o olhar da garota sobre mim. Quando a olhei, ela desviou o olhar. Sorri. Aquilo era tudo que eu precisava naquele momento.

– - Você pode relaxar, eu não vou tentar escapar. - Me sentei na cadeira que tinha ali e coloquei uma das pernas sobre os botões.

– - Estou recebendo ordens. - Ela disse.

Estou lhe dando minha palavra. - Eu a observava calmamente. Ela estava relutante, ela logo cederia. - Não costumo faltar com minha palavra. Sou filha de Carmem Thompson, você já deve ter ouvido falar dela...

– - Sim, já ouvi...

– - Então, ela me ensinou que não devemos faltar com nossa palavra. - Eu mordi meu lábio, ela suspirou e então relaxou os braços. - O que Maria te ofereceu em troca? Dinheiro? - Ela me olhava, era como se eu pudesse ler sua mente. - Maria lhe prometeu seu amor, e muitas noites de sexo. - Aquela não era uma pergunta, eu tinha certeza. - Ela está mentindo. Quando nos conhecemos tivemos algumas noites de sexo, mas como pode ver, ela só me usou.

– - V-você está mentindo... - Ela gaguejou. Meu tempo estava acabando, eu tinha apenas cinco minutos.

– - Suas palavras foram “Se você me ajudar, eu prometo que terá meu amor, e será para sempre. Essa é a única prova de amor que preciso”, estou certa? - Maria nunca tinha realmente dito aquelas palavras para mim, mas eu ouvi, uma vez que estava em sua casa, ela pensou que eu estava dormindo, falou isso para alguém, com o qual estava falando no telefone.

– - Ela mentiu para mim...? - Ela abaixou seu corpo abraçando os joelhos. Andei calmamente até ela e deslizei meus dedos em seu cabelo.

– - Você não tem culpa, ela faz isso com todas... - Pude ouvi-la chorar. Quando ela estava distraída o suficiente, com um golpe rápido que aprendi uma vez, quando me interessei por lutas, segurei seu cabelo e bati sua cabeça na parede com força. Ela ainda tentou levantar, mas logo caiu desmaiada.

 Corri até um dos corredores. Annabelle estava sentada numa cadeira e todas as outras estavam em sua volta. Maria tinha um sorriso enorme em seu rosto. Parei para tentar me lembrar de qual era o andar que o homem estava, afinal, eu não podia voltar para a sala de segurança, pois a garota poderia ter acordado. Sorri ao lembrar o quão útil fora fazer aquelas aulas de luta. Balancei a cabeça, tinha de me concentrar no que estava acontecendo ali.

Quando cheguei ao terceiro andar, me deparei com o homem atrás de uma pilastra grande que parecia ser de mármore. Ele tinha a arma pronta para atirar, Annabelle provavelmente estaria em sua mira. Andei calmamente até ele, tentando ao máximo não fazer barulho. Antes que eu pudesse tentar qualquer coisa, Marcos apareceu ao meu lado, e segurou meu braço. O observei andar até o homem, em seguida Marcos envolveu o homem com seus braços fazendo ser impossível o ar passar, e logo o estava desmaiado. Sem dizer nenhuma palavra, Marcos colocou o homem sobre os ombros, passou por mim e sumiu numa porta.

Eu não fazia ideia de que arma era aquela, mas tinha uma ótima mira. Grunhi ao me lembrar de que não sabia como mexer naquela coisa. Olhei num relógio que estava na parede, faltava menos de um minuto para o momento que Maria esperava que Annabelle morresse, eu tinha que tentar mexer naquilo.

– - Você não sabe fazer isso, não é? - Marcos saiu da porta no qual entrou. Saltei ao ouvir sua voz.

– - Não... - Marcos riu e andou até mim. Ele levou as mãos até meus ombros, empurrou meu corpo para baixo. - Olhe na mira. O centro, onde tem um X é onde a bala vai acertar. - Ele segurou minhas mãos, uma foi posta sob a arma, quase na ponta, provavelmente para dar-me mais segurança do objeto, a outra ele levou até o gatilho. - Quando quiser. Maria está esperando.

 Eu estava ali, segurando uma arma, e nem sequer tinha ideia do resto do plano. O plano inicial era sair da sala de segurança, encontrar o atirador, e impedi-lo de matar Annabelle, mas agora que eu estava ali olhando através da mira, eu não fazia ideia do que iria fazer. Eu não queria matar ninguém, afinal já levaria toda a culpa pelo assassinato de Rick, matar outras pessoas não estava nos meus planos.

 A cabeça de Maria estava na mira, eu poderia apertar o gatilho e tudo acabaria ali. Mas eu não o fiz. Soltei a arma e corri para descer as escadas. Marcos ficou me olhando sem entender qualquer coisa, ele apenas me seguiu.

Quando cheguei ao andar onde estava Annabelle, a condição de Maria era visivelmente clara: ela estava irritada, pois Annabelle ainda estava viva. No exato momento em que seus olhos pararam em mim, quase me arrependi de ter feito aquilo. Marcos me agarrou por trás.

– - Desculpe Maria, ela me acertou... - Marcos segurava minhas mãos com força atrás de meu corpo. O que ele estava fazendo? Pensei que queria me ajudar!

– - Você não consegue entender, não é? - Maria andou até mim. - Ela tem que morrer.

– - Não, Maria... - Marcos habilmente deu um revolver em minhas mãos. Suspirei. - Não seria justo matá-la sem ela saber. Achei que você tornaria as coisas mais interessantes. - Annabelle me olhava incrédula, mas eu sabia o que estava fazendo. - A Maria que eu conheço, faria um jogo um a um. Cada um por si. A Maria que eu conheço não faria esse tipo de covardia, porque, sabemos que Annabelle não teria chance contra suas amigas.

– - Tem razão! - Maria sorriu. - Assim é bem mais fácil. Com você sendo obediente, e me ajudando tudo é bem melhor. - Ela andou até mim e me beijou, retribuiu seu beijo com o máximo de vontade que eu podia sentir. Quando afastou nossos lábios, Maria estava radiante. - Posso até conceder um pedido a você.

– - Posso falar com Annabelle? - Maria analisou meu rosto atentamente. - Marcos pode ir segurando meus braços para eu não tentar fazer qualquer coisa, mas suas amigas saem. - Disse um pouco hesitante. Eu estava jogando com Maria, e não tinha certeza se ela faria tudo do meu jeito.

 Maria olhou para as duas meninas que estavam ao lado de Annabelle e acenou com a cabeça. Quando ambas saíram, Marcos me levou até ela. Annabelle falou várias palavras incompreensíveis, balancei a cabeça rapidamente, num sinal negativo, dizendo para ela ficar calada. Ela respirou profundamente e ela esperou que eu falasse algo, quando ia começar a falar novamente, eu soltei as mãos e a abracei.

– - Espero que saiba como usar isso. - Sussurrei em seu ouvido. Como Annabelle estava de calça pude colocar o revolver dentro da calça e tapá-lo com a blusa. Marcos me puxou e voltamos até Maria.

– - Gosto tanto de você... - Maria sussurrou. Marcos me soltou dando espaço para Maria me abraçar. Num movimento brusco Maria me empurrou numa cadeira, que não me lembro de estar ali. Marcos algemou minhas mãos atrás das costas da cadeira, e Maria amarrou minhas pernas. - Aproveite o show.

– - O que você está fazendo? - Gritei. Ela balançou a cabeça, e então as outras garotas ficaram a sua volta.

– - Achou mesmo que eu deixaria minhas amigas de fora da brincadeira? - Ela sorriu. - Annabelle, você tem um minuto para tentar se esconder. - Maria retirou uma faca de dentro da roupa e penetrou-a no estofado de um dos “sofás” que tinha no canto. De lá, ela retirou várias armas.

– - O que? - Annabelle a olhou assustada.

– - Estamos brincando de esconde-esconde, você tem que se esconder. - Ela disse calmamente. - Pode ir... É se esconder, ou morrer. Agora!

 Eu não sabia o que fazer, sabia apenas que Annabelle tinha que conseguir se esconder, e lembrar de que ela tinha um revolver dentro de suas calças. Com o grito de Maria, Annabelle correu em direção a uma escada, e depois sumiu do campo de minha visão. A única coisa que eu poderia fazer era torcer que aquelas outras garotas fossem tão lentas quanto a outra.

 Os segundos eram incontáveis. Assim que Maria permitiu que o “jogo” começasse meu coração disparou. Eu tinha certeza de que Maria iria trapacear de algum modo.

 Marcos estava ao meu lado, aparentemente tomando conta para que eu não me soltasse, mas eu estava algemada, eu não era nenhum tipo de ninja para conseguir sair dali.

– - Você não quer mais fazer isso, não é? - Perguntei-lhe assim que Maria também sumiu de minha visão.

– - No inicio eu gostei da ideia. Sequestrar as filhas de duas pessoas importantes poderia dar muito dinheiro. Mas ninguém devia se machucar, nós dois queríamos apenas dinheiro fácil! - Ele suspirou.

– - Era o que eu queria também, e veja onde estamos agora... - Vi com o canto os olhos Annabelle esconder-se trás do bar, sorri ao ver que ela estava dando conta.

– - Por mim teríamos pedido o resgate há muito tempo... Não era para durar mais que algumas semanas, mas a Maria decidiu tudo sozinha, e me ameaçou caso não fizesse o que ela queria. Eu... Seu próprio irmão...

– - Apareça querida! - Maria gritou voltando ao local de partida. - Eu vou te encontrar, e você vai perder! - As outras garotas chegaram logo atrás dela. Meu coração disparou ao vê-las indo em direção ao bar. O caminho que Maria estava indo a faria ver Annabelle por trás, e isso poderia pegá-la de surpresa.

 Marcos estava tão apreensivo quanto eu, suas mãos estavam fechadas tão fortemente, que seu sangue mal conseguia circular, notei isso, pois sua mão mudara de cor.

 Maria avistou Annabelle atrás do bar e escondeu seu corpo atrás de uma enorme pilastra que tinha ali. Num segundo tudo estaria acabado, eu iria para a cadeia, e provavelmente morreria lá.

Eu e todos ali ficamos muito surpresos quando Annabelle atirou. Tudo aconteceu muito rápido, mas dentro de minha cabeça, a cena se repetia lentamente. Maria escondeu-se atrás da pilastra, suas outras seguidoras estavam em campo aberto, sem nenhuma preocupação. Assim que Maria estava pronta para disparar e pôs seu corpo para fora da proteção da pilastra, Annabelle saiu de seu esconderijo e atirou na direção da Maria. O projétil não acertou Maria, ele bateu na pilastra e desviou, deixando apenas uma das garotas pouco ferida, em algumas semanas estaria curado.

 Annabelle ainda mantinha o revolver apontado para Maria, que aparentemente havia sido abandonada por suas amigas. Maria estava imóvel.

– - Fim de jogo. - Maria disse, deixou a arma cair e se dirigiu ao caminho contrário, indo a minha direção.

– - O que? - Annabelle perguntou.

– - É só isso que você sabe perguntar? - Ela suspirou bravamente. - Fim de jogo, eu não quero mais jogar. - Ela sentou-se ao meu lado. - Você é boa, mas não sei de onde tirou esse revolver... Sabe de onde foi, Melissa?

– - Por que eu saberia? - Perguntei.

– - Porque antes de você abraçá-la ela não tinha um revolver.

– - Pode provar?

– - Não...

– - Então, não pode me acusar. Seja uma criminosa justa. - Disse friamente, e minha frieza pareceu afetar Maria de algum modo, pois ela parou de tentar me acusar.


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Notas finais do capítulo

A fic está em reta final, faltam apenas 6 capítulos para que tudo seja revelado! Expectativas? Teorias? Comentem!



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