Trouble escrita por BubblegumBitch


Capítulo 19
Capítulo #17: Outubro de 2010




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/333281/chapter/19

            A frase de Maria ainda ecoava em minha cabeça, ela poderia fazer qualquer coisa, a qualquer hora. Para mim, naquele momento, eu era a única que poderia fazer alguma coisa antes que ela pudesse machucar alguém ali.

–                   - O que houve? - Rick perguntou-me. Saí de meus pensamentos balançando a cabeça, tentando inutilmente, afastá-los dali.

–                   - Não houve nada. - Sussurrei e andei para o outro lado de nosso pequeno cubículo a fim de encerrar aquela conversa.

            Alguns dias depois – suponho –, Maria nos levou um aparelho de rádio. Ele funcionava muito mal, afinal estávamos no subterrâneo, e a frequência de rádio não seria boa. Poderia até dizer que estávamos no meio do nada, pois não havia som de buzinas, ou de pessoas, músicas, nada.

            No rádio, eles citavam Annabelle a todo momento. Ela apertava minha mão, todas as vezes que seu pai dizia “Annabelle, minha filha, se estiver ouvindo isso, pode ter certeza que não descansarei até que te encontrem”, durante a noite, Annabelle sempre chorava, acordada ou dormindo. Quando era dormindo, Rick e eu sabíamos que era um pesadelo relacionado a Maria, ou a algum de nós, pois Annabelle falava alguns coisas durante o sono.

            Certa vez ouvindo o rádio, o radialista anunciou meu nome, disse uma serie de coisas ruins a meu respeito, e declarou que se fosse sua filha, ganharia uma bela punição por ser uma drogada. Em seguida a esse comentário totalmente desnecessário, ele anunciou que alguém de minha família estaria ali. Quis desligar o aparelho no mesmo instante, mas Rick me impediu, foi quando ele a chamou...

–                   - Agora aqui conosco Margot Schwang. - Ao ouvir seu nome meu corpo estremeceu, todos os pelos de meu corpo se arrepiaram, e então, senti uma enorme vontade de abraçá-la, de ouvir seus conselhos, de sua companhia... - Então, conte para nós um pouco sobre a nossa rebelde, a Melissa.

–                   - A senhorita Melissa nunca foi nenhuma rebelde. -  Sorri ao ouvi-la me defender, caso fosse minha mãe a dar aquela entrevista, ela teria concordado, e ainda diria mais coisas a meu respeito. - Ela sempre foi muito atenciosa com os amigos, que eles sim eram más companhias, mas mesmo assim a Melissa nunca foi do mesmo modo.

–                   - Um momento Margot, temos uma ligação... - O radialista ficou falando algumas baboseiras antes de dar atenção a tal ligação. - Olá! Boa tarde, com quem eu falo?

–                   - Olá, me chamo Margaret Müller. - Respirei fundo ao ouvir aquele nome. O que ela estava fazendo ligando para aquela rádio? Depois de ouvir sua voz, a única certeza que eu tinha, era a de que não tínhamos saído do estado, talvez, tínhamos ido apenas para próximo da fronteira.

–                   - Olá Margaret. A que devemos sua ligação? Fui informado de que tem algo a dizer.

–                   - Sim, eu tenho. A Melissa esteve aqui em minha cidade.  Não parecia ser nenhuma drogada. Ela conhecia a menina Maria, ela sim é encrenca, mas Melissa me disse que estava tudo bem, que eram amigas de faculdade. - Margaret pausou por alguns segundos, o radialista estava inquieto, ouvíamos apenas sua respiração. - De um dia para o outro ela foi embora, não sei o que aconteceu. Quando entrei na casa, tinha apenas a foto dessa menina desaparecida, a Annabelle. A foto estava ela com o pai, era a foto que estava saindo nos jornais. - O sinal de radio imediatamente ficara mudo, alguns minutos depois uma voz totalmente diferente da voz do radialista indicou que o programa fora interrompido pelo FBI.

–                   - Vocês também ouviram? - A voz da Maria surgiu atrás de nós, e a olhamos rapidamente. - Viu o que sua rebeldia nos faz, Melissa? Tinha que fazer amizade com essa mulher? - Ela gritou. Num ato agil, Maria me puxou pelo cabelo e me empurro para o chão. Antes que eu pudesse me dar conta Maria estava em cima de mim batendo em meurosto. Recebi socos, e muitas arranhadas. Annabelle numa tentativa inútil e me ajudar puxou o cabelo de Maria para trás, recebendo um tapa e fora empurrada para trás em seguida, ela caiu e bateu a cabeça numa das prateleiras vazia que tinha ali.

–                   - Maria! - Marcos gritou da escada, distraindo-a e me dando a chance de fazê-la parar de me bater. Girei meu corpo sobre o dela, segurando seus braços sobre a cabeça. Minha cabeça estava pesando, era quase difícil manter meus olhos abertos, pois eu sentia dor, e estava ardendo.

–                   - Droga! Olha o que você fez! - Maria gritava sob meu corpo. - E então? Bata-me! O que está esperando? Olha o que eu fiz com você! Vamos! - Preparei uma das mãos para dar um soco no rosto de Maria, mas fui impedida pelas mãos de Marcos que me deixaram flutuando.

–                   - Parem com isso! - Marcos me jogou para o lado. Do mesmo jeito que caí, permaneci. - Olha o que sua raiva descontrolada nos faz, Maria! A cabeça dela vai precisar de pontos! - Marcos apontou para Annabelle, que estava abaixada num canto junto de Rick. Maria observou Annabelle, olhou para mim em seguida, levantou-se furiosa e subiu as escadas.

–                   - Ela vai desmaiar. - Rick disse.

–                   - O que? - Levantei rapidamente e corri até Annabelle. - Annabelle... Belle... Fique acordada, não durma, por favor. - Apertei seu corpo contra o meu. Senti seus braços envolverem minha cintura. Marcos fez um barulho com a garganta. Quando o olhei, ele fez um sinal para que subíssemos.

            Depois de o médico fazer os pontos na cabeça de Annabelle e receitar alguns remédios, ele me olhou durante alguns segundos, disse para que eu tomasse alguns anti-inflamatórios e disse que tudo ficaria bem.

            Desde o ocorrido, não tínhamos visto Maria. Eu estava particularmente preocupada, afinal, quando Maria estava quieta, queria dizer que algo iria acontecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trouble" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.