Aurora olhava o relogio que marcava as 6h da manha. Tinha que se levantar e preparar tudo pra quando os clientes chegassem na cafeteria em que trabalhava, era simples mas Roma nao esperaria por ela. Aurora nao demorou a se levantar pois, com a sua idade jà sabia como a hora se passa rapido na cidade. Olhou um mini porta-retrato que estava em cima de seu "comodino" (criado-mudo) e se lembrou por alguns segundos de como lhe fazia falta os campos, o ar puro e sua familia que havia falecido toda na guerra; sò lhe restou sua mae que estava em um asilo, sendo muito bem cuidada alias, porque Aurora vivia pela sua mae, trabalha incansavelmente na cafeteria para pagar o asilo mais caro em Toscana, pois sabia que nao poderia cuidar de sua mae sozinha. Lembrou-se tambem de como seu falecido "marido" lhe dizia em suas cartas que ela nao tinha culpa de nao poder cuidar de sua mae, que tudo isso iria passar e ele iria voltar para pedir sua mao, abraça-la e ter muitos filhos; sim, ele ainda devia pedir sua mao quando teve que se alistar no exercito à força, torceu para que fosse muito alto ou muito magro para nao entrar, mas nao deu ... Ele teve que partir. - Isso parece muito cliche eu sei, mas o que eu posso fazer? - pensava Aurora revisando o fato de que amara um homem que teve de se alistar no exercito e depois morreu, ela o amava muito. Eles se conheceram ainda muito jovens, muito jovens mesmo; ele tinha 11 e ela 10, sabe-se que crianças nao amam de verdade e eles pareciam entender isto na época mas faziam de tudo para estar perto um do outro, inventavam liçoes de casa pra se fazer em dupla, coisas que tinham de devolver um pro outro e quando finalmente se viam, se olhavam e sorriam até que uma de suas maes os dissessem para entrar. Aurora deixou cair uma lagrima ao lembrar-se disso, ela passou a mao entre seus cabelos e depois tirou a lagrima de seu rosto, uma lagrima tao linda e pura que refletia fortemente o sol daquela manha.

Aurora foi a pé até o café onde trabalha, abriu e começou a arrumar as cadeiras e a colocar as xicaras em cima do balcao, eu sei nao precisaria mas naquela manha Aurora queria que as pessoas se sentissem especiais, assim como ela se sentia com seu "marido".