Antes de entrar no quarto de Edward, onde todos estavam, Rosalie parou a minha frente e murmurou :

– Você pode ser minha amiga, Bella, mas se você tocar em qualquer palavra dita por mim... Eu acabo com a sua vida.

Sei que Rosalie não falou sério, ou eu esperava que fosse apenas uma metáfora, e apenas sorri e balancei a cabeça.

– Ótimo. Vem. - Com isso, ela abriu a porta e me puxou junto com ela. Sem o meu equilíbrio... Eu iria cair, óbvio, mas senti braços me amparando.

Segurei no ombro do meu salvador e virei para agradecer a Edward, afinal, ele sempre estava la quando eu precisava dele.

– Obrigada, Lucius. - Edward disse. Mas espere... Sua voz estava longe de mim.

– De nada.

Fiz a maior demora do mundo para não precisar encarar os olhos chocolates do meu salvador de um quase tombo mas uma hora ou outra precisava fazer tal coisa.

– Obri... Obrigada. - Murmurei em um tom de voz quase irreconhecível e mordi meu lábio enquanto me afastava e caminhava até Edward.

Sempre que preciso de conforto ou proteção, eu busco Edward, não sei mas parece que ele está disposto a fazer qualquer coisa para me ter a salvo.

Até mesmo acabar com seu velho amigo.

Tanya, Lucius e uma emburrada Rosalie, pegaram algumas malas e saíram do quarto, nos deixando a sós.

– Então, Bella, como ela está ?

Evidente que ele falava de Rosalie.

Seus braços fecharam o cerco em minha cintura, enquanto eu o abraçava, e olhava em seus olhos.

– Ela... Ela está bem, Edward, apenas isso que eu posso falar.

– Ela contou sobre a paixão nada secreta por Lucius ?

Balancei a cabeça e desviei meu olhar do dele quando senti que seus olhos falavam com os meus.

E eles me incentivavam a continuar a contar os fatos da conversa.

– Edward... Seu fofoqueiro ! - Antes que eu percebesse, meus pensamentos já estavam fora de meus lábios, e Edward ria.

Uma risada gostosa, do fundo da alma, como eu jamais tinha visto antes.

– Não é isso... É que... - A cada pausa mais risos. Acabei rindo junto.

Não pelo sentido da piada, até porque Rosalie ainda estava bastante magoada, mas sim pela felicidade de ver o meu Edward feliz.

Nada no mundo seria mais encantador do que isto.

Renesmee.

Oh sim... Apenas uma única coisa, uma coisa tão delicada, tão frágil e pequena como Renesmee.

Apenas ela conseguia ser mais linda e perfeita do que a risada do homem a minha frente.

– Posso saber qual é a piada ?

Me assustei com a voz de Rose no cômodo e acabei dando um pulinho nada legal para uma vida social intensa.

Não que eu já tivesse tido uma vida social... Longe disso.

Sempre fui aquela que vive para ler.

Não tenho talento para a escrita, esportes ou qualquer outra coisa... E bem, você nunca vê alguém ganhando algum premio por ler, certo ?

Mordi meu lábio.

– Não é nada, Rosalie, nada. - Edward agora tentava controlar a risada.

– Espero que o assunto não seja a linda aqui. - Percebi a indireta para mim e ergui meu olhar até encontrar o seu.

– Rose, por favor, não atrapalhe minha relação com meu namorado.

Edward congelou quando pronunciei a palavra namorado.

Oh meu Deus !

Será que ele não me considerava sua namorada ?

Ou ele apenas estava surpreso ?

Eu sei que ele nada falou.

Agora, foi a vez de Rosalie cair na gargalhada.

– Ah sim... Claro, claro. - Ela mordia o lábio para conter seu riso. - Edward, Lucius está chamando para ir. - Ela nos analisou de cima a baixo e sussurrou : - Mas se vocês querem tirar o atraso... Sem problemas.

Antes de Edward conseguir acertar algo nela, ela já estava fora do quarto, e ria.

– Desde quando Rosalie fala gírias assim ?

– Muito tempo com a Barbie, certo, Edward ?

Ele percebeu que foi direcionado a ele e não a Rosalie.

– Antes de partimos, Bella, eu gostaria de dizer duas coisas.

Segurando em minha mão, ele me deixou na beira da cama, enquanto se ajoelhava entre minhas pernas abertas o suficiente para encaixar seu corpo.

– Edward.

– Apenas eu falo ! - Assenti com a cabeça enquanto ouvia ele dar o inicio. - Bella, eu sei que você ainda tem ciumes de Tanya.

– Eu ? Não mesmo. - Seu olhar foi de reprovação por ter atrapalhado sua linha de raciocínio.

Ah, mas vamos lá, ele estava me chamando de ciumenta... Coisa que eu não sou.

– Calada ! - Rapidamente, selei meus lábios com cola e o ouvia. - Sei que Tanya as vezes é insuportável.

– As vezes ?

– Ta... O tempo todo.

Nós rimos.

Pelo menos isso Edward reconhecia.

– Mas você precisa achar uma maneira de conviver com ela. - Ele calou o começo de alguma reclamação minha, não lembro o que, pois assim que nossos lábios se encontraram... Eu esqueci do mundo. Relutante, ele afastou-se. - Eu encontrei, Rosalie também e até mesmo Lucius.

Um calafrio percorreu meu corpo quando escutei o nome de Lucius.

Edward percebendo isso, segurou com mais força minhas mãos entre as suas e aninhou as mesmas.

– Não se preocupe, querida, ele não vai te fazer mal. - Inclinando-se para cima e eu para baixo, ele me beijou novamente, mas no beijo ele passava apenas segurança e que a promessa a seguir seria comprida por toda a eternidade.

Ou até a minha morte.

As vezes, em meio a tanta coisa fora do comum, esqueço que ainda sou uma mortal.

Uma humana.

E que posso morrer a qualquer segundo, por coisas banais ou grandiosas.

E um segundo depois de pensar em tais coisas, um desespero toma conta de meu corpo, porque, afinal, eu vou precisar deixar Edward sozinho.

Ele é imortal.

Eu não.

– Eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você, Bella, eu prometo.

Alguma coisa em seu olhar encantou meus olhos.

Não consegui afastar meu olhar do seu, e não queria, pois na verdade, tudo que eu precisava estava em seu olhar cálido.

Proteção.

Lealdade.

Desejo.

Amor.

– Edward ! - A voz de Tanya ecoou pelo corredor. - Nós vamos deixar vocês dois ai mesmo. - Passos com salto agulha afastaram-se de nós com a mesma eficiência que chegaram.

Isso !

Me deixe com Edward a sós.

Mas para minha tristeza, Edward não iria concordar com minha ideia, além de me chamar de louca.

– Bella, você sabe que eu não sou romântico, ou um príncipe encantado. - Ele afastou-se de mim enquanto levantava e caminhava até algum móvel de seu quarto.

Não iriamos levar nada que não fosse realmente necessário.

E móveis não são necessários... Não para Edward e Rosalie.

– Na verdade, isso de príncipe é com Lucius.

Oh, Edward, meu amor, por quê tocar no nome desse homem ?

Por quê ?

Mordi meu lábio.

Ele segurava uma caixa consideravelmente grande azul-marinho.

– Bella, não quero assustar você, e sei que posso estar indo rápido demais mas...

– Edward, eu não vou me casar com você agora, desculpe.

Meus pensamentos me enganaram novamente.

Não estou louca mas acho que... Casamento ?

Isso está fora de questão quando uma guerra está para dar inicio e tem um espírito de uma criança, um espírito maravilhoso, que sempre aparece quando eu preciso de ajuda.

Seu olhar pareceu decepcionado.

Partiu meu coração vê-lo assim.

– Oh claro, claro, eu... - Ele pausou e logo continuou, agora já mais próximo de mim, com a mesma caixa em mãos.

Ele não entendeu que não quero casar agora ?

– Bella, os Atom's tem uma tradição de dar um colar, uma pulseira ou um anel, no caso das esposas ou maridos, para seus protegidos.

– Vocês são Anjos da Guarda ?

– Não.

– Então por quê protegem outras pessoas ? - Mordi meu lábio. - Quer dizer... Vocês são Anjos das trevas.

– Bella, em toda a história do meu povo, existiu apenas quatro protegidos, e agora com você cinco. - Ele pausou. - É raro acontecer mas quando acontece é por uma boa causa e isso transforma a vida de um Atom. - Ele abriu a caixa mas não mostrou o conteúdo nela para mim. - Todos os Atom's casaram com seus protegidos, construíram um lar e foram felizes.

Nossa.

Edward, realmente, esconde mais segredos de sua raça do que eu imaginava.

– Mas eu entendo se você não quiser, Bella, por mim tudo bem. - Então, Edward não se importava que eu o recusasse ? Ele não fazia questão de meu sim ? - O importante é manter você protegida, mesmo que isso aconteça nos braços de outro homem, e ver você feliz é mais um bônus para meu coração.

– Não pense, nem sequer por um mero minuto, que eu vou ser feliz ou me sentir a salvo nos braços de outro. - Minha voz saiu como uma ordem.

– Fico feliz com isso, Anjo, você não imagina o quanto. - Virando a caixa em direção a meus olhos, ele falou, com graça : - Não é o presente que imaginei dar para você, e nem está a sua altura, mas...

– Seu amor é o meu maior presente. - Sussurrei com os olhos emocionados.

O colar era trançado de diamante, chamado de Estrela da África, com safiras azuis.

O que não era diamante ou safira, era couro, o couro mais claro que já vi em toda a minha vida.

– Oh meu Deus. - Sussurrei. Edward girou meu corpo para por o colar em mim.

Seus lábios encontraram minha nuca e antes de meu corpo reagir, o colar já estava em meu pescoço, e preciso admitir que me sentia uma rainha.

A rainha de Edward.

– Edward, eu... Não tenho palavras.

– Apenas diga que gostou e aceita meu humilde presente.

– Eu... Eu adorei.

– Me sinto lisonjeado, Bella, mas preciso dizer que... Precisamos ir.

Meu momento de felicidade esvaiu no ar.

Uma sensação de vazio brotou em meu coração.

Claro que eu queria ir embora daquele lugar para sempre... Mas não queria deixar Hollywood e meu grande sonho de ser atriz.

Este sonho ainda borbulhava como um vulcão em erupção dentro de meu ser.

E minha querida, e pequena amiga, Alice.

– Edward.

Ele já estava na porta, com algumas poucas malas, e parou para me olhar.

– Sim ?

– Onde está Alice ?

– Ela está com o homem que deu o maior valor por ela.

Então...

Realmente era verdade ?

Ele conseguiu vender minha amiga ?

– Bella, por favor, precisamos ir, certo ?

Como ele conseguia agir com formalidade e naturalidade ?

Ele não tinha sentimentos ou era apenas um filho da mãe ?

– Como você...

– Isabella, ela está bem, ok ? O homem que a comprou tem aproximadamente trinta e três anos, dono de uma empresa bastante formosa, e tenho certeza que Alice está em boas mãos.

Mordi meu lábio e percebi que prendia a respiração.

– Preciso vê-la.

– E você vai. Você e Rose, na verdade, mas não agora.

Ele já estava impaciente.

– Vamos, Isabella.

Mordi meu lábio enquanto passava por sua alta figura.

Girei a chave na maçaneta do quarto e depois fiz o mesmo pelo resto do corredor.

– Graças a Deus. - Tanya, já impaciente, discava algo em seu celular da moda com uma maça atrás.

– Vamos. - Lucius falou e rapidamente abriu a porta do volvo prateado para Rosalie e Tanya entrarem.

Quando eu ia botar os pés para dentro do carro, Lucius disse, atrás de mim :

– Você vai na frente, futura Senhora Cullen.

Sorri por educação e entrei no banco do passageiro, ao lado de Edward, antes de alguém dizer ou fazer mais alguma coisa.

– Canadá... Ai vamos nós ! - Tanya, a mais animada com essa viagem disse com entusiasmo, e com uma voz pornô.

Mordi meu lábio e senti a mão de Edward sobre a minha, que se encontrava em minha perna, e virei para encarar seu rosto.

– Promete que tudo vai dar certo ?

Antes de selar nossos lábios e partirmos rumo ao nosso destino, ele sussurrou, com seus lábios ainda presos aos meus :

– Eu prometo.