Não Tenha Medo Deles, Tenha Medo De Mim. escrita por Fernando


Capítulo 6
Capítulo 6 - Um abraço pode mudar tudo




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Fecho a porta do meu quarto com força e corro até o de Dylan, mas paro logo, minhas costelas não deixam eu continuar correndo. Vou andando até seu quarto. Abro a porta e vejo Dylan sentado em sua cama agarrado com o cachorro de pelúcia. Os tiros continuam, parecem estar mais próximos agora, escuto gritos muitos abafados também.

– O que tá acontecendo? - Dylan pergunta assustado e agarrando o cachorro mais ainda

– Eu não sei. Vem, vamos até Valentina - digo estendendo minha mão para ele. Ele levanta de sua cama e vem até mim, segura minha mão e juntos vamos até o quarto de Valentina. Antes mesmo de batermos na porta Valentina sai de seu quarto, ela veste uma roupa diferente, tem uma mochila em suas costas e outra em sua mão esquerda, na direita ela segura sua arma.

– O que tá acontecendo Tina? - Dylan pergunta, e aperta minha mão.

– Eu não sei, e não quero ficar aqui pra saber. - ela diz para Dylan e depois olha pra mim - Dylan, vai pegar sua mochila, aquela reserva.

– Tá bom - Dylan solta minha mão e sai correndo até seu quarto.

– O que tá acontecendo? - pergunto

– Eu não sei, só consegui ver dois carros próximos daqui, eles vem em nossa direção - ela diz - Você vem conosco ?

– Sim! - digo animado - Não, quer dizer, vou se você quiser que eu vá

– Se eu quero que você vá? - ela faz uma pausa - É claro que eu quero que você venha - ela diz e me da um beijo rápido, retribuo.

– O que tem nas mochilas? - pergunto

– Alimentos, não perecível e algumas peças de roupas

– Roupas. Não para mim - digo fazendo uma careta, ela sorri

– Deixamos as coisas de Marcos na outra casa, podemos passar lá e pega-las se você quiser - ela diz, e abaixa a cabeça

– Não, eu não quero - digo. Levanto seu rosto e lhe beijo. - Podemos passar em alguma loja por aí, ou lojas de roupas foram as primeiras a serem saqueadas? - digo e sorrio para ela.

Dylan volta vestindo um casaco e com sua mochila nas costas, o cachorro ainda está em seu braço. Valentina segue na frente, eu e Dylan vamos logo atras andamos mais devagar que ela. Descemos a escada, e vamos para cozinha, Valentina pega o resto de comida que tem, não é muito. Lembro que não como faz tempo, mas ignoro a fome.

– Vamos sair pela porta da lavanderia, o carro está lá atras - ela diz

Dylan me leva até a lavanderia, enquanto Valentina sobe lá em cima para ver onde os carros estão. Não escuto mais os tiros, pararam faz algum tempo. Dylan começa a abrir a porta da lavanderia quando Valentina aparece e grita

– Dylan, não! - ela grita, mas já é tarde demais.

A porta e aberta por um chute violento, a porta bate no rosto de Dylan e ele caiu uns trinta centímetros para trás, ele chora e vejo sangue saindo de sua boca e nariz. Valentina está de seu lado o abraçando, tentando o acalmar. Vejo a arma dela a uns poucos centímetros de mim, me abaixo para pegar mas um tiro me impede, o tiro pega de raspão em meu braço mas acerta a arma em cheio a empurrando para longe. Valentina grita e se encolhe junto ao Dylan, olho para porta e vejo dois homens. Um deles é alto, gordo, tem uma barba que cobre metade do rosto - acho que é pra compensar a careca - usa uma camisa preta com o logo do AC/DC, ele carrega uma pistola, o outro é magro, alto também tem barba mas não como o gordo, usa um boné preto e carrega uma calibre .12 também.

– Viu só Frank, o cara ali queria a arma - o gordo diz

– Ví Jake. Tolo ele, não. Quase ficou sem um braço atoa. - o magro responde. Frank e Jake, então é esse o nome dos dois

– O que vocês querem? - Valentina pergunta antes de mim

– Há. Eu e o Frank aqui queremos o que vocês tiverem aqui - Jake diz

– E o que você acha que temos? - digo

– Não sei, ué. Mas acho que o que queremos está dentro dessas mochilas - Jake responde. Quando ele fala posso ver seus dentes pretos.

– Se é isso que vocês querem podem pegar e levar, mas não faça nada conosco - digo, olhando para os dois e depois para Valentina e Dylan. Quero saber como Dylan está, minha vontade e que matar os dois por terem machucado o Dylan.

– Nós vamos levar as coisas sim, mas antes eu e meu amigo Frank aqui vamos nos divertir - Jake diz diretamente pra Valentina - Faz é tempo que não vemos uma mulher viva. - ele diz levando uma das mãos até seu cinto.

– Não! - Valentina grita - Por favor não!

– Ah moça, desculpe mas não vai dar pra fazer isso não - Jake diz. Frank parece estar desconfortável com a situação.

– Por favor não! - Valentina pede mais uma vez, ela começa a chorar.

– Sinto muito moça - Jake diz e vai em direção a Valentina. Entro no meio dele, mas ele me chuta para a parede - Frank, você cuida desses aqui enquanto eu vou ali com a moça - ele diz pegando a Valentina pelo braço e a puxando para sala, Dylan segura sua mão mas Jake a puxa com força que o faz soltar. Dylan se arrasta até mim e segura minha mão, fico feliz por que ele não sofreu nada sério. Frank aponta a arma para mim e para Dylan

– Você não parece esta muito confortável Frank, posso te chamar assim né? - digo me levantando. Ele faz que sim com a cabeça, mas não me responde - Então, você é a sombra do Jake? - ele não responde - Há não, ele que é a sua, ele que faz o que você manda, não é Frank

– Cala a boca moleque, se não te mato - ele grita.

– Jura Frank? O Jake não vai ficar com raiva de você? - digo. Dylan está atras de mim

– Não. O Jake não manda eu mim, eu faço o que eu quero - ele diz. Ouço a Valentina gritar, ela pede por ajuda e grita para Jake parar

– A é? Então por que é o Jake que está la dentro com minha amiga? - digo.

Frank olha para a porta que vai para a sala, ele parece estar pensando em uma resposta. Aproveito o momento e vou pra cima dele. Tenho tempo suficiente para chegar até ele sem que ele perceba, empurro ele para atras. Escuto o barulho e um tiro. Mas não sinto nada então não olho para trás. Caio com ele no chão, a arma caide sua mão e para a um metro dele. Dou vários murros em seu rosto, a cada murro que dou vejo sangue saindo de sua boca, estou com raiva pelo que fizeram com Dylan, estou com raiva com o que estão fazendo com Valentina. Valentina. Paro de bater em Frank, vejo que ele já desmaiou. Me viro e vejo Dylan, a sangue em suas mãos, não é meu sangue, é o sangue dele. A bala o atingiu.

[...]

Acordo. Estou olhando para baixo, minhas mãos estão cheias de sangue, vejo um corpo, uma faca em cima desse corpo. Vejo as letras DC perto da faca, sinto alguém me abraçando com força. Valentina. Escuto ela chorar, ela me abraça mais forte a cada segundo, urro de dor baixinho. Olha para minhas mãos depois para a faca, estou com medo de olhar pra o rosto de quem quer que seja, mas olho assim mesmo. Jake, ou isso já foi aquele gordo babaca. A cortes em seu pescoço, seu nariz está quebrado, está torto. Sangue sai de um de seus olhos, o olho está aberto como se estivesse me encarando, olho para baixo, em sua cintura tem um corte de ponta a ponta, posso ver muito dificilmente o piso da sala, vejo suas entranhas saindo de sua barriga. Começo a chorar. O que eu fiz? Tive mais um surto. O que Valentina vai pensar de mim? Valentina, pelo menos ela está bem.

Valentina me solta aos poucos, me viro para ela e vejo que ela tem um machucado em seu rosto, um corte. Penso se foi que o fiz. Ela chora, eu também. Ela olha para mim e vejo seus lindos olhos verdes que me deixaram maravilhados da primeira vez que os vi. Ela me encara e continua chorando. Penso no que ela está pensando. Ela vem em minha direção, recuo um pouco, não sei o que ela pretende fazer. Mas então ela estica os braços e me abraça. A abraço de volta, a abraço cada vez mais forte, quero que isso dure para sempre, quero protege-la para sempre, ela e o Dylan. Dylan, não o vejo na sala.

– Onde está Dylan? - pergunto para ela, temendo pela resposta

– Ele se escondeu - ela diz soluçando - Quando você tirou o gordão de cima de mim, corri para cozinha para ver ele, vi que ele tinha levado um tiro - ela para um pouco - No braço, e então falei pra ele subir lá pra cima e se trancar no porão.

Dylan está bem. Ele está vivo. Eu estou bem, Valentina está bem. Estamos bem e vamos continuar assim.


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Notas finais do capítulo

Aeee, dois capítulos em um dia. Bom ter um dia criativo.



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