Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman
Notas iniciais do capítulo
Queridos, desculpem a demora (novamente)! Estou tendo aulas à noite também. :(
Vou combinar com vocês: que tal um capítulo na quarta, outro na sexta e outro no domingo?
Grande abraço e obrigada pelos LINDOS comentários! ♥
Annie.
Assim que Elizabeth adentrou o quarto, as lágrimas despencaram de seus olhos. Relembrar o sofrimento de Jane era pior do que qualquer outra coisa.
Estirou-se na cama e pôs as mãos no rosto.
– Ah, Jane, por que não pude fazer nada por você?
“28 de Novembro de 2002.
Era o Dia de Ação de Graças, um dos mais importantes feriados americanos e o preferido de Lizzie. Era o momento de reunir a família! Adorava, em especial, o tio materno e sua esposa. Eram incríveis! Haviam se mudado para Londres quando Lizzie ainda era uma garotinha, mas voltavam sempre aos Estados Unidos para a celebração.
O tio era um homem de negócios como o pai, mas vivia viajando pelo mundo em busca de novos contratos. Suas histórias eram hilárias e muito curiosas, Elizabeth adorava saber o que acontecia em outras partes da Terra. A tia era uma negociadora de arte com quem Elizabeth aprenderia tudo o que sabe e se apaixonaria pela profissão. Os tios, por sua vez, destinavam a Lizzie e Jane uma atenção especial, por serem meninas inteligentes e extremamente agradáveis.
Assim que distribuíram os presentes para a família, os tios se sentaram à mesa de jantar e perguntaram pelas novidades do “Novo Mundo”.
A mãe das garotas, obviamente, se queixou de todos os infortúnios pelos quais passara. Uma filha fora abandonada e a outra recusara um emprego.
– Como sofro com cinco meninas para criar. Nenhuma tem juízo na cabeça!
O Sr. Bennet lançou um olhar cômico para Elizabeth, que segurava a risada.
– E o que mais me incomoda é aquela moça ter roubado o lugar de Lizzie. Charlotte Lucas. – A mulher bufou. Tranquilizou-se e uma expressão resignada tomou conta de seu semblante. – Mas posso assegurar, irmão, que a visita de vocês me deixou muito feliz! Quase esqueci estes pequenos pormenores. – E rangeu os dentes.
A tia se comunicava muito com as sobrinhas, já sabia de tudo que acontecera. Pelo bem delas, quase não respondeu à Sra. Bennet e mudou de assunto.
Assim que ficou a sós com Elizabeth, a Sra. Gardiner a abordou:
– Jane deve ter ficado muito triste, Lizzie, querida – e abraçou a sobrinha. – Mas é tão comum hoje em dia. Rapazes vêm e vão.
– Tia, essa observação me seria um consolo imenso se não estivesse convencida de que Charles era perdidamente apaixonado por Jane. Foram outras pessoas que o envenenaram.
– Tem certeza disso?
– Absoluta! Charles era completamente dedicado e a timidez de Jane em nada o incomodava. Acho que, inclusive, o encantava ainda mais. Em todas as festas em que nos encontramos, os dois não se largavam. Quando Jane ficou doente e teve de repousar na casa em que Bingley estava, ele foi tão amável, solícito e gentil! Não posso conceber maior dedicação como apenas leve inclinação, em especial por uma pessoa que se conhece há alguns meses!
A tia ponderou por um momento e anuiu.
– Confio em seu julgamento, Lizzie. – A mulher suspirou. – Perdoe-me por dizer isto, mas que pena não ter acontecido com você! Teria se recuperado muito mais rápido, é mais forte. Jane demorará a se restabelecer. – O rosto da tia subitamente se iluminou. – Será que uma mudança de paisagem não faria bem a Jane? Ela pode ficar comigo em Londres por algum tempo!
Lizzie adorou a ideia de imediato e sabia que Jane não recusaria.
A Sra Gardiner acrescentou, porém, com expressão austera:
– Que ela não aceite pensando em rever o rapaz! Moramos em lugares distantes e não temos o mesmo círculo de amizades. Não seria nada bom para sua recuperação.
Elizabeth deu um riso amargo.
– Charles tem um cão de guarda. Seu melhor amigo, Darcy, jamais deixaria que ele e Jane se encontrassem.
– Assim espero, Lizzie. Já basta de sofrimento para Jane.
Mas Elizabeth não estava tão certa do que dizia. Acreditava de tal maneira no afeto dos dois que não descartava a hipótese de uma redenção por parte do rapaz.
Jane aceitou prontamente o convite, esperançosa de poder reencontrar Caroline sem rever o irmão.
Os Gardiner ficaram uma semana na casa dos Bennet. Denny e Wickham não faltavam aos diversos jantares que a mãe de Elizabeth dava. Os elogios da moça por George, porém, deixaram a tia alarmada. Conhecia de leve a vida de Wickham e, embora não soubesse de nada que o desaprovasse, algo lhe dizia para não confiar na boa aparência e nos modos gentis do rapaz. Transmitiu sua preocupação assim que pôde:
– Tia, fique tranquila. Wickham é o rapaz mais adorável que conheci, mas não estou apaixonada por ele. O amor, para mim, vem do tempo, da amizade e da admiração. Os dois últimos já temos, mas mal nos conhecemos.
A Sra. Gardiner ficou mais aliviada.
– Sabia que era uma moça inteligente. – e deu um beijo na testa da sobrinha.
De volta à companhia dos outros, a tia não pôde, porém, deixar de concordar que ouvira aqui e acolá que Darcy era um rapaz muito arrogante e pretensioso.
Alguns dias depois, Jane e os tios partiram.”
Quando o almoço ficou pronto, Darcy decidiu ir chamá-la:
– Lizzie? Está tudo pronto, podemos descer e...
A cena o deixou ainda mais triste. Elizabeth estava dormindo, mas seus olhos e nariz estavam inchados e vermelhos devido às lágrimas. Decidiu deixá-la em paz. A moça, todavia, acordou ao ouvir o barulho de seus passos.
– Darcy? – Elizabeth estava confusa, sua cabeça doía e sua garganta estava trancada. Há muito não relembrava aquele dia com tanta nitidez: a voz, a expressão de Jane, seu choro baixinho durante a noite... Aquilo a estava corroendo por dentro. – O que aconteceu?
– Eu preparei o almoço – disse o rapaz, solidário. – Acho que deveria comer algo, sua dor de cabeça vai piorar.
A moça ficou espantada.
– Como sabe e...? – Ao olhar-se no reflexo da janela, porém, entendeu: seu estado era deplorável. – Não deve ter sido muito difícil de adivinhar.
Darcy arriscou um sorriso.
– Posso fazer uma compressa de água quente para você.
– Seria ótimo. – Olhou fundo nos olhos dele. – Obrigada.
– Não precisa agradecer, Eliza. Acho que, na verdade, você deveria me esmurrar por tê-la feito sofrer outra vez.
Elizabeth quis fingir uma traquinagem e arriscou alguns leves tapas no rapaz. Quando deu por si, porém, estava chorando novamente.
– Shhh. – Ele a abraçou com cautela.
Assim que pôde se recompor, a moça se desvencilhou dos braços de Darcy.
– Vou preparar a compressa. – e a deixou sozinha com seus pensamentos.
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