Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 18
O Erro de Darcy




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Após o café da manhã, ambos decidiram abrir o próximo envelope.

– Olhe, Darcy! É uma metalinguagem: um envelope dentro de outro! – e riram-se. – Deixe-me ver do que se trata o segundo, parece uma carta... – ao ler o remetente, o rosto de Elizabeth empalideceu.

– Lizzie, o que aconteceu?

– É... – Engoliu em seco. – A carta que Caroline enviou para Jane.

O rapaz se sentiu incomodado, mas tentou confortá-la:

– Se isso a faz sentir muito mal, Lizzie, não precisamos ler.

A moça respirou fundo e sorriu amarelo:

– Está tudo bem, Darcy. Obrigada por se preocupar comigo, mas me comprometi a ir até o fim. Talvez isso me ajude a entender o que aconteceu!

“27 de Setembro de 2002.

Lizzie estava de mau humor. Após tentar fazê-la aceitar aquele emprego ridículo e roubar sua melhor amiga, Collins tencionava ficar na casa dos Bennet até o final do mês. Que homem terrível!

Sua sorte mudou, porém, quando Wickham apareceu. O rapaz viera à casa dos Bennet para se desculpar por não ter comparecido à festa de Bingley. Como trouxera Denny consigo, foi perdoado rapidamente.

Estavam os Bennet, Collins, Wickham e Denny conversando na sala quando a campainha tocou.

– Deixe que eu atendo – disse o Sr. Bennet. Logo voltou com uma carta em mãos: - É para você, Jane.

A moça sorriu e fez um gracejo, embora não entendesse do que pudesse se tratar. Abriu a carta e começou a ler. Elizabeth viu o rosto da irmã se contorcer em grande amargura, mas logo a moça se recuperou, guardou a carta e se juntou aos outros.

Mais tarde, quando ficaram a sós, Jane mostrou a carta à irmã.

– A carta é de Caroline, Lizzie.

‘Querida Jane,

Não houve tempo, foi tudo muito rápido. Peço que me perdoe por avisá-la deste modo, mas estamos voltando a Londres. Charles e Darcy têm compromissos e eu, como a boa irmã e amiga que sou, não pude deixar de acompanhá-los. De qualquer forma, não há nada que me prenda em Nova York a não ser sua amizade e a família de titio, claro. Espero que no futuro possamos nos encontrar!

Não deixe de escrever e de me ligar, pois não voltaremos à cidade tão cedo (embora Charles pense o contrário). Todos os dados de que precisará estão anotados em folha anexa. Ah, Jane, sei que é horrível pensar assim, mas estou muito feliz por reencontrar tantos amigos e parentes, as pessoas que nos são mais queridas! Você faria o mesmo, não faria?

Darcy pretende voltar por causa da irmã, Georgiana, a mais bonita e talentosa moça que existiu ou existirá na Terra. Não posso deixar de querer, Jane querida, que ela seja uma irmã para mim, pois Charles jamais resistirá aos encantos que ela inspira. Não me recordo de ter-lhe dito estas minhas esperanças, mas não as julgue infundadas: meu irmão é o maior admirador dela (à exceção de Darcy que, obviamente, a vê com olhos fraternais) e nos veremos ainda mais! Espero voltar com boas novidades como estas para você!

Já estou morrendo de saudades!

Com amor,

Caroline.”

– Oh, Jane! Que pena não haver oportunidade de despedir-se! Apesar do que Caroline diz na carta, acredito que este sentimento logo passará. Eles voltarão mais cedo do que imagina!

– Duvido, Lizzie. Não leu o que Caroline escreveu? Não regressarão tão cedo!

– Isto é o que ela quer, não significa que Bingley seguirá as ordens da irmã.

– Ora! Ele já é um rapaz crescido, toma as próprias decisões. O que mais me machucou foi a passagem sobre a irmã de Darcy. Ah, Lizzie, se eu soubesse que ele é tão apaixonado por ela... Ainda bem que Caroline é uma boa amiga e tentou me prevenir.

Elizabeth revirou os olhos.

– Realmente acredita nisto? Vou dizer o que penso: ela sabe o quanto Bingley gosta de você (era óbvio, Jane), mas deseja muito juntar as famílias para se aproximar de Fitzwilliam! É louca por ele! Se Darcy dissesse que gosta um pouco dela, aposto que Caroline marcaria o casamento!

– Quanta injustiça, Lizzie! Ela não seria capaz de tamanha crueldade. Se não sou o bastante para a família dos Bingley, me contentarei.

– Se o desgosto que inspirará em Caroline for maior que a felicidade que Charles lhe traz, recuse-o. Caso contrário...

– Sua boba! – Jane tentou sorrir. – Sabe que adoro Caroline, mas Charles me faz sentir... diferente. Minha escolha é óbvia!

– Bravo, Jane. Assim que ele voltar, veremos.

– Se voltar...

Elizabeth recusou aquela ideia incessantemente e ficou feliz de, ao menos, conseguir reduzir a infelicidade de Jane.


01 de Outubro de 2002.


Charlotte partira no dia anterior com o Sr. Collins. A mãe de Elizabeth ficara arrasada ao saber e quase não dissera nada pelo que restou do dia.

A senhora Bennet levara todos à loucura naqueles dias: ora falava de Bingley, machucando Jane; ora falava de Collins, irritando Elizabeth.

Jane decidira ligar para Caroline a fim de ter certeza dos sentimentos desta e de Bingley para consigo. O que ouviu no telefone minou qualquer esperança: a menina Bingley reforçava a todo momento sua estadia em Londres e a afeição do irmão por Georgiana.

Jane estava arrasada, mas comunicou Lizzie do telefonema, a qual, obviamente, não acreditou em uma só palavra de Caroline, chegando a criar um intenso ressentimento contra a moça. Que mulherzinha!

– Fico feliz de não ter causado sofrimento a ninguém, exceto a mim mesma.

– Jane, pare de ser boba e ingênua!

– Não sou ingênua, Lizzie!

– É ingênua! Se falo mal de alguém, não hesita em defendê-lo. Te chamo de ingênua e fica brava comigo? – Elizabeth bufou. – Estes dias têm sido um tormento! Falamos do primeiro motivo de minha indignação; o segundo levou minha amiga para a ruína!

A irmã a abraçou.

– Não pense assim. Charlotte está feliz, é uma decisão dela. Collins pode ser um pouco... ahn... Diferente, mas é um bom rapaz. Aposto que o irmão deve ser respeitável também.

– Torço que sim, mas não consigo acreditar que Charlotte será feliz.

– Deixe-a ir. Não fique ressentida com todos, especialmente com Charles. Ele seguiu o coração.

– Seguiu algum conselho idiota, mas não o coração, Jane! Qualquer um que os visse juntos concordaria comigo! – Elizabeth estava exasperada. – Não consegue ver? Bingley é um ótimo rapaz, mas se deixa levar facilmente pelos outros!

– Insiste que Caroline o influenciou?

– Absolutamente.

– Não é possível, Lizzie. Se Charles quisesse estar comigo, Caroline aceitaria. Ela somente deseja a felicidade do irmão.

– Está enganada, Caroline é egoísta. Gosta do irmão, mas estima muito mais a si mesma.

– Lizzie, Charles gosta de Georgiana, isto é fato. É dono de seu próprio nariz. Mesmo que Caroline tentasse persuadi-lo, se for verdade o que acha que ele sentia por mim, jamais se deixaria influenciar. Deixe-me ver isto assim, Lizzie. Eu me enganei.

Elizabeth desistiu e não mencionou o nome do rapaz por muito tempo.

O Sr. Bennet tentava fazer graça com a situação:

– Ah, Lizzie, o que seria de uma moça sem uma desilusão? Jane teve a dela, escolha um rapaz e siga o exemplo! Acredito que Wickham seja perfeito para a ocasião.”

Darcy estava lívido.

– Caroline teve a coragem de se despedir por carta e de torturar Jane com tantas alusões ao suposto amor de Bingley por Georgiana? Ah, Lizzie, mais do nunca sei porque este assunto a deixa tão triste. Jane deve ter ficado completamente arrasada.

– Ela ficou, Darcy. Muito – abaixou a cabeça. – Me dói só de lembrar.

– Eu sinto muito...

Lizzie pediu licença e foi se deitar. Darcy decidiu preparar o almoço e deixá-la descansar. Tantas lembranças intensas deveriam arrasá-la.

O rapaz já passara pela dor de um amor não correspondido.

Já passara também pelo desespero de irmão ao ver o outro sofrer.

Saber que contribuíra para aquele tormento o deixou profundamente abalado.








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