Sozinho

Acordei com uma leve dor na nuca e uma grande tontura, tentando me levantar e me concentrar, lembrando da luta, que vergonha, tinha tomado uma surra. Lembrei então das crianças, quanto tempo estaria ali desmaiado? Pela cor do céu, não aparentava ter passado mais de uma hora, com alguns ferimentos não muito graves, levantei e corri, com sorte os ninjas não teriam alcançado Tayuya e Sakon e se tivessem alcançado, eles provavelmente teriam vencido. Corri o mais rápido que minhas fraturas permitiam torcendo pra que minhas expectativas estivessem corretas

A primeira que encontrei foi Tayuya, mas ela não estava do jeito que eu imaginava. O local já estava vazio e com centenas de arvores cortadas ao meio na horizontal e em baixo de uma pilha de um monte delas estava Tayuya. Corri ate ela a tirando de lá com o auxilio do Doton e a puis em cima do meu colo, seu corpo já estava gelado. Sua cara suja de sangue e suas roupas sujas e rasgadas. As lagrimas saíram dos meu olhos escorrendo e caindo no rosto de Tayuya, Chorei baixo porem minha dor era um grito rouco e desesperado dentro de mim. A peguei no colo e a levei ate um rio apaixo de um penhasco, lavei seu rosto e arrumei seu cabelo, deixando-a como se tivesse dormindo.

Olhando pra direita, notei uma trilha de sangue q seguia pela margem do rio ate a frente. Puis Tayuya nas costas e segui o caminho de sangue. Cerca de dois quilômetros pelo caminho, cheguei a uma margem gramada com algumas arvores e jogado ali no chão estavam Sakon e Ukon completamente perfurados e ensangüentados, depois de achar Tayuya daquela forma, eu estava esperando por isso, chorei mais uma vez ajoelhando no chão e colocando os três um ao lado do outro olhando pros seus rostos e tentando acreditar que nunca mais os veria.

– Aqui parece um bom lugar pra vocês descansarem em paz amigos, vou fazer de uma forma certa – e sorri pensando neles sorrindo de volta pra mim, Tayuya com seu sorriso fraco porem verdadeiro e Sakon e Ukon com o sorriso sarcástico e malicioso de sempre

Abri duas covas usando o Doton, uma mais larga e a outra um pouco mais estreita e então retirei suas bandanas e seus laços roxos que ficavam na cintura. Dentro da cova mais larga coloquei Sakon e Ukon juntos, eles eram irmão, deveriam ficar juntos, dentro da outra cova coloquei Tayuyada forma mais angelical possível, peguei algumas flores e fiz um elmo de flores pra ela e a puis na cabeça, ela nunca usaria isso de verdade, mas ficava lindo nela. Então dei uma ultima olhada para os três e chorando, fechei as covas. Em cima delas havia três plaquinhas e em cada uma estava escrito “Ninjas Livres”, e ao lado das placas um punhado de flor pra cada cova

Dei mais uma ultima olhada e então sai de lá correndo e segurando o emocional, tinha coisas pra fazer, chorar era algo pra fazer depois, provavelmente não demoraria muito pra que os capangas de Orochimaru viessem atrás de mim depois que fugi e seria bem pior se eles notassem a ausência das pastas que eu havia pegado.

Corri durante umas quatro horas me afastando de tudo aquilo e me aproximando de um vilarejo em que na ocasião estava havendo um festival, eram seis da tarde e o sol já estava começando a enfraquecer. Fui ate umas barracas comprando então roupas com o dinheiro que havia roubado e guardado durante esses anos. Eu precisava me livrar daquelas roupas, renascer. Comprei uma camiseta roxa escura, uma jaqueta de couro sem manga com touca, uma calça simples e uma sandália ninja preta, peguei tudo e sai de lá.

Andei uns quatro quilômetros ate uma margem rochosa de um lago calmo me troquei, pondo a roupa que havia comprado, então com a ajuda de Katon e de alguns galhos, fiz uma fogueira.

Era hora de me libertar, libertar meus amigos, peguei toda minha antiga roupa e bandana, alem dos cintos e bandanas dos meus amigos e joguei tudo dentro da fogueira, deixando queimar tudo. Foi aí que me dei a liberdade de realmente chorar, liberando o grito rouco que estava corroendo meus pulmões.

–Vão meus amigos, vão, sejam livres, fujam – disse chorando freneticamente.

Eu havia pegado o colar de contas do Sakon e o colar com uma pequena flauta de Tayuya e os amarrei no pulso como uma pulseira como lembrança da grande amizade que tinha com eles principalmente com Tayuya.

“Você realmente me quer vivo ou morto

Para me torturar pelos meus pecados?”

Agora eu estava sozinho, novamente, como já havia ficado muitas vezes, fui tirado das pessoas que gostava, voluntariamente ou involuntariamente, primeiro minha mãe, depois meus irmãos, até Kimimaru de certa forma, e agora eles, meus amigos, pessoas que eu realmente amava.

Minha antiga vida estava morta pra mim com apenas a lembrança dos meus únicos amigos.

Meu objetivo agora era ir atras de ajuda quanto pra encontrar meu irmão, sabia que não seria um caminho fácil, porem não permitiria que ninguém me impedisse de encontrá-lo