Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 2
Capítulo 2




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Capítulo 2

Era noite, Rukia estava recostada numa árvore, na área do décimo terceiro esquadrão. Aquele tinha sido um dia cansativo. Primeiro, precisou justificar o atraso a seu capitão, que nem se importou, e a seu irmão, esse no entanto, lhe deu um sermão; depois, teve que resolver diversas pendências.

Cansada e com o coração agitado, não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Por mais que tentasse se convencer de que tudo não passara de um delírio, em seu íntimo, sabia que não. Ichigo tinha mesmo lhe beijado. E parecia evidente também que não se tratasse de apenas uma incomum demonstração de preocupação da parte dele.

Sentia-se culpada. Ichigo podia ser jovem mas ainda sim era um garoto. Mesmo que fosse bem mais velha, sua aparência não demonstrava isso. E não era uma questão dela ser atraente ou não, era mais básico. Assim como seria inapropriado que Orihime passasse a dormir no quarto de Ichigo, o mesmo valia para ela. O fato de ser uma shinigami não era razão suficiente para ignorar esses detalhes.

– Idiota... - xingou-se.

– Kuchiki? Algum problema?

– Capitão! - exclamou ela, colocando-se em pé na mesma hora.

– Ah, me perdoe tê-la surpreendido. É que sua expressão preocupada me deixou preocupado também. Byakuya brigou com você?

– Não! Nada disso...

– Ele é sempre muito severo. Não ligue pra isso. Vamos, sente-se... - disse e se acomodou bem próximo de onde ela estava antes, ao pé da árvore.

– Não é isso, capitão... - disse e voltou a assentar-se. – Está tudo bem...

– Sei... mas não gostaria de conversar um pouco? - sugeriu amável.

Desconcertada, Rukia sentiu a face corar. Seu capitão era mesmo atencioso e compreensivo, certamente ele poderia aconselhá-la, mas julgando o assunto embaraçoso demais, desistiu quase na mesma hora.

– Não tenho nada importante a dizer...

Ukitake lamentou, mas já esperava por aquilo.

– Entendi - disse calmo, uns instantes depois. – É algo particular...

Ela vidrou os olhos, surpresa com a perspicácia dele.

– Ainda é cedo, por que não procura o Abarai-kun? - comentou e depois foi saindo vagarosamente.

O coração de Rukia deu um sobressalto.

– Renji... - sussurrou ela.

“Acho que o Renji não ia gostar de saber disso... não mesmo...”

ooo ooo ooo ooo

Não era muito tarde mas no quarto de Ichigo apenas a luminária na escrivaninha estava acesa. Deitado em sua cama, bem quieto, o jovem ruivo fitava o teto, com diversas coisas em mente, mas em meio a isso o beijo trocado com Rukia se destacava, e a lembrança daquele momento o fazia deixar escapar uns risinhos de tempos em tempos.

Até sentia-se meio apreensivo, sem saber como as coisas iriam ficar, mas não pensava nos empecilhos que poderiam impedi-lo de estar junto dela. Tanto que chegava a desejar que algum inimigo surgisse do nada, apenas para que pudesse revê-la. Em sua cabecinha, ele e Rukia podiam muito bem começar um relacionamento, simplesmente porque não eram comprometidos. Coisas como a diferença de suas idades nem lhe ocorria, e também o trabalho como shinigami era, para ele, apenas um detalhe.

– Ah, essa casa é tão triste sem a Nee-san... - lamentava-se Kon, deitado de lado no chão, brincando com o distintivo de shinigami substituto de Ichigo.

Inconscientemente, o adolescente concordou:

– É...

Kon pulou de pé na mesma hora.

– Que?! O que foi esse “é”?! Ichigo, o que há? - esbravejou.

Olhando na direção do pelucinha, o adolescente falou:

– Eu que pergunto...

– A Nee-san é minha! Só minha, tira os olhos dela! Você tem a Inoue-san.

– Inoue?! - repetiu espantado, mas logo deu um riso. – Pára de besteira, Kon.

O bichinho encarou o jovem, desconfiado. Praquele tipo de coisa Kon era esperto, ainda que, na maioria das vezes, entendesse tudo errado.

Ichigo puxou o cobertor e virou de lado, ainda rindo um pouco do comentário, então, fechou os olhos e deixou-se levar pelo sono.

ooo ooo ooo ooo

Uma semana se passou desde que Rukia foi ferida. Ichigo caminhava sozinho, quando se viu diante da loja Urahara.

– Boa tarde, Kurosaki-kun.

– Ah, Urahara-san... - cumprimentou curvando-se levemente.

– Em que posso ajudá-lo? - perguntou com um largo sorriso.

– Não... nada demais... estava de passagem... todos estão bem?

– Estão sim. Entre, vamos tomar um chá - convidou na costumeira cordialidade.

O adolescente hesitou uns instantes, mas acabou concordando. Minutos depois, estava quieto, olhando para dentro da xícara de chá.

– Saudades da Kuchiki-san? - Urahara perguntou disfarçando casualidade.

– É... se houvesse alguma ordem... - o rapaz dizia, mas logo levantou o rosto. – Que espécie de pergunta foi essa?! - exclamou indignado.

– Tarde demais - acusou vitorioso. – Sua resposta já mostrou que sim.

O jovem ficou vermelho e voltou a abaixar a cabeça. Urahara riu levemente, tinha se surpreendido com as palavras dele, mas já imaginava que aquilo iria acontecer, em função da proximidade dos dois e da relação de companheirismo que já mantinham.

– Ela tem tido muito trabalho na Soul Society, tanto que comprou comigo diversos itens em sua última visita.

Ichigo o encarou, visivelmente interessado, mas, sem coragem de fazer perguntas, ficou apenas na expectativa de que o ex-shinigami falasse mais.

– Está curioso?

– Ora! - esbravejou o rapaz e virou a cara.

Divertindo-se, Urahara se levantou e ficou de costas para ele.

– Da Soul Society é possível abrir portais para qualquer lugar. Os hollows aparecem por todo lado. Eu soube que a atividade deles se intensificou desde que Aizen começou sua revolta.

– Por que está me dizendo isso? - indagou, tentando demonstrar descaso.

– Não é o tipo de trabalho que vice-capitães têm feito... se o Kurosaki-kun percebesse esses hollows fora de Karakura, talvez encontrasse algum conhecido liquidando eles.

Claro que Ichigo não era ingênuo a ponto de não notar que Urahara estava dando-lhe indiretas, e mesmo sem compreender ao certo a razão daquilo, achou a informação bastante valiosa.

ooo ooo ooo ooo

Ao anoitecer, Ichigo se transformou em shinigami e saltou pela janela. Seu distintivo de shinigami substituto também podia detectar hollows, embora não tivesse um alcance tão bom quanto os localizadores espirituais que Urahara vendia.

“Mas vai ter que servir.” ele pensou e saiu, escondendo da melhor forma possível sua reiatsu, movendo-se em alta velocidade.

As coisas não foram tão fáceis como ele quis acreditar que seriam, encontrou de fato um ou outro shinigami de baixa patente, mas a chance de encontrar Rukia era mesmo pequena, compreendeu.

Nos dias que se seguiram, Ichigo tentou o mesmo, até que no final da semana, ao voltar a sua casa se deparou com o sétimo posto do quarto esquadrão, Yamada Hanatarou.

– Hanatarou! - exclamou o shinigami substituto.

– Ah, Ichigo-san! Que bom que voltou.

– O que faz aqui? Veio só? - perguntou numa certa afobação.

– Sim... por que? Esperava por alguém?

– Não... - balançou a cabeça – ...nada disso... o que aconteceu?

– Estou em missão, a capitã Unohana me pediu para colher informações sobre o hollow que atacou a Rukia-san há alguns dias.

– Mas eu acabei com ele.

– Eu sei, mas outros hollows têm atacado da mesma forma. Além da Rukia-san, aconteceu o mesmo com outros seis shinigamis.

– Entendi... bem, vamos entrar.

– Mas não vou incomodar? É um pouco tarde, posso voltar amanhã - falou em seu tom sempre servil.

– Não. Entre e me conte essa história direito.

Um pouco depois, os dois conversavam no quarto de Ichigo, já que Hanatarou estava na forma shinigami e não numa gigai.

– Achamos que é um novo tipo de hollow, provavelmente híbridos que surgiram por influência dos Arrancar - explicava o sétimo posto.

Ichigo suspirou, apesar da situação parecer séria, não conseguia pensar em nada a não ser ver Rukia.

– Hanatarou... a Rukia... ela está bem?

– A Rukia-san? É que... na verdade, é um pouco raro que eu a veja, ela anda muito ocupada e além disso é uma nobre - disse coçando a cabeça e até um pouco vermelho.

Ichigo ficou totalmente sem jeito com o constrangimento dele.

– Ah, foi mal ter perguntado.

– Não, sem problema. Mas eu imagino que ela esteja bem sim, afinal já estava plenamente recuperada graças ao poder de Inoue Orihime, e além disso, a própria capitã Unohana a examinou, a pedido do capitão Kuchiki.

– Ah, claro... o Byakuya é muito atencioso com ela...

– É mesmo - Hanatarou encarou Ichigo por alguns instantes. – Agora que Aizen está desaparecido, você está um pouco distante da Soul Society, não é Ichigo-san? E de seus amigos também.

– É verdade... mas ao menos as coisas estão tranqüilas.

– É... bem, acho que já tenho todas as informações necessárias. Então, vou indo - disse e se levantou.

– Tudo bem. Precisando de ajuda, conte comigo.

– Ah, é bom saber. Ichigo-san... não posso garantir, mas havendo oportunidade, e se eu a encontrar, quer que eu deixe algum recado com a Rukia-san?

Pego de surpresa, o rapaz chegou a vidrar os olhos. Era uma boa oportunidade, mas não soube o que poderia dizer.

– ...não... nada em especial, apenas mande um “alô” pra todos.

Hanatarou assentiu e logo se foi.

ooo ooo ooo ooo

Talvez por ter visto Hanatarou, naquela noite, Ichigo acabou sonhando que se achava na Soul Society novamente, e Rukia estava para ser executada. Mas dessa vez, ele não conseguia salvá-la, e assistia ao longe Aizen transpassando seu corpo.

Num susto ele acordou, o rosto molhado de suor, o coração aos saltos. Passando a mão pela testa, enxugou a umidade e depois ergueu o corpo. O quarto estava escuro. Olhou o relógio, eram três da manhã. Deitou de novo e largou um braço em cima do rosto, levemente ofegante.

– Droga de sonho idiota... - praguejou num murmúrio.

Pensava em ir fazer um lanche, mas então ouviu o urro de um hollow.

– Ah, não, justo agora... - reclamou inconformado, apertando a têmpora, mas de repente vidrou os olhos ao captar uma reiatsu bem conhecida.

– ...hum, essa reaitsu? - resmungou o pelucinha, mais dormindo que acordado.

Antes que Kon se desse conta de quem era, Ichigo já saltava pela janela, em sua forma shinigami. Ao pousar, no meio da rua, ele percebeu que o hollow estava próximo e correu ao local, rápido feito um tiro.

– Rukia! - falou animado assim que avistou a shinigami.

– Droga... - murmurou ela.

Contente demais por tê-la encontrado, mais que depressa, ele lançou um golpe certeiro no hollow, pulverizando-o.

– Não era pra você ter vindo, Ichigo...

– O que quer dizer?! - indignou-se ele, aproximando-se.

Ela não deu resposta, estava completamente perdida e desconcertada com a presença dele.

– Isso não importa. A gente tem que conversar... - falou ele, deixando-a ainda mais abalada.

– Estou em trabalho agora - retrucou friamente, uns instantes depois.

– Sem problema, eu te ajudo e depois conversamos.

– Não... você não deve interferir no meu trabalho. Foi descuido meu que esse hollow viesse parar aqui. Essa é a região que você toma conta, mas não vai acontecer de novo.

Ichigo suspirou, lá vinha ela com aquele jeito bitolado.

– Por que está me evitando? - ele quis saber, encarando-a fixamente.

– Pare de dizer coisas sem sentido! - exclamou brava, virando de lado. – Idiota...

– Rukia, o que há?

Ela permaneceu virada e quieta, e ele achou melhor começar o assunto então.

– Sobre aquele dia... - dizia, mas a reiatsu de um outro hollow o silenciou.

– É por ali! - falou Rukia, apontando uma direção, depois de checar seu rastreador.

Ichigo bufou contrariado e logo corria bem atrás dela. Perseguiram não apenas um, mas três hollows. Não demoraram a acertar dois deles, mas o terceiro deu mais trabalho.

– Não temos um minuto de sossego - comentou Ichigo, no alto de uma árvore, Rukia estava perto dele.

– Quem disse que é fácil ser um shinigami? - retrucou, olhando adiante.

Avistando o hollow, Ichigo saltou e o acertou em cheio, colocando fim a tarefa. Rukia pulou da árvore, pousando ao lado dele.

– Nem tem graça se você está por perto... - comentou mal humorada.

– Você não devia me agradecer?

– Ah, sim... obrigada por sempre roubar meu trabalho - revidou ácida.

Ele balançou a cabeça diante daquela zanga boba, e acabou rindo levemente.

– Podemos conversar agora?

– Não. Agora preciso voltar pra Soul Society... - disse ainda muito amarga.

Ichigo voltou-se a ela.

– Qual é, Rukia?

– Não temos nada de importante a conversar, Ichigo - escorraçou de um jeito bem adulto.

– Até parece... - ele deu um passo adiante. – Gosto de você, Rukia - declarou na típica simplicidade.

Os olhos de Rukia se arregalaram de pronto. Ficou totalmente passada, ainda que o conhecesse bem, não esperava por aquilo. Seu coração disparou e não conseguiu dizer nada por algum tempo.

Diante da expressão de espanto dela, Ichigo acabou ficando meio perdido também, um certo rubor tomou-lhe a face e as orelhas, mas mesmo assim ele manteve o olhar fixo no dela.

– Seu imbecil! - Rukia vociferou, mas abaixou a cabeça, angustiada. – Não torne a dizer isso...

– Ah é? E por quê não, se é verdade?

– Você não passa de um pivete mesmo - rebateu zangada, e bem depressa tratou de abrir um portal seikamon. – Até, Ichigo! - despediu-se e deu as costas a ele.

– Não! - exclamou ele, e alcançou rápido o pulso dela.

– Me larga!

– Rukia, deixa disso - sem soltá-la, fez com que ela virasse o corpo em sua direção.

– Deixa disso você! - devolveu enérgica, e segurou no braço dele na intenção de se soltar. – O que você tem nessa sua cabeça!?

Ele apenas a encarou.

– Eu tenho idade pra ser sua tataravó! Acaso te esqueceste disto?!

– E o que tem isso? Eu não dou a mínima - disse ele com total naturalidade.

– Seu tapado! Essa não é a questão! Você é um humano, Ichigo!

– Mas sou shinigami também! Ah, Rukia... corta essa! Há dias estou tentando falar com você, e agora você vem com essa história nada a ver. A gente se gosta, raios! Até na escola achavam que estávamos juntos.

– ...mas não está escutando nada do que estou dizendo?! - rebateu furiosa.

– Não mesmo! Como sempre você complica tudo - inclinando um pouco o corpo, ele tocou na face levemente rosada dela.

Rukia o encarou, bestificada.

– Fica comigo... - falou ele, baixo, fazendo-a estremecer dos pés a cabeça.

Por um instante, Rukia se perdeu na beleza daqueles olhos castanhos, a proximidade do corpo robusto também não lhe passou despercebida. Ele se parecia tanto com Kaien, a mesma expressão e até o jeito de falar. Mas recobrando o juízo, ela segurou a mão dele em seu rosto, afastou-a num gesto brusco, e fez a primeira coisa sensata que lhe veio à mente.

– Primeira técnica de aprisionamento, “Sai”!

Ichigo piscou, surpreso, e logo seu corpo deu um solavanco. Era a segunda vez que Rukia usava aquele encantamento nele, mas aquilo não o intimidou:

– Se antes de eu ser um shinigami isso não me segurou, por que acha que vai agora?

– Não é pra te segurar, é só pra eu sumir daqui.

– Eu vou atrás de você se fizer isso... sua sem graça.

Ultrajada, Rukia deu as costas a ele de novo, e chegou a dar dois passos adiante, só que, num repente, foi puxada de volta.

– Que?! - exclamou ela, e sem que pudesse evitar, foi erguida por Ichigo, pelas axilas, uns bons centímetros do chão. – Me solta! - gritou furiosa.

O adolescente riu da situação hilária.

– Ah, que escândalo - reclamou ele, e então a virou para si com tudo, apertando forte a cinturinha fina dela contra seu corpo.

– Ichigo! - ela exclamou horrorizada, com o rosto na altura do dele.

– Não fica tão brava assim... Sabe, você está bem mais forte... se tivesse essa força quando usou isso em mim daquela vez, eu não teria me soltado nunca.

Ela teria ficado ainda mais furiosa, se o fato de estar sentindo as batidas do coração dele junto ao seu, não a tivesse deixado tão desconcertada, mas enfim reagiu:

– Você quer fazer o favor de me colocar no chão!

– Nada disso... Eu vou... - ele dizia mas de repente, não soube o que fazer, e sua expressão tornou-se tão apalermada que Rukia teve ímpetos de dar uma cabeçada nele.

– Me solta! - ela gritou de novo, se debatendo.

– ...você é tão baixinha que até parece uma criança da idade de Yuzu, mas olhando direito, você é tão bonita, Rukia...

Aturdida, ela parou de se debater. Nunca ninguém tinha lhe falado aquilo, ainda mais daquele jeito.

– Ichigo...

Sem dizer mais nada, ele foi aproximando o rosto.

– Não... - balbuciou ela, hipnotizada por aqueles lábios.

– Só um beijo... - ele falou até bem provocante para sua idade.

– Um beijo? - repetiu ela, deixando que ele esbarrasse os lábios nos seus.

– É...

Ichigo avançou com tudo, e quase no mesmo instante em que sua boca se juntaria a dela, Rukia passou os braços por seu pescoço, correspondendo-o. E eles se beijaram, apaixonadamente, esquecendo-se do mundo ao redor, se abraçando com força.

Bastou ter Rukia nos braços novamente para que a inquietação que afligia Ichigo há dias desaparecesse como num passe de mágica. Simplesmente não suportava mais estar longe dela.

Como resistir? Rukia se perguntava em pensamento, enquanto aquele beijo se prolongava além da conta. O corpo de Ichigo parecia atrair o dela como um fortíssimo imã. Tanto que quem colocou fim ao beijo foi ele.

Afastando devagar os lábios, Ichigo inspirou fundo, encostando a testa na dela.

– Não... - Rukia foi voltando a si. – ...isso não está acontecendo.

– Acho que vou querer outro...

– Chega! - gritou ela, e virou o rosto bruscamente. – Isso já foi longe demais! Ichigo, me coloca no chão imediatamente!

– Não coloco não - pirraçou.

– Ichigo, eu estou falando sério! Me solta!

O tom dela foi tão autoritário que ele achou melhor obedecer.

– Rukia, não faz assim. Eu gosto de você de verdade. É serio.

– Mas isso não tem cabimento! Será que você não entende? Eu não pertenço a esse mundo - e baixando o rosto fez uma pausa antes de dizer: – Além disso, tem uma pessoa aqui que gosta muito de você...

– Hã? Que história é essa?

– Logo você vai perceber.

Ele ficou pensativo uns instantes.

– Besteira... E nem quero saber porque é de você que eu gosto!

Foi realmente difícil para a shinigami ouvir aquilo, mas teria que dissuadi-lo.

– A culpa é minha. Fui descuidada e acabei criando essa situação... espero que possa me perdoar um dia, mas você tem que tirar esse absurdo da cabeça!

– Não mesmo! Ainda mais agora que sei que você também sente o mesmo!

– Não sinto! - negou enfática.

– Não adianta mentir! - retrucou igualmente.

– Eu não gosto de você desse jeito, Ichigo - disse muito séria. – Você entendeu errado.

– Mentira! - exclamou nervoso.

– Deixe de bancar a criança mimada. Está sendo muito inconveniente.

– Não estou!

– Então precisa refletir melhor... Não iremos mais nos ver, ao menos não por um bom tempo... - encerrou ela, e como o portal tinha se fechado, tornou a abri-lo.

– Rukia! Espera! - gritou ele, tentando detê-la, mas dessa vez ela foi mais rápida.

Assim, diante dos olhos arregalados dele, o portal desapareceu.

– Não! - gritou possesso, extremamente magoado.

Num instante, a noite cedeu seu lugar ao dia, mas nem a forte luz do sol pôde penetrar a escuridão na qual o coração de Ichigo mergulhou.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Agradeço de coração pelos comentários!