Thiago narrando

Acordei em um quarto escuro, não via nenhum tipo de luz nem nada, estava um breu, meus olhos foram se acostumando aos poucos e eu estava deitado em uma cama, meus olhos se acostumavam cada vez mais a ponto de eu enxergar de uma forma que eu não precisava de luz. Eu me sentia diferente, parecia mais forte, mas minha pele ardia um pouco, parecia que eu tinha passado o dia inteiro na praia sem protetor solar

-Ele acordou, ele acordou.

Olhei para o lado e tinha uma menina, ela devia ter uns 9 anos e estava sorrindo para mim. Ela era bronzeada, tinha os cabelos curtos e amarrados em uma maria chiquinha e com vestido.

-Quem é você?

-Sou filha adotiva do duque e da duquesa... Eles e mandaram ver se você tinha acordado, eles querem falar com você.

Me levantei e olhei as roupas na qual estava, eram as mesmas que eu tinham me tirado da escola...

-Faz quanto tempo que eu estou aqui dormindo?

Ela deu risada e colocou a mão na boca para sair baixinho.

-Um dia e meio, mas é que a transformação é mesmo complicada.

-Transformação...

Fechei os olhos me acalmando, tinha começado a tremer de leve quando me lembrei o que tinha acontecido.

-Vai na frente que eu acho o caminho.

Disse entre dentes e ela acenos com a cabeça e saiu saltitante do quarto. Respirei fundo e procurei meu celular no bolso da calça, ele estav desligado, liguei ele e vi 15 chamadas perdidas da Ana e 7 da Nina, elas estavam preocupadas comigo, ia ligar para elas depois.

Sai do quarto e a luminosidade do corredor era maior e ao invez de meus olhos arderem , como o normal, eles apenas se acostumaram com a luz rapidamente.

Olhei para um lado do corredor e era comprido e cheio de portas fechadas, no outro lado tinha uma parede, não muito longe da onde eu estava, com um espelho.

Me aproximei aos poucos e me olhei. Meu reflexo não era totalmente nítido, ele era um pouco transparente, bem pouco, quase imperceptivel, minha pele estava mais clara, bem mais do que o normal, mas meus olhos continuavam os mesmos, da mesma cor de sempre.

Olhei para o outro lado e senti um cheiro forte, andei para lá, realmente era muito comprido, mas la no final tinha uma porta aberta que dava para uma sala que parecia ser de jantar. Entrei nela cauteloso e a menina veio em minha direção pegando minha mão e me puxando.

-Olha mãe, ele acordou.

A mulher na qual ela estava falando estava de costas, seu cabelo preso em um rabo de cavalo e ela respondeu docemente, a voz mexeu comigo.

-Eu vi Clara, eu vi.

Ela nem precisou se virar para eu saber quem era.

-Mãe?

Era ela mesma, minha mãe, sentada na minha frente me olhando. Ela se levantou e me deu um abraço, fazia anos que eu não via ela, desde os 11. A abracei de volta.

-Meu filho querido, quanto tempo espero por este abraço.

Me afastei dela.

-O que você faz aqui?

-Longa historia, porque não se senta e almoça comigo e com seu pai?

-Pai?

Olhei do outro lado de mesa e la estava ele, apenas com uma taça de vinho na sua frente me olhando com receio. Apenas nos observamos e trocamos poucas palavras de saudação.

Me sentei na mesa e logo eles colocaram uma taça na minha frente e colocaram um liquido vermelho. Sangue.

-O que está acontecendo aqui?

-Nada filho.

Meu pai não falava nada.

-Eu não vou brincar de familia feliz com vocês, quero saber o que está acontecendo.

Meus pais se olharam por momento e meu pai começou.

-Você foi transformado...

Interrompi.

-Até essa parte eu sei, quero saber o que VOCÊS fazem aqui.

Meu pai abriu a boca novamente para começar a falar, mas minha o interrompeu.

-Não é hora ainda.

-E quando vai ser hora então Cintia? Ele tem que saber a verdade, já que é isso o que ele quer.

Minha mãe o fuzilou com os olhos depois olhou para a Clara que estava em um canto brincando.

-Clara, vai para o seu quarto por favor. Vamos ter uma conversa importante aqui.

A manina sorriu e saiu correndo corredor a fora, conseguia ouvir os passos dela dentro de seu quarto.

-Quem começa?- Olhei para os dois.

-De onde você quer saber?- Meu pai perguntou.

-Desde o inicio ajuda.

Escutei minha mãe respirar fundo e entrecortado. Ela estava chorando, mas já estava com um pano nos olhos.

Eles começaram a contar, eu não interrompi, apenas olhava de um para o outro enquanto falavam.

-A sua irmã foi meu sonho sabia? Quando ela nasceu eu me senti uma mulher completa com minha filha nos braços...

-Mas depois que ela nasceu sua mãe não poderia mais ter filhos, teve complicações no parto.

-Eu fiquei arrasada com isso, sabia que seu pai queria um menino, eu tambem queria ter um casal, mas não podia mais.

Tive que falar.

-O que? Eu não sou filho de vocês?

-Meu não, depois que a Nina nasceu eu não poderia mais ter filhos.

-Mas como...?- Estava confuso de vez, ainda olhando de um para o outro.

-Eu queria ter um menino, foi então que ela apareceu.

Minha mãe fez que não com a cabeça e enxugou os olhos de novo, o pano estava vermelho, como vampiros não choram lagrimas normais, choram sangue.

-Ela me enfeitiçou e engravidou.

-Ela quem?

-Elisa, a nossa rainha.-Ela disse em um tom choroso.

Olhei para o meu pai com nojo, ele tinha a traido e engravidado outra.

-Depois que ela engravidou tirou o feitiço de mim, pude pensar novamente e vi o que tinha acontecido.

-Depois de 4 meses seu pai chegou em casa com você no colo, ele me contou toda a historia, mas eu não acreditei nele. "Vampiros não existem".-Ela falou fazendo referencia com o que falava para ele.

-Mas a Elisa não podia cuidar do filho, você era o unico menino dela e você estava ameaçado de morte por muitos.

-Ela veio conversar comigo, estava com você no colo e falou que escolheu seu pai não por ele, mas por mim, eramos fisicamente parecidas, então você podia facilmente se passar por meu filho, ela me mostrou o que era e então comecei a acreditar.

Estava com raiva por dentro, eles tinham mentido para mim minha vida inteira. Bati com força na mesa.

-Vocês me enganaram, enganaram a minha irmã, nos deixaram sozinhos quando mais precisavamos de vocês, minha irmã me criou pensando que eu era irmão de sangue dela, mas nos eramos apenos meio-irmãos.

-Eu criei você como se fosse meu filho, você realmente se parecia com a Nina, eu te amei desde o primeiro momento que te peguei no colo.

Fui até a janela e olhei para fora, estava escuro, olhei no relogio do meu celular e vi que já eram 3 h da manha.

-Então o que aconteceu depois?

Meu pai continuou a historia.

-No dia do acidente eu e sua mãe quase morremos, ela nos de o veneno nos transformando. Nina quase descobriu o que nós eramos, então nos afastamos de vez para proteger vocês.

Respirei fundo, me acalmando.

-Então eu sou filho dela? Minha mãe verdadeira é uma vampira e eu sou um mestiço?

-Agora não mais.

Olhei para o meu pai, pelo que eu sabia existiam apenas 3 tipos de vampiros, Tipo 1 é o classico, o 2 era o que tranformava tomando o veneno e o 3 eram os mestiços ou filhos de vampiros.

-Quando um mestiço toma o veneno de um tipo 2 ele vira um tipo 1. Ou seja, você é um tipo 1, não mais um mestiço.

Minha mãe deu um sorriso de leve e me olhou.

-Você é o futuro rei, você é o nosso principe. 

Olhei de novo para a mesa e minha garganta apertou, estava com fome, de verdade, mas não sabia se era certo tomar aquilo.

-Nós quase não caçamos, pegamos bolsas de sangue para não chamar a atenção.

Peguei a taça e a olhei por alguns momentos e logo dei um gole.

-Agora a transformação está completa.

Tomei a taça e me virei para sair da sala, queria ficar sozinho um pouco.

-Thiago.

Me virei para o meu pai.

-Me da o celular, você não pode mais falar com ela.

-Ela quem?

-Sua namorada feiticeira. Os feiticeiros são nossos inimigos, não nos misturamos e você não vai quebrar essa regra.

Ele se aproximou rapido e tomou o celular da minha mão o jogando no chão e quebrando.

Continuei andando para o quarto, não podia ficar se a Ana e ja que eu não podia ligar para ela sabia como ia falar com ela. Tinha uma ideia que eu sabia que ela ia amar.