POV’ Kate

Acordei na manhã seguinte exatamente como tinha dormido: segurando Jake bem forte. Não atrevi mexer um músculo para não acordá-lo. Fiquei observando sua feição tranquila enquanto dormia e observei seu peito subindo e descendo calmamente conforme a respiração. Ouvir o coração dele bater me trazia um tipo de paz interior, como se tudo estivesse bem enquanto isso acontecesse.

- Por quanto tempo você ficaria me observando? – ele perguntou sorrindo, me tirando de meus devaneios.

- Então você estava acordado...

-... te observando dormir. Você parece um urso panda, sabia?

- É um elogio?

- Sim, senhora. É um elogio – ele se inclinou e juntou nossos lábios. Não pude deixar de chorar um pouquinho.

Ele me abraçou mais forte e subiu o banco do carro, me deixando no colo dele.

- Ei! Kate... – ele sussurrou afagando meus cabelos. - Vou te prometer uma coisa, pode ser? Eu prometo que vou voltar. Vou voltar pra você o mais rápido possível. Quando você menos perceber, eu vou estar batendo na porta de casa e te beijando, tudo bem?

- Não prometa uma coisa que não pode cumprir...

- Eu vou voltar para você. Não duvide disso.

Eu assenti com a cabeça e sequei minhas lágrimas. Minhas roupas estavam um pouco úmidas e meus cabelos estavam completamente encharcados. Ele também não estava seco, então resolvemos sair do carro para tomar um pouco de ar.

Enquanto andávamos, eu percebi que ele me observava, até que ele me perguntou:

- Por que você está vestida desse jeito... do jeito que você era antes de morarmos juntos?

- Eu queria te ver uma última vez do jeito que eu era quando você se apaixonou por mim. Isso tem algum sentido?

- Todo o sentido – eu abracei a cintura dele.

Continuamos andando, até que encontramos um posto de gasolina, não muito longe de onde estava o carro. Eu olhei para Jake com um olhar mortal e ele deu de ombros.

- Então quer dizer que tinha um posto de gasolina aqui?! – eu disse quase dando uma voadora no pescoço dele.

- Olhe o meu lado, Kate, eu queria ficar com você.

- Não podíamos ficar juntos em casa?! Aí eu não ficaria resfriada!

- Desculpe, mas eu achava que a campina era especial para você...

- E é. Tudo bem, me desculpe por gritar com você. Mas da próxima vez que ficarmos com algum problema no carro vamos voltar para casa, o.k? – disse o abraçando no pescoço. - Você é fofo, sabia?

- É, eu sei. Você não resiste a mim, tem razão.

Dei um soco fraco no ombro dele e pedimos um telefonema para o dono do posto. Conseguimos ligar para um guincho e fomos para casa.

POV’ Jake

Aproveitei que ela dormiu e arrumei minhas malas. Acho que ela não gostaria de me ver arrumando as minhas coisas. Coloquei tudo no carro, mas parei na porta quando me deparei com aquela foto. Era uma foto nossa, quando fomos ao centro da cidade onde uma feira de flores acontecia. Foi naquele dia que eu descobri que as flores preferidas dela eram as rosas vermelhas. Um fotógrafo tirava uma foto de graça, então nos sentamos embaixo de uma árvore e tiramos a foto.

Tirei do porta-retratos e guardei na carteira. Era uma foto pequena, meio antiga, mas significava muito para mim.

Voltei ao sofá e Kate estava mexendo no anel de noivado que eu tinha dado a ela. Era de ouro branco com um brilhante azul claro. Sentei ao lado dela e peguei o pote de pipoca. Ela me cobriu com o cobertor e me encarou triste.

- Nem chegamos a casar... – ela admitiu frustrada.

- Mas eu prometo que vou fazer o casamento mais bonito e mais chique que você já viu. Pode acreditar em mim – eu segurei as mãos dela e beijei as palmas.

Ela me abraçou e ficamos vendo o filme no sofá, comendo pipoca e tomando refrigerante.

…

- N-não chora... – eu disse a abraçando mais forte.

Ela soltou um soluço e continuou com a cabeça no meu ombro. Levantei o queixo dela com os dedos e olhei fundo nos olhos azuis profundos dela. Para um sábado à noite, o aeroporto estava bem vazio.

- Você vai poder me mandar cartas quando quiser, e vai poder me ligar uma vez por semana. Eu não vou te esquecer. Nunca.

- Eu também não. Eu te amo Jake – ela secou as lágrimas.

- Também te amo – eu beijei seus lábios, que até o momento, tremiam. Ela me abraçou forte, e por um segundo eu desisti de tudo.

- Última chamada para o voo 552, portão A – disse uma voz feminina vinda do auto-falante.

Eu a abracei de novo e fui andando até o portão. Olhei para trás e ela chorava, andando para fora do aeroporto.

Sentei no banco do lado de meu amigo James e ficamos conversando, até ele cair no sono.

Mais um segundo, eu desisti de tudo.