POV EDWARD

Já fazia horas que estávamos conversando em frente à lareira. Bella me contava de suas caçadas e eu de meu passado como humano, minhas travessuras, as broncas...E Bella ria descaradamente de cada uma delas.

– Você colou a freira na cadeira? – gargalhou.

Eu não me orgulhava muito dessa, já que apanhei horrores depois.

– Sim, sim. Colei. E não foi uma só – sorri

Depois de conseguir voltar a respirar, seu semblante se tornou pensativo.

– Agora...Acho que poderíamos ir para os assuntos realmente importantes, não acha?

– Tudo bem, pode começar. – suspirei, me preparando para a esclarecer as duvidas que tenho certeza de que rondavam a cabeça dela.

– Eu tinha um amigo. Se chamava Harry. Trabalhamos juntos em uma missão. Aconteceu tudo muito rápido. Ele foi mordido durante o ataque ao clã e...Ele se debatia e gritava, dizendo que estava pegando fogo. – Bella me encarou -Ele estava se transformando?

– Sim. No mesmo momento em que mordemos a vitima, nosso veneno começa a percorrer seu corpo,iniciando a transformação. – não estava entendendo onde ela queria chegar.

– E porque eu não fui transformada quando você me mordeu? – perguntou tranqüilamente.

Puta Merda. Senti minha boca abrir com a surpresa. Essa era uma ótima pergunta. Não havia parado pra pensar nisso. Porque eu não a transformei? Afinal, ela era humana...nao era?

– Eu...Não sei. Deveria ter acontecido, mas por alguma razão...Você já foi mordida antes? – perguntei intrigado com a descoberta.

– É claro que já. Nem todas as minhas armas deram totalmente certo, e isso me trouxe algumas cicatrizes de batalha. Mas só isso. Não passaram de cicatrizes.

Mais uma vez, vi nessa garota algo que nunca pensei em ver. Nunca nem mesmo ouvi falar de algo assim. Um humano mordido é um humano transformado ou um humano morto. Sem mais opções. E parando pra pensar...Como a perna dela se curou tão depressa? Foi uma facada profunda. Nunca se curaria em menos de 24 horas. Ah meu Deus!! Eu não consigo sequer rastreá-la!! Por isso ela tem sucesso em todos os ataques!! Ninguém consegue sentir a presença dela! Por isso eu e Alice nunca a encontramos! Que droga! O que está acontecendo aqui?! Quem realmente é Isabella Swan?

– Edward! Ainda está ai? – gritou provavelmente assustada com meu silencio.

–Bella...Eu não consigo rastrear você. E só agora parei pra reparar nisso. Só consigo sentir sua presença se estiver perto o suficiente para seu cheiro chegar até mim.

– O que tudo isso quer dizer?

– Não sei – declarei – Não sei mesmo. Talvez Carlisle saiba de alguma coisa. Você é humana não é?

Bella me olhou como se eu fosse um louco.

– Que pergunta mais idiota. É claro!

– Olha...nao sei o que dizer e o que pensar sobre isso. E no momento não temos recursos de pesquisa. Assim que voltarmos, vamos procurar respostas – suspirei. Hora de ajudar a nanica – Mas o que pode perceber dessa descoberta, é que Alice não é culpada. Que o que ela disse é verdade. Não conseguimos te achar por isso.

Sua expressão passou de intrigada para furiosa.

– Não comece com isso Edward! Eu sinto falta, admito que queria abraçá-la, mas o que ela fez...

– Isabella...- segurei suas mãos – Como iríamos te encontrar se você é impossível de rastrear? Alice tentou. O tempo todo

Bella me olhava com desdém, seus olhos voltaram a ser frios, puxou sua mão bruscamente e se sentou de frente para a lareira, observando o fogo.

– Me pergunte qualquer coisa sobre você. Duvido que tenha algo que Alice não tenha me contado. Ela fala de você o tempo todo. Como acha que sabemos tanto sobre você? Tudo que sabemos, Alice nos contou.

– Não me interessa o que sabe ou não. Isso é entre mim e a Alice. – disse se levantando e cravando seu olhar furioso no meu -Nada do que diga vai mudar o que estou pensando. E se eu por um acaso decidir escutá-la, não vai ser porque me pediu.

Por um segundo, como se fosse um flash, vi os olhos de Bella se tornarem azuis. Um azul claro que até chegava a brilhar. Pisquei pra clarear as idéias, e em outro segundo, já estavam marrons novamente. Ótimo, estou ficando louco.

– Bella,seus olhos...

– Se você disser que são lindos eu vomito em você.

Não pude deixar de rir. Chegava a ser estranho o modo como nossa conversa oscilava. Em uma hora estávamos rindo e em outra quase nos matando. Eu estava começando a gostar disso. Antes que eu dissesse o que realmente queria sobre seus olhos, meu celular tocou. Emmett.

– Oi grandão.

– Da pra desocupar a linha ilha de páscoa? Eu quero falar com a Bellita.

– Desocupar a linha? Acho que esse celular é meu! – ralhei.

– Para de bichisse e passa logo pra ela.

Revirei os olhos e estendi o celular pra Bella, antes dela perguntar, sussurrei “Emmett”.

– Oi Emm.

Apelidos?

– Bellita!! Como você esta?

– Estou bem. Na medida do possível.

– Nem posso acreditar que vocês duas são irmãs, quer dizer, você tem...altura. Alice é tão pequenininha que acho que quando ela nasceu, o medico acabou derrubando ela no chão sem ao menos perceber que era um bebe. Sabe...ele deve ter confundido com um cisco ou uma poeira,porque olha...É pequena viu!

Bella mordeu forte os lábios para não rir, assim como eu. Podia ouvir Alice gritando ao fundo, mas esse urso gigante era incorrigível.

– Pode me fazer um favor Emmett?

– Claro Bells. – afirmou animado.

– Pergunte ao Carlisle como se cura ferimentos em um vampiro.

– Essa eu sei!! – berrou orgulhoso – Sangue humano. Sou incrível.

– Obrigado Emm. E sim, você é demais. – disse rindo. Como ela gostava do Emmet e não de mim?

– Hei, só mais uma coisa. Já pegou o Edward? – pergunta o cara de pau na maior naturalidade.

–Tchau Emmett! – disse desligando o celular, completamente vermelha.

Ela entregou o aparelho pra mim, chegando mais perto.

– Você ouviu. Não me trate como idiota, porque sei que isso está péssimo e doendo muito. Beba somente o que precisar. – disse afastando os cabelos do pescoço.

Hesitei por um momento, mas a certeza e a segurança que seu olhar me transmitiam, me fez continuar. Inclinei seu pescoço para o lado, e Bella agarrou meus cabelos, procurando apoio. A partir do momento em que ela permitiu que tomasse seu sangue, meu corpo ligou no modo “instinto” e não consigo me controlar bem com isso. E esse pequeno gesto, ter seus dedos trançados em meus cabelos, me fez ficar louco. Mas não louco por sangue. Louco por ela. Ela vem mexendo comigo há anos. Sim, eu já tinha uma certa curiosidade por ela só de ouvir Alice falando. Passava horas imaginando como ela estaria agora. E depois de observá-la dormindo em meus braços, tenho quase certeza de que tem algo crescendo dentro de mim, mas infelizmente, se misturando com a culpa. Beijei a pele marmórea de seu pescoço, cravando minhas presas logo em seguida. Seu sangue inebriando cada vez mais meus sentidos. Pouco tempo depois, já me sentia “ satisfeito”, ou seja, meu braço estava inteiro novamente. Mas eu não parei por ai. Devia ter parado, mas não parei. Trilhei beijos de seu ombro até o queixo, subindo e descendo varias vezes. Bella não reclamava, o que me fazia continuar. Por fim, cheguei em seus lábios, onde depositei um beijo casto, puxando depois, gentilmente, seu lábio inferior. Fiquei de olhos fechados saboreando o momento, ate que o frenesi passou e percebi a merda que fiz. Ela iria me matar.

– Bella me desculpe eu...Bella? – ela estava mole em meus braços, quase não sentia sua pulsação – Bella me responde! – nada.

A peguei no colo rapidamente, a colocando na cama. Eu não tomei sangue demais tomei? Assim como ela pediu, retirei só o suficiente.

– O que fiz de errado? – sussurrei alisando seu rosto.

– Nada Edward! - disse uma Alice irônica surgindo atrás de mim – Você só retirou sangue de uma garota que não come nada a quase dois dias e vive se machucando por ai!! Como pode ser tão burro?! – berrou indignada.

– Cadê a Allie chorona de uma hora atrás? – perguntei surpreso com sua explosão.

– Foi embora assim que percebeu que sua irmã precisava de ajuda. Quando a ouvi perguntando sobre ferimentos para o Emmett, já soube o que aconteceria. Só não cheguei a tempo de impedir.

– Me desculpe Allie,eu...realmente esqueci disso e...

– Eu sei que esqueceu. Pensa que eu não vejo como olha pra ela? É serio Edward, tire o cavalinho da chuva, porque mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir. E duvido muito que ela não mate você. Agora se mexe, vamos levá-la ao Carlisle.

Peguei Bella no colo e vi uma marca em sua nuca que me chamou a atenção. Essa marca não estava aqui há um dia atrás. E onde eu já havia visto este simbolo? Onde?

– Vai precisar de um convite? – disse furiosa.

Respirei fundo. A coisa está ficando feia pro meu lado. Eu não devia ter beijado ela. Agora eu quero...mais. E sei que isso é impossível. Se ela souber o que aconteceu, vai me matar. No momento minha cabeça está a premio. E as primeiras que querem me pegar no primeiro deslize, são as Swans. Alice e Bella. É, acho que nenhum vampiro consegue lidar com isso.